No outro dia, Gabrielle acordou com uma baita dor de cabeça. Tentou tomar um banho relaxante porém aquela mulher não saia de seus pensamentos, piorou ainda mais quando fora usar sua toalha após a ducha e sentiu um leve perfume nela. A japonesa havia secado o rosto nela e para o seu deleite o perfume havia impregnado ali:
- Eu quero essa mulher nos meus braços! - exclamou a lutadora após cheirar a toalha, profundamente.
Ela estava entregue aos seus devaneios, quando a possibilidade de um gênio surgir e realizar seu desejo passou pela sua cabeça, e uma oração íntima clamando a Deus para que se tivessem a chance de se verem de novo, e jurou que não ia desperdiçar.
A lutadora se questionava sobre o por que sempre que algo bom acontecia com ela repentinamente, desaparecia na mesma velocidade. Logo a brasileira foi retirada daquele momento por um barulho que ouviu na sala. Ela abrira a porta do banheiro e de relance viu um vulto passar por ela.
Ao abrir a porta por completo, Gabrielle já apavorada, quase infartou do coração ao ver a imagem da mulher misteriosa, novamente.
- Merda!- ela exclamou.
A mulher desapareceu dali junto à um clarão. Gabrielle tremia de medo e se não fosse pelo seu foco em treinar, ficaria ali paralisada até a noite, não sabia destinguir o que era verdade ou não. Se talvez ela estivesse ficando louca ou se aquela mulher era algum espírito japonês que ela tinha irritado por estar ali.
Gabrielle saiu da sala, se secou e revirou os olhos procurando por sua camiseta branca que estava dentro de sua mala. Após se trocar, seguiu para a cozinha com o intuito de beber um copo d'agua e levou um susto enorme quando viu uma garota limpando sua sujeira do café da manhã:
- Meu Deus! - ela exclamou, levando uma das mãos no peito - Você é real? Ou é outro encosto?
- Ah.. Oi.. - respondeu a garota japonesa. - Você deve ser Gabrielle.
- Sim... E você quem é?
A japonesa riu :
- Não se assuste, não sou nenhuma invasora. Vou cuidar da sua alimentação . Fui contratada para isso - ela se virou para guardar algumas coisas na geladeira.
- Desculpe - riu Gabrielle - Vai cuidar de quê?
- Isso mesmo que você ouviu, sou nutricionista.
- Sei e o que uma nutricionista faz limpando a minha cozinha? - questionou Gabrielle.
- Não trabalho em lugares bagunçados, gatinha. - piscou a japonesa.
A lutadora engoliu seco
- Não estou acostumada com regalias..
- Então trate de se acostumar, pois me pediram pra cuidar muito bem de você.
A lutadora ruborizou ainda mais. Não encontrou respostas para aquilo. Gabrielle sorriu sem jeito para a garota e virou para ir até a geladeira:
- Nossa mas você é extremamente forte, não é? - disse a garota, analisando a lutadora de cima a baixo.
- Hã... Obrigada! - respondeu a lutadora ao virar e fechar a geladeira.
- A propósito, meu nome é Tomoyo. - disse japonesa fixando o olhar em Gabrielle, ela mordia os lábios levemente.
- Prazer em te conhecer... - Gabrielle suava frio e tremia de vergonha. Não esperava ser abordada daquela forma.
- Sabe que de prazer eu entendo, brasileira... E o prazer está sendo todo meu.
A lutadora deixou a cozinha e foi direto para o quarto pois ela não sabia como lidar com aquela garota dando em cima dela descaradamente.
Porém ela conseguia ouvir a risada estridente de Tomoyo. Ela colocou uma música em seu ipod e aumentou no último volume, colocando os fones de ouvido.
A lutadora parecia perdida, deitada na cama e olhando para o teto. Quase de esqueceu do que estava fazendo ali no Japão.
Ela ficara uns trinta minutos presa no quarto, com vergonha de sair e encarar Tomoyo novamente, até que percebeu que não poderia ficar ali para sempre.
Ela vestiu um moletom escuro, escrito Girl Power na frente e foi para a sala da academia, onde levantou mais de 20 kilos no braço.
Quando mudou de sequência nos aparelhos de braço, viu Lee entrar pela porta com um semblante raivoso :
- Onde esteve? - ele perguntou, encarando a lutadora. Gabrielle nem sequer olhava pra ele.
- Como assim?
- Te procurei ontem na festa a noite toda, garota!
- Eu também te procurei porém eu achei mais sensato voltar para cá. Então eu vim.
- Não durmi direito de preocupação, Gabrielle.
- Me poupe! Pra onde mais eu iria, Lee?
- Você é uma irresponsável. - advertiu o japonês. - Vai te custar caro isso.
- Pendura na conta, meu bem. - respondeu a lutadora. Gabrielle havia acabo a série e começou a se alongar.
Lee ilustrou uma face de indiferença e ajeitou os cabelos em um espelho que havia ali.
Gabrielle foi até a porta e conferiu Tomoyo preparando um suco de frutas na cozinha:
- Pior foi você ter me deixado sozinha com essa psicopata! Devia apenas ter me avisado dela.
Lee gargalhou. Ele carregava uma bolsa a qual de dentro tirou uma caixa e entregou para Gabrielle :
- Tome! É um celular. Preciso me comunicar com você e aquele lixo que você trouxe do Brasil não pode ser considerado como um aparelho utilizavel.
- Ah! - ela tentou demonstrar entusiasmo - Que bom, né.
Aí olhar para baixo, Lee notou algumas manchas de sangue no chão :
- O que é isso? É sangue. - Gabrielle nem havia notado aquilo ali na hora, porém seu coração disparou.
- Ah.. Eu não.. Não sei.
- Você trouxe alguém pra cá? - perguntou o japonês.
- Ela precisou de ajuda!
- Ela?
- Sim, ela.
- Saturno, você é lésbica?
- E por que isso seria da sua conta? - encarou a lutadora.
- Por que trouxe uma mulher pra cá? - insistiu Lee, um tanto autoritário.
- Ah eu segui ela e vi ela apanhando no meio da rua...
- Seguiu ela.. Espera. É aquela mulher da festa?
- Hã... - a lutadora não sabia o que dizer.
- Eu te falei pra ficar longe dela!
- Ela estava machucada, Lee. O que esperava que eu fizesse?
- O que eu mandei você fazer... Ficar longe.
- Porquê? Eu tenho o direito de saber...
- Direito? Que direito? Se ela mesma não te disse, por que eu deveria dizer?
- Mas o que ela é afinal? Alguma Deusa japonesa?
- Nem queira saber, Gabrielle. E pro seu bem, me escute. Fique longe dela.
- Porra!
- Agora se arrume - disse Lee - Temos que ir na federação pra você assinar alguns papéis de renuncia.
- O que? Sem antes conhecer esse tal empresário? Nem pensar.
- Se você não fizer vai acabar pagando uma multa, pois você devia ter se apresentado ontem quando chegou.
- Mas a culpa é minha? - Gabrielle estava ficando cada vez mais nervosa.
- Então pegue suas coisas e suma daqui. Vá para o alojamento definitivamente. Não vou ajudar uma garotinha mimada. - respondeu o japonês, encarando a brasileira.
Ok... - Ela assentiu - Eu assino os papéis .- É assim que se fala, Saturno. - sorriu Lee, dando um tapinha de leve no rosto da lutadora. - Daqui para frente , menos perguntas e mais ações .- Certo! - ela ouvia o sermão enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo.- Cuidado com suas palavras.. e com as atitudes não pensadas. - Continuou Lee.- Isso é alguma terapia ?- Não, querida. Manual de sobrevivência japonesa.- Ah ! - ela exclamou - Estou pronta !- Só mais uma coisa , você irá receber propos
Ela teria que dobrar a dedicação para recompensa-lo mesmo sem conhece-lo. Teria que mostra-lo o quanto podia ser boa para impressionar. Ficou feliz por ter sido premiada , e desejou que as companheiras também encontrassem alguém que investisse nelas.Dali, Lee e Gabrielle rumaram para uma clinica médica particular:- Onde estamos? - Gabrielle questionou dentro do elevador.- Você é muito curiosa, Saturno. Não consegue parar de fazer tantas perguntas?- Desculpe...- Não seja tão apreensiva. Confie em mim. - A porta do elevador se abriu, e Lee estendeu os braços ilustrando uma expressão de surpresa. - T
Gabrielle ouvia os gritos do corredor enquanto caminhava até o ringue. O lugar era imenso e estava lotado . Não havia sequer um espaço sobrando nas arquibancadas.Ela aguardava o apresentador chamar seu nome, quando sentiu um arrepio em seu lado esquerdo do corpo . Ela se virou na direção e logo viu a figura que a vêm "assombrando" desde que chegara ao japão. Ela estava ali , apenas encarando Gabrielle:- .... Gabrielle Saturno, o furacão Brasileiro.O publico começou a urrar e bater palmas, inclusive Lee do seu assento. Gabrielle voltara para a sua realidade. Ela andou até o ringue e subiu nele,seguida por Issa. Ela sentou-se na cadeira no canto do ringue .A Tailandesa de nome Lawan foi convocada em seguida. El
Um corte reto no lábio superior. Um roxo no olho direito e diversos hematomas espalhados pelo corpo , foi o resultado da luta para Gabrielle ,além do passaporte para a fase seguinte.Estava habituada com os ferimentos e as dores depois de uma batalha acirrada, como havia sido naquela noite. Mas as dores físicas não se comparavam com as da alma. O muay thai foi uma forma eficaz dela lidar com os traumas desde a infância. Sua satisfação não cabia somente em socar o rosto do adversário como era para muitos lutadores ao transferir as tensões intimas , sobretudo quando ela recebia os golpes ,Gabrielle tinha necessidades de sentir algo além do que existia em seu coração amargurado . Era como uma válvula de escape....Olvidou que Hachiro já havia a medicado, despejou o pote de analgésicos em cima da pia do banheiro ,onde se olhava com dem
Gabrielle desviou os olhos em questão de segundos , procurando por Mikaela mas quem veio em sua direção foi o mesmo rapaz que a lutadora viu agredindo a japonesa na noite da festa.Ele se aproximou num tom arrogante, como se caminhasse em cima de nuvens de ouro.- Então você é o novo cristal do meu pai? O inquebrável ? - ele sorriu torto.- É o que parece. - Gabrielle fulminou o agressor em um timbre seco.- Eu sou Toyo. Seja bem vinda a nossa casa.- Ah.- Li passou o braço em volta da cintura de Gabrielle e lhe deu um beliscão disfarçadamente como forma de
- Mika, minha adorável madrasta. - Toyo a fitou, irônico. - Sei quanto aprecia as artes marciais, creio que você e a nova lutadora de meu pai, se darão muito bem.- Gabrielle - Disse Mitsuo, com um sorriso no rosto - Está é Mikaela Sato, minha esposa.Gabrielle fingindo não conhece-a, educadamente a cumprimentou, um tanto sem graça.- Muito prazer - disse Gabrielle.- É todo meu! - Mika respondeu, evitando prolongar a frase.- Então.. Você luta, também?- Não mais.- Ela está sendo modest
Gabrielle manteve o olhar fulminante a Toyo, que virava as costas e ia em direção ao seu pai. Ainda muito nervoso, ela decidiu caminhar pela casa, onde entrou em um corredor com o piso de madeira. Havia um jardim logo à frente, com uma piscina gigantesca ocupada por alguns peixes bastantes raros de se ver.Sua visão embaçou repentinamente e ela se sentiu deveras tonta. Lembrou-se que tomara muitos comprimidos para dor, e fundidos com o álcool, causou todo aquele mal estar.Gabrielle sentou no chão, esperando que aquela grogueira passasse. Ela logo sentiu um toque delicado em suas costas e a voz de Mika fez a sua espinha se arrepiar :- Você está bem?Gabrielle arqueou a cab
Quando a confraternização havia acabado, Mika se afugentou no quarto de sua filha. Ela lhe deu um beijo carinhoso em sua testa, enquanto pensava em Gabrielle e na sua força interior, que demonstrou ter em apenas duas oportunidades de encontro.A jovem era sensível e espontânea, muito diferente da personalidade calculista com quem convivia. Reencontrar a lutadora foi uma surpresa do destino, muito deliciosa por sinal. Não podia ignorar o fato de que a brasileira havia mexido contigo. Lembrou dos questionamentos preocupados da garota e um sorriso se ilustrou em seus lábios.Nem se recordava da última vez que alguém se mostrou interessado verdadeiramente em seu bem estar.Mika ficou ali acariciando os cabelos lisos de sua peque