15 DIAS DEPOIS...Fernanda15 dias se passaram, os 15 piores e mais aterrorizantes dias da minha vida.Naquele maldito dia da invasão, onde o Gabriel foi gravemente ferido, eu estava na pista e precisei passar a noite por lá, então fui para o apartamento da Ângela.No dia seguinte, nas primeiras horas da manhã, a Antonela chegou e se assustou ao me ver. Ela não fazia ideia de que eu estava ali e correu em minha direção, chorando e me abraçando. Minha filha estava com uma aparência horrível, destruída e muito abalada. Eu fiquei confusa, porque, até então, eu pensei que ela estava na VK.E então, tivemos uma longa conversa, não uma conversa apenas de mãe e filha, mas sim de mulheres. Eu sempre tive uma relação muito aberta com meus filhos, e agora não seria diferente.Ela me contou que está apaixonada...Me contou tudo nos mínimos detalhes, desde quando e como conheceu o rapaz, e eu fiquei estarrecida. Não podia ser o que estava passando pela minha cabeça. Não podia. Mas eram coi
FernandaMuitas armas apontadas para mim por vários soldados que formavam um círculo ao meu redor. Tentei não transparecer medo, mesmo sendo impossível numa situação como essa, enquanto já sentia meu corpo começar a tremer.Falei com eles como se fosse uma velha conhecida do MT, e, se realmente for o Mateus, eu não menti. Eu e ele somos velhos conhecidos mesmo.Um dos homens, que acredito ser o chefe deles, fala agora com alguém pelo celular, muitas coisas ditas em códigos para que eu não entendesse. Angustiantes minutos se passaram até que ele diz:— Tá liberada pra subir, dona! — ele me analisa dos pés à cabeça e, quando pensei em entrar novamente no carro, ele fala grosso:— Só vai entrar com essa nave aí porque o chefe liberou. O soldado ali vai te mostrar o caminho! — ele fala apontando com a cabeça para um rapaz em cima de uma moto, tão armado quanto os outros.Assim fiz. Entrei no meu carro e fui seguindo o soldado e, obviamente, vários outros me acompanhavam também. Mas só o f
G4Depois da minha total recuperação, a vida voltou à normalidade, incluindo as tretas no morro pra resolver.Antonela se meteu na maior enrascada da vida dela, e quando eu queria proibir de sair daqui, achava que eu tava errado. Vai vendo...A parada mais sinistra foi essa história do dono da Pedreira já ter feito parte do bonde do meu pai no passado e ter salvado a vida da minha mãe. Mais sinistro ainda é o sobrinho dele querer vingança pelo pai dele ter sido morto pelo meu. Até parece coisa de filme, só que, nessa história, ninguém é o mocinho.Nosso bonde tava saindo da Penha pra invadir o morro da Pedreira quando minha mãe chegou acelerada. Ela meteu o louco indo em comunidade que não é nossa aliada, ainda mais que ninguém, até então, sabia quem comandava lá.Meu pai virou o bicho, ficou doido mesmo. A casa quase veio abaixo com eles discutindo. O coroa é neurótico quando se trata da segurança da nossa família e, quanto a ciúmes, então? Ele é louco de ciúmes da minha mãe, sempre
Cold Aquela noite foi fodä. Expulsar a Antonela da minha casa e da minha vida doeu pra carälho. Aliás, dói e vai doer sempre. Essa vida é uma droga mesmo, como é que meu caminho foi cruzar justamente com o da filha do cara que eu mais odeio? Durante os dias que se passaram, eu evitei saber qualquer coisa sobre a Chocolatinho. Troquei o número de todos os meus celulares e proibi a Rafaela de falar alguma coisa sobre ela e também de mim pra ela. Eu vou esquecer essa garota, tenho que esquecer. Mesmo assim, ainda odeio o Carioca, e mesmo que não odiasse mais, ele nunca permitiria a Antonela ter um relacionamento comigo. Com o ódio que eu tô, só essa semana mandei dois pra vala. Viciado sabe o caminho de subir o morro na hora de comprar pra aliviar o vício, mas, na hora de pagar, se escondem. E comigo não tem desenrolo: não pagou, é caixão e vela. MT entrou na minha mente, me fazendo prometer que ia parar com o plano de vingança, e eu sei que ele tá certo, até porque, pelas coisas
G4Três coisas me deixam com a mente relaxada: meter uma bala em X9 vacilão, uma erva da melhor qualidade e uma fodä gostosa. E hoje só tá me faltando a fodä..A Thayla tá nessas de me castigar e ficar fugindo de mim desde que eu acordei. Larguei a fase de putão, sorte da Thayla, azar das piranhas. E, nessas, eu fico na seca, mas hoje ela não escapa.Saí do campo da desova, passei em frente à lanchonete e não vi ela. Dou uma geral pelo morro pilotando a moto e vendo se tá tudo certo. Em um dos pontos de venda, vejo dois vapor só na risadinha, mexendo no celular e os carai. Desço e enquadro legal, troco um deles, mandando pro ponto do outro lado da favela, e outro de lá mandei ficar aqui.O aviso foi dado pros dois e não terá outro. Tão cientes disso. Pra permanecer no bonde, a atenção e a disciplina têm que ser totais. Já passo um rádio pro Leco, mandando ele rever todo esse fluxo dos pontos.Chego em casa e pago um banho. Calça jeans, camisa polo da Lacoste, Nike no pé, corrente de o
CHURRASCO NA CASA DE FERNANDA E CARIOCA:MilenaChego no churrasco acompanhada dos meus pais e dos meus irmãos, aqueles dois aprendizes de terroristas que estão sempre rodando a VK com os fuzis, deixando minha mãe louca de preocupação. Eles são apenas dois adolescentes, mas se comportam como se fossem adultos experientes no mundo do crime.Fui direto buscar a Antonela que está numa tristeza profunda desde que aconteceu tudo.Assim que entrei lá, ela es tava se arrumando e eu percebi ela um pouco menos triste do que nos outros dias, porém é nítido, mesmo estando com maquiagem, as olheiras profundas debaixo de seus olhos.— Eu não queria, Milena! Não queria ir embora do Brasil! — ela diz enquanto nos abraçamos em frente a sua cômoda repleta de cremes, perfumes e maquiagens.— É só por um tempo, Nélis! Até porque ai de você que me abandone aqui. — falei rindo e apontando o dedo para ela assim que nos soltamos, tentando deixar o clima mais leve.— Trancar minha faculdade....— Que i
LecoLiguei pro G4, que atendeu com voz de sono, tava apagadão e, pelo jeito acompanhado. Um pouco depois, ele chega de mãos dadas com a loirinha.— Tá na coleira, parceiro? — Zoei, colocando o cigarro na mão esquerda e com a direita, fizemos o toque.— Te fudër, rapá! Minha mulher, pô!— Nem me chamou pro casório! — Sigo na zoeira e ele sorri, dando um soco de leve no meu braço.Churrasquinho rolando, aquele pagodinho de lei, troca de ideia com os parças. Estaria tudo na paz se não fosse esse lance da Antonela. Eu gosto dela como se fosse minha irmã, uma irmã chatinha, mas irmã. Ela tá malzona, parecendo aqueles zumbis das séries, só existindo, sem viver, tá ligado?Por mim, seria só meter uma bala na cara do pau no cu da Pedreira e tudo estaria resolvido, mas o Carioca não quer, e a palavra dele é lei.Três pedras de gelo, whisky e energético no meu copo e vejo o Cristiano chegando. No caminho ele para na mesa que tá a Milena, dando um beijo no rosto dela e depois vem até nós
Rafa Dou uma sugada no canudo, saboreando o milk-shake sabor chiclete, e vou atrás do carinha, andando a passos largos. Será que o Leco estava certo? — Thierry! — Chamei, mas ele não olhou, então aumentei a velocidade dos meus passos. A droga da minha sandália não era boa para andar rápido, e eu escorreguei, levantando logo, na força do ódio. — Thierry! — Chamei mais uma vez, agora estando bem. perto dele. Ele olha para trás e vê que estou chamando. — Espera aí, você é o Thierry, não é? — Ele tenta acelerar o passo, fingindo não me conhecer. Eu eu literalmente corri atrás dele e puxei seu braço, fazendo-o parar e me olhar. — Espera, garoto! O que você tá fazendo aqui? — Eu é quem pergunto: o que você tá fazendo aqui? — Ele estava visivelmente surpreso ao me ver. — Eu moro aqui, ué! — balanço o copo na minha mão. — Desde quando? — ele pergunta, parecendo confuso. — Desde sempre! Por que você sumiu e deixou a Milena daquele jeito? — Tenho que te dar satisfação nenh