THEO— Você só pode ser idiota! — Lenna reclamou assim que me viu caminhando pelos corredores, quase quinze dias depois da briga. — Todo mundo ficou sabendo, Theo! Você enlouqueceu? Por que foi até lá ver aquela garota? Achei que já tinha superado!— Eu fui matar a saudade dos meus amigos, Lenna — brinquei, dando de ombros enquanto recebia um tapa na nuca, sentindo minha pele arder com a força dela. Lenna era uma garota alta e muito extrovertida, eramos amigos há quase três anos, a conheci por acaso no shopping e quando cheguei a esta escola, ela foi a pessoa que melhor me recebeu. Tinha cabelos curtos e ruivos, seus olhos eram amendoados e ela quase não usava maquiagem, preferia deixar as pequenas pintinhas, sardas, que cobriam bastante da sua pele, a mostra sempre disse ser um charme seu. — Que amigos, Theodoro? Aqueles caras só faltaram te quebrar no meio! Filmaram a porra da briga, se aquele cara não tivesse separado vocês, você estaria no hospital agora! — ela falava com um to
Depois da briga, tanto eu como Aura ficamos alguns dias em casa. Apesar do choque inicial, Tia Victoria insistiu que nós precisávamos de um descanso, e ela não estava errada. Apesar dos meus pais estarem muito menos irritados, as coisas na minha casa ainda estavam um pouco estranhas e na casa de Aurora não era diferente. Além do clima tenso e pesado que a volta de Theo gerou, Evangeline e eu estávamos estranhos, estranhos demais. A irmã de Aurora mal me olhava, me ignorava boa parte do tempo e eu não conseguia entender o porquê dela estar chateada, mas sabia que aquilo não era só por causa da briga. Então, decidi deixar que Eva viesse falar comigo quando estivesse pronta, apesar de estar me corroendo por dentro, completamente nervoso com a possibilidade da garota que eu gostava de verdade decidir nunca mais falar comigo de forma decente, já que tudo o que trocamos nos últimos nove dias se resumiam a cumprimentos secos e sem vida. — Será que você pode pelo menos fingir que gosta d
DANTE Quando a semana seguinte chegou, a primeira pessoa que vi foi Clay. Enquanto eu seguia para meu armário, o vi caminhando em minha direção, já quase que completamente curado dos hematomas que, com certeza, a briga havia deixado. Ele parecia muito à vontade, mesmo que o assunto “briga” ainda fervilhava pelos corredores. O vi acenar para mim e, quando achei que ele passaria direto, o capitão do time de basquete parou ao meu lado, se encostando no armário que havia à minha direita e suspirando. O encarei por alguns minutos, percebendo a indecisão estampada no rosto dele e suspirando, não entendia o porquê dele desconfiar tanto de mim. — E aí — Clay começou, acertando um soquinho em meu ombro. — Queria falar com você, podemos ir lá fora? Acho que te devo explicações. O capitão parecia tímido e sem jeito, pela primeira vez, estava vendo os traços da pessoa tímida que todos diziam que ele era. Suspirei pesadamente, encarando-o por alguns instantes antes de indicar a saída com
AURORA Voltar à escola foi mais tranquilo do que achei que seria. Sabia que as fofocas ainda estavam rolando, que todos ainda estavam comentando sobre o que aconteceu no baile, mas não me importava mais, Theo não apareceria de novo e eu ficaria bem, com toda certeza eu ficaria bem. Mal prestei atenção nas aulas, estava aérea e distraída, então, mal percebi o tempo passar. Quando o sinal soou, avisando que era hora de ir para casa, não demorei a sair ainda recebia alguns olhares e, apesar de todos se esforçarem para fingir que nada estava acontecendo, eu sabia que todos estavam curiosos. Uma curiosidade que se arrastava desde o primeiro ano. Segui pelas escadas e caminhei em direção ao meu armário, enfiando meus livros lá dentro e pegando minha bolsa, colocando-a nas costas e batendo a porca com certa força, me virando somente para encontrar Dante atrás de mim, algo que me assustou. — Caralho! O que está fazendo atrás de mim como se fosse um fantasma? — perguntei, meio mal
DANTEInfelizmente o trajeto não era tão longo quanto eu queria ele era na verdade curto demais. Os braços delicados de Aurora se apertavam cada vez mais a mim sempre que eu acelerava um pouco além do limite o que me fez fazer isso muitas vezes somente para senti-la colar o corpo ao meu e ver seus olhos se fecharem com força pelo retrovisor, ela era graciosa e perfeita em tudo o que fazia. E eu precisava parar de repara nisso, ou acabaria em um caminho que com toda certeza, seria um caminho sem volta. Será que ainda tinha tempo para voltar atrás? Eu não sabia responder, tudo o que eu sabia era que aquela garota estava alugando um apartamento na minha cabeça, afinal, eu pensava mais nela do que em qualquer outra coisa e aquilo me enlouquecia. Pensava em Aurora das formas mais quentes as mais singelas pensava em seus sorrisos, em seus olhos brilhantes quando se animava com algo. Mas também pensava em sua boca carnuda, em sua pele quente e em como seu corpo era debaixo daquelas roup
AURORAQuando finalmente entrei em casa, encontrando a sala vazia e silenciosa me permiti respirar novamente. Sentia meu coração acelerado, minhas pernas estavam meio moles e eu jurava que estava até um pouco tonta, tudo isso era nervosismo? Tudo isso era causado por Dante? Deixar um beijo no rosto dele só deixou as coisas piores. Assim que me aproximei senti aquele cheiro marcante e tão sedutor, tão atraente. Quando meus lábios encostaram em sua pele quente e macia, eu desejei estar beijando sua boca e não sua bochecha. Claro que ninguém além de mim saberia daquela informação, mas saber que eu desejava Dante na mesma intensidade que ele me desejava, ou até mais, estava me atormentando. Era mesmo só desejo?Claro que era mas que pergunta idiota! Não podia ser nada além disso, eu não queria que fosse nada além disso, afinal, admitir que Dante me enlouquecia daquele modo era admitir que eu estava apaixonada e isso eu não estava, ao menos eu torcia para não estar. Tentei me ocupar d
Antes mesmo da aula acabar eu já estava saindo da escola. Não era do meu feitio matar aula, mas hoje eu tinha um motivo especial para fazer isso, muito mais que especial, na verdade. Sai da sala de fininho e caminhei pelos corredores em direção ao meu armário, guardando tudo o que eu precisava guardar lá dentro e fechando a porta o mais silenciosamente possível, torcendo para nenhum aluno enxerido aparecer e estragar minha fuga. Deixei o armário trancado e, a passos rápidos, segui em direção à saída da escola, passando pelas grandes portas duplas que me deixavam no jardim. Minha saída silenciosa estava indo bem até que, subitamente, uma parede alta de músculos interceptou meu caminho. Dante tinha as sobrancelhas erguidas, sua mochila presa no ombro direito e a testa um pouco suada, não conseguia acreditar que, àquela hora da tarde e naquele calor ele estava treinando. O encarei com certa descrença e ele continuou me olhando com uma expressão de interrogação no rosto. — Que é? — pe
Enquanto andávamos pra lá e pra cá eu a observava, tão sorridente e relaxada, se divertindo como nunca havia visto. Eu estava tão feliz quanto ela com aquele momento com as brincadeiras bobas e com os risos sem motivo, tudo era perfeito ao lado dela e, não importava quanto fosse durar, eu vou aproveitar cada instante. Seguimos pelos andares, passamos em lojas e mais lojas, livrarias, lojas de roupas e até uma loja de sapatos quando terminamos, Eva e eu seguimos para um café que tinha uma fachada muito fofa e parecia bastante movimentado. O lugar tinha grandes janelas de vidro que davam uma ótima visão do lado de dentro e contava com mesinhas bonitinhas e cadeiras acolchoadas rosa, além disso, nas paredes haviam pinturas diversas de gatos de todas as cores possíveis. Deixamos as sacolas no guarda volume e seguimos em direção ao balcão para fazer os pedidos, só então eu notei o nome do local e entendi onde estávamos. Era um “CatCoffe” e, dali de onde eu estava, conseguia ver uma área