Após ser levada pelo corredor chegamos a uma porta de madeira, onde Bruce Stevenson girou uma chave.
Eu me debati em seu colo e ele me colocou no chão.O quarto era bem maior que o anterior, e esse estava repleto de intimidade, com uma cama King Size, com cortinas azuis-escuras, móveis de mogno escuro, e na cama lençol de seda vermelha.Eu respirei fundo ao ouvir a voz dele.— Por hora, apenas saiba que ninguém pode saber o que você viu, entendeu?Eu me virei, e vi Bruce tirar sua camisa e o observei com mais atenção.Seus olhos eram do azul mais profundo e brilhante que já vi, suas sobrancelhas eram negras e espessas, acentuando seu olhar marcante, seu nariz era másculo e aquilino, seu queixo forte e rosto um pouco quadrado, seus traços eram um tanto clássicos, mas havia algo de muito jovial nele, quando nossos olhares se encontraram ele sorriu, lentamente.Mas seu sorriso durou apenas alguns segundos.Tentei me lembrar que Bruce havia usado sua influência e dinheiro para conseguir aquele casamento, e estava encenando uma doença.Crápula.Eu caminhei para longe, e fiquei de costas para ele.— Louise?Quando me virei vi chocada ele tirar todas as suas roupas.Eu não podia acreditar no que Bruce Stevenson estava fazendo, imediatamente senti minhas bochechas queimarem, e me virei de costas, incapaz de continuar olhando para ele, que estava exatamente como veio ao mundo.— Porque se virou? Você está bem?Eu ouvi sua voz grave me perguntar, mas não me virei.Senti minhas mãos começarem a suar e tremer, era como se meu próprio sangue estivesse se congelando em minhas veias, eu estava ciente de que aquele casamento teria que ter sexo, afinal estava no contrato que a verdadeira Louise assinou, mas ainda assim, eu não estava pronta para aquele momento, pensei que estava mas estava errada.— Estou bem, mas preciso de explicações.Minha voz era patética, estava trêmula e fraca.E o pior? Eu ainda não conseguia me virar, não era capaz de olhar em seus olhos.Foi então que o ouvi dizer.— A única coisa que precisa saber é que você não deve falar o que viu, para ninguém.Seu tom de voz era mordaz, deixando em cada palavra muito claro que era uma ordem.Reuni a coragem necessária para me virar.Apenas mire nos olhos dele Mary, eu dizia a mim mesma.Quando me voltei para ele, o Sr. Stevenson estava parado mais perto do que eu supus, ainda estava sem roupas, e seu olhar azul era divertido.— O Sr. não está doente. É um falso. — acusei.Ele me olhou e seu olhar se tornou enigmático, Bruce Stevenson era um homem alto, com um físico nada doente, seus músculos eram perfeitamente alinhados, sua pele bronzeada e seus cabelos sedosos, dono de ombros largos e braços fortes, ele era um verdadeiro símbolo de masculinidade, eu tinha que reconhecer.E isso era intimidador, porque jamais havia estado tão próxima de um homem assim, e agora de repente estava casada com ele.— Você é diferente das fotos que me enviaram. — murmurou suave.Isso fez meu coração saltar, será que ele estava descobrindo que eu era uma impostora?Engoli em seco e me movi até a janela, o vestido enorme de noiva se arrastando pelo chão do quarto.— É mais bonita pessoalmente Louise, mas ressalto uma coisa, sua lealdade não é negociável, não contará a ninguém o que viu, eu sou cruel com meus inimigos, não vai querer ser um deles.Apenas respire.Respire Mary, feche os olhos e respire.Tarde demais.Foi tudo muito rápido, em um momento eu estava encarando Bruce Stevenson completamente nu a minha frente, e no outro a escuridão me envolveu, sim, eu havia desmaiado de modo patético.Quando acordei havia uma conversa no quarto, abri os olhos com dificuldade, minhas pálpebras estavam muito pesadas, vi o senhor Stevenson parado, agora vestido com uma calça jeans preta sem camisa, conversando com um homem bem menor que ele, de cabelos grisalhos e jaleco branco.— Ela acordou. — anunciou Stevenson, quando nossos olhares se encontraram.O homem com ele era o Dr. Peterson, que explicou que minha pressão havia caído muito, provavelmente eu não havia me alimentado direito, e estava certo.Não havia comido nada o dia todo.Quando o Dr. nos deixou sozinhos no quarto, eu não tinha a menor coragem de olhar nos olhos daquele homem, mas parecia que ele queria conversar.— Estou muito indeciso Louise, não sei se desmaiou ao perceber que não estou morrendo ou ao me ver trocar de roupa, se for a segunda opção fico lisonjeado.— Você me ameaçou. — o lembrei.Ele me olhou, estava sentado aos pés da enorme cama, ficamos alguns minutos em silêncio, eu não fazia ideia do que se passava em sua mente, quando de repente ele se levantou.— Foi apenas isso?Ele semicerrou os olhos, e eu assenti.Ele respirou fundo e disse:— Boa noite, esposa.Stevenson não esperou nenhuma resposta minha, apenas pegou uma camisa e fechou a porta.Era minha primeira noite na mansão Stevenson.Pela manhã eu me levantei e tomei um banho, vestindo uma calça jeans e camiseta, enquanto penteava o cabelo ouvi uma batida na porta.Era um criado que seguindo as ordens do seu patrão me levou ao primeiro andar para seu escritório.— Está preparada? — perguntou ele, estava sentado em sua poltrona, fumando um charuto, fiquei surpresa que um homem que dizia ter uma doença tão grave estivesse fumando, mas ele era um mentiroso.Eu o encarei.— Preparada para que?— Para fazer o que eu mandar.Respirei fundo.O Sr. Stevenson me olhou parecendo curioso, então disse:— Continue fingindo que estou doente.— Não sou seus ajudantes, sou sua esposa.Bruce Stevenson após alguns segundos se aproximou, eu estava em pé parada a sua frente, ele diminuiu a distância entre nós, então de repente senti seus dedos subindo por minhas costas, eu estremeci, e senti ele se inclinar e sussurrar em minha orelha.— Posso lhe dar outros serviços que condizem com sua condição de esposa, mais prazerosos.Não conseguia respirar corretamente, sentia-o tão perto de mim que era possível sentir seu hálito quente em meu pescoço, todo o meu corpo vibrava, porque pela primeira vez na vida, estava sentindo uma sensação completamente oposta a que sentia quando era a bordada nas raras vezes que saía para festas com Susana.Eu engoli em seco quando ele correu os dedos levemente por meu pescoço, seu toque era tão suave que enviou arrepios por todo o meu corpo.— Diga-me esposa, deseja que eu a reconheça como minha esposa de modo mais... Enérgico?Sua voz era rouca, e devo dizer, carregada de algo muito profundo e sugestivo que eu não sabia bem o que era, mas meu corpo parecia saber, estando respondendo aqueles estímulos tão vivamente. — Diga-me Louise, o que deseja que eu faça com você hoje?O nome proferido por ele me fez voltar a realidade, a realidade de que eu não era a mulher que ele acreditava que eu fosse, eu não era a bela e educada Louise Willians, vinda de uma família rica, eu era uma
Idiota riquinho.Era essa a palavra.Ele havia me insultado e tinha a audácia em ficar surpreso que eu o insultasse de volta, mas já que eu já havia dito o que disse, resolvi manter minha postura.— Não disse isso, apenas que seu rosto não tem nada de atrativo.Ele me encarou, enquanto Bruce sorria, parecendo que eu havia acabado de contar uma piada muito divertida, o que aquele outro homem não achava. — Você sabe quem eu sou, garota?Suspirei, fingindo estar entediada.— O presidente?Ele bufou e caminhou a passos largos em minha direção.Não recuei. — Sou Valentine Ward, primo do seu marido, devia me tratar com mais carinho.Ele falava olhando nos meus olhos e não gostei da forma ousada como se aproximou, felizmente eu era uma órfã, então estufei o peito e disse.— Eu guardo o carinho para quem merece.Infelizmente o meu gesto de demonstrar força saiu pela culatra, Valentine desceu seu olhar na mesma hora para meus seios, como se eu, imagine só, o estivesse seduzindo.Foi nesse m
Bruce sorriu ao reparar na expressão de Louise, que sorria enquanto dormia.Ele colocou os dedos na mesa, e tamborilou de leve na Madeira de mogno, o suficiente para que ela despertasse com a visão dele, tão próximo dela.Ele a vê gritar assustada com ele, e com razão, Bruce estava pálido com o disfarce de doente, quando ele não recuou ela se levantou e a porta se abriu, um dos empregados, George encontra o olhar de Bruce, e sem dizer uma palavra fecha a porta em seguida.Mary suspira, entendo seu disfarce de doente e grita por George.— George por favor pode me trazer um lanche? Estou aqui há horas! Bruce apenas a observa, em pé olhando para a porta na esperança de George retornar, quando o empregado não aparece Bruce intervém.— George!Imediatamente a porta se abre, e o jovem de cabelos castanhos e sardas no rosto reaparece.— Sim mestre Stevenson. — Peça para que sirvam o jantar irei daqui alguns minutos com a Sra. Stevenson. Enquanto fala, ele não olha para George, seu olhar
Mary evitou olhar para Bruce por alguns segundos, enquanto o homem aguardava sua resposta, ela amaldiçoou a Sra. Willians por ter esquecido de mencionar um detalhe tão específico como aquele, ela teria que improvisar.Ela sorriu, e suavemente levantou o olhar para Bruce e esclareceu:— É isso que eu desejo que pensem senhor Bruce, as pessoas sempre buscam uma fraqueza que possam explorar, eu apenas forneci uma fraqueza falsa, para minha própria proteção.Bruce a olhou chocado com sua sagacidade.— Você tem muitos inimigos, Louise?Ele perguntou enquanto bebia seu vinho. Seu olhar azul era intenso como se estivesse a queimando, e ela suspirou, tentando controlar seus batimentos.Bruce possuía aquele estranho efeito em seu corpo, e sabia que aquilo não era somente pelo medo de ser descoberta como uma impostora.Bruce e seu olhar de diamante a deixavam nervosa, fazendo suas pernas estremecerem.Ela tomou um pouco de água e respondeu:— Todos temos.Bruce assentiu, e ela observou enquanto
Bruce ficou surpreso quando Louise bateu a porta em sua cara.As palavras dela silenciaram uma suspeita que germinava em sua mente, devido as suas atitudes anteriores, sabia que pela ficha de informações sobre ela, mesmo já tendo tido um namorado ela não se entregaria fácil.Bruce sorriu e tocou a de leve a madeira, então inclinou a cabeça de lado e ouviu a respiração arrastada de Louise.Ele sorriu mais, ao saber que a havia deixado nervosa...Bruce se afastou e voltou para o seu quarto, pensando que talvez suas suspeitas fossem inválidas.Na manhã seguinte enquanto Bruce se vestia, surgiu uma batida na porta de seu quarto, só poderia ser Eliot, porque estava batendo em código Morse.Em sua mensagem dizia que havia alguém com ele.Ele o chamou, mas Bruce estava doente demais e lhe deu uma tosse em resposta, isso lhe daria tempo.Como Bruce fingia estar doente, mesmo que trancasse seu quarto seus empregados de confiança tinha a cópia da chave, para caso ele não conseguisse abrir. Bru
Mary esperou em silêncio que ele respondesse...— Não confio em ninguém... — murmurou ele.Ela sabia que havia muito mais por trás disso, o que poderia ter acontecido de tão grave com ele ao ponto desse homem, nem mesmo conseguir pegar no sono ao seu lado? Ela se perguntava.— Não confia ao ponto de ter dificuldade para dormir ao meu lado? O que acha que vou tentar fazer, mata-lo?No instante que disse isso ela se arrependeu.Um silêncio sepulcral recaiu sobre ambos, e Mary sentiu um frio na espinha.Sua intuição lhe dizia que era isso que Bruce pensava...Ela não disse mais nada, mas assim como o homem ao seu lado, também teve dificuldades para dormir...Bruce se levantou cedo, olhou para a mulher ao seu lado e enquanto a observava ela abriu os olhos.Seus olhares se encontraram e naquele segundo seu primeiro pensamento foi:Louise tinha olhos bonitos, mesmo estando inchados devido ao sono, não eram bem seus olhos mas o seu olhar.Ele pigarreou e desviou o olhar.Se levantou e tomou u
Mary sentiu seu coração congelar, quando olhou nos olhos de Nora Stevenson, apenas viu irritação. Ela rapidamente se afastou de Bob, que não parecia nenhum pouco afetado com a presença repentina da outra mulher, já Mary se sentiu exposta. A mulher caminhava de modo altivo, e a olhava nos olhos com uma clara reprovação, quando Mary deu alguns passos e abriu a boca para falar, Nora a cortou. — É isso que faz enquanto Bruce está doente? Mary piscou, incapaz de compreender o que Nora tentava dizer. A mulher olhou de Nora para Bob, que havia se encerrado em um canto na parede, enquanto observava as duas. Foi nesse momento que Mary percebeu chocada a insinuação terrível e descabida daquela mulher autoritária. Mary sentiu seu sangue começar a ferver, enquanto o olhar insinuante e acusatório daquela mulher a fitava. Como ela ousava insinuar que Mary estava fazendo algo errado com Bob Stevenson? Quando até agora ela havia sido completamente inconveniente. Mary sabia que devia
Bruce olhou para a mulher, e quando ele perguntou sobre seu pedido ele imaginou o que ela poderia desejar, para ter mudado de ideia tão rápido. Ele segurou em seu braço, e sentiu o cheiro de seu perfume, então esperou que ela dissesse seu desejo. A mulher virou a cabeça para ele, e puxou seu braço de sua mão. Bruce não a impediu, achava divertido como Louise reagia ao seu toque, não era como a maioria das mulheres. Seus olhos eram de um tom cálido de castanho, seus cabelos embora ele não os tocasse com frequência, sabia que eram sedosos. Ele a viu respirar fundo, então levantou seu olhar para ele: — Eu quero ir ao subúrbio. Bruce franziu o cenho, e abriu e fechou a boca. Sem entender o que ela queria dizer. Ele a olhava com estranheza, porque seria mais plausível que ela pedisse para ir para casa. — Você não deseja ir pra casa? Ver a sua mãe? Louise caminhou pelo quarto, esfregando as mãos uma na outra, estava de costas para Bruce que observava a mulher. — Não.