Capítulo 3

Eu assenti para Eliot, ainda horrizada com aquilo, olhei para a foto e engoli em seco.

O padre nos pediu que fizéssemos nossos votos um de frente para o outro, respirei fundo e vi suas mãos levantarem o meu véu.

Vi todas as rosas ao redor do arco que estava acima de nós, rosas vermelhas.

Eu estava me casando não com um homem, mas com seu representante, porque o noivo estava doente demais até para comparecer ao seu próprio casamento.

Que espécie de mulher eu era para enganar alguém assim?

Trocamos os votos enquanto todos assistiam, enquanto eu o via segurar a aquela foto de Bruce Stevenson, um homem de feições fortes e olhos profundamente azuis e enigmáticos.

O padre me declarou oficialmente como Louise Stevenson, e Eliot me ajudou a descer os degraus, fui conduzida até os convidados enquanto milhares de rostos desconhecidos me parabenizavam.

— É realmente linda, se me permite dizer.

Um homem grisalho com olhos negros disse, ele estava elegante com seu terno azul-escuro de marca, seus sapatos pretos brilhosos, de modo ousado ele puxou uma de minhas mãos e a beijou.

Fiquei desconfortável com seu olhar e seu beijo, mais longo do que o necessário.

— Apenas o ignore. — Murmurou Eliot ao meu lado.

Eu me virei para ele, e sussurrei uma pergunta.

— Quem seria ele mesmo?

Eliot acenou para uma mulher mais velha que passava e sussurrou de volta.

— Bob Stevenson, tio do mestre Stevenson, foi adotado pelo velho Barkley Stevenson, avô do mestre Stevenson, quando tinha apenas cinco anos.

Eu olhei para o homem de meia idade, ao lado de um grupo de mulheres da alta sociedade, ele me dava calafrios, não sabia bem o motivo, mas algo em seus olhos me pareciam perigosos.

Eliot devia ter seguido meu olhar, e parecia ter lido minha mente, porque disse.

— Ele também me dá calafrios, o homem não tem sentimentos.

Eu o encarei.

— O que quer dizer com isso?

Ele suspirou, então alcançou duas taças de champanhe da bandeja de um garçom, e ofereceu uma a mim.

Eu nunca havia bebido champanhe, então aceitei.

Quando provei percebi que devia ser caro, o que era óbvio, ninguém jamais serviria champanhe barato sendo dono de uma mansão tão luxuosa.

— Ele nunca se casou, vive para a empresa, A corporação Stevenson é a sua vida.

Eu voltei meu olhar para Bob Stevenson, que pareceu sentir que estava sendo observado, quando nossos olhares se encontraram eu desviei para Eliot.

Outro garçom passou e bebemos mais champanhe, no terceiro resolvi perguntar sobre Bruce Stevenson.

— Ele realmente está morrendo?

Eliot bebeu sua bebida, e quando me ouviu perguntar sua expressão mudou, seu olhar se tornou pesaroso.

— Sim. Meu mestre está muito doente, tão doente que nem pôde comparecer ao seu próprio casamento...

— Eliot, Sra. Stevenson.

Eu me virei no mesmo instante, e me deparei com uma mulher de altura mediana, seus cabelos negros cuidadosamente arrumado em um penteado elegante, ela usava um vestido vinho, e seus olhos eram de um azul-claro.

— Sou Nora Wood, tia de seu marido.

Ela se apresentou.

Ficamos alguns minutos tendo uma conversa amigável.

Após a cerimônia fui conduzida por Eliot e Nora, que fez questão de me acompanhar para meu encontro com Bruce.

Não vi muito da mansão a não ser por onde Eliot me levou, subindo uma longa escada até chegar a um corredor, então entramos em um cômodo com portas duplas de aço, quando entrei naquele espaço senti imediatamente o cheiro característico de uma ala hospitalar.

De fato, era isso que aquilo parecia, tudo muito branco e limpo, completamente impessoal.

— Fique aqui, Sra. Stevenson, eu trarei algo para beber, antes de conhecer seu marido. — me disse Eliot.

A Sra. Nora Wood se despediu de mim, e vi como seu olhar preocupado vagueou para uma porta entreaberta na outra extremidade da sala, havia uma ruga em sua testa, e um pesar em seus olhos.

Fiquei por um longo tempo, sentada no sofá de couro liso, até que quase adormeci, fui despertada por um som de algo como uma respiração arrastada e o som de um movimento de uma cama, olhei para a porta entreaberta e me levantei, movida pela curiosidade.

Caminhei pelo pequeno corredor que ligava as duas salas, e fui parar em um quarto amplo, com paredes claras e utensílios médicos por toda a parte, mas o que prendeu minha atenção foi o homem imóvel na cama, no centro do quarto.

Seu semblante era pálido, completamente adoentado, e havia algo de frágil em seu rosto de olhos fechados que me causou uma forte compaixão, movida por esse sentimento eu me aproximei, esticando suavemente minha mão para me certificar de que ele respirava, quando fiquei paralisada ao ouvir o barulho da porta atrás de mim.

Alguém estava entrando, e quando me virei vi não se tratar de Eliot.

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