A água morna escorria pelas perninhas rechonchudas de Lean, enquanto Tábata esfregava delicadamente o sabão em sua pele macia. A bebê agitava os braços e pés inquieta, espirrando pequenas gotas para todos os lados da banheirinha.— Lean, vai deixar a mamãe ensopada antes do banho acabar. — Taby comentou ao tentar segurar as mãozinhas da filha, que agora agarravam a esponja.A leveza do momento foi quebrada por um brado irritado de Guilherme do lado de fora do quarto da bebê. — Ela ficou louca!Com o cenho franzindo, Tábata ergueu o rosto na direção da porta entreaberta, a curiosidade aguçada, mas os resmungos da filha a trouxeram de volta à tarefa a sua frente. — Já vamos ver o que é, abelhinha. Vamos terminar rapidinho. — Enxaguou a bebê com cuidado, sentindo o coração inquieto diante da voz de Guilherme, cada vez mais exaltada vindos da sala.Supôs que ele estava em uma ligação, uma vez que não escutava o outro lado da discussão. O tom dele se elevava em picos de frustração, segui
Sem entender o rompante, Tábata apertou Lean contra o peito, tentando acalmar a pequena que resmungava inquieta.— Minha culpa? O que foi que eu fiz? — perguntou, segurando Lean com um braço enquanto acariciava suavemente a cabecinha da bebê com a outra mão.Andando de um lado para o outro, os dedos passando inquietos pelo cabelo, ele resmungou em resposta:— Você e suas ideias de apoiar todo mundo sem pensar nas consequências! Esse noivado é um erro. Um erro gigantesco!Ela o encarou, ainda mais confusa, mas mantendo a serenidade para não assustar Lean.— Calma! Vamos por partes — pediu, ajustando a posição da bebê em seus braços. — Que noivado?— Simon e Paulina estão noivos — ele comunicou nervoso. — Você ficou insistindo que eu estava exagerando. E agora olha só!
— O que aconteceu, Lina? — Tábata perguntou calma, afastando-se de Guilherme, que evitava Lean puxar e babar mais fios de seu cabelo. Paulina hesitou, mas acabou desabafando:— Estraguei tudo com o Simon. — Amiga, me responde com sinceridade: Você o ama? — Sim, mais do que podia imaginar... — A voz dela quebrou em soluços. — Mas não sei como ele se sente a meu respeito. — Oh, querida, esse homem é caidinho por você — disse para tranquilizar a amiga, recordando todas as vezes que os viu juntos. — Se ele ainda não disse que te ama, talvez Guilherme tenha razão e ele seja um boçal. — Boçal é elogio! — Guilherme resmungou, afastar as mãozinhas da bebê, que agora tentava apertar seu nariz.Tábata lançou um olhar reprovador ao namorado, afirmando após abaixar um pouco o aparelho:— Ainda acho que está errado e exagerando. — Logo voltou a se concentrar no telefonema. — Conselho de uma pessoa que quase perdeu o homem que ama: Procure o Simon e arranque dele a resposta para sua dúvida.—
O sol do fim de tarde entrava suavemente pela janela, iluminando a sala de Guilherme com tons dourados. Ele estava sentado à sua mesa, os dedos tamborilando levemente sobre a superfície polida, enquanto os olhos âmbar fitavam o horizonte do lado de fora. Por mais que tentasse, que estivesse em uma semana corrida, sua mente insistia em recordar a frase dita por Tábata dias antes.“Para algumas mulheres, o casamento é a maior prova de amor”.Vinha revirando as palavras, tentando decifrar o que significavam para Tábata. Será que ela também pensava assim? Será que ele estava falhando ao desdenhar da instituição matrimonial, como se fosse apenas um pedaço de papel sem valor? A dúvida o incomodava mais do que gostaria de admitir.Era algo que Simone tinha mencionado há pouco tempo, o desejo por um laço maior do que ele estava disposto a oferecer. Na ocasião tinha desdenhado, retrucado algo friamente para afastar a Muller de seu caminho. Agora não tinha tanta
A sala ficou silenciosa por um instante, exceto pelo tique-taque discreto do relógio de parede, ao ponto que Guilherme conseguia ouvir as batidas de seu coração.— É difícil nominar o que sinto quando o assunto é casamento. ... — Guilherme hesitou, os olhos fixos na mesa. — Depois de tudo o que aconteceu com minha mãe... — calou antes de mencionar o que passou com Simone. Era algo compartilhado apenas com Tábata e preferia que continuasse assim. — É difícil confiar...— Não confia na Tábata?Guilherme olhou para o amigo, os olhos âmbar revelando uma vulnerabilidade rara.— Não confio em mim — Guilherme respondeu, passando uma mão pelo cabelo. — É só... você sabe como foi o casamento dos meus pais. — ele fez uma pausa, procurando as palavras certas. — Não tive um bom exemplo e tenho medo de cometer os erros deles... Acabar magoando ela, como minha mãe magoou meu pai.Alessandro sorriu, um sorriso que transmitia compreensão e apoio.— Vo
Na sexta, perto do fim do expediente, George Lione entrou na sala de Guilherme após duas batidas, em sua mão segurava uma pasta que pousou na escrivaninha do colega. Seus olhos verdes, sempre atentos, encontraram os de Guilherme, que pegou o envelope imediatamente ao reconhecer o logotipo da clínica em que fizeram o exame de paternidade.— Foi rápido — comentou, a voz um pouco mais grave do que o normal, denunciando a preocupação com o que o simples resultado teria no futuro.— Chegou no começo da tarde — respondeu George, se sentando a espera que o colega verificasse o documento. — A outra parte recebeu praticamente ao mesmo tempo, pois recebi um telefonema que me ocupou por algumas horas.Nunca houve para Guilherme dúvidas sobre o resultado, mas, no fundo de seu coração apreensivo por Tábata, gostaria que seus olhos percorressem as linhas do exame e encontrasse uma resposta diferente da esperada. Não era o caso.— Então é isso — murmurou Guilherme, fechando a pasta e erguendo o olha
Guilherme olhou para a tela do celular e imediatamente seu rosto se transformou. Os lábios se apertaram, os olhos estreitaram e uma expressão de desprezo surgiu nas feições másculas. Atendeu a ligação com um movimento brusco, levantando e afastando em direção ao balcão de divisão entre os cômodos.— Simon — disse o nome como se fosse uma maldição —, o que você quer? — sua voz era cortante.Tão surpresa quando ele com o telefonema, Tábata observou Guilherme, os olhos amendoados seguindo cada movimento dele. Ela não conseguia ouvir o que era dito do outro lado da linha, mas a tensão no corpo de Guilherme era palpável. Algo estava muito errado. Ele parou de repente, os ombros tensionados, e então soltou irritado.— Paulina? — Tábata reparou que a voz, antes carregada de desprezo, agora tinha toques de nervosismo. — Por que diabos está perguntando se Paulina está conosco?— Gui, o que foi? — perguntou preocupada, a voz um pouco mais alta, tentando chamar a atenção.Ele nem olhou para ela.
O estridente som da campainha cortou o silêncio da manhã de sábado. Guilherme, ainda com os olhos pesados de sono, sentou-se na cama sobressaltado. Ao lado, Tábata também despertou alarmada, os olhos amendoados se abrindo confusos, turvos pelo sono— Quem será a essa hora? — ela murmurou, levando uma mão ao rosto para espantar o resquício de sono.— Não sei, mas vou ver — respondeu Guilherme, já em pé, vestindo rapidamente uma camiseta e calça jeans.Tábata assentiu rapidamente, os olhos ainda meio cerrados pelo sono. Deslizou para fora da cama, seguindo o primeiro impulso após a visita inesperada perder o dedo na campainha: Foi verificar a filha.Abriu a porta com cuidado para não fazer barulho, caminhando descalça até o berço, aliviando-se ao ver que a menina continuava dormindo serenamente, a respiração leve e ritmada. Suspirou, agradecida pelo barulho não ter acordado a bebê, e ajeitou a mantinha em volta do corpinho da filha antes de sair do quarto.Movida pela curiosidade inquie