— Vamos dançar — disse ele, a voz firme, como se quisesse arrancá-la daquele transe. — Deixa ele olhar. Quem sabe ele aprenda a se mexer.Ela aceitou, a mão dele quente contra a dela enquanto a guiava de volta ao centro, mas seus olhos voltavam para Victor, que permanecia imóvel, os cinza metálicos brilhando através da máscara como faróis na escuridão. Eles dançaram – Damien girando-a com um floreio exagerado que a fez rir, os passos dele sincronizados com a música enquanto a puxava mais perto –, mas a presença de Victor era um peso que ela não conseguia ignorar, uma sombra que pairava sobre cada movimento.Então, num intervalo entre as músicas, enquanto a orquestra pausava e o salão enchia-se de murmúrios, Victor se moveu. Ele cortou o espaço entre os convidados com um passo calculado que parecia silenciar o ar ao redor, e antes que Elena pudesse reagir, ele estava ao lado dela, a mão dele agarrando o pulso com uma firmeza que não admitia recusa. Ele a puxou para um canto do salão, p
### Capítulo 13 – O Limite TestadoA segunda-feira amanheceu com um céu pesado de nuvens escuras, o tipo de dia que parecia refletir o turbilhão interno de Elena Carter após o baile de máscaras. O sonho com Victor – o rosto jovem revelado sob a máscara, o sussurro do nome dela carregado de tristeza – agarrava-se a ela como uma sombra que não conseguia dissipar. O trajeto até a Blackwood Enterprises foi um borrão de metrô barulhento e ruas molhadas, a chuva fina deixando poças que espelhavam o cinza opressivo do céu. Ela chegou ao trigésimo andar cedo, o blazer cinza amarrotado sobre os ombros como uma armadura que não escondia o cansaço – as olheiras mais fundas, os olhos verdes opacos com a exaustão, os cabelos presos num coque frouxo que parecia mais um grito de rendição do que um penteado. Jogou a bolsa na cadeira da sua sala, o som abafado ecoando no espaço pequeno, e foi preparar o café de Victor, as mãos trêmulas derramando um pouco do líquido escuro na bancada enquanto a máquin
### Capítulo 14 – O Desenho do PassadoA decisão de Elena Carter de buscar a verdade tornou-se uma chama que queimava em seu peito, impossível de apagar, mesmo sob o peso da frieza de Victor ou das advertências sussurradas que ecoavam em sua mente. Era terça-feira, o trigésimo andar da Blackwood Enterprises envolto num silêncio que parecia mais pesado do que o usual, o zumbido do ar condicionado misturando-se ao tamborilar intermitente da chuva contra as janelas altas. Ela chegou cedo, o blazer cinza amarrotado sobre os ombros como uma armadura que não escondia o cansaço – as olheiras fundas sob os olhos verdes, os cabelos castanhos presos num coque frouxo que parecia desmoronar com o passar das horas. Jogou a bolsa na cadeira da sua sala, o som abafado ecoando no espaço pequeno, e passou pelo escritório de Victor, a porta fechada como uma barreira que ela estava determinada a atravessar.O plano formou-se em sua mente durante a manhã, enquanto respondia e-mails com uma eficiência mec
Ele deu um passo à frente, os olhos cinza estreitando-se com uma intensidade que parecia esmagar o ar, e arrancou o desenho das mãos dela com um movimento brusco, o papel rasgando ligeiramente na borda. A fúria no rosto dele era uma máscara, mas os olhos – aqueles olhos que ela conhecia tão bem – brilhavam com uma dor que ele não conseguia esconder, as linhas do rosto marcadas por um tormento que atravessava séculos.— Saia — disse ele, a voz fria, cortante como uma lâmina, mas trêmula nas bordas, como se doesse falar. — Agora. Isso não é da sua conta.— Não é da minha conta? — retrucou ela, dando um passo à frente, a frustração queimando em seu peito como uma chama. — Eu sonho com ela, Victor. Eu te vejo chorando por ela, e agora isso – ‘Perdoe-me, eternamente.’ Para de me tratar como se eu fosse uma estranha. Me diz a verdade!Ele ficou em silêncio, os ombros rígidos sob o terno, os dedos apertando o desenho com uma força que fazia o papel amassar. Quando falou, a voz era gélida, ma
A manhã de quarta-feira trouxe uma trégua hesitante na chuva que castigara a cidade por dias, mas o céu permanecia cinzento, as nuvens pesadas pairando como um reflexo do turbilhão interno de Elena Carter. O sonho com Livia – "Ele vive por mim" – ecoava em sua mente como um tamborilar incessante, misturando-se ao peso do desenho de Victor, da anotação "Perdoe-me, eternamente," e da fúria dele ao pegá-la no escritório. O trigésimo andar da Blackwood Enterprises estava silencioso quando ela chegou, o blazer cinza amarrotado sobre os ombros como uma armadura que não escondia o cansaço – os olhos verdes opacos com a exaustão, as olheiras mais fundas, os cabelos castanhos presos num coque que parecia mais um ato de resistência do que cuidado. Jogou a bolsa na cadeira da sua sala, o som abafado ecoando no espaço pequeno, e foi direto para a copa, o café preto na caneca uma necessidade que ela mal sentia o gosto.O confronto com Victor no dia anterior a deixara com mais perguntas do que resp
— Um fardo? — repetiu ela, o tom firme, mas com uma vulnerabilidade que não conseguia esconder. — Isso não explica nada, Victor. Eu vejo você nos meus sonhos, vejo Livia, vejo o medalhão. Você não envelhece, não muda. O que é esse fardo? Por que você me olha como se eu fosse parte dele?Ele ficou em silêncio, os ombros rígidos sob o terno, os olhos cinza estreitando-se enquanto a encarava. Por um instante, ela viu – ou achou que viu – um lampejo de algo que não era frieza, algo que parecia culpa, mas ele escondeu rápido demais.— Você não entende o que tá pedindo — disse ele, a voz baixa, quase um sussurro, carregada de uma tristeza que a atingiu como um soco. — Pare de cavar, Elena. Não há nada pra você aqui.— Nada pra mim? — retrucou ela, a frustração queimando em seu peito como uma chama. — Você me puxa pra perto e me afasta, me olha como se eu fosse mais do que uma assistente, mas não diz nada. Quem é Livia? Por que eu sonho com ela? Para de se fechar, Victor. Me dá a verdade!El
A quinta-feira amanheceu com uma luz pálida que mal atravessava as nuvens densas sobre a cidade, o tipo de dia que parecia feito para segredos e sombras, como se o próprio céu conspirasse para esconder o que Elena Carter estava determinada a revelar. O sonho da noite anterior – Victor na floresta, o "Não posso parar" ecoando como um lamento preso no tempo – pulsava em sua mente como um tamborilar incessante, misturando-se ao peso do "fardo" que ele admitira carregar e da recusa em explicá-lo. Ela saiu do apartamento cedo, o ar úmido da manhã mordendo sua pele enquanto caminhava até a estação de metrô, o blazer cinza amarrotado sobre os ombros como uma armadura que não escondia o cansaço acumulado. As olheiras sob os olhos verdes eram mais fundas, quase como tatuagens de exaustão, e os cabelos castanhos, presos num coque frouxo, desfiavam-se com o vento, mas havia um brilho novo em seu olhar – uma mistura de ousadia e curiosidade que a impulsionava como uma corrente elétrica.O trajeto
Ela franziu a testa, a provocação dele colidindo com a desconfiança que crescia em seu peito, mas havia verdade no incentivo – ela sentia isso. Victor estava mais vulnerável, e ela não ia parar agora. Assentiu, um movimento lento e deliberado, e Damien se endireitou, ajustando a gravata frouxa com um gesto desleixado que parecia desafiar a seriedade do momento.— Boa sorte, detetive — disse ele, caminhando para a porta com um aceno casual, o sorriso torto ainda firme no rosto. — Me conta depois como foi o round dois.Ele saiu, os passos ecoando pelo corredor como um tamborilar que se dissipava lentamente, e Elena ficou sozinha, os pensamentos girando em torno de Victor – cada hesitação dele, cada olhar que traía o que ele não dizia, cada rachadura na armadura que ela estava determinada a explorar.---O resto do dia foi um exercício de provocações sutis, cada movimento calculado para testar os limites de Victor. Elena encontrava desculpas para entrar no escritório dele – um relatório