Eu esperava que Lee pegasse um pouco mais leve no meu serviço depois de descobrir que eu não estava muito bem. Pensei que quanto mais rápido eu terminasse minhas tarefas, mais ele entenderia o quanto eu precisava de um tempo para mim. No entanto, meu chefe era uma pessoa extremamente detalhista e, mesmo que eu já tivesse dito diversas vezes que o relatório estava pronto, ele sempre me encaminhava mais arquivos para analisar e anexar no histórico. Em um momento, deixei que uma raiva repentina tomasse conta de mim e acabei imprimindo toda a papelada para caminhar pelo prédio com meus pés ágeis e nervosos. Bati a pilha de relatórios na mesa do homem sem lhe dar tempo de entender o que estava acontecendo e dei as costas para ele indo em direção a saída para não ouvir sua repreensão. Pensei que isso o havia enfurecido e que eu teria uma longa semana de suspensão deitada no sofá da minha sala, mas para o meu desespero ele se levantou da mesa para vir atrás de mim pelos corredores daquele a
— Você deixa? — ele me perguntou, e eu apenas sorri de maneira desesperada. — Deixa eu tentar ser algo para você?Minha reação foi o silêncio, pois eu não sabia o que dizer naquele instante e todas as palavras que passavam pela minha cabeça iriam acabar me tornando uma grande babaca novamente. Eu só pensei que tinha muito trabalho para fazer na empresa e que ficar ali falando com meu chefe só iria me atrasar ainda mais. Depois de conversar calmamente com Ana sobre o bebê, eu havia decidido que me concentraria no trabalho, mas a verdade é que esconder aquilo de Jung-suk tornou tudo impossível até que finalmente revelei a ele e senti um forte alívio tomar todo meu corpo. No entanto, essa sensação durou apenas alguns segundos, pois logo em seguida recebi aquela proposta do meu chefe que fez meu coração disparar e o desespero estranho me consumir dos pés à cabeça.— Por quê? — questionei-o então. Afinal não nos conhecíamos fora do trabalho, só havíamos dormido uma única vez e não fazia
Lee apertou meu corpo com tanto desejo que eu poderia flutuar muito facilmente ao sentir o deslizar das suas mãos macias. Sua boca parou de beijar a minha apenas para cair em meu pescoço, onde ele passou a mordiscar entre seus beijos quentes e delicados. Sua perna direita estava encaixada entre as minhas, segurando meu corpo contra a parede e roçando-se em meio aos seus sentidos. Aquilo me arrancou diversos gemidos que eu segurava prendendo os lábios um no outro, mas era inevitável. — Eu vou ser demitida — falei então, ao me lembrar que Aline tinha me ouvido claramente horas antes. O senhor Jung-suk parou de marcar meu corpo e trouxe seu olhar para o meu, podendo me analisar com cautela. — Ela vai ficar com os papéis na mão até o nascimento dessa criança.— Só se ela quiser ser demitida também.— Por que? Eu violei a política da empresa. — Eu cuido disso, tudo bem? — Ele disse e eu estreitei os olhos.— O que vai fazer? — Lee deu de ombros voltando ao trabalho de beijar minha pele e
A porta do elevador abriu quando ele parou na cobertura. A grande sala surgiu em frente aos meus olhos e o homem que antes esperava minha chegada, tirou as mãos dos bolsos para vir às pressas em minha direção pegando a caixa de papelão que eu estava segurando.— Por que está carregando isso? O prédio tem rapazes para descarregar mudanças. — Ele disse me olhando com uma certa raiva.— Não estou alejada — falei com a mesma entonação e o vi revirar seus olhos.— Não quis dizer isso. —- Dessa vez ele arrumou seu tom de voz parecendo entender que aquilo para mim não soou muito bem. — Sabe, você poderia ser menos cruel comigo.Observei-o e pude notar que algo o estava incomodando de fato, talvez eu estivesse sendo muito dura com o pai do bebê e aquilo poderia dificultar nossos meses, pensar assim me fez soltar um suspiro cansado e tentei abrir um sorriso.— Não prometo muita coisa, mas vou tentar ser mais flexível se você não ficar no meu pé. — Lee mordeu o lábio, parecendo que aquilo não e
Acordei de madrugada no susto. Suava frio e sentia meu corpo inteiro vibrar como se tivesse tomado um pequeno choque. Minha respiração estava descompassada enquanto eu lutava para colocá-la no lugar. No sonho que tive, o que me fez acordar daquela forma, eu estava totalmente entregue ao grande homem que explorava meu corpo com suas mãos e seus lábios carnudos. Estávamos nus nos enroscando pelos lençóis com velas espalhadas pelo meu quarto deixando o ambiente a meia luz. Eu o via se mover entre minhas pernas e sentia seu hálito acariciar minha pele enquanto ele me seduzia com suas palavras. Aquilo elevou a temperatura do meu corpo e quando dei por mim estava ofegante de volta a realidade. Na vida real, o quarto estava escuro. Lee não estava lá e eu usava um pijama fino. As cobertas tinham acabado no chão e eu suava como se tivesse corrido uma maratona. Levantei-me da cama e caminhei pelo quarto em busca de ar. Senti o chão gelado tocar a sola dos meus pés, fazendo cada fibra do meu c
O baque das pastas sendo chocado contra a madeira da mesa me despertou. O som estridente fez meu coração palpitar freneticamente e quando meus sentidos voltaram ao seu devido lugar fazendo minha visão se tornar mais clara, pois antes ela estava sendo distorcida pelos meus pensamentos, pude ver a mulher de óculos redondos me analisando cautelosamente.— Senhorita Guedes, parece que não dormiu o tempo que deveria essa noite. — Ela disse e isso me fez recordar do grande homem em minha cama pela manhã. Um calor subiu pelo meu corpo ao ver aquela imagem novamente e precisei pigarrear para trazer minha mente de volta ao trabalho. — Me desculpe, acho que passei muito tempo analisando os arquivos e só consegui pregar os olhos antes do despertador tocar. — Isso explica o atraso. Ela me passou a folha de pontos em que mostrava meu espelho e os horários que antes estavam sempre perfeitamente alinhados, agora tinham um pequeno ponto fora do lugar. — E a gradivez? — perguntou ela então. Com i
Horas mais tarde eu estava deitada em minha cama após Lee ter me levado de volta para casa. O quarto dele era o primeiro do corredor, no topo das escadas e o meu era o último. Eu sabia que ele estava lá dentro aguardando que eu desse algum sinal de vida, mas tudo o que eu conseguia fazer era observar o teto do quarto em busca de falhas na pintura mesmo que não tivesse encontrado nada depois de muito tempo. Alisei os dedos dos meus pés um no outro enquanto pensava em minha vida e nas grandes enrascadas que havia me metido nos últimos meses. Minha família ainda não sabia do bebe, aliás eles não sabiam que eu e Pedro tinha rompido o noivado e meu pai adorava seu ex-genro. Isso me fazia tremer de pavor por saber que eu jogaria muita informação em direção a ele e isso não poderia ser pelo telefone, mas tinha algo em mim que não queria simplesmente chegar em casa e dizer: Hey, mãe e pai, adivinhem só? Pedro saiu da jogada quatro meses atrás e eu engravidei de um desconhecido na balada qu
– Você quer mentir para o seu pai? – perguntou ele de maneira assustada. Parecia que eu estava te pedindo para matar um homem. – Tecnicamente, não é uma mentira. Nós moramos na mesma casa, estamos grávidos e embora eu não queira admitir, acabamos transando mais vezes do que eu esperava. O senhor Jun-suk era de uma família tradicional coreana, muitas coisas em meu cotidiano brasileiro eram uma completa loucura para os olhos dele, mas de longe aquilo que eu havia proposto parecia a maior de todas e eu tinha que ser realista, era mesmo uma doideira. No entanto, meu pai era um senhor nordestino de idade avançada que havia ganhado muito dinheiro com cabeças de gado e foi morar fora do país. Consequentemente acabou em um lugar onde as pessoas valorizavam seu pensamento antigo e isso o deixou ainda mais confiante para dizer o que pensava da geração atual. Então, além da família complicada do meu chefe, eu tinha também um pai bruto, furioso e cheio de julgamentos para me deixar completamen