Eu estava perdida em meus pensamentos, tentando juntar as peças soltas da minha história. Minha mãe, o alimento, o destino que parecia inescapável... e Krampus me encontrou assim, com o olhar distante, mergulhada nas memórias e nas dúvidas que não paravam de crescer.— Está pensativa, meu pequeno alce. — Ele disse, sua voz grave e cheia de um carinho inesperado.Ergui os olhos para ele, tentando disfarçar a confusão em minha mente. — É muita coisa, Krampus. Eu só... não sei como processar tudo isso.Ele se aproximou, sentando ao meu lado e me puxando para o colo dede— Não se preocupe com nada, eu resolvo os problemas.. Você tem direito a um presente de casamento. Qualquer coisa que desejar.Franzi a testa, surpresa com a declaração. — Qualquer coisa?— Qualquer coisa, Analia. — Ele repetiu, os olhos fixos nos meus, como se quisesse me encorajar. Acho que ele pensou que eu escolheria algo caro.. mas não.Minha mente girou com a possibilidade. E então, sem pensar muito, as palavras simp
Eu estava sentada na cozinha ao lado de Frieda, ocupadas com pequenos afazeres e trocando confidências. Havia algo reconfortante em ter alguém com quem conversar. Alguém que, apesar de tudo, parecia querer se a miha amiga , eu gostava da senhora Edith e confiava nela, confiava muito, mas Frieda era como uma amiga confidente, e nossa amizade estava se tornando sólida e forte. — É verdade que você pode transformar alguém em... alguém como você? — perguntei, minha voz baixa, quase um sussurro, porque que não queria que as outras pessoas que trabalhava na casa ouvissem..Frieda parou o que estava fazendo, seus olhos claros encontrando os meus com certa hesitação. — É verdade, senhora.— Não me chame de senhora. Somos... amigas. — Disse com um pequeno sorriso, tentando fazê-la relaxar.— É sim. — Ela respondeu, ainda formal, mas com um pequeno brilho de gratidão no olhar.— E... se eu pedisse, você transformaria meu pai? — As palavras saíram antes que eu pudesse pensar melhor.Ela ficou
Entrei no quarto e fui direto para o banheiro. O vapor quente da água parecia aliviar o peso dos pensamentos, mas, ao mesmo tempo, as palavras de Krampus ecoavam em minha mente, como um sussurro persistente. Era como se ele estivesse comigo, mesmo à distância, invadindo o espaço mais íntimo da minha mente."Sei que está fugindo. Sei que está evitando."Fechei os olhos com força, tentando afastar a voz. Esforcei-me para manter a mente em branco, para que ele não percebesse a confusão que me consumia. Depois do banho, enrolei-me em uma toalha e fui para o armário, buscando algo para vestir. Estava colocando uma peça íntima quando ouvi a porta se abrir.Antes que eu pudesse reagir, Krampus já estava ao meu lado. Ele me puxou para perto, sua força inescapável, e me deitou na cama. Seu olhar, ardente e intenso, era quase impossível de encarar, mas, mesmo assim, tentei empurrá-lo, sabendo que minha força era insignificante. Ainda assim, o fiz.— Não faça isso comigo, Analia. — Sua voz era g
O lobo inclinou-se, seu rosnado transformando-se em um som baixo e gutural. Ele passou a língua devagar, começando na parte mais baixa e subindo com cuidado. Meu corpo estremeceu, um misto de nervosismo e algo que eu não queria admitir. A sensação era quente, quase reconfortante, mas ainda assim, meu coração batia acelerado.— Está tudo bem. — A voz de Krampus veio como um eco suave em minha mente. — Só relaxe.O som do lobo era algo que nunca imaginei ouvir. Não um rosnado ou uivo, mas um choro suave, quase como o de um pequeno cachorro. Era como se ele expressasse alegria, uma felicidade crua enquanto me lambia. A língua dele explorava minha pele com devoção, pressionando minha carne com cuidado, mas ainda assim profundamente intensa.Quando a ponta da língua entrou em mim completamente, soltei um grito que parecia escapar sem meu controle. Era uma sensação avassaladora, algo que incendiava cada célula do meu corpo. E então, quando ele subiu novamente, passando a língua em meu clitó
Eu ouvi os gritos vindo do lado de fora. A voz de Wolfgang chamava Krampus com urgência, carregada de tensão. Krampus se levantou imediatamente, vestindo-se às pressas. Antes de sair, ele me olhou, a expressão grave.— Fique aqui, Analia. — Ordenou, mas eu sabia que não conseguiria ficar parada.Levantei-me e corri atrás dele, ignorando seus protestos enquanto puxava meu vestido longo. O frio do lado de fora parecia cortar minha pele, mas nada poderia me preparar para o que vi ao chegar ao pátio. Meu coração quase parou.Uma mulher estava deitada no tapete de pele que ficava no centro do espaço. Ela era bonita, ou pelo menos tinha sido. Agora, estava definhando. Sua pele pálida parecia translúcida, seus olhos fundos estavam cheios de uma dor que eu não conseguia descrever. Um suspiro preso escapou dos meus lábios.— Krampus, quem é ela? — Perguntei, sentindo meu coração apertar.Krampus hesitou, seus olhos fixos na figura frágil à nossa frente. Sua voz saiu baixa, quase como se ele nã
O Primeiro Encontro com o KrampusAnaliaA memória daquele Natal, tantos anos atrás, ainda me causa arrepios. Eu tinha dez anos e vivia com meus pais na propriedade da família Krueger, nas montanhas da Áustria. Naquele ano, a neve caía mais densa, cobrindo tudo em um silêncio sufocante. Papai dizia que o frio era mais intenso porque era "um ano de renascimento". Eu não entendia o que aquilo significava, mas o que vi naquela noite ficou gravado para sempre em minha mente.Foi a primeira vez que vi Nicoll, o "Krampus". Ele tinha quatorze anos e parecia... um ser que não deveria existir. Alto e magro, mas com uma presença que gelava mais que o vento lá fora. Ele andava pelo pátio como se o frio não pudesse tocá-lo, vestido apenas com uma bermuda escura. No rosto, uma pintura grotesca de caveira que contrastava com seus olhos sombrios, olhos que pareciam enxergar a alma das pessoas.Minha curiosidade infantil me levou a observá-lo pela janela da cozinha, mas assim que ele virou a cabeça e
AnaliaO som do carro chegando é inconfundível. Primeiro, o ronco do motor que ressoa pelas montanhas cobertas de neve. Depois, as vozes abafadas dos senhores Krueger. Mas eu sei que ele está lá. Ele sempre está lá.Nicoll voltou para casa a tempo do Natal, o que significa que o desfile de horrores também está para começar. O ritual. A celebração grotesca que me aterroriza desde a infância. Decido que não vou sair. Não hoje. Não com ele por perto.Sento-me em frente à lareira, tentando me aquecer com o pouco calor que ela oferece. Mas o frio parece entrar por todos os cantos da casa, como se fosse uma extensão dele. O som da madeira estalando no fogo deveria ser reconfortante, mas, em vez disso, me lembra o estalo de passos na neve – pesados, firmes, inevitáveis.Tento me distrair com um livro, mas as palavras dançam nas páginas sem sentido. Minha mente insiste em retornar àquele dia. A visão dele com aquela máscara grotesca, pintada como uma caveira, sua silhueta alta destacada contr
AnáliaEu caminho até a casa principal, tremendo como uma folha ao vento, com a mala ainda apertada contra o peito. Meus passos ecoam no chão de madeira polida, cada som mais alto do que eu gostaria. Quando paro diante da senhora Edith, meu coração parece sair pela boca.— Mandou me chamar, senhora? — pergunto, tentando manter a voz firme, mas ela treme junto comigo.Ela me encara com seus olhos frios, aquele olhar de superioridade que me fazia querer desaparecer. Então ri, um som baixo e zombeteiro, e responde:— Mandei, criança medrosa. Não precisa tremer. Como está?— Bem... posso ir? — A pergunta escapa antes que eu possa evitar, carregada de uma urgência que ela percebe imediatamente.Ela ri de novo, com mais gosto, como se minha inquietação fosse a coisa mais divertida que já viu. Eu não queria ficar ali. Não queria mesmo.— Queria ver como está. Está ainda mais bonita. Agora eu entendo.Fico paralisada. Ela entende o quê? Eu não entendia nada. Nada, nada...— Terminou seus estu