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Abraçando a vergonha

Ele tinha um sorriso sutil nos olhos enquanto eu passava as informações que meu chefe havia pedido. Precisei reunir todos os detalhes da empresa nos últimos meses e consegui resumir muita coisa em gráficos que improvisei no CorelDraw. Por sorte eu decorava muita coisa e foi possível deixar tudo preparado para o homem que não tirava seus olhos de mim durante aquela explicação.

Ele acariciava minha mão de forma tão discreta que eu só percebia quando sentia o calor dela passando pela minha pele para pegar o papel que eu lhe entregava. Era uma situação constrangedora e obviamente ele fazia aquilo de propósito, pois seus olhos vibrantes sorrindo para mim não me deixavam suspeitar de outra coisa.

— Acho que isso é tudo. — Coloquei os papéis que antes tínhamos espalhado pela mesa em uma pasta de papel pardo e deslizei o objeto sobre a mesa em direção ao homem.

— Mas já acabou? — Ele falou e eu revirei os olhos.

— Pode parar com isso? — Disse assim que o senhor Almeida cruzou à porta para falar com alguém que lhe chamou no corredor.

— Com o que? — Lee tinha uma forma de me prender com os olhos que me deixava fora do controle. Suspirei.

— De fazer isso. Se eu soubesse que você era o novo sócio não teria ido pra cama com você.

— Mas eu te disse isso ontem à noite.

— Depois de me embriagar? — O desafiei e o senhor Jung-suk deu um sorriso ainda maior.

— Sua amiga tem um vídeo muito bom que mostra quem foi que te embriagou.

Ele não disse mais nada, pois o senhor Almeida voltou para sala dando um tapinha nas costas do novo sócio. Eu apenas sorri para os dois enquanto os via partir daquela sala junto com parte da minha dignidade.

Pensei sobre as palavras de Lee e tentei não correr pelo prédio até agarrar o pescoço de Ana. Procurei-a por cada corredor enquanto a xingava internamente por não ter me mostrado aquilo. Mesmo que estivéssemos atrasadas e enroladas, ela deveria ter tirado um tempo para me falar das merdas que eu fiz já que sempre arrumava tempo para me contar fofocas.

Encontrei Ana se gabando para algumas agentes no meio do corredor do terceiro andar. Ela apontava na direção de qualquer pessoa na rua, pois naquela altura do campeonato eu só estava focada em meu vexame, enquanto conversava com as garotas que riam sem parar da minha amiga ou de mim. Sabe-se lá o ponto que havia chegado, mesmo que eu não acreditasse que Ana falaria mal de mim.

Eu esperava que não.

Mas isso não me impediu de segurar no braço da negra arrastando-a para longe das garotas enquanto a ouvia protestar reclamando que eu havia pego de maneira dolorosa no seu braço.

— Lana, que humor é esse? — Ela completou arrumando sua blusa como se eu a tivesse amarrotado. Fechei a porta da pequena sala de limpeza onde acabamos entrando e dei um suspiro longo antes de olhá-la furiosa.

— O vídeo. — Falei autoritária. Ela me olhava sem entender. — Ele disse que você me gravou.

Ana pensou por um momento sobre aquela acusação, vasculhou algo em sua mente colocando seus olhos no teto da pequena para pensar. Então, depois de dois longos minutos, ela estalou os dedos como se tivesse recordado de algo.

— Sim! Eu gravei. — Disse ela puxando seu celular do bolso para vasculhar em busca da nossa curiosidade. — Aqui!

Ana gritou exageradamente após encontrar a prova do crime e eu tomei o celular de suas mãos ouvindo-a protestar novamente. Ainda assim, eu queria saber o que havia acontecido na noite anterior para entender o porquê daquele homem estar me olhando de uma forma tão sedutora durante todo o tempo em que eu falava de trabalho. Eu queria me lembrar de como tinha sido à noite depois do meu primeiro copo de álcool e como tinha sido nossa relação, já que nada daquilo tinha ficado cravado na minha memória.

Mas eu deveria ter pensado com calma se realmente queria me ver bêbada perdendo as estribeiras, porque depois que aquele vídeo começou eu desejei que eu nunca o tivesse visto.

— Amiga! Você dançou nas mesas! — Ana falou em risos enquanto a eu bêbada do vídeo balançava o corpo tentando imitar a mulher do clipe que passava em uma tela grande perto da nossa mesa.

Lá estava o novo sócio do senhor Almeida tentando me fazer descer dali enquanto eu o mandava ir à merda.

Passei a mão no rosto quando me deparei com a dona vergonha tentando me dar um forte abraço, pois era evidente que naquele momento eu estava completamente ruborizada.

— Quem ver esse vídeo vai achar que ele é seu boy. — Ana tornou a dizer quando o jovem Lee Jung-suk me jogou por cima dos ombros tirando-me de cima da mesa.

Eu protestei diversas vezes batendo em suas costas enquanto era carregada para fora do salão feito um saco de cimento pelo homem.

— Eu me lembro que você surtou em um momento da noite e disse que Tiago sempre fez o que quis da vida enquanto você era a filha perfeitinha.

— Eu me lembro disso também — confessei, dando um longo suspiro. — Aí eu pedi gin com laranjas e virei um copo de 500 ml.

— Quase vomitou à metade. — Ana pontuou.

Então eu havia me embriagado. Eu tive um pequeno surto que me levou a liberar aquela garota maluca em cima da mesa e o senhor Jung-suk ficou lá tentando me acudir para que eu não fizesse merda. Mesmo assim eu quase me quebrei inteira para dançar em cima de uma mesa e quando ele percebeu que eu já havia passado dos limites, ele me tirou de lá.

— Acho que dancei para ele enquanto tirava minha própria roupa. — Confessei, pois me recordei de estar tentando seduzi-lo mesmo que minha cabeça quisesse me derrubar.

— Amiga, você não pode beber. — Comentou Ana rindo da situação enquanto eu passava as mãos pelos cabelos de forma nervosa. — Se lembra como foi à noite, pelo menos?

— Não. — Essa parte eu realmente não conseguia lembrar.

— Bom, quando eu cheguei com o assistente do bonitão vocês estavam trancados no seu quarto e você gemia gostoso.

— Ana!

— O que? Eu fiquei excitada te ouvindo.

Ergui as mãos demonstrando frustração e ela apenas riu daquele gesto. Então, Ana guardou o celular de volta no bolso da saia para cruzar seus braços olhando em minha direção. Ela encostou nas prateleiras de produtos de limpeza e limpou os lábios para dizer:

— E aí? O que vai fazer?

— Sobre?

— Pelo amor de Deus, Lana. Você deu um chá tão bom pro homem que ele tá te perseguindo a manhã inteira devorando seu corpo com os olhos. Juro que se ele não tivesse um bom controle tinha te comido na mesa de reuniões. — Fiz uma careta para a garota ao ouvir esse comentário e ela apenas deu de ombros. — Vai deixar o coitado com aquela cara de quero mais?

— Vou. — Pigarreei e ajeitei o colarinho da minha blusa. — Eu tive um deslize e não vai acontecer novamente. Nunca vi Lee Jung-suk antes em toda minha vida antes do escritório e nossa relação não vai mais passar disso. Foco, Ana. Teremos foco.

— Você vai ter foco, amiga. Eu vou continuar me dedicando até às 20hrs pra poder dar minha Larissa depois do expediente. — Ela fez uma dança sensual enquanto eu revirava os olhos. — Mas como vocês não sentem nada um pelo outro, vai ser tranquilo fingir que nada aconteceu. Certo?

— Certo! — Fiz um positivo com meus indicadores enquanto Ana me mostrava a tela do seu telefone. Seu dedo clicou os três pontinhos no canto superior do vídeo que havíamos acabado de assistir, as opções surgiram para mim e ela observou seu dedo seguir até o "apagar" escrito na tela. Logo o vídeo sumiu da minha frente fazendo-nos sorrir uma para a outra.

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