Antonela A pistola fria na minha testa, a mão do Alexandre tremendo e o meu coração acelerado. Essa era a definição do momento. O coração dele devia estar acelerado também. O dia mais triste da minha vida era hoje. Não por saber que ia morrer, pois isso acontece com todos em algum momento da vida, mas morrer na mão do homem que amo, o homem para o qual entreguei meu corpo, meu coração e até mesmo minha alma, era destruidor pra mim. O olhar dele fixo estava no meu quando disse que me amava, mas o ódio pelo meu pai é maior. Deve ser verdade. Eu sei que meu pai tem muitos inimigos e já matou várias pessoas, então talvez tenha mesmo matado o pai do Alexandre. Mas quando eu poderia imaginar que me apaixonaria por um desses inimigos? Essa possibilidade é quase inacreditável. Ele chora e eu também. Não pode ter sido tudo em vão. Não, não foi. O olhar de Alexandre e a mão trêmula ao segurar a arma, me diziam que tudo foi verdade. Cada sensação, cada toque, cada carícia,
ThaylaMilena e eu fomos à casa do Thierry e não o encontramos, então fomos ao mercado onde ele trabalhava e, para nossa surpresa, fomos informadas de que ele havia pedido demissão há alguns dias, ou seja, não conseguimos encontrá-lo.Durante o trajeto, ficamos sabendo que estava tendo uma invasão na Penha. Era a primeira vez, desde que me mudei para lá, que isso acontecia, e eu não tinha ideia de como seria esse momento.Milena não me deixou voltar. Ela disse que eu não conseguiria entrar no morro naquele momento, então me levou para a casa dela.Eu estava morrendo de preocupação pela invasão e também pelo sumiço do Thierry. Logo agora que, possivelmente, encontrou o pai dele, ele some. Tudo isso é muito estranho. Meu irmão sempre fez isso de ficar sem fazer contato, mas, agora que está com a Milena e toda a situação estava sendo resolvida, achei que seria diferente.Ele não responde a nenhuma das minhas mensagens, nem às da Milena, que está profundamente preocupada e até mesmo decep
ColdSaí transtornado daquele lugar sem ter ideia de onde ir ou o que fazer. Subi na moto e andei pelo morro todo, repetindo o mesmo trajeto diversas vezes, andando sem rumo, apenas sentindo o vento no rosto, sem saber onde parar, como se eu estivesse em um labirinto sem conseguir achar a saída.Mas era isso mesmo, minha mente era um labirinto, que não conseguia me deixar raciocinar.O que eu faria agora?Tudo, absolutamente tudo que eu planejei desmoronou quando eu tirei aquele saco da cabeça dela. Não, tá errado, o meu plano desmoronou quando eu fiquei com a Chocolatinho atrás do camarote do baile, na primeira vez em que ela veio na Pedreira. É isso, foi ali que tudo começou a dar errado, e piorou quando eu me apaixonei por ela.Meu corpo começou a sentir o cansaço de pilotar por tanto tempo sem parar, então decidi ir pra casa. Eu precisava de um banho e tentar dormir até conseguir decidir o que faria.Enquanto espero o portão eletrônico abrir, olho pra casa do MT e vejo luzes
AntonelaAo sair pela porta do cativeiro, o pai da Rafa e eu, nos olhamos.O olhar dele era indecifrável.O meu, expressava gratidão.Quando a Rafa me colocou no carro dela, eu estava numa espécie de choque, ou em transe, não sei ao certo. Assim que cheguei na casa deles, fui muito bem recebida pela mãe da Rafa. Eu estava sem reação, meus movimentos pareciam estar todos no automático e a minha amiga me ajudou a tomar um banho e me emprestou uma camisola da Minie, um modelo estilo camiseta.Sentadas na cama dela, enquanto ela penteava meus cabelos molhados, fui contando o que aconteceu. Mas eu sabia que faltava algo, nem tudo se encaixava nessa história.Rafa estava tão impressionada quanto eu com o que havia acontecido. Ela soube da invasão na Penha e ligou para a Milena para avisar que eu estava na casa dela aqui na Pedreira.Milena não sabe exatamente o que aconteceu comigo e não eu entendi muito bem, mas parece que ela disse para minha mãe que eu estava na VK. Depois contarei
15 DIAS DEPOIS...Fernanda15 dias se passaram, os 15 piores e mais aterrorizantes dias da minha vida.Naquele maldito dia da invasão, onde o Gabriel foi gravemente ferido, eu estava na pista e precisei passar a noite por lá, então fui para o apartamento da Ângela.No dia seguinte, nas primeiras horas da manhã, a Antonela chegou e se assustou ao me ver. Ela não fazia ideia de que eu estava ali e correu em minha direção, chorando e me abraçando. Minha filha estava com uma aparência horrível, destruída e muito abalada. Eu fiquei confusa, porque, até então, eu pensei que ela estava na VK.E então, tivemos uma longa conversa, não uma conversa apenas de mãe e filha, mas sim de mulheres. Eu sempre tive uma relação muito aberta com meus filhos, e agora não seria diferente.Ela me contou que está apaixonada...Me contou tudo nos mínimos detalhes, desde quando e como conheceu o rapaz, e eu fiquei estarrecida. Não podia ser o que estava passando pela minha cabeça. Não podia. Mas eram coi
FernandaMuitas armas apontadas para mim por vários soldados que formavam um círculo ao meu redor. Tentei não transparecer medo, mesmo sendo impossível numa situação como essa, enquanto já sentia meu corpo começar a tremer.Falei com eles como se fosse uma velha conhecida do MT, e, se realmente for o Mateus, eu não menti. Eu e ele somos velhos conhecidos mesmo.Um dos homens, que acredito ser o chefe deles, fala agora com alguém pelo celular, muitas coisas ditas em códigos para que eu não entendesse. Angustiantes minutos se passaram até que ele diz:— Tá liberada pra subir, dona! — ele me analisa dos pés à cabeça e, quando pensei em entrar novamente no carro, ele fala grosso:— Só vai entrar com essa nave aí porque o chefe liberou. O soldado ali vai te mostrar o caminho! — ele fala apontando com a cabeça para um rapaz em cima de uma moto, tão armado quanto os outros.Assim fiz. Entrei no meu carro e fui seguindo o soldado e, obviamente, vários outros me acompanhavam também. Mas só o f
G4Depois da minha total recuperação, a vida voltou à normalidade, incluindo as tretas no morro pra resolver.Antonela se meteu na maior enrascada da vida dela, e quando eu queria proibir de sair daqui, achava que eu tava errado. Vai vendo...A parada mais sinistra foi essa história do dono da Pedreira já ter feito parte do bonde do meu pai no passado e ter salvado a vida da minha mãe. Mais sinistro ainda é o sobrinho dele querer vingança pelo pai dele ter sido morto pelo meu. Até parece coisa de filme, só que, nessa história, ninguém é o mocinho.Nosso bonde tava saindo da Penha pra invadir o morro da Pedreira quando minha mãe chegou acelerada. Ela meteu o louco indo em comunidade que não é nossa aliada, ainda mais que ninguém, até então, sabia quem comandava lá.Meu pai virou o bicho, ficou doido mesmo. A casa quase veio abaixo com eles discutindo. O coroa é neurótico quando se trata da segurança da nossa família e, quanto a ciúmes, então? Ele é louco de ciúmes da minha mãe, sempre
Cold Aquela noite foi fodä. Expulsar a Antonela da minha casa e da minha vida doeu pra carälho. Aliás, dói e vai doer sempre. Essa vida é uma droga mesmo, como é que meu caminho foi cruzar justamente com o da filha do cara que eu mais odeio? Durante os dias que se passaram, eu evitei saber qualquer coisa sobre a Chocolatinho. Troquei o número de todos os meus celulares e proibi a Rafaela de falar alguma coisa sobre ela e também de mim pra ela. Eu vou esquecer essa garota, tenho que esquecer. Mesmo assim, ainda odeio o Carioca, e mesmo que não odiasse mais, ele nunca permitiria a Antonela ter um relacionamento comigo. Com o ódio que eu tô, só essa semana mandei dois pra vala. Viciado sabe o caminho de subir o morro na hora de comprar pra aliviar o vício, mas, na hora de pagar, se escondem. E comigo não tem desenrolo: não pagou, é caixão e vela. MT entrou na minha mente, me fazendo prometer que ia parar com o plano de vingança, e eu sei que ele tá certo, até porque, pelas coisas