Introdução à origem da história
Estamos na romântica e badalada década de mil novecentos e sessenta. Mais precisamente em mil novecentos e sessenta e sete. No mundo do pós-guerra, que agora deveria estar em paz, tinha-se no Vietnã um palco de guerra não declarada e sem claras justificativas, o que aquecia e complicava as relações internas e externas nos Estados Unidos.
Desde o final do século XIX, o atual Vietnã em conjunto com o Laos e o Camboja, compunham o território conhecido por Indochina, que era uma possessão da França. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão avançou sobre o Sudeste Asiático, desalojando os franceses e anexando a região aos seus domínios. Os vietnamitas organizados na Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, liderados por Ho Chi Minh, reagiram aos japoneses e no final da Segunda Guerra proclamou-se, na parte norte do país, a República Democrática Vietnã.
Logo depois, entraram em guerra contra os franceses, que continuavam na tentativa de reconquistar a região, e os venceram de forma esplendorosa na Batalha de Dien Bem Phu, em mil novecentos e cinquenta e quatro. No mesmo ano, na Conferência de Genebra, convocada para celebrar a paz, decidiu-se que até as eleições gerais, que seriam realizadas em mil novecentos e cinquenta e seis, o Vietnã independente ficaria dividido em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Nos anos posteriores, ao mesmo tempo em que a Guerra Fria se acentuava, foi crescendo a rivalidade entre o Vietnã do Norte e do Sul, as eleições com vistas à reunificação do país não se realizaram. Em oposição à divisão do Vietnã e ao ditador que os governava, a Frente recebeu imediato apoio do Vietnã do Norte. Com a intenção de acabar com a expansão do socialismo na região, os Estados Unidos começaram a enviar ajuda militar ao governo do Sul e com isso precipitaram o início de uma nova guerra. Após doze anos de participação no conflito e apesar de seu poderoso arsenal bélico, os norte-americanos foram derrotados e se retiraram da região em mil novecentos e setenta e três, quando o governo de Saigon rendeu-se aos seus adversários. No ano seguinte os vencedores promoveram a unificação do país, tornando o Vietnã um estado socialista.
Ainda e juntamente com a União Soviética desenvolvia-se a Guerra Fria, o que fazia proliferar um enorme arsenal de armas atômicas fabricadas por ambas as superpotências da época. Chegava-se mesmo a pensar na iminência de uma terceira grande guerra mundial, muito pior que as duas anteriores e utilizando-se de bombas atômicas.
Piorando o quadro ainda existia Cuba, um pequeno país da América Central produtor de cana de açúcar e fumo, regido pela batuta do recente ditador Fidel Castro desde mil novecentos e cinquenta e nove. Aliado da União Soviética, mantinha um exército de guerrilheiros aterrorizando os governos chamados de democráticos da América Latina, colocando mais pedras nos sapatos do Tio San.
Cuba estava sobre o poder dos Estados Unidos e era um lugar com cassinos e bordéis frequentados pela máfia e pelos fuzileiros dos EUA. Há mais de duzentos anos que a ilha tentava a independência ou anexação aos EUA. Antes da revolução cubana, a população vivia em extrema pobreza, pessoas morriam de doenças cuja cura já existia, milhares eram analfabetos, vivam na extrema miséria, com fome e desempregados.
Em mil novecentos e cinquenta e dois, Cuba estava sob a ditadura de Fulgêncio Batista que chegou ao poder por um golpe militar. Em de julho de mil novecentos e cinquenta e três, formou-se uma oposição contra Batista e Fidel Castro se destacou atacando um quartel de Moncada com um grupo de companheiros. Seu ataque fracassou e todos seus companheiros foram encarcerados. Fidel procurou exílio no México. Em mil novecentos e cinquenta e seis retornou a Cuba para um novo confronto com Batista e novamente fracassou. Refugiou-se na Serra Maestra, na Bolívia, lugar em que começou a planejar um novo ataque, juntamente com Che Guevara, até então médico do grupo.
O ataque de Fidel visava manter a ilha distante do capitalismo americano e juntar-se ao comunismo soviético. Assim conseguiu a simpatia de todos os cubanos. Durante esse tempo Che Guevara, decide entrar em combate com toda coragem e crueldade contra os inimigos. Rapidamente se tornou homem de confiança de Fidel Castro e em pouco tempo torna-se um líder com bastante liderados.
Os revolucionários em mil novecentos e cinquenta e nove ganharam a batalha e Batista se exilou em São Domingos. A partir deste exílio, Cuba se tornou um país comunista comandado por Fidel Castro. Em mil novecentos e sessenta e dois, no auge da Guerra Fria, o presidente americano John Fitzgerald Kennedy fez uma denúncia contra Cuba alegando que havia mísseis soviéticos naquele território, ordenando o bloqueio naval de Cuba. A partir de então, Fidel Castro passou a trabalhar pela inclusão da ilha na América Latina para acabar com o isolamento.
Por causa do bloqueio econômico, Cuba se encontrava em situação crítica. Em mil novecentos e sessenta e cinco os revolucionários decidiram: ou apelavam para soluções políticas e econômicas ou pregariam a revolução novamente. Che Guevara optou pela segunda opção, mas como a América Latina era seu único apoio e não havendo total decisão dos revolucionários, decidiu-se que era suicídio abrandar a revolução em Cuba. Em mil novecentos e sessenta e oito, os dirigentes cubanos sem alternativas diante aos revolucionários, se retraíram, mas as guerrilhas não ultrapassaram o ano de mil novecentos e setenta e cinco.
Internamente, o próprio Tio Sam atravessava uma fase muito negra. A segregação racial, o preconceito e o racismo eram, perante os povos, a grande vergonha do país mais evoluído do mundo. Entre eles, a Klu Klutz Klan se revelava um dos piores problemas.
Essa vergonha, porém, não era privilégio só dos Estados Unidos. Também na parte britânica da África do Sul se cometiam os mesmos crimes com o nome de Aparthait, cuja minoria branca dominava a grande maioria negra. Nesse país o racismo era até bem pior que o praticado na terra do Tio San. Por inúmeras vezes foi boicotado por outros países nos eventos esportivos, culturais e econômicos chamando a atenção do resto do mundo para o problema.
Enfim, a tida como romântica e badalada década era na verdade um emaranhado de guerras, guerrilhas, ódios e preconceitos. Isso fazia prosperar a indústria bélica de todos os países, inclusive no nosso.
As nações eram nitidamente divididas entre pobres e ricas, ou mascaradas na f
Por aqui lembranças e eventos culturais
Considerado esquerdista pelos setores mais conservadores, e, portanto uma ameaça, sofreu pressões políticas comandadas pelo partido de oposição da época, a UDN e pela cúpula, qu
Na economia, os militares adotaram medidas, um tanto quanto, impopulares, visando equilibrar as finanças internas, resgatar capacidade de crédito externo e atrair capitais estrangeiros. Internamente, restringiram o crédito e coibiram os aumentos salariais para conter a capacidade de consumo da população e, consequentemente, diminuir a inflação que, naquele momento, ultrapassava os oitenta por cento. Para controlar o déficit nas contas do governo, aumentaram impostos, tarifas públicas e o corte de despesas na administração. Alguns direitos tr
Os protestos se espalhavam em todas as direções da sociedade. O movimento operário desafia o regime militar: em Contagem, região de Minas Gerais, Osasco, em São Paulo e no Rio de janeiro pipocaram greves que demonstravam a insatisfação com a política do governo e, sobretudo com o arrocho salarial.
Em mil novecentos e sessenta e sete, o país, poeticamente chamado de “O Gigante Latino em franco desenvolvimento”, nada mais era, na verdade, que um subdesenvolvido governado por atos e decretos militares nada condizentes com o espírito nacional. Desde o golpe militar que derrubou o governo Jango, o gigante atravessava o terceiro ano da ditadura, regime este que começava a estender-se por todos os países do continente sul-americano. A repressão era total e o Ato Institucional número cinco estava a todo vapor, ceifando direitos constitucionai
O povo não compreendia bem porque chamavam de comunistas aos idealistas que clamavam por democracia. Até onde se podia saber, comunistas viviam num governo minoritário e formado por uma cúpula dona de tudo. O cidadão nada tinha. Tudo pertencia ao estado e o ser humano era apenas uma peça sem muita importância da enorme máquina governamental. Era incapaz de pensar e de agir, de sonhar e até mesmo sem o direito de ter esses sonhos. O pobre mortal via no atual governo tudo isso junto, mas diziam que eram democráticos e, aos poucos, iam fazendo
Nesse clima e de certa forma alheios a ele, um grupo de jovens estudantes secundaristas começava a se conhecer num colégio público no bairro de Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo. A propósito, eu, Mário, fazia parte dessa turma alegre e descompromissada, juntamente com o Marcos, a Hilda, a Purci, o Salvador, o Saulo, a Sônia, a Marlene, a Rosa, o Zig, o Janjão, o Aita e tantos outros cujos nomes não mais me lembro. Afinal, passaram-se quase trinta anos.
Último capítulo