A visão do pátio do castelo era a mais completa desordem, haviam vários homens acorrentados prontos para embarcarem em carroças, muitos baús com relíquias do castelo, empilhados, quadros e tapeçarias, toda a fortuna sendo saqueada por este vilão cruel, pensou Allorah, revoltada com tal situação.
-Que ladrão descarado, ela pensa com um bolo preso na garganta querendo botar para fora o que pensa deste tirano, mas o bom senso a alerta para não o desafiar tanto assim. O importante era saber que o pai não estava ali, deveria estar abrigado e protegido e isso a confortava, pois ele certamente a recuperaria das mãos deste crápula no Conselho dos clãs. -Sou a prometida de Alfonse Mallory, príncipe do reino de Grabovsk, não ficarei muito tempo em poder deste selvagem saqueador, ainda nos pensamentos ela cochicha com Every: -Não se desespere, ama, brevemente papai nos salvará e ficaremos seguras, abrigadas com Alfonse em seu reino. Mas os pensamentos de Allorah foram imediatamente interrompidos pela visão de dois soldados arrastando um homem praticamente morto em direção a Blake. O som debochado nas palavras de um deles chamou sua atenção, quando rindo muito se postou com o ferido em frente ao tirano Blake e revelou: -Aqui temos o seu inimigo praticamente desmaiado, mestre. Foi capturado quando tentava fugir, então o impedimos, disse gargalhando em escárnio. O som de um potente soco ecoou no ambiente e o soldado foi arremessado de encontro à parede dura do pátio, caindo desmaiado a seguir. Blake agarrou o outro pelo pescoço, esganando-o enquanto rugia possesso. -Quem foi o responsável por isso? Eu não disse que não queria ninguém, absolutamente ninguém ferido? -S senhor, as ordens vieram de Julius, ele estava com o bando que capturou o rei Drake. Quando Allorah ouviu tal fato, saiu em disparada em direção ao pai sacudindo seu braço da prisão em que estava escoltada pelo soldado de Orion. -Paaaai, ela gritou em desespero, abaixando-se para conforta-lo enquanto lágrimas profusas desciam de seu rosto. Num ímpeto furioso, ergueu os olhos na direção de Blake e gritou irada para ele: -Assassino! Você é um ladrão saqueador, covarde e assassino. Espere pela punição de seus atos vis pelo Conselho dos clãs, grita ela completamente desequilibrada pela situação de seu pai. Blake fica sem ação diante das acusações dela, não fora ele quem cometeu tal absurdo, mas não haverá tempo de explicar, pois fortes trovões anunciam tempestade e terão de se adiantar até Orion ou ficarão presos na travessia do córrego que corta a estrada. Blake ordena em voz alta para adiantarem os carregamentos, enquanto faz sinal para que seus soldados peguem o rei Drake.Allorah se coloca a frente deles impedindo a passagem. -Nem tente levar meu pai, seu monstro, lutarei com minhas forças para impedi-lo. Blake já sem paciência puxa-a em sua direção e ordena que levem o rei Drake para sua carruagem. Enquanto Allorah se debate freneticamente tentando soltar-se de seus braços. Mas a força dele é descomunal, causando um cansaço em Allorah por tentar e não conseguir sair daquela prisão de músculos. -Levem-no para minha carruagem e o acomodem bem. -O que fará seu assassino? Acabará de vez com meu pai? Não é suficiente tê-lo roubado e escravizado seu povo? Allorah o encara e então cospe em seu rosto. Blake estaca por um segundo, então limpa o rosto com a mão e dá uma ordem ao soldado que as conduzia. -Ajeitem-nas nas carroças e cuide para que esta gata selvagem cheia de truques não fuja. Allorah, mesmo revoltada, segue o soldado pois sabe que precisa estar perto do pai. Então submete-se sem reagir, mas quando seu olhar encontra o de Blake novamente, mostra toda sua ira e desprezo. Blake a seu modo fica incomodado com a atitude dela. Ao voltar novamente e reunir-se com seu bando ele dá ordens para buscarem Julius Prescott. Ao estar frente a frente com Julius ele nada fala, desferindo vários socos e o alerta: -Nunca faça algo que não é de sua competência. Não espancamos prisioneiros, principalmente um chefe de clã. Quer me causar problemas no Conselho? Dizendo isso, Blake se vira e caminha em direção á carruagem sem notar o olhar de vingança dirigido a ele por Julius. A tempestade desabou antes que conseguissem empilhar todas as coisas e Allorah, já dentro da carroça está encharcada e com frio. Quem diria que uma garota como ela, acostumada a luxo e conforto estaria nesta posição agora? E uma princesa prometida do reino de Grabovsk ao sul de Antares e esse pirata maligno saqueador está infringindo as regras, mas ela fará de tudo para que isso chegue ao Conselho dos clãs e Blake seja punido. -Eu te prometo papai, diz baixinho, com os olhos úmidos da chuva e de lágrimas. Blake enquanto isso, tenta limpar os ferimentos do rei Drake com uma mistura de ervas poderosas, dadas a ele pela ninfa do bosque. Drake está desacordado e tem bastante ferimentos causados por socos e pontapés. -Punirei a todos, majestade. Aguente firme até chegarmos a Orion. A viagem durou uma eternidade na visão de Allorah.O lugar era desconfortável, causando dores em seu corpo, além de estar completamente encharcada e com frio. De sua carruagem seca e confortável, Blake a observava e já nutria uma forte atração por ela sem saber, pois naquele momento queria tê-la ao seu lado e aquece-la. Depois de exaustivas horas, o comboio adentra os portões de Orion, seguindo em direção a entrada do palácio. Blake sai de sua carruagem e ordena que levem o rei Drake para um aposento limpo e requisitem o curandeiro imediatamente. Depois com passos firmes se encaminha na direção da carroça onde Allorah se encontra e dá ordens de desatar-lhe as mãos. -Quanto aos demais, distribua-os de acordo com suas aptidões e idade. Não quero idosos sendo explorados, eles deverão trabalhar em tarefas mais amenas, finaliza ele. Depois de ordenar o que fazer com os prisioneiros, Blake a segura pela mão puxando-a em direção a entrada do castelo. Allorah reage imediatamente: -O que pretende fazer, seu bruto? -Venha comigo, você cuidará de seu pai até que ele se recupere. Allorah o agradece mentalmente, mas ainda não deixa de acreditar que ele é um tirano sádico, covarde e saqueador. Ela o segue, ansiosa em estar ao lado do pai e poder combinar com ele sobre denunciar Blake ao Conselho dos clãs. Depois de subir vários lances de escada, ela finalmente está diante do pai e se j**a aos pés dele na cama, dizendo: -Pai, estou aqui, por favor fique bem,só tenho você nesta vida.Allorah fora acomodada entre cobertores e um colchão feito de palha junto a cama de seu pai. Passaria a noite ali e os próximos dias até sua recuperação, secretamente estava satisfeita em estar ao lado dele, mas seu ódio e indignação por Blake aumentavam mais e mais. “Vilão saqueador dos infernos, pensa ela ajeitando o travesseiro e se acomodando da melhor forma que pudesse naquele chão duro e frio. Nem um bom banho de tina pude tomar, ainda com estas roupas molhadas, com frio e fome, mas o miserável deve estar agora desfrutando do maior conforto, pensa ela enquanto se encolhe, raivosa. Não obstante seus pensamentos terminaram de habitar sua mente, duas mulheres de meia idade adentraram o quarto traziam em seus braços o que parecia ser cobertores, toalhas e algo parecido com roupas femininas. Uma delas disse em tom solene: -Levante-se! Mestre Blake quer que a banhemos e também que vista trajes limpos. -E o que tal vilão saqueador pretende com isso? Não vou fazer o que ele manda,
Allorah passa os dias cuidando do pai, que parece apresentar melhora significativa, mas ainda continua adormecido. Suas esperanças de que Alfonse tome conhecimento da vilania do rei de Orion vão ficando cada vez mais distantes, causando um desânimo e uma falta de expectativa de que tais dias melhorem. Seu pai, se estivesse acordado, poderia negociar os termos com Blake e pedir possivelmente asilo no reino de Alfonse, mas da forma como está agora, impotente e desacordado, nem ao menos o socorro do clã dos Conselhos poderá ser requisitado. Blake, desde o dia em que Allorah o afrontou na tina de banho, não a incomodou mais. Somente os serviçais é que aparecem uma vez ao dia com refeições e roupas limpas para que ela se banhe e troque por sua conta. Deixam tudo preparado para seu banho e também para a higiene e cuidados de seu pai, recolhem os pratos do dia anterior, roupas sujas e se vão. O silêncio e a solidão do exílio estão causando uma espécie de depressão em Allorah, que pensa que
A comitiva partiu pela madrugada, rumo às florestas geladas do Norte, enquanto todo o reino jazia no mais absoluto silêncio, menos em um ponto do castelo. Ali, enredados nos lençóis alvos estavam Julius e uma das escolhidas do harém de Blake, Petra. Julius bem sabia que as mulheres reservadas ao líder jamais poderiam ser tocadas por quem quer que fosse, mas a emoção e adrenalina de se colocar como rival de Blake o fazia sentir-se vivo e capaz. Julius odiava Blake desde muitos anos atrás, quando ainda eram jovens e ele sempre fora comparado e preterido pelos pais e até mesmo pelo clã. Blake destacava-se na arte da caça ,das lutas e treinos, Julius era fraco e indolente no cumprimento das tarefas que cada líder precisava cumprir para ter sucesso e bom desempenho, porém sempre associou tudo isso com preferências dos mais velhos e chefes ao fato de Blake ser o filho de Kalius Rudham o rei de Orion ,líder absoluto e maior guerreiro já existente em todas as terras do Norte.Portanto,na mente
O comboio segue pelas montanhas encobertas pela neve espessa, alcançando o território das terras consideradas selvagens, Blake Rudham segue em último como cabe a um bom líder de matilha, afinal.Seu pensamento ora se fixa na liderança do grupo em busca de caça, ora se dispersa e vai até aquele quarto onde um rosto e corpo distinto lhe atormenta.“Com mil diabos!! Será que fui enfeitiçado por aquela garota insolente? O sabor de seu beijo ainda resiste em meus lábios. Quero prova-la como nunca quis a nenhuma fêmea, mas não posso ultrajar o rei Drake desta forma. Afinal, a invasão de seu reino fora na verdade para protege-los”. Blake analisa seus pensamentos como se fizesse uma confissão a si mesmo.De repente um alce enorme atravessa o caminho da matilha e o instinto de caça sobrevém instantaneamente. Blake, num movimento ágil avança por sobre o animal e uma luta é travada. Após longos minutos, o animal cai abatido e o grupo trata de acondiciona-lo na carroça. O grupo segue adiante, enq
Allorah tenta se esquivar do abraço apertado de Julius, que afrouxa os braços em torno de sua cintura, mas não a liberta. Precisa ganhar tempo suficiente para que Blake imagine que algo acontece entre eles. Assim, disfarçadamente, com a malícia que lhe é característica, perscruta o semblante do mestre e nota uma fúria visível em seu olhar. Blake permanece estático no lugar, dando a chance de Julius encobrir a visão total de Allorah, que sequer nota a chegada de Blake.Julius estrategicamente guia Allorah na direção oposta à de Blake, segurando-a pelo cotovelo.Enquanto a distrai com palavras:-Devemos nos acautelar, senhorita. O castelo tem muitos informantes que servem a Blake, então todo cuidado é preciso. Quero me desculpar pelo ímpeto de abraça-la mais intimamente agora a pouco, sim? è que me empolguei com tão bela senhorita.-Estás desculpado, mas não faça mais isto, por favor. Sou a prometida de Alfonse de Grabovisk e pretendo manter-me assim até nosso encontro.-Pois não, senho
Julius Prescott estende as pernas alongando-se com um sorriso satisfeito no rosto.Seus braços esticam-se e então, joga um saco de moedas na direção do curandeiro que horas antes estivera nos aposentos do castelo.-Vá, e mantenha sigilo absoluto do que conversamos, não revele nada do que sabe a mais ninguém.-Manterei segredo de tudo. E dizendo assim, o curandeiro sai apressado.Das sombras do pequeno cubículo onde estavam reunidos, nos porões úmidos, um dos soldados adeptos das ideias de Julius, na verdade, seu apoiador incondicional, Petrus, se reúne com Julius, sorvendo um bom gole de rum destilado.- Então, Blake posa de anjo da guarda do rei Drake e seu reino, ele diz, com um sorriso perverso no rosto. Petrus que até então só ouvia a conversa se manifesta emitindo uma ideia.-O que aconteceria se conseguíssemos nos unir aos conspiradores, Julius?- Seríamos os que facilmente destruiríamos Blake e tomaríamos Orion, Petrus.Mas antes, precisamos nos livrar imediatamente de Drake se
Toda a cena presenciada por Petra já foi devidamente relatada a Julius Prescott, que se alonga animado. -Sem dúvida, esta é a segunda melhor notícia que recebi por estes dias. Meu objetivo vem ganhando corpo, brevemente teremos uma chance enorme em derrotarmos Blake e me tornar o rei de Orion, diz ele ao mesmo tempo que puxa Petra contra seu corpo, exalando seu odor de fêmea. - Julius você não está pensando em se engraçar por aquelazinha, não é? Nem pense ou vai conhecer toda minha fúria, Petra diz, com olhos vermelhos faiscando. -Petra, deixe de ser ciumenta, sabe muito bem que somos o casal perfeito, aguente firme e logo, logo você reinará absoluta como minha companheira e rainha. Precisarei ganhar a confiança da filha de Jones, para atacar Blake em seu ponto mais fraco. Se a Jones for mesmo a destinada a ele, será um presente e tanto em nossas mãos. Blake se encarregará de destruir ele mesmo a oportunidade de tê-la ao seu lado. De quebra, ainda farei com que ela odeie completamen
Blake constata que o rei já não tem pulso nem sequer respiração, Fato é que ele está morto.Blake ordena que chamem o curandeiro imediatamente, mas ninguém no reino sabe dizer onde ele se encontra, portanto não há como fazer mais nada para ajudar o rei Drake.Allorah fora socorrida pelos serviçais e levada para o aposento de Blake. Está em choque e quando acordar, a constatação da morte do pai cairá como uma bomba, então Blake ordenou que lhe preparassem um chá á base de ervas calmantes que ajudarão a mantê-la mais calma diante de toda essa tragédia.“Como Drake pode estar morto? Estive com ele há pouco e ele parecia muito bem”Blake se interroga milhares de vezes, como se quisesse encontrar uma explicação lógica para tudo o que está acontecendo.Ele,então pede que chamem por seu comandante e quando o mesmo adentra o escritório, Blake comunica tudo o que houve, ordenando que procurem pelo curandeiro.-Mestre, acredita que houve um assassinato?-Tenho muitas dúvidas, principalmente depo