- Saturno? - Chamou Lee, estalando os dedos.
A lutadora voltou a sua realidade, mas mesmo assim assustada com aquela criatura. Ela andou em direção ao japonês, os dois seguiam subindo as escadas:
- Para que dormir em um alojamento, se você tem uma belezinha dessas só para você? - ele saiu andando apontando, os cômodos com euforia. - Veja essa sala! A cozinha, seu quarto... -Gabrielle o seguia. E - ele abriu uma porta de vidro. - Sua academia particular.
- Uau! - disse Gabrielle, boquiaberta.
- Se você perder não vai ser por falta de treinamento.
- Isso tudo é para mim? - Gabrielle se mantinha hipnotizada.
- Sim... e isso é só o começo.
- Ok ! Pode me explicar o que está acontecendo? - Ela cruzou os braços desconfiada.
- Fique calma... Você não vai ser nenhuma prostituta de luxo.
- Não vou ficar nesse lugar até você me disser quem está me bancando! - A lutadora estava ficando furiosa.
- Ok,certo. É um dos homens mais ricos de Tóquio. Ele assistiu todas as suas lutas pelo youtube; ele ficou impressionado e deseja ser seu empresário.
- E o que ele quer em troca?
Lee riu :
- Oras, o que todo mundo quer de você... vitória. Esses campeonatos têm muito valor aqui no Japão. Tanto moral quanto em dinheiro; mas a honra vale mais do que qualquer outra coisa.
- Quero conhece-lo antes de tomar qualquer decisão.
- Não seja tola, e orgulhosa, Gabrielle. Você não quer se profissionalizar? - Ela assentiu - Então apenas o dê esse voto de confiança. Ele é um homem muito ocupado, quando tiver tempo ele mesmo irá procura-la para conversarem. Enquanto isso, vou cuidar de tudo o que você precisar. Estou encarregado disso.
A lutadora bufou , esfregando o rosto :
- Ok , não estou em posição de reclamar de nada. E eu preciso dormir porque esse fuso horário está acabando comigo.
- Ótimo , descanse bem e aproveite bastante a sua casa nova ! - disse Lee, saindo e fechando a porta.
Horas depois a mesma viera a acordar com um barulho bem alto que ouviu vindo da cozinha . A lutadora se assustou, pulando da cama e mesmo com medo, foi ver o que estava acontecendo.
Ao chegar na cozinha, novamente viu a figura da mulher magricela. Seus olhos eram brancos, porém o resto do corpo matinha-se tampando pelas vestes estranhas.
Gabrielle ficou paralisada diante a figura mas mesmo assim perguntou o que era :
- Quem é você.
- Tome cuidado! - exclamou a mulher. - Você corre grande perigo.
- Perigo? Mas que perigo?
- Eles planejam matar você...
- Quem? Quem quer me matar?
- Cuidado com o lobo branco....
Gabrielle foi tirada daquele delirio por Lee, que a cutucou nos ombros. A lutadora acordou pulando da cama; e tudo aquilo não havia passado de um sonho estranho e perturbador.
Bastante ofegante, Gabrielle perguntou ao japonês:
- Não disse que eu precisava dormir?
- Você já está dormindo à sete horas seguidas. - respondeu ele. Lee jogou um embrulho a qual Gabrielle pegou no ar.
- O que é isso?
- Um presentinho que eu comprei pra irmos numa festa.
- Festa? Sério... Não estou nenhum pingo animada para uma festa. Preciso dormir mais.
- Já é a noite, dez horas precisamente. Se dormir mais você terá insônia na madrugada. Melhor gastar energia. - Ele conferia no relógio.
- Parece que o tempo nem passou.
- Tome um banho e se arrume, ok? Te espero na sala.
- É realmente necessário que eu vá nessa tal festa?
- É na casa do seu empresário. Você precisa socializar. Lá terá alguns lutadores. - respondeu o japonês. Ele saiu do quarto deixando a lutadora sozinha. A mesma se pois a deitar na cama, novamente. A palavra "socializar" repetia em sua cabeça, pois era uma palavra que não cabia em seu dicionário. Sempre fora reservada, tímida e caseira.
- É melhor que levante logo daí, Gabrielle! - gritou Lee do corredor.
- Mas que merda! - ela pensou para não ser ouvida por ele.
- Eu escutei isso, também! - ele advertiu tentando segurar o riso.
Gabrielle arfou, e ficou com medo do japonês ouvir seus pensamentos. Ela levantou e foi até o banheiro. Havia um boxe e uma banheira de hidromassagem. A lutadora optou pelo chuveiro, tomou um banho demorado para relaxar e assim que terminou não demorou a ficar pronta.
Gabrielle usava um terno preto, feminino que ganhará em seu aniversário de dezessete anos; bem justo, que deixava seus músculos em evidência. Seus cabelos negros estavam soltos e ela usava uma maquiagem quase imperceptivel.
Seu busto estava em evidência e em seus pés, ela calçava um sapato preto de verniz, tão brilhante que conseguia ofuscar todo o resto:- Estou pronta! - disse entrando na sala.
- Finalmente... Mas cadê o vestido?
- Nem morta que eu vou usar aquilo.
- Pelo menos sua roupa não está tão ruim assim... - respondeu o japonês, analisando Gabrielle de cima a baixo. - Vamos.
Até chegar na tal festa, Gabrielle ignorava o fato dos japoneses serem tão baladeiros. Um som de música eletrônica agitava o ambiente. Haviam mulheres dançando em gaiolas, todas cobertas de uma tinta dourada.Já outras pessoas dançavam com os seus parceiros. Era engraçado para a lutadora observar que ela imaginava que os japonêses eram um tanto duros para dançar, porém aquela festa mostrava totalmente o contrário :- E então? O que está achando? - perguntou Lee ao lado dela.- Quer sinceridade?- Claro...- Eu preferia estar dormindo.- E
Gabrielle conseguiu atravessar a rua, devido ao um senhor gentil que parou o carro para ela passar. A lutadora correu até a japonesa, e ao chegar perto do corpo ela agachou ajudando a mulher se sentar:- Meu Deus, você está bem? Quer que eu te leve pro hospital?- Eu estou bem - respondeu a japonesa, com dificuldade. Ela cuspira sangue ao lado.Gabrielle analisava os ferimentos dela. O lábio sangrava do lado direito, havia alguns roxos em seus braços, e um vermelhidão em sua bochecha:- Deixa eu te ajudar, pelo menos. Eu te levo para a sua casa.- Não! Para a minha casa não.- Então eu te levo para a minha. Precisamos limpar essas feridas e fazer alguns curativos. - dizendo isso firmemente, Gabrielle amparou a japonesa a ficar em pé.Enquanto a lutadora a sustentava pelo quadril, a japonesa mantinha o braço em torno do pescoço dela e elas foram caminhan
Era a primeira vez que ficava tão próxima de um corpo feminino que não fosse o seu próprio. Aquele era o patamar mais alto que conseguira atingir. Gabrielle só havia visto outras mulheres nuas quando tomava banho com as companheiras de luta nos vestiários das academias de treinamento. Não por falta de interesse do outro lado, muito pelo contrário, Gabrielle era o sonho de muitas garotas a quais esbarrou ao longo de sua vida.Ela arrancava suspiros por onde passava. Porém, seu foco sempre fora os ringues e nada além disso. Sim, era difícil de acreditar mas Gabrielle Saturno era virgem aos dezoito anos.No chuveiro ela evitava os olhares de desejo e fingia que nada estava acontecendo. Não dava muita bola para aquilo tudo. Porém, a tendência homossexual ficava guardada a sete chaves no fundo do oceano.A lutadora não gostava de rapazes, mas também tinha ve
No outro dia, Gabrielle acordou com uma baita dor de cabeça. Tentou tomar um banho relaxante porém aquela mulher não saia de seus pensamentos, piorou ainda mais quando fora usar sua toalha após a ducha e sentiu um leve perfume nela. A japonesa havia secado o rosto nela e para o seu deleite o perfume havia impregnado ali:- Eu quero essa mulher nos meus braços! - exclamou a lutadora após cheirar a toalha, profundamente.Ela estava entregue aos seus devaneios, quando a possibilidade de um gênio surgir e realizar seu desejo passou pela sua cabeça, e uma oração íntima clamando a Deus para que se tivessem a chance de se verem de novo, e jurou que não ia desperdiçar.A lutadora se questionava sobre o po
Ok... - Ela assentiu - Eu assino os papéis .- É assim que se fala, Saturno. - sorriu Lee, dando um tapinha de leve no rosto da lutadora. - Daqui para frente , menos perguntas e mais ações .- Certo! - ela ouvia o sermão enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo.- Cuidado com suas palavras.. e com as atitudes não pensadas. - Continuou Lee.- Isso é alguma terapia ?- Não, querida. Manual de sobrevivência japonesa.- Ah ! - ela exclamou - Estou pronta !- Só mais uma coisa , você irá receber propos
Ela teria que dobrar a dedicação para recompensa-lo mesmo sem conhece-lo. Teria que mostra-lo o quanto podia ser boa para impressionar. Ficou feliz por ter sido premiada , e desejou que as companheiras também encontrassem alguém que investisse nelas.Dali, Lee e Gabrielle rumaram para uma clinica médica particular:- Onde estamos? - Gabrielle questionou dentro do elevador.- Você é muito curiosa, Saturno. Não consegue parar de fazer tantas perguntas?- Desculpe...- Não seja tão apreensiva. Confie em mim. - A porta do elevador se abriu, e Lee estendeu os braços ilustrando uma expressão de surpresa. - T
Gabrielle ouvia os gritos do corredor enquanto caminhava até o ringue. O lugar era imenso e estava lotado . Não havia sequer um espaço sobrando nas arquibancadas.Ela aguardava o apresentador chamar seu nome, quando sentiu um arrepio em seu lado esquerdo do corpo . Ela se virou na direção e logo viu a figura que a vêm "assombrando" desde que chegara ao japão. Ela estava ali , apenas encarando Gabrielle:- .... Gabrielle Saturno, o furacão Brasileiro.O publico começou a urrar e bater palmas, inclusive Lee do seu assento. Gabrielle voltara para a sua realidade. Ela andou até o ringue e subiu nele,seguida por Issa. Ela sentou-se na cadeira no canto do ringue .A Tailandesa de nome Lawan foi convocada em seguida. El
Um corte reto no lábio superior. Um roxo no olho direito e diversos hematomas espalhados pelo corpo , foi o resultado da luta para Gabrielle ,além do passaporte para a fase seguinte.Estava habituada com os ferimentos e as dores depois de uma batalha acirrada, como havia sido naquela noite. Mas as dores físicas não se comparavam com as da alma. O muay thai foi uma forma eficaz dela lidar com os traumas desde a infância. Sua satisfação não cabia somente em socar o rosto do adversário como era para muitos lutadores ao transferir as tensões intimas , sobretudo quando ela recebia os golpes ,Gabrielle tinha necessidades de sentir algo além do que existia em seu coração amargurado . Era como uma válvula de escape....Olvidou que Hachiro já havia a medicado, despejou o pote de analgésicos em cima da pia do banheiro ,onde se olhava com dem