AURORA — Não adianta negar, todos vimos que ele a levou até lá — falou minha amiga, enquanto começava a desamarrar a venda. Não importa o que viram, com certeza negaria até a morte. Eu mal sentia minhas pernas, mal ouvia o que Sharon falava, estava completamente atordoada. Meu coração estava batendo tão rápido que eu jurava que podia ouvi-lo, minha respiração estava acelerado e minha pele estava quente, sem contar o desejo, claro como a água mais cristalina, que fazia meu corpo se arrepiar e me deixava completamente a mercê de quem havia me beijado. Fazia muito tempo que não me sentia assim e quase não me lembrava da sensação de receber um beijo como aquele, um beijo que me deixou completamente louca. — Está pronta? — Sharon perguntou, sua voz claramente carregava uma nota de malícia e ela parecia alegre demais. Então, bem devagar, ela retirou a venda dos meus olhos, que se abriram assim que me vi livre do tecido, em busca de quem havia me feito passar aquela vergonha pública
AURORAClay, Emilly e Megan me arrastaram para longe da multidão e, quando paramos de andar, estávamos em um cantinho menos movimentado do salão, um pouco mais distante das pessoas que estavam encarando. Megan não demorou para enfiar um copo de bebida em minhas mãos e, erguendo o copo, eu bebi um grande gole sem nem saber o que era. Com certeza, em uma festa cheia de jovens sem supervisão de adultos ou autoridades, aquilo não seria só um suquinho. Confirmei minhas suspeitas quando senti o sabor amargo e o ardor do álcool descer por minha garganta, me fazendo despertar do transe em que eu estava, voltando a mim e piscando diversas vezes antes de sentir os dedos de Clay em meu rosto. Meu amigo segurou meu rosto entre as duas mãos e me fez olhar para ele, mas, apesar de se esforçar para se manter sério, eu percebi que ele queria rir. — Meu Deus, eu tô muito ferrada — foi a única coisa que consegui dizer, sentindo meu coração ainda disparado e minhas pernas ainda trêmulas. Parecia que
DANTEEu tentei, juro que tentei, de todas as formas possíveis, com todas as bebidas possíveis, esquecer que ela estava ali, há alguns metros de mim, dançando e se divertindo como nunca havia visto desde que ela cruzou meu caminho. A Aurora tímida e fechada havia dado lugar a uma garota completamente desinibida, sensual e sexy, que estava me tirando a sanidade enquanto eu tentava, a todo custo, me manter longe. Mas meus esforços foram por água abaixo, ou melhor, vodca abaixo, quando a vi sozinha, dançando no ritmo de uma música que eu não conhecia, mas que mesmo assim parecia combinar perfeitamente com a sensualidade que ela exibia ali naquele momento. Todos estavam distraídos com suas próprias vidas, com suas próprias vontades. Alguns estavam bêbados demais para notar qualquer coisa, enquanto outros não se preocupavam com nada que pudesse gerar uma fofoca ali, todos queriam somente se divertir. Então, era isso o que eu faria também, aproveitaria a oportunidade, afinal, ela poderia
DANTEPorra. Maldita hora que resolvi me enfiar nessa pista! Não tinha controle do meu corpo, das minhas reações, qualquer toque de Aurora era motivo para meu corpo estremecer e pulsar cheio de desejo e tesão. Beijá-la era a única coisa que eu queria, sua boca era tudo o que eu desejava. Queria sentir cada mínimo detalhe do seu corpo com minha língua, queria ouvir sua voz doce chamando meu nome e ver seus olhos castanhos se revirando enquanto eu a levava a loucura. Desde quando ela me deixava assim? Meus lábios estavam pressionados em sua pele e, bem devagar, eu subia os beijos por seu pescoço, enrolando meus dedos em seus fios castanhos e a mantendo bem perto de mim, arrastando minha boca por seu maxilar enquanto a via sorrir e arfar bem baixinho, fechando os olhos e os apertando com força. Aurora parecia tão empenhada em se entregar quanto eu estava. Ah, se não estivéssemos em uma maldita pista de dança cercado por pessoas que eu veria na semana seguinte. — “Wanna know what it
— Já deu de festa pra você — falei, puxando Aura em direção à saída enquanto ela resmungava. Talvez, só talvez, incentivar ela a beber e curtir a festa adoidada não tivesse sido uma ideia tão boa. Não é como se eu estivesse totalmente sóbrio também, mas estava um pouco mais que ela, logo, tinha um pouco mais de juízo. — Mas você disse que eu tinha que me divertir — Aura murmurou, esticando os braços e bocejando. — Foi muito bom.— Não tenho certeza se você vai achar isso amanhã cedo — comentei, rindo enquanto entrávamos na casa.Arrastei Aura pelas escadas tropeçando nos meus próprios pés enquanto riamos da minha péssima coordenação motora, então, abrindo a porta com um dos pés, a coloquei na cama, tirando seus sapatos e jogando o cobertor sobre ela, que logo se encolheu e fechou os olhos. — Não me lembre de nada disso amanhã — pediu minha amiga me fazendo rir enquanto se virava para o outro lado e, em questão de segundos, caia em um sono profundo. Estiquei meus braços e passei um
DANTE Acordei mais cedo do que queria, minha cabeça parecia querer explodir e meu humor não estava lá essas coisas. A festa, ao menos para mim, acabou mais cedo do que o esperado, afinal, depois que perdi Aurora de vista, meu humor ficou péssimo e o máximo que consegui fazer foi encher a cara. Até pensei em ficar com alguém e lembrava vagamente de ter dançado com Marcela, mas não passou disso, uma dança e só, o que era decadente. Não posso me deixar ficar de quatro por uma garota desse jeito, que porra ta acontecendo comigo? O quarto estava completamente vazio, o que me fez concluir que, apesar de ter acordado antes do que gostaria, já não era tão cedo e a programação do aniversário da rainha da escola continuaria sem mim caso eu não aparecesse, mas não me importava muito, tenho certeza que só estou aqui por causa do time, ou para causar algum atrito na festa e torná-la mais interessante para a aniversariante. Levantei preguiçosamente e caminhei até o banheiro, esticando os braços
DANTEMinha cabeça implorava por silêncio e meu corpo por minha cama, mas Marck não havia saído do quarto até conseguir me arrastar para a maldita cachoeira com ele, então, mesmo contra minha vontade, sai do meu quarto trajando apenas uma bermuda e, por baixo dela, uma sunga, duvidando muito que fosse entrar na água, mas precisava ir prevenido.— Ainda não sei por que estou aqui — reclamei pela milésima vez, olhando ao redor, provavelmente não seria tão ruim, mas me recusava a falar isso em voz alta e dar o braço a torcer.— Relaxa e vai se divertir, cara — Marck respondeu batendo em meu ombro e rindo. — Para de ser rabugento. Seria um desfile de pernas torneadas e bumbuns malhados, biquínis bonitos e curvas delineadas, haveria o que aproveitar. A música tocava alta, havia uma mesa cheia de comida, mas poucas pessoas ligavam para a comida, a maioria estava se divertindo na cachoeira. Sentei na beirada, colocando meus pés dentro da água gelada e observando todos que passavam por al
Estava sentado em algumas pedras submersas, a água batia na altura do meu peito e era tranquila, com poucas ondulações, as pedras formavam uma espécie de piscina natural à minha volta e eu olhava para um árvore onde uma certa conselheira resolveu se isolar. Sabia que hoje, as coisas poderiam esquentar um pouco, mais cedo havia conversado com Aurora e ela estava decidida a colocar Dante em seu devido lugar.Apesar dessa briga de gato e rato que se desenrola entre eles ser divertida, eu me preocupava com ela e, aproveitando a oportunidade e a decisão dela de tentar conseguir a antipatia do moreno, ajudei minha amiga com um plano que envolve uma pessoa que sequer sabe disso. Mas, com certeza, ele sequer vai se importar, afinal, veio de Yale até aqui só para encontrá-la mesmo. — Gostando da festa Clay? — fui tirado dos pensamentos pela voz de Sharon.— Está legal! — Ela se aproximou entrando na água e se sentando ao meu lado. — Sabe que eu não curto muito festas, mas uma boa e velha cac