Eu arregalei os olhos.
certamente havia ouvido errado, casamento?Que loucura era aquela?Pisquei várias vezes.— O que está dizendo?A Sra. Willians se levantou, então trancou a porta da sua sala.— Bruce Stevenson é um bilionário que entrou em contato com várias famílias procurando uma noiva, minha filha Louise foi escolhida para esse papel, ele é influente em nossa classe, mas não posso deixar que minha filha case com ele, mesmo que seus dias estejam contados, por outro lado vocês são tão parecidas, que poderia facilmente se passar por ela, e eu pagaria bem por isso.Eu vi nos olhos dela toda a preocupação de uma mãe, e fiquei chocada em como pessoas ricas tentavam resolver seus problemas, "estou sozinho e morrendo? Vou usar minha influencia e conseguir uma noiva digna'— Eu jamais me casaria com um homem por dinheiro.Sua expressão rapidamente endureceu.— Eu pensei que estivesse desesperada por um emprego, considere isso como o emprego dos sonhos, porque você será muito bem paga.Eu me levantei indignada.— Eu não aceito. Quando caminhei para sair de sua sala, a Sra. Willians segurou em meu braço, com demasiada força.— Pense bem, eu a pagaria muito bem, pense em todas as coisas em sua vida que poderia resolver facilmente com dinheiro.Eu me lembrei do vencimento do meu aluguel, dos meus cartões de crédito atrasado, então puxei meu braço das mãos daquela mulher rica.— Vou trabalhar e resolver meus problemas, tenha uma boa vida.Com essas palavras eu a deixei em sua mansão.Aquele emprego como empregada era minha última chance, não sabia mais onde procurar trabalho, havia esgotado todos os endereços na minha agenda, peguei o ônibus lotado de volta ao meu apartamento.Não conseguia dormir direito a noite desde que fui demitida e assediada, eu pensava nas crianças do São Jones que o meu salário ajudava, como faria agora para me sustentar e ajudar o único lar que conheci?Todas essas perguntas pairavam na minha mente quando entrei no meu apartamento.Quando cheguei me sentei no sofá repassando todo o meu dia na minha mente, e como minhas opções de conseguir emprego estavam ficando escassas, quase nulas...Eu me lembrei da mulher, uma proposta insana.Mas que esse dinheiro viria a ajudar, isso viria, mas não faria isso.Vou conseguir um novo emprego, e lutar por isso.Alguns dias se passaram enquanto eu ia em várias entrevistas em diveros locais. Sem qualquer resultado.
Entrei no meu apartamento após semanas procurando emprego sem esperanças.
Liguei a TV e o noticiário dizia que viria uma grande tempestade, eu passei o restante da tarde deitada e adormeci no sofá, acordei a noite com o barulho do telefone tocando. Me levantei e atendi:— Alô?
A voz no outro lado da linha eu conhecia bem, era a Sra. Fisher diretora do orfanato São Jones.Sua voz estava tensa, e suas palavras fizeram com que eu sentasse.O refeitório do orfanato e parte das salas de ensino haviam desabado com a tempestade, ninguém estava ferido mas aquilo não podia ter acontecido em pior hora, a Sra. Fisher havia gastado uma grande quantia para reformar outro cômodo para as crianças.Eu engoli em seco, vendo meu mundo se despedaçar.Desliguei o telefone, e disquei o número da Sra. Willians.Quando ela atendeu eu disse.— Eu aceito o casamento.Não havia mais alternativas para mim, precisava fazer de tudo para ajudar as crianças do orfanato São Jones. Uma semana depois.Eu olhei para o caminho a minha frente, havia poucos convidados, e agradeci por isso.O vestido de noiva de Louise Willians servia perfeitamente em mim, ela estava certa sobre nosso tamanho, mas enquanto caminhava em direção ao altar eu quis desmoronar, não foi assim que sonhei subir ao altar, o véu em meu rosto dificultava minha visão, e também agradecia por isso, assim não veria com clareza aqueles rostos me encarando.A lua subia alta no céu, e o casamento acontecia em um jardim de uma mansão, A Sra. Willians havia me trazido de carro e estava sentada em uma das fileiras, fazendo seu papel de mãe da noiva, sua filha a verdadeira Louise estava curtindo férias na Europa, havia recebido uma boa quantia que já havia enviado aos fundos do orfanato, ainda assim eu me sentia uma impostora sem caráter.Havia um homem me esperando no altar, um desconhecido.Cada passo mais perto dele, que estava parado de terno branco no altar, afirmava minha culpa, e assinava minha sentença como uma mulher sem escrúpulos, quando faltava apenas alguns metros até ele eu comecei a sentir que estava tendo uma crise, mas reuni coragem e continuei caminhando.Lentamente vi a silhueta do homem alto se mover, quando ele se virou eu congelei.Ele estava segurando uma foto cujo o rosto era de outro homem, completamente oposto ao dele.Eu esperei, com meu coração batendo como um louco que algo acontecesse, que um meteoro caísse e interrompesse aquilo, mas nada aconteceu.— Mestre Stevenson está muito doente, eu sou Eliot e estou aqui com a permissão dele para representa-lo na cerimônia.Eu assenti para Eliot, ainda horrizada com aquilo, olhei para a foto e engoli em seco.O padre nos pediu que fizéssemos nossos votos um de frente para o outro, respirei fundo e vi suas mãos levantarem o meu véu.Vi todas as rosas ao redor do arco que estava acima de nós, rosas vermelhas.Eu estava me casando não com um homem, mas com seu representante, porque o noivo estava doente demais até para comparecer ao seu próprio casamento.Que espécie de mulher eu era para enganar alguém assim?Trocamos os votos enquanto todos assistiam, enquanto eu o via segurar a aquela foto de Bruce Stevenson, um homem de feições fortes e olhos profundamente azuis e enigmáticos.O padre me declarou oficialmente como Louise Stevenson, e Eliot me ajudou a descer os degraus, fui conduzida até os convidados enquanto milhares de rostos desconhecidos me parabenizavam.— É realmente linda, se me permite dizer. Um homem grisalho com olhos negros disse, ele estava elegante com seu terno azul-escuro de marca, seus
O suposto doente abriu os olhos e eles eram extremamente negros, sua pele pálida parecia sobrenatural, eu recuei alguns passos para trás com o susto e tropecei, caindo no chão. Estávamos em uma meia luz, o que dava a sua aparência algo fantasmagórico, isso fez meu coração acelerar ainda mais, eu vi o doente se sentar na cama, ele voltou seu rosto em minha direção, eu estava sentada no chão, entre a visão perturbadora dele e a figura gigante de outro homem na porta.De repente as luzes se acenderam, o homem na porta deu alguns passos a frente, enquanto eu permanecia paralisada.Vi diante de mim o enfermo se levantar sorrindo, o outro homem na porta se aproximou e entregou uma toalha para o homem antes acamado.— Fez um bom trabalho, Steve. — parabenizou o homem alto.Eu olhei mais atentamente para ele.Steve limpou o rosto com a toalha, e vi chocada todo o semblante de doença ser desfeito, por Deus Steve estava até bronzeado!Essa constatação assombrosa ativou alguns parafusos em meu
Após ser levada pelo corredor chegamos a uma porta de madeira, onde Bruce Stevenson girou uma chave.Eu me debati em seu colo e ele me colocou no chão.O quarto era bem maior que o anterior, e esse estava repleto de intimidade, com uma cama King Size, com cortinas azuis-escuras, móveis de mogno escuro, e na cama lençol de seda vermelha.Eu respirei fundo ao ouvir a voz dele.— Por hora, apenas saiba que ninguém pode saber o que você viu, entendeu?Eu me virei, e vi Bruce tirar sua camisa e o observei com mais atenção.Seus olhos eram do azul mais profundo e brilhante que já vi, suas sobrancelhas eram negras e espessas, acentuando seu olhar marcante, seu nariz era másculo e aquilino, seu queixo forte e rosto um pouco quadrado, seus traços eram um tanto clássicos, mas havia algo de muito jovial nele, quando nossos olhares se encontraram ele sorriu, lentamente.Mas seu sorriso durou apenas alguns segundos.Tentei me lembrar que Bruce havia usado sua influência e dinheiro para conseguir aq
Não conseguia respirar corretamente, sentia-o tão perto de mim que era possível sentir seu hálito quente em meu pescoço, todo o meu corpo vibrava, porque pela primeira vez na vida, estava sentindo uma sensação completamente oposta a que sentia quando era a bordada nas raras vezes que saía para festas com Susana.Eu engoli em seco quando ele correu os dedos levemente por meu pescoço, seu toque era tão suave que enviou arrepios por todo o meu corpo.— Diga-me esposa, deseja que eu a reconheça como minha esposa de modo mais... Enérgico?Sua voz era rouca, e devo dizer, carregada de algo muito profundo e sugestivo que eu não sabia bem o que era, mas meu corpo parecia saber, estando respondendo aqueles estímulos tão vivamente. — Diga-me Louise, o que deseja que eu faça com você hoje?O nome proferido por ele me fez voltar a realidade, a realidade de que eu não era a mulher que ele acreditava que eu fosse, eu não era a bela e educada Louise Willians, vinda de uma família rica, eu era uma
Idiota riquinho.Era essa a palavra.Ele havia me insultado e tinha a audácia em ficar surpreso que eu o insultasse de volta, mas já que eu já havia dito o que disse, resolvi manter minha postura.— Não disse isso, apenas que seu rosto não tem nada de atrativo.Ele me encarou, enquanto Bruce sorria, parecendo que eu havia acabado de contar uma piada muito divertida, o que aquele outro homem não achava. — Você sabe quem eu sou, garota?Suspirei, fingindo estar entediada.— O presidente?Ele bufou e caminhou a passos largos em minha direção.Não recuei. — Sou Valentine Ward, primo do seu marido, devia me tratar com mais carinho.Ele falava olhando nos meus olhos e não gostei da forma ousada como se aproximou, felizmente eu era uma órfã, então estufei o peito e disse.— Eu guardo o carinho para quem merece.Infelizmente o meu gesto de demonstrar força saiu pela culatra, Valentine desceu seu olhar na mesma hora para meus seios, como se eu, imagine só, o estivesse seduzindo.Foi nesse m
Bruce sorriu ao reparar na expressão de Louise, que sorria enquanto dormia.Ele colocou os dedos na mesa, e tamborilou de leve na Madeira de mogno, o suficiente para que ela despertasse com a visão dele, tão próximo dela.Ele a vê gritar assustada com ele, e com razão, Bruce estava pálido com o disfarce de doente, quando ele não recuou ela se levantou e a porta se abriu, um dos empregados, George encontra o olhar de Bruce, e sem dizer uma palavra fecha a porta em seguida.Mary suspira, entendo seu disfarce de doente e grita por George.— George por favor pode me trazer um lanche? Estou aqui há horas! Bruce apenas a observa, em pé olhando para a porta na esperança de George retornar, quando o empregado não aparece Bruce intervém.— George!Imediatamente a porta se abre, e o jovem de cabelos castanhos e sardas no rosto reaparece.— Sim mestre Stevenson. — Peça para que sirvam o jantar irei daqui alguns minutos com a Sra. Stevenson. Enquanto fala, ele não olha para George, seu olhar
Mary evitou olhar para Bruce por alguns segundos, enquanto o homem aguardava sua resposta, ela amaldiçoou a Sra. Willians por ter esquecido de mencionar um detalhe tão específico como aquele, ela teria que improvisar.Ela sorriu, e suavemente levantou o olhar para Bruce e esclareceu:— É isso que eu desejo que pensem senhor Bruce, as pessoas sempre buscam uma fraqueza que possam explorar, eu apenas forneci uma fraqueza falsa, para minha própria proteção.Bruce a olhou chocado com sua sagacidade.— Você tem muitos inimigos, Louise?Ele perguntou enquanto bebia seu vinho. Seu olhar azul era intenso como se estivesse a queimando, e ela suspirou, tentando controlar seus batimentos.Bruce possuía aquele estranho efeito em seu corpo, e sabia que aquilo não era somente pelo medo de ser descoberta como uma impostora.Bruce e seu olhar de diamante a deixavam nervosa, fazendo suas pernas estremecerem.Ela tomou um pouco de água e respondeu:— Todos temos.Bruce assentiu, e ela observou enquanto
Bruce ficou surpreso quando Louise bateu a porta em sua cara.As palavras dela silenciaram uma suspeita que germinava em sua mente, devido as suas atitudes anteriores, sabia que pela ficha de informações sobre ela, mesmo já tendo tido um namorado ela não se entregaria fácil.Bruce sorriu e tocou a de leve a madeira, então inclinou a cabeça de lado e ouviu a respiração arrastada de Louise.Ele sorriu mais, ao saber que a havia deixado nervosa...Bruce se afastou e voltou para o seu quarto, pensando que talvez suas suspeitas fossem inválidas.Na manhã seguinte enquanto Bruce se vestia, surgiu uma batida na porta de seu quarto, só poderia ser Eliot, porque estava batendo em código Morse.Em sua mensagem dizia que havia alguém com ele.Ele o chamou, mas Bruce estava doente demais e lhe deu uma tosse em resposta, isso lhe daria tempo.Como Bruce fingia estar doente, mesmo que trancasse seu quarto seus empregados de confiança tinha a cópia da chave, para caso ele não conseguisse abrir. Bru