A comitiva partiu pela madrugada, rumo às florestas geladas do Norte, enquanto todo o reino jazia no mais absoluto silêncio, menos em um ponto do castelo. Ali, enredados nos lençóis alvos estavam Julius e uma das escolhidas do harém de Blake, Petra. Julius bem sabia que as mulheres reservadas ao líder jamais poderiam ser tocadas por quem quer que fosse, mas a emoção e adrenalina de se colocar como rival de Blake o fazia sentir-se vivo e capaz. Julius odiava Blake desde muitos anos atrás, quando ainda eram jovens e ele sempre fora comparado e preterido pelos pais e até mesmo pelo clã. Blake destacava-se na arte da caça ,das lutas e treinos, Julius era fraco e indolente no cumprimento das tarefas que cada líder precisava cumprir para ter sucesso e bom desempenho, porém sempre associou tudo isso com preferências dos mais velhos e chefes ao fato de Blake ser o filho de Kalius Rudham o rei de Orion ,líder absoluto e maior guerreiro já existente em todas as terras do Norte.Portanto,na mente invejosa de Julius Prescott, ele e toda sua família foram injustiçados uma vida toda pela família de Blake, apesar de serem parentes próximos. Seu pai, Astolf Prescott recebeu um mero cargo de ministro de Kalius, sem brilho ou destaque na pirâmide de chefes do reino, dando assim continuidade ao que Julius é hoje, um mero cavalheiro e cumpridor de ordens de Blake. Mas essa situação será mudada quando Julius se voltar contra Blake e o destronar do poder, ele pensa, enquanto beberica um gole de vinho, enroscado no corpo de Petra, que se remexe inquieta nos lençóis.

-Acorde! Julius a sacode impaciente, assustando -a.

-O que há? -Petra desperta assustada, olhando-o com rancor. Sabe em seu íntimo do risco que corre se for descoberta em sua traição, mas ama Julius desde que o viu pela primeira vez e não consegue evitar de estar com ele, encontrando várias desculpas para isso. É submissa a Blake, mas o amor que sente por Julius a torna imprudente ao ponto de correr tais riscos.

- Petra, da última vez que esteve com Blake notou algo diferente? Ele relatou qualquer coisa a você enquanto bebia? Tem alguma informação sobre os planos dele? Usou o sumo da erva que lhe dei ?

-Julius, Blake não bebe nada quando vamos atende-lo em seu aposento, mas quando o faz, suas bebidas são levadas diretamente pelos serviçais de confiança.É impossível droga-lo e se o fizermos,claro que seremos as principais suspeitas.Me peça qualquer coisa ,nunca a morte,por favor.

-Petra,você é a chave para conseguir o que preciso,sabe disso,não é ?Não me traia nunca,em breve me será muito útil,quando a capturada dele for para o harém.Se muito não me engano,acho que Bake a fará preferida dele,então sua missão será aproximar-se dela e ser a melhor amiga.Se ela for mesmo a preferida,Blake contará a ela tudo que precisamos saber e assim conseguirei destrona~lo.

-E eu serei sua rainha,não é mesmo,meu amor? Petra o envolve em seus braços e ambos dão início a uma nova rodada de amor.

Pela manhã Allorah acorda com o movimento dos serviçais no quarto, discretamente finge dormir, mas ouve enquanto uma delas resmunga para outra que o senhor saiu em busca de provisões.

-Ótimo, pensa Allorah. Posso me esgueirar para fora deste quarto e procurar possíveis rotas de fuga, para sair daqui com papai, quando ele se recuperar.

Quando os serviçais saem, Allorah veste-se rapidamente, vai até o leito de seu pai, vê que ele ressona tranquilo. Beija-o na testa e pé ante pé abre a porta e observa se não há ninguém nos corredores. Então ela sai rapidamente do quarto e segue a esmo até alcançar as escadarias.

Allorah desce rapidamente, colocando o capuz da capa que usa, para não ser reconhecida. Cruza o salão principal e ganha liberdade fora do castelo.

-Ahh que delícia sentir esse ar de liberdade na pele, pensa, divertida.

Allorah caminha por todo o reino incógnita. A extensão dele é avassaladora, os portões são avistados muito ,mas muito longe de onde seus olhos podem alcançar.

-Terei de subir até a torre principal e observar se há outra saída que não seja a dos portões ,Não conseguirei faze-lo somente em um dia ,também não posso me ausentar tanto de papai desta forma.

Ela desiste de caminhar até os portões e retorna com passos rápidos sem notar que está sendo observada.

Julius Prescott ,depois de tomar o desjejum saiu à procura de algo que o tirasse do tédio ,mas inesperadamente viu uma figura destoando dos demais no grande pátio do castelo. Resolveu segui-la e apostou mentalmente que ela poderia ser a capturada de Blake, então resolveu arriscar.

Allorah segue em direção a entrada do castelo, em passos firmes. Entra e cruza o grande salão e segue em direção ás escadarias ,mas de repente é puxada pelo braço e sua boca é pressionada por uma mão forte.

-Shhh,uma voz sussurrada próxima aos ouvidos de Allorah,pede que ela se acalme.

O desconhecido puxa-a ainda mais para o interior do que parece ser uma grande biblioteca e a segura pelos ombros revelando:

-Por favor, tenha calma, não lhe farei mal algum. Você é a prisioneira do reino de Antares, não é mesmo?

-Quem é você, está a serviço do odioso? Não revelarei nada enquanto não disser o que pretende e..

-Sou Julius, estava também no ataque ao reino de Drake Jones naquele fatídico dia, pode acreditar eu odiei estar ali, ainda mais que Drake sempre fora um excelente colaborador de nosso reino.

-Conhece meu pai? Sabe o porquê de Blake ter nos atacados? Diga-me por favor, Nosso reino é pacífico e nunca estivemos envolvidos em discórdias.

-Blake o fez por ser uma pessoa vil, gananciosa de poder e riquezas ,minha doce garota.- Julius carrega nas palavras instigando ainda mais a raiva de Allorah e tentando ganhar a confiança dela - Blake despreza quaisquer atos de bondade ou consideração. É uma máquina perfeita de ódio a serviço de seus interesses mundanos. Enfrente-o como puder senhorita. Não há nada de bom vindo dessa pessoa cruel.

- O que faz aqui então? O que faz neste reino cruel?

- Sou o primo dele,infelizmente.Não tenho grande destaque no poder, então sigo ordens, mas há tempos não concordo com elas.

-Blake mandou espancar meu pai, só este ato já me fez odia-lo,Allorah diz,bufando.

-Na verdade fui eu o encarregado de tal vandalismo, por isso quis encontrá-la e pedir perdão,senhorita,eu evitei ao máximo feri-lo da forma que ele ordenou. Que era para deixa-lo ali até a morte.

Allorah vai escutando todas as coisas que Julius relata e um ódio intenso apodera-se de seu espírito. Precisa conseguir apoio de Alfonse o mais rápido que puder e retirar seu pai dali, com certeza Julius a ajudará.

-Preciso conseguir ajuda o mais rápido que puder retirar meu pai deste lugar e chegar até Alfonse, meu noivo. Você pode me auxiliar?

-Mas é claro que sim, senhorita, contanto que mantenha segredo, serei seu fiel amigo. Quando atingir seu objetivo, não esqueça de me retribuir, sim?

Allorah sela o acordo com Julius apertando-lhe a mão estendida, porém não nota o sorriso perverso desenhado em seus lábios.