— As coisas na minha casa estão caóticas, meu pai quer que minha mãe vá embora e ela está cogitando voltar para o Brasil — ela continuou, com a voz trêmula e esganiçada, tentando falar baixinho para que ninguém a escutasse. — Eu não quero voltar para o Brasil, Rora, nem quero que meus pais se separem! Eu sempre achei que teria minha família unida para sempre, sempre quis ser igual a eles, mas as coisas estão tão ruins! Estiquei minha mão para ela e toquei seu ombro, apertando um pouco e tentando mostrar que eu estava ali. Sentia um misto de emoções que iam muito rápido da tristeza à raiva. Não dos pais dela, claro, nem todos os casamentos duram para sempre, mas de mim, de Dillan, de todos que conviviam com Sharon por tempo suficiente para saber quando ela não está bem, nenhum de nós notou. — Sharon… Se quiser, você pode passar alguns dias na minha cara — ofereci, arrastando minha cadeira para perto dela e a abraçando. — Não é uma mansão como a sua, mas meus pais vão gostar de te rec
DANTEEncarei Theo com os olhos cerrados e foi impossível não notar a tensão que se espalhou pelo ambiente. A ruiva olhou para mim e, depois, olhou para o amigo, com uma expressão confusa, Amberthy não se pronunciou sobre a troca de olhares agressivos entre nós dois, ela agia como se nada estivesse acontecendo e só parou de falar quando a conversa se tornou insustentável. — Algum problema, meninos? — a ruiva perguntou, olhando para mim com certo nervosismo. — Vocês se conhecem? A pergunta dela foi ignorada por mim e por ele, nenhum dos dois desviou o olhar ou se moveu ficamos ali por vários segundos e quando percebi que ele não iria sair sem que fosse posto para fora, inspirei e movi os olhos, unindo as sobrancelhas e tentando manter a voz contida. — Você tem cinco minutos para sair da minha casa — falei, olhando para Theo com ódio, cerrando minhas mãos com força para controlar meu impulso de acertar um soco na cara dele. Theo não fez nada sequer se moveu, vi suas sobrancelhas se
AURORA No dia seguinte, toda a escola estava uma completa desordem por conta da animação e da ansiedade para a festa da morena mais popular daquele lugar. Sharon entregou os convites durante a manhã inteira e também em parte da tarde, então tudo estava um misto de animação e tristeza, animação por parte dos convidados e tristeza por parte dosa que não tiveram seu nome na lista. Claro que recebi meu convite, assim como Clay, fomos os primeiros a ter a presença confirmada e receber as instruções para não perdermos o ônibus que levaria todos para o lugar. Sharon explicou, detalhadamente e mais de uma vez, que deveríamos chegar na escola antes das sete, pois aquele seria o ponto de encontro onde todos seriam recolhidos. Por sorte, ela não me quis lá antes, eu odiaria precisar arrumar minhas coisas às pressas para chegar no dia anterior. Segundo a aniversariante, tudo já estava organizado e só aguardando seus convidados. No convite, além de uma pulseirinha que permitia a entrada no ônib
AURORADito isto, ela caminhou em direção à mesa onde suas amigas estavam sentadas, sem me dar a menor explicação para aquele surto ridículo e me deixando, finalmente, sozinha de novo. Ignorei aquele acontecimento e voltei a comer, terminando pouco depois e correndo para minha próxima aula, que se arrastou exatamente como as outras. Os minutos pareciam horas e quando finalmente acabou, todos os alunos pareciam mais que loucos para sair dali e ir para suas casas se preparar para a viagem do dia seguinte. Eu era um desses, estava realmente ansiosa. Corri para fora junto aos demais e encontrei Clay já na porta do Jipe, me esperando igualmente impaciente. Entrei no carro e coloquei meu cinto, olhando para meu amigo com um sorriso no rosto. — Acho que vou arrumar tudo hoje — ele falou, ligando o motor e acelerando para fora do estacionamento. — Amanhã acho bom você não se atrasar! — Claro que não vou me atrasar, tá doido? — perguntei, dando um tapa na nuca dele e pegando meu cel
DANTEAssim como todos, eu estava eufórico. Não demorou muito para meu convite chegar às minhas mãos e, assim que o peguei, percebi que haviam mais programações do que imaginei, Sharon realmente queria um evento inesquecível. Na manhã seguinte, depois de arrumar minha mala e sair de casa em silêncio, peguei um táxi para a escola. Aparentemente, Amberthy não havia sido convidada e isso me fez pensar que, talvez, eu não fosse o único que sabia daquela estranha amizade com o pária da escola. Assim que o carro estacionou na frente da escola, percebi que não havia sido o primeiro a chegar, pelo contrário, quase fui o último. Todos já estavam ali e alguns até já estavam embarcando no ônibus. Paguei o motorista e, saindo apressado do carro, corri até o veículo, encontrando Marck em meio a pequena multidão de alunos que com certeza ocuparia todos os assentos dos dois ônibus que estavam disponíveis para levar os convidados. — Cara, achei que você ia perder o ônibus! — ele falou, dando dois
AURORA *HORAS DEPOIS*A manhã e à tarde passaram tão rápido que mal consegui explorar o lugar. Quando dei por mim, já eram quase seis da tarde e eu mal tinha tempo para me arrumar antes da festa. Havia acabado de sair do banho e, no quarto que era destinado a Sharon, restavam somente Emy, Megan e eu. — Está ficando linda, Mag — falei sorrindo para minha amiga e me sentando na cadeira da penteadeira, começando a fazer minha maquiagem. Mag vestia um vestido preto, com botas de cano curto, seus cabelos estavam presos de forma elegante e sua maquiagem estava perfeita, diferente de mim, ela já estava pronta. — Você vai arrasar naquele vestido — ela falou, apontando para o embrulho onde meu vestido estava e caminhando até a cama, o abrindo e estendendo sobre ela para que ele ficasse próximo a mim e eu o vestisse mais rápido. — Ele é perfeito!— Clay, como sempre — comentei, rindo levemente enquanto passava a base por todo meu rosto. — Ele tem um gosto incrível. — Eu até achei que ele n
DANTEA vida, em geral, é extremamente engraçada e eu tenho certeza que quem rege o destino e toda essa baboseira tem um senso de humor extremamente sarcástico. Estava em meio ao pessoal do time, não havia visto Aurora em lugar algum desde que havia chegado e segurava minha plaquinha de número cinquenta, a plaquinha premiada, bem firme nas mãos.Estava distraído com uma conversa, Marck estava bem animado para o campeonato, assim como todos os outros, e nós sabíamos que esse era o último fim de semana em que poderíamos fazer corpo mole, logo os treinos intensos começariam. — Número cinquenta, cadê você? — a voz de Sharon soou mais uma vez no microfone e, quando percebi que ela falava de mim, ergui minha plaquinha.Assim que o fiz, todos na festa se calaram e, à medida que eu caminhava em direção à entrada do lugar eu percebi o porquê e um riso enorme tomou conta do meu rosto. Aquele era o momento que esperei por um bom tempo e ele chegou da forma mais inusitada que eu poderia imagina
AURORA — Não adianta negar, todos vimos que ele a levou até lá — falou minha amiga, enquanto começava a desamarrar a venda. Não importa o que viram, com certeza negaria até a morte. Eu mal sentia minhas pernas, mal ouvia o que Sharon falava, estava completamente atordoada. Meu coração estava batendo tão rápido que eu jurava que podia ouvi-lo, minha respiração estava acelerado e minha pele estava quente, sem contar o desejo, claro como a água mais cristalina, que fazia meu corpo se arrepiar e me deixava completamente a mercê de quem havia me beijado. Fazia muito tempo que não me sentia assim e quase não me lembrava da sensação de receber um beijo como aquele, um beijo que me deixou completamente louca. — Está pronta? — Sharon perguntou, sua voz claramente carregava uma nota de malícia e ela parecia alegre demais. Então, bem devagar, ela retirou a venda dos meus olhos, que se abriram assim que me vi livre do tecido, em busca de quem havia me feito passar aquela vergonha pública