Capítulo 4

O suposto doente abriu os olhos e eles eram extremamente negros, sua pele pálida parecia sobrenatural, eu recuei alguns passos para trás com o susto e tropecei, caindo no chão.

Estávamos em uma meia luz, o que dava a sua aparência algo fantasmagórico, isso fez meu coração acelerar ainda mais, eu vi o doente se sentar na cama, ele voltou seu rosto em minha direção, eu estava sentada no chão, entre a visão perturbadora dele e a figura gigante de outro homem na porta.

De repente as luzes se acenderam, o homem na porta deu alguns passos a frente, enquanto eu permanecia paralisada.

Vi diante de mim o enfermo se levantar sorrindo, o outro homem na porta se aproximou e entregou uma toalha para o homem antes acamado.

— Fez um bom trabalho, Steve. — parabenizou o homem alto.

Eu olhei mais atentamente para ele.

Steve limpou o rosto com a toalha, e vi chocada todo o semblante de doença ser desfeito, por Deus Steve estava até bronzeado!

Essa constatação assombrosa ativou alguns parafusos em meu cérebro, que começaram a girar rapidamente.

Ele sorriu para o homem diante dele e disse:

— Muito obrigado Mestre Stevenson, estou dando o meu melhor.

Virei meu olhar para o homem, e o reconheci da foto, seu olhar se cruzou com o meu, olhos azuis enigmáticos.

Engoli em seco.

Foi então que percebi que aquilo era tudo planejado, Bruce Stevenson não estava doente.

Me levantei do chão e tentei sair correndo, passando por Bruce, que me deteve facilmente.

Quando me tocou ficamos por alguns segundos nos encarando, e eu vi toda a astúcia em seus olhos.

— Me solte... Você não está doente. — o acusei.

Ele apenas me encarou, então com uma voz grave ordenou.

— Sente-se ali, esposa querida.

Embora tenha me chamado de "querida" não havia nenhuma afeição em sua voz, sua expressão era como gelo, fria e impassível.

Ele me levou até uma poltrona e me colocou sentada.

Eu arfei chocada com sua atitude, puxei meu braço de sua mão e olhei em volta.

Aquilo era tudo uma encenação?

— Porque ela está aqui?

Sua pergunta não era dirigida a mim, apesar dele me encarar profundamente, sua pergunta foi lançada ao homem chamado Steve que segurava a toalha ainda.

— Não sei mestre, estava fazendo meu papel aqui, quando ela entrou.

Bruce Stevenson olhou de volta para a porta da qual entrei, ele havia entrado por outra.

Ele franziu o cenho por alguns segundos, então girou seu anel de rubi algumas vezes, de repente sua expressão mudou, para compreensão.

— Alguém deixou a porta aberta. — pronunciou Bruce.

Eu o olhava da poltrona que havia me colocado, ele era um homem alto, mais alto que a maioria dos homens, com ombros largos e queixo forte, uma leve barba por fazer, seus cabelos eram negros e seus olhos de um azul profundo como o oceano, e pareciam serem perigosos como ele.

Estava com um casaco negro e calças de hospital, quando nossos olhares se encontraram eu fiquei novamente paralisada.

Estava claro que não era daquela maneira que ele pretendia me conhecer, o que me fez questionar o quão segura eu estava ali.

— Por que entrou aqui? Devia ter me esperado na pequena sala, onde certamente Eliot a deixou.

Sua voz era grave e nada amistosa, podia ver a irritação em seus olhos.

Antes que eu pudesse responder Eliot entrou no quarto, quando se deparou com a cena e seu olhar recaiu sobre mim ficou terrivelmente pálido.

Levou as mãos a cabeça e questionou:

— Porque não esperou por mim? Ah mestre quando fui avisa-lo que ela estava aqui seus parentes me ocuparam no corredor com perguntas, tive que distrai-los para que não subissem para a enfermaria particular. — se explicou.

Bruce apenas o olhou.

Vi como ambos os homens, Steve e Eliot  possuíam algo em comum, os dois tinham o mesmo olhar para o homem pelo qual denominavam de mestre.

Um olhar não de medo e nem de um criado, era o olhar de respeito e ansiedade por sua aprovação.

— Eliot o que aconteceu na festa?

Aquela pergunta aliviou o clima tensa que havia tomado conta do ambiente, imediatamente Eliot começou sua história sobre cada detalhe da cerimônia, detalhando cada convidado que julgou importante e suas impressões, Bruce Stevenson ouvia tudo atentamente e isso me fez acreditar que eu pudesse sair de cena sem ser percebida.

Estava apavorada com tudo aquilo, sem saber havia aceitado participar de uma farsa.

Quando me levantei e tentei chegar até a porta senti uma mão se fechar em meu braço, então fui puxada com força batendo de encontro ao parede de músculos.

Nossos olhares se encontraram e eu engoli em seco.

— Não pode sair. — murmurou ele.

O quarto mergulhou em um silêncio sepulcral.

Então Bruce Stevenson simplesmente me ergueu nos braços como uma boneca e se voltou para seus assistentes.

— Vou cuidar dela, Eliot não deixe ninguém entrar na clínica, chame os gêmeos Black para que fiquem de prontidão.

Com essas últimas ordens fui levada por uma porta, onde havia um corredor mergulhado nas trevas, sem saber o que ele faria comigo após eu descobrir seu segredo.

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