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Capítulo 3 - Rotina

Betina

Depois de me "sequestrar" do ônibus e me dizer que eu era muito ingrata e irresponsável por fugir de seus cuidados, ele me levou até um restaurante caro, onde comi lagosta pela primeira vez. 

— O que vai fazer amanhã noite? — ele me questionou assim que paramos na frente do meu prédio.

— Marquei um jantar com minhas amigas — Elas queriam saber o que estava acontecendo em minha vida. Já que agora eu tinha seguranças particulares. — Preciso tentar explicar tudo isso — girei meu dedo e ele sorriu.

— Uma pena — o sorriso de Drake era sedutor. 

Tudo que eu não imaginei foi vê-lo novamente, esperava qualquer coisa. Uma carta de agradecimento, uma caixa de bombons, um espumante. Mas não o próprio homem tentando fazer meus gostos. E que nome era aquele? 

Drake!

Ele me explicou que era apenas um apelido para Diogo, já que quem lhe dera o nome foi a mãe e ele não tinha boas recordações dela.

— Podemos marcar outro dia — fiquei envergonhada por querer vê-lo de novo.

— O que sugere? —ele se recostou no banco.

Como poderia sugerir algo? Era uma simples musicista no começo de carreira que se sustentava dando aulas de piano. Não poderia levá-lo a locais chiques como ele fez comigo.

— Não sei, meus padrões são um pouco menores que os seus — ele riu e se virou para mim novamente. 

— Não me importo com nada disso, desde que possa te ver de novo. Fiquei tempo demais afastado por conta dos ferimentos. — ele piscou e me senti derreter.

— Escolha algo para nós então. Não sou boa em escolher coisas. Sou uma menina que gosta de ficar em casa e ler livros enquanto coloca uma música clássica para tocar.

— Beethoven? — seus olhos brilharam com a revelação.

— Com certeza! — ele segurou minha mão — Bach, Mozar e tudo mais. — suspirei.

— Vou te levar a um concerto, tenho certeza que irá adorar — me empolguei ainda mais e apertei seus dedos.

— Promete? — parecia uma criança falando.

— Prometo, Betina — sorri de orelha a orelha. Eu queria abraçá-lo e agradecê-lo.

— Obrigada! — fiz menção de abrir a porta, mas Mor a fez por mim. — Eles são muito prestativos. — dei risada.

Sai do carro e Drake fez o mesmo parando ao meu lado na calçada. 

— Aqui não parece um local muito seguro — ele olhou em volta e olhou para os seus homens.

— Foi o que pensei depois do que aconteceu com você, mas é tudo que posso me dar ao luxo de pagar — dei de ombros e seu olhar ficou um pouco mais sério — Mas obrigada pela carona e pelo jantar. — ele não se moveu e os três ficaram na calçada até que eu entrasse em meu prédio.

Parecia um sonho o que eu estava vivendo. Como dizia minha mãe, após a tempestade sempre vem a calmaria. Se é que podemos chamar Drake de calmaria.

Meu celular apitou e uma mensagem desconhecida chegou em meu celular. 

"Não esqueça de trancar a porta, qualquer coisa me ligue! Drake"

Arregalei os olhos. Como ele tinha conseguido o número do meu celular?

Respondi a sua mensagem e adicionei seu número, mas nenhuma foto apareceu em seu contato. Não tinha tido coragem de perguntar o que ele fazia, para mim ele continuava com cara de grande empresário. Com seus carros pretos e seguranças, porém também tinha cara de mafioso. 

Seus seguranças sempre me chamavam de bambina, o que me dava a entender que eles tinham um pezinho na Itália, mesmo que o português fosse perfeito. 

Algo ainda não estava se encaixando e eu queria descobrir tudo sobre ele, mesmo que o tempo que ficássemos "juntos" fosse pouco.

Arrumei meu apartamento tentando não deixar nada para fazer no dia seguinte. Marquei com as meninas as 7 da noite para voltar cedo. Domingo eu teria que ir para a casa dos meus pais e não queria dormir muito.

O sono desta noite foi bem mais conturbado, mais do que o primeiro dia em que vi Drake sendo surrado. Desta vez eu estava lá e era ameaçada pelos mesmos homens. Eu podia sentir a dor e a agonia que afligia meu corpo e o desespero tomando tudo a minha volta. O gosto metálico tomava conta de minha boca e não via saída.

Drake apareceu como um herói, com os olhos em chamas e me salvou daquela agonia. Ele me protegeu quando mais ninguém me viu e cuidou de cada ferida com calma e delicadeza. 

Acordei assustada com o impacto daquele sonho.

"O que estava acontecendo comigo?"

Terminei de me arrumar e já corri para a primeira aula que eu dava naquela manhã. 

Meus sábados eram repletos de criancinhas fofas que estudavam em uma escola no bairro e que eu me voluntariava para ensinar. Na parte da manhã era a turma dos mais velhos e na parte da tarde dos mais novos. Eu adorava isso. Aprendi a tocar piano desta forma e resolvi que assim como fui ensinada por uma voluntária, eu passaria meus conhecimentos para frente.

Me despedi de todos 5horas da tarde e corri para casa, para me arrumar, já estava um pouco atrasada, já que o restaurante que Ana tinha sugerido era bem longe da minha casa e o horário de pico me faria o desserviço de aumentar o atraso.

Coloquei um vestido preto simples, porém colado que eu adorava, saltos blocos pretos e soltei os cabelos loiros. 

Voltei para o quarto e peguei a pequena bolsa que repousava em cima da cama e peguei o celular sobre a mesa, pedindo um carro pelo aplicativo.

Esperei dois minutos até que um confirmou e abri para ver qual era o carro que estava vindo. Desci as escadas e esperei na entrada do prédio.

Era estanho não ver Mor e Mau ali me esperando. Mas é claro que agora que Drake estava de volta eles o acompanhariam em tudo. E era isso que eu queria desde o começo, não era? Queria minha liberdade de volta. Queria meu espaço.

O carro chegou e entrei.

—Boa noite — o homem falou assim que coloquei o sinto.

— Boa noite — respondi não dando muita atenção. 

Ele começou a dirigir e respondi as meninas que eu já estava saindo de casa. 

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