Antes de seguir nas buscas pelos demais fugitivos, Tarcísio ligou para Queiroz, alertando do perigo que corriam agora que resgataram a amiga de Maximiliano. — Esse desgraçado apareceu quando ia tirá-la do quarto — lamentou. — Crê que ela já falou tudo? — Quando sai ela estava inconsciente. Talvez morra antes de falar — previu, aconselhando em seguida: — Mas é melhor que esconda qualquer pista que Orlando deixou sobre a passagem dela no Salão Real. — Se está com a garota, talvez tenha sido ele o assassino. Se o pego, o mato. — Não é hora de bancar o valente. Agora que está noivo da senhorita Joana se tornou um incomodo maior que antes — advertiu. — Também encontraram Maria, na verdade, me disseram que Maximiliano a encontrou e a enviou ao irmão, com ordens que fique com ele. Irei até eles antes de prosseguir com as buscas, para que confirme para todos que foi ao Salão por vontade própria. — Pergunte se ela viu como Orlando morreu, quem o matou. — Perguntarei para todas que forem
Mesmo protegida pelo irmão e pela promessa de Maximiliano, Maria evitava olhar para Tarcísio. Da mesma forma queria ignorar o longo chicote nas mãos dele e as lembranças que trazia. O capataz entrou no galpão esbravejando a raiva com sua fuga, movendo o chicote enrolado na mão conforme falava. Maria simplesmente não conseguia deixar de encarar o objeto, com medo de que o usasse contra ela ou seu irmão. Seu consolo é que ele tinha conhecimento das ordens de Maximiliano. — Tudo bem! Que fique até o sujeito levar vocês dois para longe daqui, como o comparsa dele me disse que vai fazer — ele resmungou de má vontade. — Mas quero saber como fugiu e o que viu durante sua fuga. Notando o tremor da irmã, Gabriel contou o que ouviu horas antes: — Minha irmã somente fez como as demais garotas que escaparam, saiu correndo para longe daquele lugar. — E não viu o que aconteceu com Orlando? — Tarcísio questionou aos berros, movendo-se para perto de Maria. — Não vi nada! Ouvi os tiros e quando s
Depois de ouvir a história narrada pelos empregados, Bruno ficou impressionado com a atitude de Maximiliano e ainda mais com a aceitação de Joana. Uma moça quieta e delicada, que constantemente evitava sua aproximação, obedecia sem questionar as atitudes arrogantes de um ser repulsivo e grosseiro como o Gonzalez. Quando os recém-casados desceram para o café da manhã com os demais, Bruno continuava inconformado e, remoendo o rancor, relatou o que ouviu para Adriano e Dalila. — É um arrogante, abusado e se aproveita da sua boa vontade — comentou enfurecido. — Está mandando e desmandando como se fosse dono de Recanto Dourado. — E o que Joana disse quando ele decidiu manter a garota no quarto deles? — Adriano perguntou estranhando a cunhada aceitar facilmente essa situação. — Pelo que ouvi: Nada! Passou a noite com ele e a outra garota no mesmo quarto. Até estranhei. — Notando a expressão fechada do Orleans, complementou: — Seu amigo conseguiu envolver Joana. As lamúrias de Bruno enc
Como prometido, o médico voltou a examinar Margô, entregando a medicação que foi buscar após a primeira visita, logo deixando a jovem sob a vigilância de Joana. Tendo confirmado que Donato chegaria em algumas horas com novidades do caso dos amigos, Maximiliano voltou ao quarto junto de Beto a tempo de escutarem atentos as últimas recomendações do médico e pagar pela consulta particular e os medicamentos. — A pneumonia sempre é perigosa — o médico avisou do lado de fora do quarto guardando o dinheiro em sua maleta. — Com cuidado e tomando os medicamentos como recomendei ficará melhor. — Beto, acompanhe-o — Maximiliano pediu enquanto retornava ao quarto. Por alguns instantes, ficou no vão da porta observando a delicadeza com que Joana molhava um lenço na bacia posicionada perto da cama de casal, o torcia para retirar o excesso de água e, sentando no leito, o trocava pelo que cobria a testa de Margô. Maximiliano pegou uma cadeira e a aproximou da cama, sentando perto de ambas. — Lo
Joana partiu apressada do quarto e, chateado com o comportamento de sua protegida, Maximiliano voltou para perto de Margô. — Porque falou daquela forma com a Joana? — O que tem com aquela mulher...? — Margô cobrou movendo-se devagar para sentar e sentir poucas dores. — Aquela mulher tem nome: Joana. E é minha noiva. Margô piscou confusa por alguns instantes, a informação dando voltas em sua mente enevoada pela debilidade e remédios, fazendo conexões que carregaram suas feições de revolta. — Noiva...? Vai se casar... com outra? Por quê? — Choramingou sentida. — Me casarei com Joana — ele respondeu seco, repetindo o nome para que ela o gravasse. — E deveria agradecer o cuidado que ela teve com você desde que te encontrei, no lugar de insultar. — Agradecer...? Agradecer por roubar meu homem?! — Margô questionou furiosa. Maximiliano massageou testa, vendo vantagem em Joana ter saído antes de ouvir aquela declaração comprometedora. — Sou seu amigo e nada mais que disso — disse fria
Impactada pelo ataque de Margô e se martirizando por deixa-la sozinha com Maximiliano no quarto, depois de fazer o pedido para levarem para a jovem, Joana decidiu caminhar. Seguiu pela trilha de cascalho demarcando o caminho até o jardim lateral, seguindo para seu canto favorito, abaixo do carvalho, quando Dalila barrou seu caminho. — Joana, temos que conversar — exigiu imperiosa. — Creio que não temos nada a falar — Joana negou-se prevendo que a irmã pretendia aborrecê-la. — É necessário — insistiu agitada. — Tem coisas sobre Maximiliano que precisa saber. Um lado de Joana mandou deixar Dalila com suas intrigas, mas a curiosidade foi mais forte e atendeu seu pedido. As irmãs seguiram em frente apressadas, sem reparar que a poucos passos atrás delas vinha Maximiliano. Tinha ido atrás de Joana, para explicar o rompante de Margô e acabou vendo de longe quando parou para falar com Dalila. Vendo que se afastavam, optou por segui-las discretamente. Elas foram para uma parte mais dens
Encarando seu rival mais perigoso, Maximiliano ocultou seu ódio e aversão por Adriano atrás de uma máscara de indiferença e frieza. Parado no vão da porta do escritório que acabará de abrir, franzindo o cenho por não esperar ver Maximiliano por perto quando Joana viesse ao seu escritório, Adriano observou o inusitado, e indevido, casal com aborrecimento. Por educação, o Orleans os cumprimentou com o mesmo ar reprovador que carregava desde que soube do compromisso. Para Maximiliano era óbvio que induziria Joana a desistir do casamento. — Joana me disse que quer falar com ela. — Sim — Adriano confirmou, seu olhar deixando claro que dispensava a presença do Gonzalez na tal conversa. — Então a deixo — Maximiliano declarou se afastando. Ardia de vontade de ficar, escutar o que diriam e ver com os próprios olhos o que Joana responderia, impedir de alguma forma que ela desistisse do casamento, mas agir assim não combinava com o capitão Maximiliano Gonzalez. Confiar também não, mas confi
Margô ficou sozinha, amargurando o noivado de Maximiliano, por longos minutos até o retorno do Gonzalez com Beto ao seu lado. — Comeu um pouco? — Maximiliano perguntou ao notar a vasilha de sopa na mesinha de cabeceira, que parecia intocada. — Não — ela respondeu. — Estou sem fome. Como para provar o contrário seu estômago decidiu se pronunciar. — Não é isso que sua barriga diz — Beto brincou. — Não comerei nada enviado pela mulher que quer roubar Maximiliano de mim. Beto riu, mas Maximiliano não sentiu um pingo de graça. — Coma de uma vez — mandou irritado. — Se permanecer doente terei de interná-la no hospital — ameaçou. Mesmo não sendo verdade, foi o suficiente para Margô pegar a vasilha e se alimentar, de início relutante, depois com avidez para cessar a fome que a abatia há dias. Apressado em obter informações antes que Joana retornasse ao quarto, e acabasse descobrindo algo comprometedor que a colocaria em risco, pediu para Margô as respostas que só ela podia oferecer so