Gabrielle conseguiu atravessar a rua, devido ao um senhor gentil que parou o carro para ela passar. A lutadora correu até a japonesa, e ao chegar perto do corpo ela agachou ajudando a mulher se sentar:
- Meu Deus, você está bem? Quer que eu te leve pro hospital?
- Eu estou bem - respondeu a japonesa, com dificuldade. Ela cuspira sangue ao lado.
Gabrielle analisava os ferimentos dela. O lábio sangrava do lado direito, havia alguns roxos em seus braços, e um vermelhidão em sua bochecha:
- Deixa eu te ajudar, pelo menos. Eu te levo para a sua casa.
- Não! Para a minha casa não.
- Então eu te levo para a minha. Precisamos limpar essas feridas e fazer alguns curativos. - dizendo isso firmemente, Gabrielle amparou a japonesa a ficar em pé.
Enquanto a lutadora a sustentava pelo quadril, a japonesa mantinha o braço em torno do pescoço dela e elas foram caminhando calmamente até a calçada, onde pararam para achar um táxi.
A japonesa aproveitou para analisar o semblante da lutadora. Seus traços ardiam numa visível angústia. Como se tivesse trauma de ver aquele tipo de agressão. Mesmo com o aspecto turvo, seus olhos de cor verde continuavam brilhantes e expressivos.
Gabrielle era dez centímetros mais alta que ela, os cabelos longos, pretos, lisos com as pontas onduladas, caíam em seus ombros exuberante a mostra pelo seu blazer aberto. Os lábios rosados da lutadora que certamente mereciam um beijo de reconhecimento a sua nobreza tão heróica.
A pele de Gabrielle era morena como a de uma noz, e suas mãos eram tão grandes que cobriam a cintura da japonesa.
A lutadora flagrou lhe fixando e um calafrio se alastrou em sua espinha dorsal. Seus olhos foram parar nos lábios umidos da japonesa. E a mesma retribuiu o olhar sem desviar.
Gabrielle estremeceu. Se sentiu como se estivesse nua diante aquela mulher e ela conseguisse penetrar seu âmago descaradamente.
Ambas mergulharam naquele desejo novo e delicioso daquela aproximação, até que a japonesa viu um táxi e assobiou para que ele parasse. Elas entraram no carro e logo Gabrielle sussurrou o endereço no ouvido da japonesa titubeando na pronunciação. A japonesa sorriu e avisou o motorista em sua língua nativa.
Logo elas estavam em frente ao prédio, Gabrielle pagou a corrida com a moeda local e elas logo desceram do carro.
As duas subiram pelo elevador até o terceiro andar, onde a brasileira resídia.E uma vez dentro da casa, Gabrielle encaminhou a japonesa até o sofá:
- Já volto! -disse se afastando depois de acomoda-la.
A japonesa assentiu.
Gabrielle saiu pelo apartamento em busca de um kit de primeiro socorros e logo se lembrou da sua caixa dentro da mala.A oriental sorriu com ironia :
- Você é médica?
- Não! - Gabrielle respondeu, séria - Quando você passa a vida levando surra, acaba aprendendo a se virar e lidar com a dor e ferimentos, tornando-os suportáveis.
A japonesa ficou em silêncio, apenas observando as ações da garota ao cuidar carinhosamente de seus ferimentos no rosto. Ela notara a cicatriz profunda que Gabrielle tinha em cima dos olho esquerdo, apressando sua sobrancelha e terminando na pálpebra.
- Aí! - reclamou a japonesa, desviando o queixo enquanto Gabrielle realizava a assepsia no corte do lábio. A lutadora riu. - Qual a graça? - ela fechou o semblante.
- Nenhuma. Tome - disse ela, pegando uma pastilha dentro da caixa.
- O que é isso?
- É para dor. É só mastigar, não tem gosto de remédio, aliás, tem um sabor maravilhoso de menta.
- Ok! - respondeu a Japonesa, ela pegou a pastilha, retirou o papel e colocou na boca. - Humm... Nada mal. Me lembra um chiclete que comprava na infância.
- Viu, eu falei! - Gabrielle sorriu ao passar a pomada no corte. - Está novinha em folha, senhorita.
- Obrigada!
- Eu ainda não terminei! - disse a brasileira - Vire-se e tire o vestido , por favor.
A japonesa a fulminou com o olhar, apenas virando o pescoço de volta a direção dela.
- Quer minha ajuda ou não?
- Não admito ficar nua na frente de uma desconhecida.
- Ah... Eu até entendo. Acho que te assustei lá na festa, não é? Admito, fiquei te olhando por que você é muito bonita mas... Não é só porque eu sou lésbica que você tem que ter medo de mim... Eu só quero te ajudar.
A japonesa riu, envergonhada.
- Ok! - ela respondeu. A oriental abaixou a parte de cima do vestido e ficou tapando os seios com um dos braços.
Gabrielle soltou um suspiro de admiração. A pele da japonesa era alva e não tinha nenhuma imperfeição. Procurou não demorar muito naquela análise, não queria assustar ou constranger a japonesa. Pegou um frasco de gel em sua caixa e iniciou uma massagem na costela toda machucada e roxa.
Gabrielle percebeu que a japonesa relaxou os músculos com o seu toque, arfando baixinho. Ela abriu os lábios envaidecida sem compartilhar o som do seu riso.Quando chegou no final da coluna avistou uma parte discreta da tatuagem que ela tinha do lado direito das nádegas contornando para a perna.
A lutadora não soube identificar o que era o misterioso desenho, o que lhe causou o auge da excitação.
Os cabelos da japonesa estavam perfumados. O corte curto na parte de trás realçava sua nuca deixando seus ombros delicados nus e as franjas longas realçavam ainda mais o seu charme.
Gabrielle desejou ter o poder de parar o tempo e congelar aquele momento para sempre...
Era a primeira vez que ficava tão próxima de um corpo feminino que não fosse o seu próprio. Aquele era o patamar mais alto que conseguira atingir. Gabrielle só havia visto outras mulheres nuas quando tomava banho com as companheiras de luta nos vestiários das academias de treinamento. Não por falta de interesse do outro lado, muito pelo contrário, Gabrielle era o sonho de muitas garotas a quais esbarrou ao longo de sua vida.Ela arrancava suspiros por onde passava. Porém, seu foco sempre fora os ringues e nada além disso. Sim, era difícil de acreditar mas Gabrielle Saturno era virgem aos dezoito anos.No chuveiro ela evitava os olhares de desejo e fingia que nada estava acontecendo. Não dava muita bola para aquilo tudo. Porém, a tendência homossexual ficava guardada a sete chaves no fundo do oceano.A lutadora não gostava de rapazes, mas também tinha ve
No outro dia, Gabrielle acordou com uma baita dor de cabeça. Tentou tomar um banho relaxante porém aquela mulher não saia de seus pensamentos, piorou ainda mais quando fora usar sua toalha após a ducha e sentiu um leve perfume nela. A japonesa havia secado o rosto nela e para o seu deleite o perfume havia impregnado ali:- Eu quero essa mulher nos meus braços! - exclamou a lutadora após cheirar a toalha, profundamente.Ela estava entregue aos seus devaneios, quando a possibilidade de um gênio surgir e realizar seu desejo passou pela sua cabeça, e uma oração íntima clamando a Deus para que se tivessem a chance de se verem de novo, e jurou que não ia desperdiçar.A lutadora se questionava sobre o po
Ok... - Ela assentiu - Eu assino os papéis .- É assim que se fala, Saturno. - sorriu Lee, dando um tapinha de leve no rosto da lutadora. - Daqui para frente , menos perguntas e mais ações .- Certo! - ela ouvia o sermão enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo.- Cuidado com suas palavras.. e com as atitudes não pensadas. - Continuou Lee.- Isso é alguma terapia ?- Não, querida. Manual de sobrevivência japonesa.- Ah ! - ela exclamou - Estou pronta !- Só mais uma coisa , você irá receber propos
Ela teria que dobrar a dedicação para recompensa-lo mesmo sem conhece-lo. Teria que mostra-lo o quanto podia ser boa para impressionar. Ficou feliz por ter sido premiada , e desejou que as companheiras também encontrassem alguém que investisse nelas.Dali, Lee e Gabrielle rumaram para uma clinica médica particular:- Onde estamos? - Gabrielle questionou dentro do elevador.- Você é muito curiosa, Saturno. Não consegue parar de fazer tantas perguntas?- Desculpe...- Não seja tão apreensiva. Confie em mim. - A porta do elevador se abriu, e Lee estendeu os braços ilustrando uma expressão de surpresa. - T
Gabrielle ouvia os gritos do corredor enquanto caminhava até o ringue. O lugar era imenso e estava lotado . Não havia sequer um espaço sobrando nas arquibancadas.Ela aguardava o apresentador chamar seu nome, quando sentiu um arrepio em seu lado esquerdo do corpo . Ela se virou na direção e logo viu a figura que a vêm "assombrando" desde que chegara ao japão. Ela estava ali , apenas encarando Gabrielle:- .... Gabrielle Saturno, o furacão Brasileiro.O publico começou a urrar e bater palmas, inclusive Lee do seu assento. Gabrielle voltara para a sua realidade. Ela andou até o ringue e subiu nele,seguida por Issa. Ela sentou-se na cadeira no canto do ringue .A Tailandesa de nome Lawan foi convocada em seguida. El
Um corte reto no lábio superior. Um roxo no olho direito e diversos hematomas espalhados pelo corpo , foi o resultado da luta para Gabrielle ,além do passaporte para a fase seguinte.Estava habituada com os ferimentos e as dores depois de uma batalha acirrada, como havia sido naquela noite. Mas as dores físicas não se comparavam com as da alma. O muay thai foi uma forma eficaz dela lidar com os traumas desde a infância. Sua satisfação não cabia somente em socar o rosto do adversário como era para muitos lutadores ao transferir as tensões intimas , sobretudo quando ela recebia os golpes ,Gabrielle tinha necessidades de sentir algo além do que existia em seu coração amargurado . Era como uma válvula de escape....Olvidou que Hachiro já havia a medicado, despejou o pote de analgésicos em cima da pia do banheiro ,onde se olhava com dem
Gabrielle desviou os olhos em questão de segundos , procurando por Mikaela mas quem veio em sua direção foi o mesmo rapaz que a lutadora viu agredindo a japonesa na noite da festa.Ele se aproximou num tom arrogante, como se caminhasse em cima de nuvens de ouro.- Então você é o novo cristal do meu pai? O inquebrável ? - ele sorriu torto.- É o que parece. - Gabrielle fulminou o agressor em um timbre seco.- Eu sou Toyo. Seja bem vinda a nossa casa.- Ah.- Li passou o braço em volta da cintura de Gabrielle e lhe deu um beliscão disfarçadamente como forma de
- Mika, minha adorável madrasta. - Toyo a fitou, irônico. - Sei quanto aprecia as artes marciais, creio que você e a nova lutadora de meu pai, se darão muito bem.- Gabrielle - Disse Mitsuo, com um sorriso no rosto - Está é Mikaela Sato, minha esposa.Gabrielle fingindo não conhece-a, educadamente a cumprimentou, um tanto sem graça.- Muito prazer - disse Gabrielle.- É todo meu! - Mika respondeu, evitando prolongar a frase.- Então.. Você luta, também?- Não mais.- Ela está sendo modest