[Carol]
Que loucura! Quando acordei, estava no hospital? Uau! Consegui me superar dessa vez. O médico ficou me perguntando várias coisas e eu querendo que ele calasse a boca, porque estava com dor de cabeça. E contei isso a ele, que saiu de perto de mim, demorou e voltou falando que eu teria que fazer um exame. Ele me levou para uma sala com um aparelho gigantesco.
— Eu vou ter que entrar aí? — perguntei a ele quando vi aquele troço redondo e apertado. Ele concordou. Tirando meu buraco, odeio lugares apertados! Mas entrei nessa porcaria.
Coágulo... Não sei nem o que é isso. O importante é ir pra casa e dormir porque esse tal coágulo está acabando com o resto de neurônio que restou na minha cabeça. Fomos para casa e eu fui direto para a cama.
No dia seguinte escutei a voz do Erick na sala falando com o Fabrício. Ouvi o barulho da porta e fingi que estava dormindo. Fabrício entrou e para minha infelicidade, me sacudiu. Não vê que eu estou dormindo cara?
— Carol, você tem que tomar o remédio — disse me entregando o remédio e um copo de água, peguei e tomei. Olhei de novo e o Erick estava ali dentro. Que maravilha!
Fabrício saiu do quarto e ainda fechou a porta. Qual foi? Que irmão que deixa a irmãzinha sozinha no quarto com um garoto?
— Carol...
Tentei ao máximo olhar para ele, mas não consegui. Ele se aproximou da cama e sentou nela, ficando de frente pra mim, porque eu corri? Ia ser tão mais fácil...
— Me desculpe?
— Por quê?
— Por ter te beijado assim. Foi coisa de momento. Não quero estragar nossa amizade.
Coisa de momento, claro.
— Tudo bem, Erick. Passou.
Ele me abraçou.
[Fabrício]
Depois que meus pais morreram, fiz de tudo para não me separarem da Carol. Sei que não sou o irmão perfeito, mas acho que ela prefere morar comigo. Sempre faz o que quer. Tento, mas não consigo controlá-la. Tem um gênio difícil demais! Se mete em cada uma que eu fico chocado, como pode? Desde criança, sempre foi perturbadinha, mas a amo assim mesmo.
Como poderia rir depois das fugas e das coisas que ela sempre apronta? Claro que acho graça depois que passa! Porque na hora fico bem irritado! E quando penso que ela não pode mais me surpreender, adivinhem? Ela sai com algo novo. Incrível!
Estava trabalhando, tenho dois empregos de meio período, entregava pizza à noite e a tarde ajudava na cozinha, era no mesmo restaurante, só que à noite eles também entregavam pizza e eu fui o candidato a entregar.
Quando vi o número da diretora no meu celular, já logo pensei que a Carol tinha se metido em encrenca de novo e respirei fundo antes de atender. Só pode ter brigado com aquele garoto maluco e levado outra suspensão. Mas para a minha surpresa, era pior do que eu imaginava!
— Oi Fabrício.
— O que a Carol fez agora? — perguntei nervoso.
— Bem, aconteceu uma coisa chata...
— O que?
— É que a Carol caiu da escada. E estou com ela no hospital agora. O médico disse que precisa fazer um exame nela e precisa da sua autorização.
Fiquei mudo por um momento.
— Estou indo ai... — Desliguei. Não é possível! Viu? Como eu disse, ela sempre inventa algo novo! Avisei meu chefe e corri para o hospital.
Eu não sei como ela ainda está inteira! Sempre arruma um jeito de ter algum machucado, mas coágulo? Caramba estou ficando preocupado. Qual será a próxima coisa?
[Erick]
Depois da aula, fui correndo a casa dela ver como estava. Fabrício me disse que ainda estava dormindo. Eu ia voltar depois, mas ele disse que teria que acordá-la para o remédio, então fiquei. Esperei o Fabrício dar o remédio a ela, ele saiu e fechou a porta! Nossa por essa eu não esperava. Acho que ela também não porque olhou a porta como se pudesse abri-la com a mente...
Cheguei perto e pedi desculpa, não tinha mais o que fazer. Pela reação que teve, não gostou do que eu fiz e como não queria ficar longe dela, disse que foi coisa de momento o que era mentira. Mas é melhor tê-la perto sendo amiga do que ficar sem ela.
Dois dias se passaram. Voltamos a ser o que éramos. Ainda bem! Não queria perdê-la. Ela me chamou para sair. Esperava no corredor olhando a rua. Logo senti uma mão nas minhas costas. Olhei para trás e ela sorria pra mim, estava com um shortinho curto e uma camiseta coladinha, deixando só um pedaço do short aparecendo.
— Vamos? — perguntou sorridente.
— Vamos! — respondi enquanto segui ela em direção ao elevador, que estava demorando, alguém estaria segurando ele? As crianças faziam isso de vez em quando. Olhei para ela que tinha puxado a blusa para cima e olhava alguma coisa na barriga.
— Nossa, como você tem banha... — falei brincando. Ela levantou a cabeça me olhando de um jeito que achei que fosse morrer ali mesmo. Será que falei besteira?
— Como assim?
Tive que rir, ela está desesperada?
— Olha só... — falei colocando a mão na barriga dela tentando puxar o que não tinha. Ela me olhou de lado.
— Grande coisa! Você tem uma pança gigantesca!
Levantei a camisa e olhei minha barriga.
— Sério?
Ela arregalou os olhos olhando minha barriga.
[Carol]
Meu Deus! Que barriga é aquela?! Já disse que adoro homens com esse tanquinho delicioso? Puxei a blusa dele de volta, cobrindo aquele monumento perfeito.
— Deixa assim é melhor — respondi tentando não olhá-lo.
— Por quê? — perguntou levantando a blusa de novo. Isso não vai prestar...
— Porque sim — falei puxando a blusa dele para baixo de novo.
O elevador finalmente chegou, já entrei enquanto ele ficou do lado de fora me olhando com um sorriso no rosto.
Entrou no elevador também e que maravilha em vez de descer, subiu. Logo eu vi que as pestinhas só podiam ter apertado o botão. Estava para ir ao último andar, ou seja, o 15°. Enquanto esperava a droga do elevador subir para depois descer tudo de novo, me virei para o espelho e tentei ajeitar meu cabelo. Olhei através dele e vi que o Erick estava levantando a blusa do outro lado. Ele está me testando? Só pode ser isso. Fingi que não vi e continuei mexendo no meu cabelo. O que só piorava a situação dele.
— Já chega!
Ai minha nossa! Perdi o controle de mim mesma! Fui até ele, o empurrei na parede do elevador e o beijei. Passava a mão na sua barriga.
Pronto conseguiu! Me tirou de mim. Ele logo colocou uma das mãos nos meus cabelos e a outra na minha cintura, me puxando para mais perto.
A gente se separou quando o elevador parou e ele me olhou com um sorriso no rosto. Droga! Olha o que ele me fez fazer? Segurei o braço dele e fui puxando-o para fora do prédio. Quando a gente chegou lá fora, soltei o braço dele e fui andando na sua frente. Não sei lidar com essas coisas, sou toda atrapalhada, capaz de arrancar algum pedaço dele...
Ele segurou meu braço me fazendo parar e veio para minha frente.
— Foi você que me beijou! — falou levantando as mãos. Tive que rir e ele riu comigo.
— Não mostra essa barriga de novo! — falei decidida a não perder a cabeça. Ele levantou a camisa sorrindo pra mim. — Erick! — falei nervosa olhando ela, ele ria de mim. Me aproximei dele e coloquei a mão em sua barriga olhando nos seus olhos. Depois saí andando na frente dele.
— Só isso?
Acho que ficou decepcionado, tive que rir.
Segurei o braço dele de novo e o puxei para andar mais rápido.
— Aonde vamos?
Eu sei que ele tem que se preocupar porque andar comigo não é seguro!
— Naquela praça que a gente foi aquele dia. Tem uma sorveteria ali bem perto.
Olhei para ele, que sorriu e depois mordeu o lábio inferior. Qual é! Ele está me provocando de novo? Balancei minha cabeça e olhei para frente. A gente comprou o sorvete e foi para a praça. Sentamos debaixo da árvore de novo.
Ele tomou o sorvete dele, enquanto eu demorava uma eternidade. Logo deitou na grama.
— Você é muito lerda!
Eu não sou lerda! Só gosto quando o sorvete está derretido, qual o problema com isso? Olhei para o lado e ele estava com as mãos na barriga.
Ah! Que se dane! Coloquei meu sorvete de lado, apoiei a mão esquerda na barriga dele, o cotovelo direito no chão e o beijei. Ele colocou a mão no meu rosto e me beijou de volta. Tenho que admitir, o beijo dele é muito bom!
Me separei do Erick e peguei meu sorvete de volta. Ele continuou deitado na grama, agora com uma das mãos segurando a cabeça e a outra apoiada na barriga. Ficou me olhando “beber” meu sorvete.
Enquanto saboreava meu sorvete de água, Wallace apareceu com os dois colegas dele. Não tenho mais paz?
— Olha só os namoradinhos
Ele tem cinco anos?
— Some daqui! — Só de ver ele meu sangue ferve.
— Sabe... Eu entendo você... — falou olhando o Erick, que o olhou confuso. — Ela tem um gostinho saboroso!
Quando ele disse isso, levantei irritada e joguei o sorvete na cabeça dele, amassando o pote. Wallace ficou me olhando de boca aberta. Depois deu uma olhada de leve para os amigos dele, que de repente foram até o Erick e o seguraram sem dar chance dele se mexer.
— Mas o que é isso? — perguntei irritada olhando o Wallace.
— O que você acha? — falou fechando os punhos. Olhei as mãos dele.
— Pode vir!
Quando ele veio, abaixei e o agarrei pela barriga e o derrubei no chão. Sentei em cima e soquei a cara dele.
Ele segurou minhas mãos e virou, ficando por cima de mim e tentou me bater, mas eu dei um chute nas partes dele, que caiu de lado gemendo. Sentei apoiando a mão no chão para me levantar e ele puxou meu cabelo, me fazendo deitar do seu lado, deitei e dei um tapa bem forte em seu rosto.
Depois levantei e ele levantou também. Respirávamos rápido. Conseguia ouvir o Erick falando para os meninos soltarem ele, mas eles não soltavam.
Wallace veio na minha direção segurando meus braços de novo e eu consegui empurrá-lo, o que o fez se desequilibrar um pouco e soltar meus braços. Ele veio de novo e me deu um tapa, me fazendo cair no chão. Enquanto eu estava de quatro no chão, olhei para o Erick. Os meninos estavam com uma certa dificuldade para segurá-lo agora...
Senti as mãos do Wallace na minha cintura. Logo me levantou e levou pra árvore, me empurrando nela. Bati a cabeça e ele levantou o braço para me dar outro tapa, mas parou e ficou me olhando assustado. O que é agora?
Coloquei a mão no meu nariz e estava sujo de sangue.
[Erick]Quando mostrei a minha barriga e vi que ela ficava mexida com isso. Há! Acho que já sei o que fazer... Fiquei provocando ela quando arrumava o cabelo no espelho. Ela olhava do cabelo para minha barriga alternadamente, enquanto eu segurava para não rir. De repente me empurrou na parede do elevador e… Não faz assim se não eu gamo! Depois me beijou.Já sei o que fazer daqui pra frente pra ganhar um beijo...Fomos para o parque, estávamos tomando sorvete e aquele garoto apareceu. Mas que papo é esse desse imbecil? Tive que rir quando ela jogou o sorvete na cabeça dele, ela sempre me surpreende.Aqueles otários me seguraram e os dois estavam... Brigando? Era sério aquilo? Percebi que era quando vi os dois rolando na grama. Não é possível! Esse garoto deve ter sérios problemas. Me surpreendi quando ele deu um tap
[Erick]Quando ela veio pra cima de mim colocando as mãos na minha barriga, senti meu corpo quente. Se aproximou e quando vi que ia me beijar, a segurei pela cintura e correspondi seu beijo. Ela vai me enlouquecer, estou sentindo isso! Acho que me arrependi do que prometi.Sabia que ela ia me deixar louco, estava tão bom ali com ela, esqueci de tudo naquele momento, só pensava em nós dois, mas ela saiu do nada me fazendo cair de quatro no sofá. Me deixou louquinho e depois falou que estava bom. Tudo bem... Tenho que me controlar agora. Ela é ótima!— Vai ou não?— Acho melhor eu ficar por aqui mesmo.Ela está com medo de alguma coisa?— Aqui no corredor? — perguntei, rindo.— Eu acho muito aconchegante.Essa é boa!— Está com medo de alguma coisa? — Tive que perguntar
[Carol]Quando ele tirou a camisa, meu corpo não me obedeceu. Ui que, que era aquilo minha gente? Sem me controlar, subi na cama e o beijei. Mas fiquei com medo dele querer algo mais... Sabe? Decidi ir para o lado de fora. Se ele me seguisse, ali a gente não ia fazer nada! Eu acho... Ele me seguiu e pra que foi falar aquilo? Não sei o que está acontecendo comigo, não consigo me segurar, tenho que beijar ele.Acordei bem tarde no dia seguinte. Adoro domingos, domingos são feitos para dormir! Quando levantei e fui para a sala, dei de cara com Edgar.— O que aconteceu com você? — perguntei sarcástica, tinha dias que não ia lá em casa. Ele deu uma risadinha irônica e fui para a cozinha tomar meu café.— Coloca no canal ai Edgar! — disse Fabrício.Ele pegou o controle da TV e trocou o canal. A campainha to
[Erick]Fabrício me chamou para ver o jogo na casa dele com meu irmão. No princípio, achei que era pra me matar depois da noite anterior, mas resolvi arriscar. Toquei a campainha e ele atendeu e me cumprimentou normalmente. Graças a Deus! Entrei e vi a cara da Carol de quem não gostou muito da ideia. Sentamos no sofá e o jogo começou. Fabrício era do mesmo time que o meu, enquanto Edgar era o rival. Olhei para a Carol e a vi dormindo toda torta no sofá, dei uma risadinha e quando olhei para a TV, meu time fez gol. Gritamos comemorando e ela caiu do sofá, não tem jeito ela tem que cair SEMPRE!A campainha tocou e era uma garota de cabelos negros, percebi que meu irmão e o Fabrício ficaram a olhando com a mesma cara, acho que isso não é bom... E a Carol percebeu, porque fechou a porta para a decepção dos dois.
[Carol]Quando eu vi no celular do Fabrício uma mensagem da Sara… Ai que raiva que me deu! Falei tanto para ele não mexer com ela, será difícil entender? Virei o bicho! Peguei o sapato mais alto que eu tenho, que eu não uso é claro e fui atrás dele, que estava saindo para encontrar ela! Quando cheguei ao corredor, joguei o sapato para acertar ele e acertei o Erick. Não sei como ele ainda anda comigo. Gostaria de saber o motivo.Chamei-o pra ficar comigo em casa. Ainda bem que fiz isso porque começou a chover e eu tenho pavor de trovões.Estávamos vendo um filme quando a luz resolveu acabar.— Que ótimo! — falei irritada. Estava começando a escurecer! Sabe-se lá a hora que o Fabrício vai voltar.— Vou ver se tem luz lá em casa.Mas como teria? O prédio
[Carol]Wallace me ajudou a levantar. Agradeci e ia embora, mas ele segurou meu braço.— Me solta!— Espera, não quero briga. Quero falar com você.Se quer falar solta meu braço né! Acho que leu meu pensamento porque soltou.— Conversar o quê?— Queria te explicar porque implico tanto com você.— Isso é óbvio! Você me odeia!— Pelo contrário.— Como assim?Ele está me deixando nervosa.— Eu sempre gostei de você, mas não sabia como dizer isso. Brigar foi uma forma de ter um contato. — Eu estava de boca aberta. — Mas depois que o Erick chegou, você nem brigar comigo quis mais. Porque ele não deixava.— Claro né! Onde já se viu um garoto brigar com uma garota?
[Erick]Estava parado no mesmo lugar e senti uma mão no meu ombro. Olhei pra trás e o Edgar e a Sara estavam ali.— O que aconteceu? — ela perguntou chorando vendo a Carol no chão.— Eles estavam brigando e ela saiu correndo...Eu estava chorando e não ligava se estivessem vendo.A ambulância chegou e a socorreu.Eu, Edgar e Sara fomos atrás dela com o carro de Edgar. Fabrício estava na ambulância. Quando chegamos ao hospital, os médicos falaram para esperarmos na sala de espera. Fabrício estava sentado no sofá com as mãos na cabeça chorando muito, me aproximei e sentei do lado dele.— Fabrício...Ele levantou a cabeça e me olhou. Estava bêbado?— O que aconteceu?Ele não respondeu, só abaixou a cabeça de novo.Ficamos
[Carol]Depois que o Erick me abandonou e o Fabrício começou a encher a cara, minha vida virou um verdadeiro inferno! Ele não me deixava sair. Eu estava entrando em depressão! Não queria nem sair da cama mais. Fabrício chegava mamado da rua e vinha descontar suas coisas em mim. Eu tinha que trancar a porta do quarto pra ele parar. Ele estava ficando louco e eu não tinha ninguém pra me ajudar.Os dias que chegava mais bêbado do que nunca, quebrava tudo dentro de casa, não tínhamos mais televisão, micro-ondas, telefone, pratos, copos e nem meu celular ele deixou escapar, estava me vendo louca na minha própria casa e quando ia falar com ele para parar, me machucava. Era muito triste o que estava acontecendo e eu não sabia como ajudá-lo.Um dia desses, ele chegou tão ruim, mais tão ruim que não conseguia ficar em