Drake
Vê-la tocar foi como voltar no tempo.Os acordes produzidos pelo instrumento o levaram a uma infância que a muito tempo ele não pensava. Onde não havia tantas responsabilidades, nem tantas preocupações.Quando menina, adorava explorar cada canto do bairro onde morava com os amigos, Mauricio e Leandro.Eles sempre foram unidos e nunca pensou em ter pessoas de sua confiança que não fossem eles. Eles viviam vadiando quando os pais os perdiam de vista. A bicicletas tinham que ser reformadas de tempos em tempos pela quantidade de aventuras que lhes proporcionavam.— Para onde vamos agora?? — Leandro questionou assim que chegamos no limite permitido.— Além — olhei para depois da avenida que cortava o bairro.— Do que está falando? — Mauricio, ou Mau como todos o chamavam agora, observou minha expressão. N&oacutO tempo que passei com Drake em Salvador foi muito mais esclarecedor do que imaginei. Ele me contou um pouco sobre a sua vida, sobre como se tornou o Capo da Máfia Cacciatore, me explicou como funcionavam algumas das leis e me deu um panorama geral do que era o trabalho dele.Drogas.Drake era um dos principais fornecedores de Drogas do país, abastecendo São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.Ainda estava em dúvida sobre o que eu achava sobre isso e me questionei sobre meus valores e princípios já que meus pais sempre fizeram questão de me deixar bem ciente do que era certo e errado. Agora eu tinha dúvidas porque ele não parecia ser alguém ruim, ele só trabalhava com coisas ruins. Deitada na cama de meu quarto eu voltei ao dia em que toquei piano para ele. Me lembrei de cada expressão que vi em seu rosto, desde a surpresa até o fogo que se espalhou em seguida. Ainda assim ele não fez o que eu queria. Não me tomou em seus braços, nem me beijou ardentemente como parecia querer seus olh
— O que aconteceu? — ele se virou completamente para mim e fechei os olhos pensando em como dizer aquilo.— Meus pais estão aqui — abri meus olhos e vi que sua expressão não se alterou.— E isso é bom, não é? — ele estava cauteloso.— Eles estão suspeitando que algo está acontecendo em minha vida, que existe alguém bagunçando os meus planos — abaixei meu rosto para minhas mãos.— Talvez eles tenham razão — me assustei com seu comentário e o olhei séria.— Por que diz isso depois de tudo que tem me mostrado?— Eu sei o que sou, Betina, sei minhas origens — ele suspirou — Tudo em mim é intenso e as vezes temos que abrir mão de coisas que queremos apenas para salvá-la.— O que quer dizer? — fiquei apavorada, nós não tínhamos começado nada para ele falar de fim. Me aproximei dele e segurei seu rosto. — O que quer dizer com isso, Drake? — ele pousou suas mãos sobre a minha.— Quero dizer que talvez seus pais estejam vendo mais do que nós dois. — seus olhos se fecharam e senti uma pontada e
Foram 5 dias sem qualquer sinal de vida de Drake. Ele não me mandava mensagens, não respondia o que eu mandava, não atendia ligações, nem ia me buscar. Mor e Mau sempre davam algum tipo de desculpa e por fim acabei desistindo de ouvi-los, não tinha mais o que dizer. Ele não queria mais me ver e tudo bem. — Já voltou? — Meu pai estava sentado no sofá olhando alguns papeis que deduzi que fossem provas. Ele e minha mãe era professores e resolveram tirar uma semana para ficar com a filha querida. — Não tive a última aula — seus óculos estavam na ponta do nariz e ele me observou passar deixando minha bolsa sobre o sofá. — É só isso mesmo? — eu não sabia o que era ser monitorada a dois anos, desde que resolvi entrar na Belas Artes e fazer meu curso, deixando meus pais irem para a nova cidade onde eles tinham prestado concurso e passado. Agora minha vida amorosa estava um caos e eu nem podia me debulhar em lágrimas sem chamar atenção de ningu
— Alô? — falei sem olhar muito para o número.— Preciso te ver — meu coração disparou no momento em que o timbre de sua voz ecoou por meu ser.— Drake?— Betina, eu preciso te ver agora!— O que está acontecendo, você está bem?— Só diz que posso ir te buscar, por favor?— Eu... — olhei em volta — Não sei, você sumiu — mordi o lábio me arrependendo de minha fala.— Eu sei, mas não posso te explicar agora, só preciso que venha até mim. É importante — sua voz continuava desesperada e me levantei do sofá.— Não vai me levar para nenhum lugar super chic, não é? Eu não tenho roupa para ir. — ele riu do outro lado da linha.—Vou te levar para um lugar tranquilo, prometo.&m
Drake Minhas mãos percorriam o corpo dela em desespero. Eu a queria por inteiro e queria agora. Assim que a deitei no sofá tive certeza de que ali seria a primeira vez que a possuiria, mesmo sabendo que ela merecia mais. Toda a vontade que eu tinha bravamente escondido explodiu com sua dança e olhares safados. — Drake, espere! — levantei minha cabeça devagar e observei seu rosto. Havia um misto de desejo com medo e aquilo acendeu um alerta em minha cabeça, mesmo que o whisky nublasse um pouco minha atenção. — Fiz algo de errado? — continuei sobre seu corpo parando meu rosto bem perto ao seu. — Não — ela mordeu o lábio e sorri. Ela estava nervosa e eu entendia, talvez nunca teve a ousadia de fazer sexo em um ambiente tão aberto e estava com medo de ser vista. Voltei a beijá-la tentando fazê-la esquecer de onde estávamos. Minha mão escorregou por seu corpo acariciando cada pedaço dele e parando em seu seio macio. Gemi
Betina Cheguei em casa destruída. Eu senti cada toque, cada beijo recheados de atenção e carinho e agora não havia mais nada. Ele acabou tudo simplesmente porque não me considerava uma igual. Mas eu não acreditava nele, sabia que estava mentindo para nós dois. Foram 5 dias sem vê-lo e o desespero tomou conta de nós dois. Como seria sem nunca mais vê-lo? Meus pais estavam na sala me esperando quando abri a porta. Olhei para o relógio da parede e não eram nem 5 horas ainda. — Onde estava? — me irritei com a pergunta de minha mãe. — Sai com alguns amigos — coloquei minha bolsa sobre a mesa — Deixei um bilhete avisando. — Eu vi — ela se aproximou e veio em minha direção. — Por que não nos falou que iria sair? — Por que resolvi de última hora. Não foi você que me disse que eu deveria sair mais? — a desafiei e ela estreitou os olhos. — Falei, mas não pensei em te ver chegando a essa hora ou nesse estado. —
BetinaTentei por dias persuadir meus pais a desistirem daquela decisão, mas não teve acordo, eles exigiram que eu voltasse para a casa com eles.Bem lá no fundo eu sabia que seria melhor, porque eu não estava aguentando a dor que dilacerava meu peito pelas chamadas rejeitadas de Drake, porém em minha mente ainda existia uma pequena chance de que se ele me visse mudaria de ideia.Ia para a faculdade sempre observando o caminho, tentando achar qualquer carro preto a minha espera ou me seguindo, porém não o vi mais.Esse era um sinal claro que de Drake não esperava mais nada de mim e que eu deveria seguir com a minha vida.Fui até a secretária da faculdade solicitar minha transferência para a nova faculdade que a partir de agora seria EAD por não ter na cidade onde meus pais moravam.Tudo que eu nunca quis foi que minha vida virasse de cabe&c
Betina No caminho ela me questionou sobre nós, como eu o tinha conhecido e contei sobre o suposto assalto que depois descobri ser uma vingança entre as gangues. Ela xingou e me olhou agradecida. — Aqueles nojentos dos Orrorres não perdem por esperar, nós vamos extingui-los da face da terra, escreva o que estou te dizendo. — concordei com a cabeça sem ter certeza. O caminho por onde ela me levava era totalmente novo para mim e tive certeza de que não conhecia nada sobre o mundo dele. Subimos em uma favela e fiquei apreensiva. O carro da mulher, que eu ainda nem sabia o nome, era extremamente chamativo, logo seriamos vitimas de uma assalto. — Tem certeza que é por aqui? — perguntei com medo. Talvez eu não devesse ter confiado nela tão cegamente. —Você não sabe nada sobre nós, não é? — ela debochou da minha cara e tive que engolir a raiva que subia por minhas veias — Aqui é a raiz dos nossos negócios. Cacciatores tem domínios sobre