CariocaTô no camarote com LC e o Japah. O bonde pesadão com cordões e anéis de ouro, roupas caras, porque a gente não anda de qualquer jeito, e as glocks na cintura. Todos naquele pique.Em um canto mais ao fundo, em uma mesa, estamos conversando enquanto muitos soldados circulam com os fuzis pra todo lado, fazendo a segurança. Quanto maior o evento, maior deve ser a atenção.Alimentação e bebidas da melhor qualidade, som muito alto e quadra lotada. Comemoração é sem miséria.Meu rádio toca.Me afasto e vou até onde não tem tanto barulho. Atendo.— Fala!— Senhora sua esposa saiu de casa, agorinha!— Cola nela, então!— Um dos homens já tá na escolta! — Bode responde do outro lado da linha.— Já é!Desligamos.Volto com os caras.Leandra chega no camarote.Vestido dourado, curto e justo, cordão de ouro com a letra C no pescoço, batom vermelho conforme falou que usaria.Ela se aproxima, sorrindo, e senta em meu colo.LC e Japah levantam e se afastam indo até suas fiéis
FernandaSubi pro camarote com tanta raiva que sinceramente, a minha vontade era voltar embora, mas não vou dar esse gostinho ao Felipe e muito menos para aquela vagabundä, que, inclusive, ficou me olhando dos pés à cabeça quando eu retornei ao camarote.Me aproximo dos meus amigos novamente.— Estava onde, Fernanda? — Dani perguntou.— Tá louca, Dani? Não sabe onde ela estava? Estava era com o chefe da porrä toda por aí! — Andrey diz.— Pior que eu estava mesmo, se ele pensou que eu iria sair chorando e voltaria para casa, se enganou feio!— Olha Fernanda, não sei como você aguenta, viu? Eu no seu lugar, já tinha acertado a cara daquela puta! — Rebeca fala, enquanto segura o copo quase encostado na boca, olhando em direção à Leandra.— Por que a primeira-dama tem classe, Rebequinha! — Andrey fala, enquanto faz um passinho de funk.Olho para os lados, não vejo o Felipe. Ele não deve ter subido de volta ao camarote ainda.Minha garganta está seca, preciso beber algo, mas não p
ÂngelaEm um elegante bar de Copacabana, acompanhada de excelente companhia, eu tomo meu drink predileto, um Marguerita.Sempre que saio, deixo meu celular no modo silencioso, afinal, nenhuma rede social deve ser prioridade maior do que uma conversa olho no olho.Após algum tempo de conversa leve e descontraída, percebo uma chamada perdida do Felipe. Hoje é a noite do maldito baile em que ele vai assumir aquela desqualificada.Retorno a chamada, mas agora quem não atende é ele.Envio uma mensagem, perguntando se algo havia acontecido.Nenhuma resposta.Mando mensagem também para a Fernanda, que me responde, dizendo estar tudo bem e eu fico mais tranquila.Pouco depois, recebo uma foto enviada pelo Felipe, abro a imagem.Foto de um batom com a logomarca do Maxime Remy e achei que ele pudesse ter enviado errado.Maxime Remy é um estilista renomado na França e meu amigo de longa data, tenho inúmeras roupas da coleção dele.“Que foto é essa, Felipe?” — digito e envio.Logo vei
CariocaEstava tudo certo pra assumir a Leandra como fiel, tudo no esquema conforme o combinado. Mas daí chegar no baile e ver a Fernanda, me quebrou legal.O que ela veio fazer aqui? Fod¢r com meu psicológico, como sempre.Como vou assumir outra na frente dela? Sem condições.Depois da treta com ela na pista lá embaixo, voltei pro camarote, mas antes, precisei usar uma paradinha mais forte, ficar com a mente totalmente sóbria hoje não rola.Depois de um tempo, minha cabeça trabalhava sem parar e eu decidi, não vou assumir a Leandra na frente da Fernanda, não tem como.O plano muda, sempre pode mudar.Aviso o soldado que tá perto do palco para informar ao DJ que não vai ter essa parada, geral sabe que a Leandra tá comigo, inclusive na internet já tavam comentando, então fodä-se, evento oficial não vai rolar.O lance do batom nas coisas dela não saiu da minha mente, algo me dizia que tinha escama.Por que um batom tava me incomodando tanto?O hacker mandou mensagem e na hora
CariocaSentado na mesa de concreto do pico do morro, olho pro horizonte e depois pro céu.Minha cabeça tá fervendo, mas não é pelo calor de 38° que faz no Rio de Janeiro no momento, e sim, pelas ideias trabalhando no meu cérebro.Penso, analiso muita coisa, relembro alguns detalhes.Ligo pro hacker que atende com a voz de sono, fodä-se, ele é sempre muito bem recompensado.— Vou te mandar por mensagem, o nome de uma pessoa que já morreu, mas que provavelmente a conta do Instagräm ainda esteja ativa.Hoje não me arrisco mais ao ponto de ter conta em Instagräm ou Fäcebook, mesmo que seja fake, todo cuidado é pouco, X9 tá em todo lugar.— Algo em específico pra eu procurar nessa conta, Carioca— Uma mulher, qualquer uma além da dona do perfil, que apareça em fotos com ela, não importa quantas fotos, quero que você me mande todasEm menos de 15 minutos depois ele me enviou, não precisava ser hacker pra fazer isso, a não ser que a conta fosse privada e eu nem sei se era. Eu só nã
OS DIAS PASSANDO...LeandraAquela sonsa, sem sal e sem açúcar da ex dele vai pagar caro pelo que me fez, isso não vai ficar assim. Ela não vai ter paz, não vai ter ele e não vai ter felicidade. Eu não vou deixar.O Carioca simplesmente não me assumiu no baile, conforme estava combinado e sumiu a noite toda. Deve ter comida aquela chifruda pra ela se acalmar.Tive que ligar pra Vitória, que trouxe uma roupa para eu sair do baile e tive que ficar no banheiro até ela chegar. Que ódio!Mas eu vou aguentar o que tiver que aguentar, traficante é assim mesmo, com a mãe dos filhos eles ficam por gratidão. Eu não vou desistir agora.A Jéssica agiu sob efeito da raiva e acabou perdendo ele pra essa daí, mas comigo vai ser diferente. Eu vou infernizar tanto a vida dela, que ela não vai ter outra alternativa a não ser ir embora da Penha. Se ela pensou que ia separar a gente, se enganou feio, nós seguimos juntos.Ele não vem todas as noites aqui, é verdade, e também não falou nada sobre aq
Leandra— Você ia fazer de mim, a sua fiel! — falei e ele gargalhou alto ao ouvir.— Como eu queria tá aí agora pra te quebrar na porradä, arrancar uma a uma as tuas unhas, te furar todinha até você implorar pela morte. Mas desde que te conheci, além de fod¢r com você pensando na minha mulher, eu tive um plano, não um plano qualquer, mas algo grande. E quando eu planejo alguma coisa, vou até o fim!Voltei a olhar para a tela do celular sem entender como tudo podia ter saído tão errado assim?Eu sei como foi, deu merda quando eu me apaixonei por ele. Dei muito mole, devia ter ido até o fim e ter entregue ele aos inimigos dele, pois sendo a fiel, logo eu descobriria quem são. Ou até mesmo ajudar a prendê-lo, era isso que eu deveria ter feito.E aquela insuportável da mulher dele, eu mesma mataria com minhas próprias mãos.A porrä da paixão sempre fod¢ com tudo. Com a Jéssica foi a mesma coisa.Pela chamada, vejo no reflexo da tela a minha maquiagem escorrendo pelo meu rosto.— F
CariocaEu tô pilhado feito um maluco em surto, enquanto coloco meu plano em prática.Há 2 dias não vou em casa, não vejo o Gabriel e muito menos a Fernanda, mas nesse momento é preciso. Tenho que estar 100% dedicado no que esquematizei e nada pode tirar o meu foco nesse momento. A Fernanda vai ter que entender que tudo o que eu fiz foi pela segurança dela e do Gabriel. Se depois ela não quiser nada comigo, segue tudo como tá agora, ela na dela e eu na minha, eles estando bem, é o que importa pra mim.Meu telefone toca, número desconhecido, já sei quem deve ser.E era mesmo, o Barreto.Na chamada, ele fez um discurso patético desses policiais psicopatas que acham que só a função deles é boa, que só eles estão certos. Me insultou, me chamou de todo tipo de coisa e ameaçou muito a “minha mulher” que tá com ele e do outro lado da linha, falou que vai matar ela e os carai. Eu dou papo e finjo que é verdade, enquanto rio da cara dele, sem que ele saiba. Além de verme, o Barreto é muito b