Até chegar na tal festa, Gabrielle ignorava o fato dos japoneses serem tão baladeiros. Um som de música eletrônica agitava o ambiente. Haviam mulheres dançando em gaiolas, todas cobertas de uma tinta dourada.
Já outras pessoas dançavam com os seus parceiros. Era engraçado para a lutadora observar que ela imaginava que os japonêses eram um tanto duros para dançar, porém aquela festa mostrava totalmente o contrário :
- E então? O que está achando? - perguntou Lee ao lado dela.
- Quer sinceridade?
- Claro...
- Eu preferia estar dormindo.
- Eu sempre achei que os brasileiros eram mais animados. - respondeu Lee, torcendo o nariz.
- Pode até ser mas eu sou a regra em exceção. - respondeu Gabrielle.
- Vou pegar uma bebida para a gente. Talvez você melhore um pouco.
- Ok. - Gabrielle murmurou o vendo se afastar.
Eles estavam no último andar de um prédio, e a festa acontecia ao ar livre mesmo. Em uma espécie de jardim. O céu estava limpo e estrelado. Uma brisa harmonica acariciava a pele dos convidados.
Gabrielle estava distraída observando os detalhes do local, quando a sua atenção foi roubada por uma mulher muito atraente que surgiu em meio as pessoas.
A japonesa notou imediatamente o olhar interessado da brasileira, e procurou disfarçar com elegância.
Ela se aproximou de um grupo e começou a conversar, olhando uma vez ou outra de esquinado para a Gabrielle, fazendo charme com seus cabelos e com o seu olhar hipnotizante.
A lutadora ainda a olhava sem disfarçar ou se importar que alguém estivesse notando a sua cara de idiota.
A japonesa vestia um vestido preto com um rasgo na lateral das pernas, deixando uma das coxas amostra. Nas costas havia um decote longo e nos pés, saltos alto de ponta fina.
Gabrielle sentia uma gota de suor descendo em sua testa, e seu coração estava disparado e era inevitável o tesão repentino que ela estava sentindo pela desconhecida.
Lee se aproximou dela, pegando-a de surpresa. Ele a entregou uma taça de vinho na mão:
- É o melhor vinho do emisfério sul! - ele disse, tomando um gole.
Gabrielle pegou de um ímpeto e engoliu a taça pela metade.
- Vai com calma lutadora! - exclamou Lee. - Você não pode se encher de álcool.
- Não preciso que você fique me dando ordens. - respondeu Gabrielle, tomando o resto da bebida e colocando a taça em cima de uma mesa que estava perto.
- É mesmo? Com essa sua arrogância você não vai tão longe, queridinha. - Lee a fixava.
- Eu só estou estressada. Me desculpe.
- Olha, temos um pedido de desculpas aqui. Finalmente.
- Não se acostume, baixinho. - respondeu a lutadora. Voltando o seus olhos à japonesa, Gabrielle perguntou de quem se tratava - Quem é ela?
- Ela quem? - Lee passeou o olhar pelo jardim.
- Ela! - Gabrielle apontou com o queixo a mais nova responsável pelos seus anseios.
A feição de Lee mudou drasticamente no momento em que ele percebeu de quem Gabrielle perguntava. O homem franziu o cenho e cerrou os lábios.
- Fique longe dela. Não há nada que você precise saber sobre aquela mulher. - ele dizia severamente, logo saiu de perto da lutadora.
Gabrielle arregalou os olhos com o tom de Lee, pois ele não ficava nem um pouco amistoso contrariado. Era amedrontador.
A lutadora ainda permaneceu ali, olhando para a japonesa por alguns minutos. Logo a remeteu que claramente não teria chances alguma com aquela pela obra de arte. Virou as costas e saiu rumo ao bar.
Antes que pudesse notar, a japonesa estava bem ao seu lado no balcão. Ela falava em japonês com o garçom. Gabrielle a observava de cima a baixo, porém a mesma parecia nem notar a presença da brasileira que lhe encarava descaradamente.
Logo a japonesa saiu dali, de enfiando ao meio da multidão. Gabrielle procurou Lee e assim que teve certeza que ele não estaria observando ela, a lutadora fora atrás da bela mulher. A japonesa tinha pego o elevador, Gabrielle logo correu pelas escadas em busca dela.
O elevador parou no térreo e abriu no estacionamento do prédio. Logo que a lutadora chegou pelas escadas, procurou a japonesa dentre os carros.
A lutadora fora surpreendida com um golpe, o que a fez recuar até a parede, permanecendo pressionada e acuada nela.
A japonesa estava com a perna deliciosamente levantada, o que fez com que o vestido escorregasse até a coxa, deixando a lingerie da japonesa a mostra, enquanto segurava o cigarro na mão esquerda, e mantinha o salto na garganta de Gabrielle.
- Você... - ela deu um trago profundo e soltou a fumaça no rosto da brasileira - estáva me seguindo?
Gabrielle sorriu desajeitada :
- Não. Apenas desci para esticar as pernas um pouquinho. Eu estava dando uma volta.
A japonesa arqueou as sombrancelhas e abaixou a perna, saindo da defensiva.
Ela aproximou o seu rosto no de Gabrielle, e ficando a poucos centímetros da boca dela por causa da desvantagem de altura, e falou :- Vocês americanos são a escória do nosso país! - dito isso ela deu as costas e caminhou dois passos até ser parada pela voz firme de Gabrielle :
- Sinto muito desapontar você mas eu sou brasileira.
- Ah é? E como se diz "foda-se" na sua língua?
- Quer mesmo saber?
- Tanto faz! - ela tragou o cigarro mais uma vez - Só espero que seja inteligente o bastante para entender um " vai pro inferno", gaijin.
Gabrielle sorriu e andou em direção a japonesa que já estava de costas para ela, caminhando para fora do prédio :
- Para uma mulher tão bonita, você é bem mal humorada, não é?
A japonesa a encarou e sem dizer nada, jogou o cigarro fora, na rua. Ela entrou e foi direto para o elevador. Ela subira para a festa, enquanto a brasileira ficou ali, esperando a resposta.
Gabrielle riu da situação e em como foi apanhada por ela. Esperou alguns minutos e subiu as escadas. Dessa vez um pouco mais devagar.
Chegando no último andar, Gabrielle viu a japonesa sentada sozinha em uma das mesas, de perna cruzada. Logo a frente, Lee vinha ao seu encontro com uma taça de um tipo de coquetel de frutas :
- Onde você estava? - ele perguntou.
- Fui dar uma volta lá em baixo.
- Venha, vou te apresentar a umas pessoas. - um grupo de homens a olhavam e todos apertaram sua mão. Lee começou a falar em japonês com todos eles e mesmo sem entender nada, Gabrielle sorria e concordava.
Assim que teve chances, a lutadora conseguiu escapar. Ela sentara em um banco, em baixo de uma cerejeira quando notou que a japonesa a encarava agora, sem desviar o olhar. Até chegar um homem de terno preto e a puxar pelo braço com grosseria, disfarçando as agressões e sussurrando algo em seus ouvidos.
A japonesa lançou um olhar de tristeza para Gabrielle e saiu arrastada pelo tal homem da festa, sem discutir.
Gabrielle mais do que depressa, olhou para os lados e viu que todos estavam animados demais para terem visto aquela cena, vencida pela preocupação com a japonesa, a lutadora decidiu ir atrás do casal. Ao chegar no hall do prédio, Gabrielle procurou os dois por todos os cantos.
Ela abriu a porta de vidro do prédio e saiu pela rua em busca da japonesa. Até que avistou o casal do outro lado da rua, num corredor estreito que separava um prédio do outro.O homem a sacolejava pelos cotovelos, deixando demonstrar que aquela briga era séria. A lutadora saltou pela rua de um súbito e se não tivesse se afastado a tempo, teria sido atropelada pela tropa de carros que surgiram inesperadamente.
Ela ficou ali tentando atravessar e pelas frestas de carro, viu o homem socando o rosto da japonesa. Gabrielle ficou nervosa devido a impotência.
O homem transferiu diversos bofetões no rosto da japonesa, e quando ela havia caído com a força dos golpes, chutou-a na coluna, ajeitou o terno saiu andando até seu carro, um conversível amarelo, entrou e deu partida tranquilamente.
A japonesa ficou ali, jogada ao chão. Sangrando.
Gabrielle conseguiu atravessar a rua, devido ao um senhor gentil que parou o carro para ela passar. A lutadora correu até a japonesa, e ao chegar perto do corpo ela agachou ajudando a mulher se sentar:- Meu Deus, você está bem? Quer que eu te leve pro hospital?- Eu estou bem - respondeu a japonesa, com dificuldade. Ela cuspira sangue ao lado.Gabrielle analisava os ferimentos dela. O lábio sangrava do lado direito, havia alguns roxos em seus braços, e um vermelhidão em sua bochecha:- Deixa eu te ajudar, pelo menos. Eu te levo para a sua casa.- Não! Para a minha casa não.- Então eu te levo para a minha. Precisamos limpar essas feridas e fazer alguns curativos. - dizendo isso firmemente, Gabrielle amparou a japonesa a ficar em pé.Enquanto a lutadora a sustentava pelo quadril, a japonesa mantinha o braço em torno do pescoço dela e elas foram caminhan
Era a primeira vez que ficava tão próxima de um corpo feminino que não fosse o seu próprio. Aquele era o patamar mais alto que conseguira atingir. Gabrielle só havia visto outras mulheres nuas quando tomava banho com as companheiras de luta nos vestiários das academias de treinamento. Não por falta de interesse do outro lado, muito pelo contrário, Gabrielle era o sonho de muitas garotas a quais esbarrou ao longo de sua vida.Ela arrancava suspiros por onde passava. Porém, seu foco sempre fora os ringues e nada além disso. Sim, era difícil de acreditar mas Gabrielle Saturno era virgem aos dezoito anos.No chuveiro ela evitava os olhares de desejo e fingia que nada estava acontecendo. Não dava muita bola para aquilo tudo. Porém, a tendência homossexual ficava guardada a sete chaves no fundo do oceano.A lutadora não gostava de rapazes, mas também tinha ve
No outro dia, Gabrielle acordou com uma baita dor de cabeça. Tentou tomar um banho relaxante porém aquela mulher não saia de seus pensamentos, piorou ainda mais quando fora usar sua toalha após a ducha e sentiu um leve perfume nela. A japonesa havia secado o rosto nela e para o seu deleite o perfume havia impregnado ali:- Eu quero essa mulher nos meus braços! - exclamou a lutadora após cheirar a toalha, profundamente.Ela estava entregue aos seus devaneios, quando a possibilidade de um gênio surgir e realizar seu desejo passou pela sua cabeça, e uma oração íntima clamando a Deus para que se tivessem a chance de se verem de novo, e jurou que não ia desperdiçar.A lutadora se questionava sobre o po
Ok... - Ela assentiu - Eu assino os papéis .- É assim que se fala, Saturno. - sorriu Lee, dando um tapinha de leve no rosto da lutadora. - Daqui para frente , menos perguntas e mais ações .- Certo! - ela ouvia o sermão enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo.- Cuidado com suas palavras.. e com as atitudes não pensadas. - Continuou Lee.- Isso é alguma terapia ?- Não, querida. Manual de sobrevivência japonesa.- Ah ! - ela exclamou - Estou pronta !- Só mais uma coisa , você irá receber propos
Ela teria que dobrar a dedicação para recompensa-lo mesmo sem conhece-lo. Teria que mostra-lo o quanto podia ser boa para impressionar. Ficou feliz por ter sido premiada , e desejou que as companheiras também encontrassem alguém que investisse nelas.Dali, Lee e Gabrielle rumaram para uma clinica médica particular:- Onde estamos? - Gabrielle questionou dentro do elevador.- Você é muito curiosa, Saturno. Não consegue parar de fazer tantas perguntas?- Desculpe...- Não seja tão apreensiva. Confie em mim. - A porta do elevador se abriu, e Lee estendeu os braços ilustrando uma expressão de surpresa. - T
Gabrielle ouvia os gritos do corredor enquanto caminhava até o ringue. O lugar era imenso e estava lotado . Não havia sequer um espaço sobrando nas arquibancadas.Ela aguardava o apresentador chamar seu nome, quando sentiu um arrepio em seu lado esquerdo do corpo . Ela se virou na direção e logo viu a figura que a vêm "assombrando" desde que chegara ao japão. Ela estava ali , apenas encarando Gabrielle:- .... Gabrielle Saturno, o furacão Brasileiro.O publico começou a urrar e bater palmas, inclusive Lee do seu assento. Gabrielle voltara para a sua realidade. Ela andou até o ringue e subiu nele,seguida por Issa. Ela sentou-se na cadeira no canto do ringue .A Tailandesa de nome Lawan foi convocada em seguida. El
Um corte reto no lábio superior. Um roxo no olho direito e diversos hematomas espalhados pelo corpo , foi o resultado da luta para Gabrielle ,além do passaporte para a fase seguinte.Estava habituada com os ferimentos e as dores depois de uma batalha acirrada, como havia sido naquela noite. Mas as dores físicas não se comparavam com as da alma. O muay thai foi uma forma eficaz dela lidar com os traumas desde a infância. Sua satisfação não cabia somente em socar o rosto do adversário como era para muitos lutadores ao transferir as tensões intimas , sobretudo quando ela recebia os golpes ,Gabrielle tinha necessidades de sentir algo além do que existia em seu coração amargurado . Era como uma válvula de escape....Olvidou que Hachiro já havia a medicado, despejou o pote de analgésicos em cima da pia do banheiro ,onde se olhava com dem
Gabrielle desviou os olhos em questão de segundos , procurando por Mikaela mas quem veio em sua direção foi o mesmo rapaz que a lutadora viu agredindo a japonesa na noite da festa.Ele se aproximou num tom arrogante, como se caminhasse em cima de nuvens de ouro.- Então você é o novo cristal do meu pai? O inquebrável ? - ele sorriu torto.- É o que parece. - Gabrielle fulminou o agressor em um timbre seco.- Eu sou Toyo. Seja bem vinda a nossa casa.- Ah.- Li passou o braço em volta da cintura de Gabrielle e lhe deu um beliscão disfarçadamente como forma de