Drake — Quer ir comigo a uma corrida de carro hoje a noite? — seus olhos azuis me sondaram. Eu já tinha memorizado cada pedacinho dele. A forma como eles pareciam mudar de cor dependendo do reflexo do sol. A quantidade de riscos marrons que possuía, a forma que se mexiam dependendo do estado de espírito dela. — Uma corrida de carros? — era engraçado como as suas sobrancelhas se juntavam quando ela processava algumas das coisas que eu dizia. Nossos mundos eram tão diferentes que as vezes eu me esquecia. — Sim, hoje a noite vai acontecer uma corrida com vários lideres de clãs espalhados pelo Brasil. Pensei que talvez você quisesse conhecer um pouco mais sobre o meu mundo. Até agora só viu uma parte bem feia, digamos assim — eu não tinha qualquer problema com a forma que tudo tinha acontecido, mas entendia que para ela tudo era novo e assustador. Betina era uma menina ingênua, sem maldade e sem entendimento do que realmente o mundo dele representava. Ele queria mostrar tudo a ela, ma
— Senhor Giordano — Afonso Ricci, meu fiel amigo se aproximou cumprimentando. — Passei para vê-lo mais cedo, mas me disseram que teve um problema.—Nada com que deva se preocupar — falei sem comentar nada. A presença dela diria tudo.— Ouvi dizer que temos uma nova Lady — o olhei sério. — Não que eu tenha alguma coisa a ver com isso. Somente fiquei preocupado com sua procedência. — eu sabia que ele queria me alertar sobre o que poderia ser dito pelos outros, mas não me importei.— Ouviu certo, e estou disposto a cortar a língua do primeiro que a desrespeitar — vi o homem engolir em seco e assentir com a cabeça.— Claro senhor, ninguém faria algo assim — ele se afastou me deixando preso a meus próprios pensamentos.O garçom que nos servia trouxe meu vinho branco e o degustei antes de realmente tomá-lo. Não havia nada mais delicioso do que uma boa taça de vinho.Ou havia?Me virei assim que a porta do elevador se abriu e vi Betina em um vestido vermelho com
Lady B.O dia da corrida foi um divisor de águas para nós. Ele sabia que queria estar mais próximo a mim e eu dele e era difícil quebrar a vontade louca que nos consumia.Todos os dias ele ia me buscar na faculdade e passava boa parte da nossa viagem até minha casa me contando sobre como era viver em uma família regida pelas regras do Clã.Às vezes me perdia em pensamento imaginando como seria ser vista com ele dentro de sua casa, de seus costumes. Nunca tinha pensado muito a respeito do que a outra parte da relação teria que suportar para ficar comigo, mas entendi o que eu precisaria para estar perto de Drake.— Quero te levar comigo em uma viagem de negócios que vou fazer.— Viagem? — tínhamos acabado de passar pela avenida principal.— Tenho que conversar com alguns fornecedores e estou atrasado — me senti um pouco responsável por
DrakeVê-la tocar foi como voltar no tempo.Os acordes produzidos pelo instrumento o levaram a uma infância que a muito tempo ele não pensava. Onde não havia tantas responsabilidades, nem tantas preocupações.Quando menina, adorava explorar cada canto do bairro onde morava com os amigos, Mauricio e Leandro.Eles sempre foram unidos e nunca pensou em ter pessoas de sua confiança que não fossem eles.Eles viviam vadiando quando os pais os perdiam de vista. A bicicletas tinham que ser reformadas de tempos em tempos pela quantidade de aventuras que lhes proporcionavam.— Para onde vamos agora?? — Leandro questionou assim que chegamos no limite permitido.— Além — olhei para depois da avenida que cortava o bairro.— Do que está falando? — Mauricio, ou Mau como todos o chamavam agora, observou minha expressão.N&oacut
O tempo que passei com Drake em Salvador foi muito mais esclarecedor do que imaginei. Ele me contou um pouco sobre a sua vida, sobre como se tornou o Capo da Máfia Cacciatore, me explicou como funcionavam algumas das leis e me deu um panorama geral do que era o trabalho dele.Drogas.Drake era um dos principais fornecedores de Drogas do país, abastecendo São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.Ainda estava em dúvida sobre o que eu achava sobre isso e me questionei sobre meus valores e princípios já que meus pais sempre fizeram questão de me deixar bem ciente do que era certo e errado. Agora eu tinha dúvidas porque ele não parecia ser alguém ruim, ele só trabalhava com coisas ruins. Deitada na cama de meu quarto eu voltei ao dia em que toquei piano para ele. Me lembrei de cada expressão que vi em seu rosto, desde a surpresa até o fogo que se espalhou em seguida. Ainda assim ele não fez o que eu queria. Não me tomou em seus braços, nem me beijou ardentemente como parecia querer seus olh
— O que aconteceu? — ele se virou completamente para mim e fechei os olhos pensando em como dizer aquilo.— Meus pais estão aqui — abri meus olhos e vi que sua expressão não se alterou.— E isso é bom, não é? — ele estava cauteloso.— Eles estão suspeitando que algo está acontecendo em minha vida, que existe alguém bagunçando os meus planos — abaixei meu rosto para minhas mãos.— Talvez eles tenham razão — me assustei com seu comentário e o olhei séria.— Por que diz isso depois de tudo que tem me mostrado?— Eu sei o que sou, Betina, sei minhas origens — ele suspirou — Tudo em mim é intenso e as vezes temos que abrir mão de coisas que queremos apenas para salvá-la.— O que quer dizer? — fiquei apavorada, nós não tínhamos começado nada para ele falar de fim. Me aproximei dele e segurei seu rosto. — O que quer dizer com isso, Drake? — ele pousou suas mãos sobre a minha.— Quero dizer que talvez seus pais estejam vendo mais do que nós dois. — seus olhos se fecharam e senti uma pontada e
Foram 5 dias sem qualquer sinal de vida de Drake. Ele não me mandava mensagens, não respondia o que eu mandava, não atendia ligações, nem ia me buscar. Mor e Mau sempre davam algum tipo de desculpa e por fim acabei desistindo de ouvi-los, não tinha mais o que dizer. Ele não queria mais me ver e tudo bem. — Já voltou? — Meu pai estava sentado no sofá olhando alguns papeis que deduzi que fossem provas. Ele e minha mãe era professores e resolveram tirar uma semana para ficar com a filha querida. — Não tive a última aula — seus óculos estavam na ponta do nariz e ele me observou passar deixando minha bolsa sobre o sofá. — É só isso mesmo? — eu não sabia o que era ser monitorada a dois anos, desde que resolvi entrar na Belas Artes e fazer meu curso, deixando meus pais irem para a nova cidade onde eles tinham prestado concurso e passado. Agora minha vida amorosa estava um caos e eu nem podia me debulhar em lágrimas sem chamar atenção de ningu
— Alô? — falei sem olhar muito para o número.— Preciso te ver — meu coração disparou no momento em que o timbre de sua voz ecoou por meu ser.— Drake?— Betina, eu preciso te ver agora!— O que está acontecendo, você está bem?— Só diz que posso ir te buscar, por favor?— Eu... — olhei em volta — Não sei, você sumiu — mordi o lábio me arrependendo de minha fala.— Eu sei, mas não posso te explicar agora, só preciso que venha até mim. É importante — sua voz continuava desesperada e me levantei do sofá.— Não vai me levar para nenhum lugar super chic, não é? Eu não tenho roupa para ir. — ele riu do outro lado da linha.—Vou te levar para um lugar tranquilo, prometo.&m