Furioso, Maximiliano retirou algumas notas, colocou na mesa e saiu do estabelecimento apressado. Sabendo que o Gonzalez era capaz de cumprir o que acabará de dizer, Joana agarrou sua bolsa e o seguiu, quase correndo, enquanto ele empurrava tudo e todos que atrapalhassem sua passagem em direção a um navio de casco preto. O chamou, pedindo que parasse e a escutasse, mas Maximiliano parecia surdo. O seguiu até que ele atravessou uma rampa que levava para dentro do barco. Sem pensar, subiu logo atrás, enquanto o ouvia ordenar ao primeiro homem que apareceu a sua frente. — Beto, chame todos de volta! Partiremos imediatamente! Foi só nesse momento que ela conseguiu alcança-lo, parando desesperada ao lado dele. — O que houve, capitão? — Beto questionou se aproximando e olhando com curiosidade a jovem encarando Maximiliano com nervosismo. — Junte todos! Partiremos de volta a Sanmarino! — O cliente da última mercadoria ainda não pareceu pra pagar pela encomenda — Beto indicou apontando p
Com o coração retumbando em seus ouvidos, Joana tentou falar, mas sentia-se incapaz. Colocou as mãos no tórax dele, na intenção de afastá-lo, mas o efeito foi o contrário. Assim que as palmas sentiram a pele quente perderam as forças e ela o foco, os olhos se perdendo na imensidão negra, a língua decidindo que precisava arriscar e tocando a boca dele como imaginou que ocorreria. Ouviu um gemido angustiado, desejoso, temeu ter sido dela. Ele moveu o rosto e roçou a boca no pescoço dela, que soltou involuntariamente um gemido baixo. Joana sentiu o corpo mole e um calor novo e pulsante em seu baixo ventre conforme ele deslizava a boca de seu pescoço até o ombro, mordiscando, beijando, acariciando. Sua mente virou um algodão doce, derretendo pelo efeito da boca daquele homem, os dedos flexionando, sentindo seus músculos, movendo-se como se tivessem vida própria. Deslizando a mão que a tocava no rosto por toda lateral do corpo dela, Maximiliano apertou de leve sua cintura, puxando-a, apr
Joana permaneceu deitada, os olhos fechados, o corpo mole e dolorido sem conseguir mover um dedo, ainda absorvendo o que fez, o que deixou Maximiliano fazer. Não havia retorno. Mesmo que não houvesse o acordo, mesmo que não estivesse protegendo sua família ao aceitar substituir Dalila, seus princípios tinham atravessado uma linha moral. Ela tinha sucumbido ao desejo, alimentado pelos vários sonhos que dominou seus dias desde o bendito beijo no jardim. E pior, não se arrependia. Levou um pequeno susto ao sentir algo gelado passar por entre suas pernas. Abriu os olhos e viu Maximiliano sentado ao seu lado, usando somente cueca e passando uma toalha entre suas coxas. — O que está fazendo? — Questionou procurando envergonhada algo para se vestir, mas seu vestido estava longe, acabou se encolhendo, utilizando as pernas para cobrir seus seios e sexo. — Removendo o sangue — ele respondeu parecendo aborrecido. Foi quando ela reparou a mancha na toalha e no lençol da pequena cama, o que au
Encostado ao lado da porta da cabine, Beto Alves até tentou dar uma espiada do lado de dentro, mas Maximiliano colocou-se à frente bloqueando qualquer visão da mulher que arrastou para a cabine. E fez muito mais que só arrastar, notou pelos sons que ouviu sair do interior. — Que mensagens de Sanmarino são tão importantes para me incomodar? Se for alguma notícia idiota juro que te jogo no mar — ameaçou, desconfiando que se tratasse de alguma desculpa para Beto bisbilhotar o que ocorria em sua cabine. Afastando a curiosidade, Beto entregou seu aparelho para Maximiliano. — Quase agora fui dar uma olhada se caiu alguma mensagem das minhas garotas e recebi uma enxurrada de mensagens do Cristiano — iniciou expondo as mensagens do dono do Crista do Mar. — Parece que a nossa última carga seria revistada. Lendo os diversos avisos de Cristiano, Maximiliano trincou a mandíbula, lembrando-se da encomenda feita por Orlando Américo dentro do Crista do Mar. Com certeza era algum lacaio enviado po
Depois de deixar Joana em sua cabine, lamentando que ficaria dias sem contato com os pais, Maximiliano foi para a ponte de comando com Beto, passando horas definindo a rota mais rápida de volta a Sanmarino. — Essa fornecerá um tempo menor, mas nunca passamos por ela justamente por causa desse paredão — Beto alertou quando Maximiliano apontou no mapa o caminho alternativo. — Não sabemos se a passagem é larga o suficiente. — Se for estreita, damos a volta. E ainda assim ganhamos dois dias de vantagem em comparação à rota original — retrucou decidindo que aquele seria o trajeto a seguir. — Está tão ansioso assim para esfregar sua atual noiva na cara da sua ex? Maximiliano não respondeu a provocação, simplesmente iniciou as mudanças necessárias, somente dizendo o que deveriam fazer dali em diante para garantir que chegasse o quanto antes em Sanmarino. Vingança era só parte de sua pressa. Vendo a tristeza e angústia aumentar na face de Joana, por medo dos pais se preocuparem com sua lo
Vasculhou cada centímetro da cabine, o que não era muito, antes de sair alarmado para fora, olhando ao redor a procura dela, o coração disparado diante das possibilidades que rondavam sua cabeça. Agarrou o braço do primeiro marinheiro que passou a sua frente. — Viu a mulher que estava aqui? Encarando-o assustado, o rapaz, novo na tripulação, começou a gaguejar assustado com o semblante carregado do capitão do Diablo. — A mulher... bem... ela foi na... na direção... — Fale logo, inferno! — Maximiliano bradou temendo o pior. — Onde ela está? — Cozinha... Deixando o rapaz para trás, junto com os olhares curiosos dos outros marinheiros, marchou para o local. A primeira coisa que Maximiliano captou ao abrir a porta da pequena cozinha foi o cheiro delicioso no ar, algo incomum em seu barco, cujo sabor e aroma do que era preparado costumava ser duvidoso. A segunda foi à voz melodiosa de Joana falando com Baltasar, que estava a cargo das refeições naquele dia. — Espete com o garfo e
De volta à cabine, durante o almoço, Joana surpreendeu-se que Maximiliano - no lugar de exigir silêncio enquanto comia, como seu pai fazia - quis saber mais do que ela sabia preparar. — Sei fazer bolos, tortas, curtidos, licores, reaproveitar alimentos — respondeu apontando para a sopa dele, pousada na escrivaninha. — Onde aprendeu tudo isso? — Como minha mãe, minha madrinha e com as freiras do convento. — E o que mais sabe fazer? — Costurar, fazer compras para casa, limpar, todas as funções para manter a casa em harmonia — Joana sorriu satisfeita por ter algo a ser exaltado, algo que daria orgulho a Maximiliano. Podia não ter a beleza deslumbrante de Dalila, mas superava a irmã na administração dos afazeres domésticos e em todos os talentos exigidos pela sociedade. — Também toco piano e sei um pouco de francês, espanhol e inglês. Sou formada em licenciatura e dou aulas de catequese na escola religiosa... Dava aulas. Maximiliano, diante da série de atributos que Joana possuía, po
O som de um disparo o acordou Maximiliano, de quatorze anos, no meio da noite. Levantou assustado e andou pelo corredor que levava à sala, as costas praticamente grudadas na parede para não ser visto por ninguém. Chegando perto do arco que levava ao recinto, ele viu com temor cinco homens uniformizados da polícia de Sanmarino com armas em punho. Um deles apontava sua arma em direção ao seu pai, os olhos extremamente arregalados de choque. Logo Maximiliano se deu conta que Fabiano, seu pai, segurava com esforço o corpo inerte e sangrando da esposa, Milene. — Mãe? — Sua voz saiu fraca, quase um murmúrio. Tentou se aproximar, mas foi puxado para trás por Fernando, seu irmão cinco anos mais velho. Fernando também tinha acordado com o barulho do disparo. O irmão colocou o dedo indicador sobre os próprios lábios, em um sinal de que Maximiliano deveria ficar em silêncio. Entretanto, ele encontrava-se muito assustado para calar-se, seu coração batia descontrolado no peito. — Fê, mamãe..