Joana partiu apressada do quarto e, chateado com o comportamento de sua protegida, Maximiliano voltou para perto de Margô. — Porque falou daquela forma com a Joana? — O que tem com aquela mulher...? — Margô cobrou movendo-se devagar para sentar e sentir poucas dores. — Aquela mulher tem nome: Joana. E é minha noiva. Margô piscou confusa por alguns instantes, a informação dando voltas em sua mente enevoada pela debilidade e remédios, fazendo conexões que carregaram suas feições de revolta. — Noiva...? Vai se casar... com outra? Por quê? — Choramingou sentida. — Me casarei com Joana — ele respondeu seco, repetindo o nome para que ela o gravasse. — E deveria agradecer o cuidado que ela teve com você desde que te encontrei, no lugar de insultar. — Agradecer...? Agradecer por roubar meu homem?! — Margô questionou furiosa. Maximiliano massageou testa, vendo vantagem em Joana ter saído antes de ouvir aquela declaração comprometedora. — Sou seu amigo e nada mais que disso — disse fria
Impactada pelo ataque de Margô e se martirizando por deixa-la sozinha com Maximiliano no quarto, depois de fazer o pedido para levarem para a jovem, Joana decidiu caminhar. Seguiu pela trilha de cascalho demarcando o caminho até o jardim lateral, seguindo para seu canto favorito, abaixo do carvalho, quando Dalila barrou seu caminho. — Joana, temos que conversar — exigiu imperiosa. — Creio que não temos nada a falar — Joana negou-se prevendo que a irmã pretendia aborrecê-la. — É necessário — insistiu agitada. — Tem coisas sobre Maximiliano que precisa saber. Um lado de Joana mandou deixar Dalila com suas intrigas, mas a curiosidade foi mais forte e atendeu seu pedido. As irmãs seguiram em frente apressadas, sem reparar que a poucos passos atrás delas vinha Maximiliano. Tinha ido atrás de Joana, para explicar o rompante de Margô e acabou vendo de longe quando parou para falar com Dalila. Vendo que se afastavam, optou por segui-las discretamente. Elas foram para uma parte mais dens
Encarando seu rival mais perigoso, Maximiliano ocultou seu ódio e aversão por Adriano atrás de uma máscara de indiferença e frieza. Parado no vão da porta do escritório que acabará de abrir, franzindo o cenho por não esperar ver Maximiliano por perto quando Joana viesse ao seu escritório, Adriano observou o inusitado, e indevido, casal com aborrecimento. Por educação, o Orleans os cumprimentou com o mesmo ar reprovador que carregava desde que soube do compromisso. Para Maximiliano era óbvio que induziria Joana a desistir do casamento. — Joana me disse que quer falar com ela. — Sim — Adriano confirmou, seu olhar deixando claro que dispensava a presença do Gonzalez na tal conversa. — Então a deixo — Maximiliano declarou se afastando. Ardia de vontade de ficar, escutar o que diriam e ver com os próprios olhos o que Joana responderia, impedir de alguma forma que ela desistisse do casamento, mas agir assim não combinava com o capitão Maximiliano Gonzalez. Confiar também não, mas confi
Margô ficou sozinha, amargurando o noivado de Maximiliano, por longos minutos até o retorno do Gonzalez com Beto ao seu lado. — Comeu um pouco? — Maximiliano perguntou ao notar a vasilha de sopa na mesinha de cabeceira, que parecia intocada. — Não — ela respondeu. — Estou sem fome. Como para provar o contrário seu estômago decidiu se pronunciar. — Não é isso que sua barriga diz — Beto brincou. — Não comerei nada enviado pela mulher que quer roubar Maximiliano de mim. Beto riu, mas Maximiliano não sentiu um pingo de graça. — Coma de uma vez — mandou irritado. — Se permanecer doente terei de interná-la no hospital — ameaçou. Mesmo não sendo verdade, foi o suficiente para Margô pegar a vasilha e se alimentar, de início relutante, depois com avidez para cessar a fome que a abatia há dias. Apressado em obter informações antes que Joana retornasse ao quarto, e acabasse descobrindo algo comprometedor que a colocaria em risco, pediu para Margô as respostas que só ela podia oferecer so
Interpretando o papel combinado com os amigos, e atingido pela fúria causada pelo sofrimento deles – principalmente de Margô -, foi fácil para Maximiliano chegar ao Salão Real com o fogo da raiva luzindo nos olhos e o gelo circulando nas veias. Desceu do jipe e observou que não havia sinal de policiais por perto, obviamente, como imaginou, por se tratar de um comércio ilegal com claro aval de Queiroz, os policiais não se aprofundaram nas investigações. Sem controle sobre a própria força empurrou a porta com brusquidão. O som do choque da madeira contra a parede ecoou no salão vazio e fez uma mulher levantar-se do chão com uma escova, que até então usava para esfregar o piso. Seu olhar varreu o lugar até pousar em uma pessoa que descia as escadas resmungando sobre o barulho e a cabeça doer. Era o homem que atendia no balcão, e que Cristiano dominou em sua tentativa de fuga. Ao identificar o Gonzalez, o homem tentou correr de volta para o segundo piso, porém, com passadas largas e pe
Ouvindo as risadinhas dos outros empregados, Tarcísio gritou para cuidarem de seu trabalho. Um peão estendeu seu chapéu, que deixou cair após o impacto do punho de Maximiliano em seu rosto. O agarrou e avançou para a casa espumando de raiva. Não aturaria mais o desmando do Gonzalez, decidiu ao seguir para o quarto de Kassandra. Encontrou a viúva sozinha. — Quero falar com a senhora. Não se trata da fazenda e sim de mim. Kassandra permitiu que Tarcísio entrasse e escutou sem interesse a queixa do capataz. — Senhora, não aguento mais esse cachorro. Acabou de me golpear na frente dos trabalhadores. — Terá que aguentar isso por mais alguns dias — indicou aborrecida. — Até tirarmos da cabeça da minha afilhada esse absurdo noivado. — Não senhora! Temos que nos livrar dele agora! — Ansioso, buscou em seu bolso o celular, abrindo a galeria para mostrar as fotos que tirou de Maximiliano com o Gonzalez. — Veja! Queria te mostrar antes, mas com todo escarcéu do Gonzalez atrás dos amigos, e
Como combinado com os amigos, Cristiano escondeu-se nas proximidades da fazenda Recanto Dourado, ocultando-se com a ajuda da vegetação e escapando por pouco dos peões que passavam sem estarem em companhia de Maximiliano. Até mesmo sujou-se com a terra e usava as roupas esfarrapadas e imundas que usava desde que foi retirado da fazenda dias antes. Tudo para que quando fosse descoberto, achassem que foi encontrado na mata e não perto do local em que Orlando foi assassinado. Tinham decidido que fingir desconhecer a morte do dono do Salão Real, e aproveitar-se que quando fez o funcionário dele desmaiar Orlando não estava por perto, para criar um álibi. Frágil, mas que Donato poderia aproveitar se no futuro Queiroz pensasse em Cristiano como executor do crime. Estava próximo ao campo de trabalho, em que costumavam levar ele e Gilberto, também para poder justificar seu retorno a fazenda após a fuga do Salão Real. O plano era dizer que voltou com a intenção de resgatar Gilberto e voltar a S
Sem imaginar o que a aguardava, Joana atendia obediente ao chamado de sua madrinha, se aproximando das duas mulheres no quarto sem reparar no olhar feroz da viúva. Levou um susto quando, ao chegar perto delas, Kassandra questionou furiosa: — Porque ocultou que sua irmã é amante de Maximiliano Gonzalez? — Confusa Joana fitou a irmã a procura de respostas. Seu gesto não passou despercebido por Kassandra. — Não diga que não sabe! Uma pessoa de minha confiança viu Dalila e esse homem em um encontro íntimo na minha fazenda, embaixo do meu nariz — A viúva avisou para impedir que a afilhada mentisse. — Eles tiveram um encontro íntimo aqui?! Joana segurou-se na beira de uma mesinha, a palidez tomando seu rosto ao imaginara Maximiliano encontrando sua irmã em algum ponto escondido da fazenda. — Exatamente. Esse bandido não tem um pingo de respeito e decência — Kassandra confirmou com aspereza. — Por isso declarou amar esse delinquente e o aceitou como noivo? Por medo que ele dissesse a Adri