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2° capítulo — À volta pra casa.

[Erick]

Acabei de me mudar para a cidade e no dia seguinte tinha que ir à escola. Devo confessar que não gosto muito de escola nova, não sei que pessoas vou encontrar, se são legais, mas tenho que estudar, então... A professora me apresentou e disse para sentar perto da porta, obedeci.

Ela seguiu para o fim da turma com um livro na mão, me estiquei um pouco e vi uma garota de cabelos castanhos dormindo com a cabeça apoiada no braço, que estava esticado. A professora chegou perto dela e jogou o livro na mesa com toda força, fazendo a garota dar um pulo. E quando respondeu a professora, jurei que ela fosse agarrar o pescoço da menina, mas apenas a mandou para a secretaria. Quando passou por mim me olhou de um jeito estranho e foi embora.

Um tempo depois alguém bateu na porta e como eu estava perto, abri. Que bom, virei porteiro agora. Quando abri a porta, ela sorriu sem graça pra mim. Sorri de volta, era muito bonita e pelo jeito bem divertida

Me surpreendi quando ela me disse que era minha vizinha. E fiquei feliz que ia ter alguém para me acompanhar até em casa.

No dia seguinte o Edgar me ligou e me chamou para ir à praia. Bom, o dia está ótimo, eu não conheço ninguém, que mau teria nisso?

Estava dando uma volta pela praia e me deparei com uma cena estranha, um garoto loiro segurando o braço da Carol. Parecia estar apertando. Me aproximei e escutei-a dizer que estava machucando. Isso me tira do sério! Odeio esses carinhas que acham que tudo tem que ser na ignorância com as meninas.

Pedi para ele a soltar e o cara era tão idiota que ficou rindo. Se ele a segurasse mais um pouco, acho que eu quebrava a cara dele ali mesmo...  Mas ele soltou e foi embora.

Depois de ser deixado para trás pelo meu irmão, perguntei se poderia ir com ela, que me deu uma resposta engraçada, mas realmente começou a chover.

— De onde você tira essa sorte? — perguntei brincando com ela.

— Acho que nasci com ela — respondeu rindo. — Não é bom você andar muito comigo, isso pode ser contagioso! — disse ainda rindo e me fez rir também.

Seguimos para casa. Chovia muito e eu estava encharcado. Ela também. Estava com a blusa transparente. Não que eu estivesse reparando muito sabe... E os cabelos dela, colados no seu rosto e corpo, ela tinha os cabelos longos, quase nos cotovelos. Enquanto eu andava pensando na vida e observando-a disfarçadamente, ela estava calada. Nunca pensei que fosse vê-la calada, mas ela estava.

Um grande clarão se deu no céu, seguido de um mega barulho de trovoada. Quando dei por mim, ela estava pendurada no meu pescoço. Estava rezando? Tive que segurar o riso.

— Desculpa... — falou se afastando de mim com o rosto vermelho.

— Sem problemas — respondi segurando para não rir. Gostei desse jeito doido dela de ser.

Finalmente chegamos ao prédio e para o meu dia de sorte, minha mãe tinha saído e eu estava sem chave.

— Realmente isso passa... — falei quando tentei abrir a porta de casa e estava trancada. Ela riu de mim.

— Se você quiser, pode tomar um banho aqui em casa, te empresto uma roupa do meu irmão. Enquanto sua mãe não chega.

— Er... E seus pais?

Percebi que ela desviou o olhar.

— Não estão mais com a gente. Se é que me entende...

Acho que eu poderia ter ficado quieto.

Ela abriu a porta do apartamento e parecia não ter ninguém lá.

— E seu irmão?

— Sei lá, tomara que demore bastante!

Nossa quanto amor! Entramos e ela foi para algum lugar e voltou com uma toalha, uma blusa e uma bermuda do irmão dela.

— Eu sei que ele é cafona, mas é o que eu posso te oferecer.

Peguei as coisas da mão dela rindo.

— Você não vai primeiro?

— Eu tenho um banheiro no meu quarto. Pode ficar à vontade, tá? Daqui a pouco eu volto.

Ela foi para o quarto dela e eu para o banheiro.

Terminei de tomar banho e voltei para a sala. Era um lugar pequeno, mas aconchegante. Carol apareceu na porta do quarto, veio na minha direção, pegou minhas roupas molhadas e levou pra algum lugar.

— Você está com fome?  — Ai meu Deus de onde ela surgiu? Que susto. Ela riu com o pulo que eu dei.

— Estou — falei olhando para ela, que virou as costas e foi pra cozinha. Fui atrás.  — Você não vai colocar fogo na casa, não é?

— Na verdade, eu já fiz isso umas... Quatro vezes.

Ela me olhava e eu nem sabia o que responder.

— É brincadeira, seu bobo! — disse rindo da minha cara. Que alívio. Mas não quer dizer que não possa acontecer, né?

Ela preparou um lanche. A ajudei só pra garantir. Comemos e estava muito bom. Então  escutei um barulho na porta, era o irmão dela. Será que ele vai achar ruim de me ver aqui com ela?

[Carol]

Que droga, odeio trovões! Ele deve ter me achado uma idiota... Mas como eu sempre pago mico, tanto faz. Fomos para casa e para a sorte dele, não tinha ninguém em casa e ele ficou do lado de fora, isso foi engraçado. Chamei-o para tomar banho lá em casa, o que eu poderia fazer? Deixar ele do lado de fora, molhado esperando a mãe? Sacanagem.

Tomei meu banho sossegada. Ainda bem que o Fabrício não estava em casa.

Logo que a gente terminou de comer, meu irmão chegou. Vai encher a paciência...

Ele entrou em casa e olhou para mim, depois para o Erick e de novo pra mim. É agora...

— Eu juro que tranco a porta com você dentro amanhã! — disse irritado. Cara não está vendo que temos visitas? Não baixe o nível, por favor.

— Não posso ir à praia?

Notei que o Erick me olhava.

— Vai que você encontra aquele garoto retardado?

— Eu encontrei.

Me fuzilou com os olhos.

— Mas não aconteceu nada! O Erick me ajudou.

Olhou para o Erick agora.

— O que ele fez com ela? — perguntou para o Erick.

— O loirinho?

Concordei com a cabeça, quando ele me olhou perguntando.

— Ele só estava segurando ela pelo braço e eu falei pra ele soltar.

— Só isso?

— O que mais poderia ter acontecido?

Ele não sabe de nada mesmo, estava com cara de confusão.

— A Carol briga com esse garoto como um moleque!

Erick me olhou surpreso e eu olhei para o chão.

— Como assim? — perguntou confuso.

— Eles saem na porrada! — Pude ver que ele riu. Fabrício não gostou muito. — Você não sai amanhã!

— Ah Fabrício, que saco! — Ele me olhou furioso e eu cruzei os braços. — Se eu sair com ele... — Apontei para o Erick. — Você deixa?

Fabrício ficou pensativo enquanto olhava para o Erick.

— Talvez... Vou pensar no seu caso.

Sorri largamente e ele tentou segurar um sorriso, em vão. Há! Campeã mais uma vez!

Ele foi tomar banho, pois também estava molhado.

— Er... Vou ver se minha mãe chegou.

— Tudo bem. 

Coitadinho, acho que nunca mais vai querer me ver.

— Depois eu devolvo as roupas do seu irmão.

— Tá bom.

Ele me odeia.

***

No dia seguinte acordei com o sol na minha cara. Droga esqueci de fechar a porcaria da cortina. Levantei para fechá-la e vi o Erick na sacada da casa dele, que era ao lado da minha diga-se de passagem.

Abri a porta e fui para o lado de fora. Ele me olhou e sorriu. Será que não me odeia? Quando dei um passo para frente, caí sentada no chão.

— Fabrício! — gritei irritada.

— Que foi? — Apareceu rápido na sacada.

— Isso é cerveja? — falei enquanto cheirava minha mão. Que nojo! Ele riu de mim. Eu realmente devo ser uma grande piada. — Sai de perto de mim! — gritei com ele, que saiu rindo alto. Oii? Os vizinhos estão te ouvindo, retardado!

Levantei xingando mais uma vez. Erick estava apoiando os cotovelos na cerca da sacada enquanto segurava seu rosto com as mãos, ai que mico!

— Você está bem?

Sei que você ri por dentro!

— Estou... — Olhei para o chão e vi... Uma calcinha? — Ta de brincadeira né? — gritei para o vento e o Erick me olhou sem entender. Peguei a porcaria com a ponta dos dedos enquanto fazia cara de nojo. Erick riu. — Fabrício! — gritei furiosa. — Eu não vou ficar em casa hoje!

Ele apareceu na sacada e me olhou e depois a minha mão e tomou aquilo de mim.

— Foi sem querer!

— Sem querer o cacete, seu nojento!

Que nojo, que nojo, que nojo!

— Para de gritar! O prédio todo está te ouvindo!

Ah! Agora ele se importa se os vizinhos escutam!

— Dane-se o prédio!

Ele veio pra cima de mim e me afastei.

— Não coloca essa mão podre em mim!

— Carol vai pra rua vai, pode sair! — Virou as costas e voltou para dentro.

Isso foi sério? Enquanto eu quase saltei de alegria, escorreguei de novo, só que dessa vez segurei na cerca e olhei para o Erick, que ria bastante.

— Não está assustado? — perguntei tirando uma mecha de cabelo do rosto com medo da resposta.

— Por que estaria? — respondeu ainda rindo.

— Bom, você mora ao lado de dois retardados.

Ele riu mais. Tinha um sorriso tão bonito!

— Como ele me liberou, vou tomar banho e sair rápido antes que mude de ideia! — falei apressada.

— Aonde vamos?

Eu ouvi direito? Ele quer sair comigo? Eu devo estar tendo um daqueles sonhos de novo, onde o cara bonitão se interessa por mim, só pode.

— Ooii — disse acenando com a mão para chamar minha atenção.

— Não sei. Eu vou tomar um banho e te chamo ai — falei desconfiada. Ele só pode estar preparando algum tipo de armadilha pra me fazer pagar outro mico...

Tomei meu banho rápido, para garantir que o Fabrício não mudasse de ideia, coloquei uma saia justa branca e uma camiseta lilás, um arco no cabelo para domar a juba e saí rápido de casa. Toquei a campainha do Erick impaciente. Ele abriu a porta e me olhou de cima para baixo. Que foi cara? Está tão ruim assim? Para de me olhar!

— Vamos? — falei com pressa e ele sorriu. Segurei sua mão e o puxei pelo corredor. Finalmente entramos no elevador, ah, agora não tem mais jeito. 

— Até que enfim!

Ele me olhou sorrindo. Por que não para de me olhar? Estou ficando encabulada.

— Por que está com tanta pressa assim?  — perguntou quando puxei seu braço para gente sair rápido do prédio.

— É pra se o Fabrício mudar de ideia, não dar tempo de alcançar a gente!

Ele riu.

— Aonde nós vamos?

— Ia te perguntar isso agora.

 Que ótimo dois loucos que saem sem destino, mas pelo menos não estou trancafiada dentro de casa e ainda tenho a companhia do Erick. 

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