DANTE Quando deixei a casa de Aurora, segui direto para a casa da minha tia, ainda um pouco distraído, o que não era nada bom, afinal, estava pilotando. Minha tia provavelmente não estaria em casa, mas, infelizmente, Amberthy não me daria tanta paz quanto eu desejava. Aparentemente, minha prima se sentia cada vez mais incomodada com minha presença, principalmente depois da minha entrada no time de basquete. O incômodo dela não me afetava em nada, Amberthy e eu sempre trocamos farpas, mas agora eu não tenho intenção alguma de deixar a cidade, ao menos não por enquanto. Não demorei muito para estacionar minha moto na frente de casa e tirei o capacete, notei que eu teria mais companhia do que imaginei, infelizmente. Havia um carro estacionado na frente de casa e, mesmo dali, eu podia ouvir as vozes animadas de Amberthy e de uma outra garota que eu não conseguia reconhecer.— Que ótimo — murmurei, pendurando o capacete na moto e seguindo para dentro, abrindo a porta sem cerimônia algum
AURORA— Quatro dias de festa? — perguntei, desacreditada, enquanto olhava para Sharon. A morena me encarava como se aquela fosse a coisa mais óbvia do mundo, como se festejar seu aniversário por quatro dias seguidos não fosse um completo absurdo. De fato, Sharon achava que não era. — Por que essa surpresa toda? Eu já até tenho algumas opções de sítios para passarmos esses dias! — Ao contrário de mim, Sharon estava completamente empolgada enquanto falava, puxando uma pequena pasta dentre seus livros e estendendo-a para mim. — Veja, você precisa me ajudar a escolher. Estávamos em uma lanchonete que havia próxima à escola, sentadas em uma mesa que ficava logo ao lado de uma das grandes janelas de vidro que havia no local. Eu queria estar em casa ou, no mínimo, a caminho da escola, mas Sharon praticamente me intimou, às sete da manhã, a ir conversar com ela enquanto tomávamos café. Mas, até certo ponto, eu entendia sua preocupação, afinal, dia 17 estava chegando e, com ele, seu anive
AURORA— Roupas de banho, um vestido de gala e algumas roupas para caminhadas e programas diurnos, vamos fazer uma trilha também — ela falou, enquanto saiamos do carro. — Vai comprar alguma coisa? — Só o biquíni e algumas roupas para as atividades do dia, Clay vai cuidar do vestido para a festa oficial — comentei, sorrindo animadamente e seguindo para dentro com ela. — Tem certeza? — Sharon perguntou com os lábios torcidos e uma expressão incrédula no rosto. Ri levemente e caminhei ao lado dela pela entrada do shopping observando as lojas sem muito interesse, suspirando pesadamente e pensando aonde iríamos primeiro. — Claro que tenho, sabe que ele sempre faz isso pra mim — respondi, sentindo-a me puxar para a direita, em direção a uma loja de roupas de praia. — Você devia ser mais independente — resmungou a morena, jogando os cabelos para trás como se aquela fala fosse digna de um nobel. Sharon me empurrou para dentro da loja com o mínimo de delicadeza possível, olhando para a s
— As coisas na minha casa estão caóticas, meu pai quer que minha mãe vá embora e ela está cogitando voltar para o Brasil — ela continuou, com a voz trêmula e esganiçada, tentando falar baixinho para que ninguém a escutasse. — Eu não quero voltar para o Brasil, Rora, nem quero que meus pais se separem! Eu sempre achei que teria minha família unida para sempre, sempre quis ser igual a eles, mas as coisas estão tão ruins! Estiquei minha mão para ela e toquei seu ombro, apertando um pouco e tentando mostrar que eu estava ali. Sentia um misto de emoções que iam muito rápido da tristeza à raiva. Não dos pais dela, claro, nem todos os casamentos duram para sempre, mas de mim, de Dillan, de todos que conviviam com Sharon por tempo suficiente para saber quando ela não está bem, nenhum de nós notou. — Sharon… Se quiser, você pode passar alguns dias na minha cara — ofereci, arrastando minha cadeira para perto dela e a abraçando. — Não é uma mansão como a sua, mas meus pais vão gostar de te rec
DANTEEncarei Theo com os olhos cerrados e foi impossível não notar a tensão que se espalhou pelo ambiente. A ruiva olhou para mim e, depois, olhou para o amigo, com uma expressão confusa, Amberthy não se pronunciou sobre a troca de olhares agressivos entre nós dois, ela agia como se nada estivesse acontecendo e só parou de falar quando a conversa se tornou insustentável. — Algum problema, meninos? — a ruiva perguntou, olhando para mim com certo nervosismo. — Vocês se conhecem? A pergunta dela foi ignorada por mim e por ele, nenhum dos dois desviou o olhar ou se moveu ficamos ali por vários segundos e quando percebi que ele não iria sair sem que fosse posto para fora, inspirei e movi os olhos, unindo as sobrancelhas e tentando manter a voz contida. — Você tem cinco minutos para sair da minha casa — falei, olhando para Theo com ódio, cerrando minhas mãos com força para controlar meu impulso de acertar um soco na cara dele. Theo não fez nada sequer se moveu, vi suas sobrancelhas se
AURORA No dia seguinte, toda a escola estava uma completa desordem por conta da animação e da ansiedade para a festa da morena mais popular daquele lugar. Sharon entregou os convites durante a manhã inteira e também em parte da tarde, então tudo estava um misto de animação e tristeza, animação por parte dos convidados e tristeza por parte dosa que não tiveram seu nome na lista. Claro que recebi meu convite, assim como Clay, fomos os primeiros a ter a presença confirmada e receber as instruções para não perdermos o ônibus que levaria todos para o lugar. Sharon explicou, detalhadamente e mais de uma vez, que deveríamos chegar na escola antes das sete, pois aquele seria o ponto de encontro onde todos seriam recolhidos. Por sorte, ela não me quis lá antes, eu odiaria precisar arrumar minhas coisas às pressas para chegar no dia anterior. Segundo a aniversariante, tudo já estava organizado e só aguardando seus convidados. No convite, além de uma pulseirinha que permitia a entrada no ônib
AURORADito isto, ela caminhou em direção à mesa onde suas amigas estavam sentadas, sem me dar a menor explicação para aquele surto ridículo e me deixando, finalmente, sozinha de novo. Ignorei aquele acontecimento e voltei a comer, terminando pouco depois e correndo para minha próxima aula, que se arrastou exatamente como as outras. Os minutos pareciam horas e quando finalmente acabou, todos os alunos pareciam mais que loucos para sair dali e ir para suas casas se preparar para a viagem do dia seguinte. Eu era um desses, estava realmente ansiosa. Corri para fora junto aos demais e encontrei Clay já na porta do Jipe, me esperando igualmente impaciente. Entrei no carro e coloquei meu cinto, olhando para meu amigo com um sorriso no rosto. — Acho que vou arrumar tudo hoje — ele falou, ligando o motor e acelerando para fora do estacionamento. — Amanhã acho bom você não se atrasar! — Claro que não vou me atrasar, tá doido? — perguntei, dando um tapa na nuca dele e pegando meu cel
DANTEAssim como todos, eu estava eufórico. Não demorou muito para meu convite chegar às minhas mãos e, assim que o peguei, percebi que haviam mais programações do que imaginei, Sharon realmente queria um evento inesquecível. Na manhã seguinte, depois de arrumar minha mala e sair de casa em silêncio, peguei um táxi para a escola. Aparentemente, Amberthy não havia sido convidada e isso me fez pensar que, talvez, eu não fosse o único que sabia daquela estranha amizade com o pária da escola. Assim que o carro estacionou na frente da escola, percebi que não havia sido o primeiro a chegar, pelo contrário, quase fui o último. Todos já estavam ali e alguns até já estavam embarcando no ônibus. Paguei o motorista e, saindo apressado do carro, corri até o veículo, encontrando Marck em meio a pequena multidão de alunos que com certeza ocuparia todos os assentos dos dois ônibus que estavam disponíveis para levar os convidados. — Cara, achei que você ia perder o ônibus! — ele falou, dando dois