Tereza chegou ao trabalho após o almoço, como definido quando pediu a folga no fim de semana usando suas horas extras. Em poucos minutos foi atualizada sobre tudo que aconteceu em sua falta. Até porque, mesmo durante a viagem, foi solicitada diversas vezes por mensagens. Aparentemente seus colegas, que sempre diminuíam sua contribuição na cadeia, não sabiam fazer nada sem ela indicando. A novidade mais recente era que Maximiliano estava de volta à cadeia, esperando o pagamento de sua fiança. Fato que a deixava feliz. Logo Joana e o noivo estariam juntos novamente e sem precisar se esconder para isso. Poucos minutos em que estava trabalhando, finalizando as convocações que enviaria antes do fim do sai, foi surpreendida ao ser chamada a sala do falecido delegado, agora ocupada pelo novo juiz. O juiz Marcus Martin, um homem atarracado, revisava alguns documentos, quando ela entrou no escritório. — Por favor, sente-se. Tereza fez o que foi indicado, sua costumeira confiança e descont
Após a saída de Adriano, Joana, ansiosa em sair da casa de seus pais, pediu para Maximiliano acompanha-la para dentro da residência, de modo que pudesse pegar sua bolsa e partirem para a cabana.Ao entrarem ficou evidente que Maximiliano não era bem vindo, pelo menos não para o pai de Joana, que do mesmo modo agressivo de Adriano questionou sua presença ali quando todos na cidade sabiam que estava foragido da justiça.— Aguardarei o processo em liberdade — Maximiliano explicou ignorando o olhar desconfiado e carregado de aborrecimento do sogro.— Não se preocupe, pai. Irei pegar minhas coisas para retornar a cabana do Max hoje mesmo.— Não liguem para o meu pai, ele só se preocupa com o bem estar da família — Dalila disse com um sorriso ladino ao indicar: — Embora, sendo noivo de Joana, é quase da família. Se é que esse casamento um dia acontecerá...Maximiliano permaneceu em silêncio, as mãos nos bolsos e o olhar focado em Joana, que respondeu a irmã curta e seca:— Daqui a alguns di
O som das chamas crepitando e o cheiro de fumaça enchiam o ar. Descendo da picape de Lucas, sem ter muito que fazer, Maximiliano observou sua cabana completamente em chamas. No fundo de seus olhos reluzia o medo e angústia que sua face ocultava atrás da máscara de impenetrável.A ligação de Lucas, avisando que via fumaça vinda do Monte do Diabo o preocupou, mas pensou se tratar de algo próximo ao lar que construiu com as próprias mãos, preparando-se para apagar antes que chegasse a cabana. Não estava preparado para ver as labaredas dominando sua cabana.Havia simbolismos naquela construção, feita tanto para abriga-lo quando para conectá-lo aos familiares. O pai que o ensinou carpintaria, o irmão que planejava construir uma cabana naquele exato local.Mesmo ao ganhar seu primeiro milhão, no lugar de comprar uma grande propriedade, preferiu permanecer naquele lugar, pequeno, humilde, mas que em cada parede conseguia visualizar sua família. Os ensinamentos, os sonhos que tinham para ele,
Nervosa após o telefonema de Maximiliano, como solicitado pelo noivo, Joana trancou a porta do quarto e utilizou a varanda para sair sem ser notada. Imaginou que a escolha do local tinha sido feita pensando exatamente nisso, no acesso fácil que as varandas dos quartos tinham ao jardim.Abaixou-se junto à parede, seguindo atenta a qualquer movimentação nas varandas de seus pais e a da irmã. Com o coração palpitando adrenalina pura por suas veias, agradeceu que a escuridão noturna e a lua nova ocultavam sua presença do lado de fora da residência.Joana considerava o jardim dos fundos um lugar encantador, seu refúgio para os momentos de estresse, mas nunca foi ali à noite por não ter nenhuma iluminação. Os arbustos bem cuidados, as flores cultivadas por sua mãe e o banco largo de metal abaixo de um antigo carvalho não passavam de sombras à noite.— Joana!Deu um pequeno sobressalto ao ouvir o chamado do noivo, que saia detrás do tronco da árvore. Passada a surpresa, correu para os braço
A raiva e inveja mantinha Dalila desperta, remoendo o que acontecerá nos últimos dias, a briga com Adriano sobre o divórcio, Maximiliano recusando seu amor, sua irmã tirando tudo que conseguiu.O que machucava fundo seu orgulho era ambos os homens que considerava seus estarem brigando para ficar com Joana.O pior era Adriano insistindo em um divórcio em que ela sairia sem nada.Torceu os lábios ao relembrar a prepotência de Adriano ao exigir que assinasse os papéis que incluíam uma clausula em que abria mão da metade que lhe correspondia da fortuna dele. Isso mesmo depois de ter negado assinar os papéis diante do advogado que ele enviou em sua casa. Adriano imaginou que sua presença, seus insultos e ameaças, mudaria o fato de que ela não abriria mão do dinheiro. Justo o maior e mais forte motivo que a fez casar com o Orleans.Moveu-se de lado na cama, pensando na sorte que tivera ao, querendo agradá-la, Adriano ter ignorado os pedidos da viúva e, confiante de que passariam a vida junt
Chegando ao bar Crista do Mar, depois de se banhar e comer, Maximiliano se juntou a todos os amigos, para comemorarem que aguardaria o processo em liberdade. Eram unânimes em desejar que permanecesse livre após o julgamento.Superada a alegria por estarem reunidos, deixaram a conversa seguir para o incêndio da cabana. Lucas, em contato com um bombeiro que compareceu ao local, informou que seria aberta investigação, mas, de antemão, tudo indicava se tratar de incêndio criminoso.— Sei quem foi — Maximiliano disse cruzando os braços, o olhar sombrio ao pensar em sua cabana em chamas.— Todos nós sabemos, mas provar será difícil — Beto comentou coçando o queixo. — Embora tenhamos um meio para, enfim, obter um pouco de justiça pelo que estão te fazendo há anos.Maximiliano buscou com os olhos o outro amigo antes de receber a explicação para o otimismo.Em resposta Beto indicou Gabriel, dando a ele a palavra.— Existe um testamento, feito pelo Nicolas Orleans, em que ele deixa uma pequena
De telhado em telhado, Maximiliano aproximou-se da casa, escalou o muro de acesso para os fundos da casa e encaminhou-se sorrateiro, agradecendo que Adriano estava tão determinado em vigiar os imóveis dos outros que não cuidava do local que morava.Abaixou-se próximo a janela da sala de estar ao ouvir a voz exaltada de Kassandra repreendendo Adriano. Surpreendeu-se com a intensidade da bronca. A viúva era conhecida por abrandar sua personalidade para agradar e mimar o filho, mesmo Adriano estando na casa dos trinta anos.Satisfeito em perceber o desespero vibrante no descontrole da viúva, e aproveitando que os Orleans estavam concentrados em si mesmos, moveu-se sorrateiro na direção do escritório.Forçou uma janela e invadiu a casa, seu sucesso vindo da facilidade de ter cada passagem gravada em suas memorias, pelos anos morando na ali com sua família, e pelos arrogantes Orleans não investirem em segurança. Certamente, com a polícia do lado deles, pensavam não precisarem gastar nisso.
Optando por evitar discussões e querendo tomar o café da manhã com Maximiliano, Joana madrugou, se arrumou para o trabalho, agarrou seu casaco, a bolsa estilo carteiro e encaminhou-se apressada para a porta da entrada. No entanto, burlando seu objetivo de sair sem ser notada, sua mãe, Carmen, pela divisória entre a sala de estar e a de jantar a flagrou antes que alcançasse a maçaneta.— Joana, aonde vai tão cedo? Não vai tomar o café da manhã?Joana suspirou fundo.— Mãe, não quero me indispor com o pai novamente — confessou ajeitando alça da bolsa no ombro. — Cansei dele criticar meu relacionamento com Maximiliano e me insistir em me unir ao Adriano.Carmen olhou para Joana com compreensão.— Entendo sua preocupação, meu anjo. — Se aproximou da filha e buscou uma mão, aconchegando-a com carinho. — Você tem todo o direito de ser feliz com quem escolher. E tem meu apoio incondicional.— Eu sei, mãe. Mas toda vez que eu confronto o pai, acaba em uma discussão acalorada... Não quero que