KATH
— Sua m*****a! — ele gritou com os dentes cerrados e eu queria dizer que eu não tinha feito nada, mas obviamente, eu não podia.
— Argh… — ouvimos Karissa e então Joshua me soltou e correu para ela, ajudando-a a se sentar. Os olhos de Karissa recaíram sobre mim e eu a vi arregalá-los, enfiando o rosto no peito de Joshua.
— Eu vou te levar pro médico — Joshua falou e a pegou no colo. Ela olhou novamente para mim e soltou um chorinho. — O que aconteceu?
Karissa começou a chorar copiosamente.
— E-eu não sei o porquê de você me odiar tanto, Kath! — ela fungou e eu compreendi. Ela tinha armado aquilo. Eu neguei com a cabeça e Joshua soltou um rosnado.
— Foi ela? — abraçou Karissa ainda mais perto dele. — Foi ela, Kah?
— Eu só não sei o motivo! E-eu estava aqui olhando as flores e… e aí ela me atacou. Disse com as mãos que eu era uma vadia e que eu tinha roubado o macho dela. Eu não entendo!
O olhar de Joshua desfocou um instante porque ele estava usando o link mental. Não demorou e Kian estava ali.
— Karissa! O que acontec…
— Leve Karissa para o médico. Eu vou cuidar dessa criminosa!
Ele entregou Karissa a Kian, que finalmente me olhou e eu vi confusão e depois, raiva.
— Eu não a machuquei! Eu juro! — tentei me defender, apenas para receber um tapa de Joshua, que me levou ao chão. Segurei minha bochecha e olhei para cima, meus olhos embaçando com as lágrimas. — Por favor, eu não fiz nada! Os rangers me chamaram…
— Chega! — Joshua me pegou pelo pescoço e me levantou, meus pés deixaram de tocar no chão. — Você vai pagar por isso!
Ele então começou a me arrastar, levando-me para dentro da packhouse e, depois, me vi entrando em algum lugar mais escuro, enquanto Joshua descia escadas.
Não, eu não queria ir para a masmorra! Claro, meus pedidos não podiam ser ouvidos, exceto por mim mesma. Ouvi o som de chaves e metal tilintando, antes de ser jogada ao chão. Minha pele ardeu onde ralou no piso irregular.
Joshua passou por mim e eu ouvi as correntes. Meus olhos se arregalaram e, quando me virei, eu as vi. Correntes de prata.
— Não, por favor, não! — eu implorei em vão. Ele puxou minha blusa pela gola e me levou para mais perto da parede e enfiou meus pulsos nas algemas de prata. Parecia que eu estava sendo queimada onde a corrente tocava!
— Katherine Hewitt, eu amaldiçoo o dia em que você nasceu! — ele disse com ódio e me encarou, segurando meu queixo. Minha sensibilidade estava ruim, mas eu percebi que ele usava luvas grossas. — Eu te odeio. Não sei onde eu errei para que a deusa me desse você como companheira, mas eu não te quero. A única coisa que eu quero de você é a sua morte!
Eu queria poder pedir que ele parasse, que eu iria embora, que ele me soltasse e eu nunca mais apareceria na frente dele. Eu NÃO TINHA machucado Karissa! Por que ninguém nunca acreditava em mim?
Ele deveria ser o meu predestinado, o que me amaria e me cuidaria, porém…
Joshua se levantou e me olhou de cima como se eu fosse um inseto.
— Eu te mandei ir embora, mas em vez de obedecer, você resolveu fazer o contrário — o sorriso cruel dele me mandou calafrios pela espinha. — Danna vai sofrer por sua causa!
Eu balancei a cabeça, chorando. Doía tanto!
“ — Cinder, me ajuda!” — eu pedi, porém, por conta das correntes, Cinder não podia se comunicar comigo. A prata não permitia.
Joshua se foi e eu fiquei ali, no chão.
A noite foi difíciil, porque além da dor da prata envenenando o meu sistema, o frio que passava pela pequena janela no topo da parede estava congelando meus ossos. Todo o meu corpo doía.
O dia amanheceu e ninguém foi até a minha cela. As horas se passavam e tudo era uma confusão na minha mente. Nem fome eu senti direito, mas sede era outra conversa. Minha garganta estava mais seca que o deserto. O peso na minha cabeça me fazia perder a consciência e voltar ao mundo real.
A porta da cela se abriu e eu pude ver pela visão embaçada que era Joshua. Ele caminhou até onde eu estava e eu o vi se agachar, segurando algo em frente a ele. Era um copo? Sim, era um copo!
Eu tentei me mover, implorando pelo que estava no recipiente.
— Você quer? — ele perguntou e eu notei o tom venenoso dele, mas eu não podia me importar mais com isso do que com a sede que parecia aumentar ao saber que tinha líquido por perto. Joshua aproximou o copo do meu rosto e então, ele recuou a mão e bebeu o conteúdo cristalino.
Choraminguei, porque era doloroso. Joshua então enfiou a mão nos meus cabelos e levantou meu rosto. Ele era bonito, disso não havia dúvidas. Era como se tivesse sido esculpido, os olhos tão escuros e os cabelos acompanhavam o mesmo tom, contrastando com a pele clara, levemente bronzeada pelo sol.
O que aconteceu em seguida foi absolutamente fora do que eu esperava. Senti meus lábios sendo pressionados por algo macio e quente. Algo úmido parecia querer entrar e eu parti meus lábios. Água. Água! Avidamente, abri ainda mais a boca e a língua de Joshua acompanhou o líquido e eu tive alívio da dor das correntes, como se vida estivesse entrando em mim.
As duas mãos de Joshua seguravam meu rosto e ele se aproximou mais do meu corpo, porém, minha mente finalmente despertou e eu me dei conta do que estava fazendo. Aquele macho tinha me rejeitado, ele tinha me machucado uma vida quase toda e me prendeu com correntes de prata! Uma das maiores huilhações para um lobisomem. E agora, ele me beijava? Comigo ainda acorrentada?
Ainda que o meu corpo o desejasse, eu não queria sucumbir, porque aquilo só doeria ainda mais depois. Eu parei de corresponder e tentei virar o rosto, mas este estava bem preso nas mãos dele.
— Qual o problema? — ele perguntou quase num sussurro, de uma forma que ele não falava comigo: gentil, carinhoso. Então, acredito que ele também caiu em si, afastando-se de mim imediatamente como se eu fosse a praga. — Merda! Maldito vínculo! Tenho que esperar a droga da próxima Lua Cheia para me ver livre de qualquer resquício!
Já de pé, Joshua chutou a minha perna enquanto limpava a boca no dorso da mão, com nojo. Não foi forte como ele poderia chutar, afinal, ele além de saudável, era um Alfa, mas chutou. Onde estava machucado e doeu.
— Vou te manter viva pra poder te fazer torturar e te ver morrer aos poucos! Você vai pagar pelos seus pecados!
Ele saiu e eu chorei silenciosamente.
A noite caiu e eu estava morrendo de fome. A água havia me aliviado o mal-estar, mas não era o suficiente. A porta da cela se abriu e não era Joshua, mas Karissa. O sorriso dela me enviou um frio pela espinha.
KATHEla era linda, com belos cabelos dourados que iam até a cintura e um corpo de dar inveja. Além de bonita, Karissa era uma excelente guerreira, o que garantia a ela admiração e respeito dos membros do bando. Ela caminha calmamente até mim, sem desviar os olhos. Aqueles olhos azuis que, para mim, não eram como o céu límpido, mas uma poça de água que me afogaria. — Olá, irmãzinha — ela disse com um ar de deboche. — Gostando das suas novas… instalações? Karissa jogou a cabeça para trás e riu. Desde que éramos pequenas, ela era assim. Na frente dos outros, uma irmã exemplar, mas por trás, Karissa buscava me machucar. Depois que perdi a voz, não fui a única a mudar: Joshua, que costumava ser meu amigo, passou a me ignorar e a ficar grudado em Karissa como um cão. Ele inclusive permitia que ela me machucasse, só porque “ela queria”. Ele mentia por ela. — Ah, você não consegue falar, não é? — Karissa me cutucou com a ponta do sapato alto. — Nem mexer essas suas mãos nojentas. Você é
KATHEle segurou as minhas duas mãos e as beijou, enviando ondas pelo meu corpo. — Tudo bem — ele falou e eu soltei o ar. Então, se virou para Karissa, que parecia chocada com a reação do príncipe. — Irmã? Não foi você a causadora do castigo que a minha fêmea recebeu? Karissa apertou os lábios e olhou para baixo. — Sim, Alteza. É que… mesmo que Kath me odeie, eu não consigo deixar de amá-la, afinal, ela é a minha irmã querida. Que cobra mentirosa! Olhei para o príncipe, mas ele não estava com uma expressão que eu pudesse ler. — Saia da frente — foi o que ele disse e eu abri a boca. — Por favor.O tom do príncipe era suave, mas era evidente o deboche dele. Karissa abriu a boca, uma, duas vezes, antes de dar um passo para o lado e nos deixar passar de cabeça baixa. Entramos no carro e eu senti que o veículo não era grande o suficiente para o príncipe. — Pode ir, Mark — ele falou e o lobo atrás do volante, de cabelos loiros muito claros e olhos azuis assentiu. Ele não era um lobis
JOSHUAMinha garganta se fechou quando as garras do lycan esmagavam minhas cordas vocais. O rosto dele estava a centímetros do meu. — Jamais fale assim da que sentará no trono, Alfa Hamilton, ou eu juro que eu o tiarei do seu cargo e farei de você um rogue, preso em uma maldita masmorra! Ele me soltou e eu cambaleei, quase caindo no chão. Por mais que eu fosse um alfa, minha força não chegava perto da de um Lycan. Calma aí… sentará no trono? Levantei minha cabeça para ele, minha mão ainda na minha garganta. — Alteza, o que quer dizer com isso? — eu perguntei, nervosamente e engoli com dificuldade a saliva. — Katherine é muda. — Ela é a minha companheira predestinada — o sorriso nos lábios dele não combinava em nada com o olhar assassino do príncipe. — Agora que isso está esclarecido, Alfa Hamilton, peça que Danna Cohen seja trazida. Por favor. A forma como ele falou as últimas duas palavras me fez trincar o maxilar. Eu queria rosnar, mas eu sabia que isso seria como pedir que el
KATHEu vi quando Reagan segurou Joshua pelo pescoço e o ergueu do chão. Ainda que eu tivesse o meu companheiro, não era como se eu tivesse ficado completamente fria. No entanto, aquela sensação de desespero sempre que eu pensava que ele talvez precisasse de mim e que eu tinha que ajudar, não estavam mais ali.Depois de um tempo, Danna apareceu e eu quis sair, no entanto, a porta não abriu e eu tentei de novo. Aquela divisória que Reagan colocou entre nós e o motorista abaixou um pouco. — Senhorita, o príncipe pediu que ficasse aqui até que ele resolvesse tudo — o lobisomem que se chamava Mark disse e eu não podia responder, afinal, como ele veria as minhas mãos se movendo, se ainda havia uma barreira física entre nós? — Confie nele. Eu apenas assenti, e então me lembrei, de novo, de que o motorista também não veria isso. Reagan caminhou até o carro, eu ouvi as portas destravando e, logo, ele estava sentando-se ao meu lado. A presença de Reagan era incrível. Ele era imenso, sim, m
KATHA viagem até as Terras Reais foi cansativa. Reagan me deixou dormir no colo dele, mas ainda assim, foi desconfortável. Paramos algumas vezes e Danna foi quem desceu para comprar comida, junto com o motorista. — Por que você não veio com mais pessoas? — perguntei e Reagan sorriu. — Porque não vejo necessidade de andar com mais gente. Isso chamaria mais atenção, não é mesmo? — ele sorriu e caramba, aquele macho era mesmo lindo. Ele colocou meu cabelo atrás da minha orelha. — Mas a partir de agora, as coisas serão diferentes. Franzi a testa e levantei os ombros, questionando a afirmação dele. — Você é a minha companheira, Kath. Então, eu preciso ter mais segurança quando você estiver comigo. Eu entendia que ser a companheira do herdeiro do Reino era algo grandioso, mas não tinha pensado muito sobre. Por favor, eu nem mesmo tive tempo pra isso! Danna voltou ao carro e eu a vi toda sorrisos para Mark. Ele não parecia interessado. Não é que ele não sorrise, mas a forma era… acho
KATHA fêmea de cabelos loiros e olhos amarelados — outra mestiça — colocou a mão na cintura e me encarou com desprezo. — Ela nem mesmo tem sangue Lycan. Nem ela e nem essa outra — ela passou os olhos por Danna, antes de se voltar para mim. — Tirem-na daqui! Não pedi por nenhuma criada! — Se-senhorita Cynthia, esta é a companheira do príncipe — uma das omegas disse. Ela estava nervosa, era evidente. — O que disse? — a tal Cynthia perguntou e, após olhar para mim de novo, ela soltou uma gargalhada. — Companheira? Essa coisinha?— Coisinha? Quem diabos você pensa que é pra falar assim da predestinada do príncipe? — Danna, como o esperado, não se aguentou. Tínhamos combinado que ela tentaria controlar o temperamento, porém, eu não poderia culpá-la, não é mesmo? Danna sempre me protegia. — Pre… destinada? — Cynthia torceu o nariz. — Eu duvido. Ela é apenas uma puta tentando… Ah! O tapa que Danna deu nela ressou pelo corredor inteiro. Cynthia levantou a mão para atingir a minha amiga,
REAGAN— Então, você achou a sua predestinada? — meu pai perguntou, sentando-se na cadeira dele com uma bebida em mãos. — Já era hora. Eu inspirei fundo. Nos últimos dois anos, meu pai não parava de me infernizar para que eu me casasse. E não precisava ser com a minha predestinada, afinal, no momento em que eu marcasse outra fêmea, meu vínculo com a escolhida pela deusa seria rompido. Eu fui contra e por isso mesmo eu aceitei passar por todos aqueles bandos, na esperança de encontrar a minha fêmea. E, graças à Sellene, eu a encontrei. — Sim, pai. Pedi que a levassem para a câmara destinada à minha companheira — eu me sentei junto a ele, mas decidi não beber. — E espero que a organização da cerimônia de acasalamente esteja finalizada em dois dias. — Dois dias… creio ser possível. Você a mordeu? — Ainda não — respondi e vi a expressão de desagrado no rosto do meu pai. — Farei isso na cerimônia. Ele estalou a língua. — E há algum motivo específico para que você não tenha nos aprese
KATHDepois que Danna saiu do quarto, eu imaginei que Reagan falaria comigo. Eu queria perguntar quem era aquela Cynthia. Concubina, era isso o que ela era. Se ela era a concubina de Reagan, então, eles eram tipo namorados? Eu me senti esquisita ao chegar a essa conclusão. Reagan tinha uma namorada. Lembrei de Joshua e de Karissa. Por favor, Selene, que aquele cenário não se repita! Ouvi uma batida na porta que ligava o meu quarto ao de Reagan e inspirei fundo, e só me dei conta de que não tinha me mexido por muito tempo quando ele bateu de novo. “Vamos lá, Kath. Você precisa colocar as coisas em panos limpos!”, foi o que eu disse a mim mesma, isso é, até eu ver Reagan na minha frente, com os cabelos úmidos e um sorriso de matar.Ele me pegou no colo e eu me esqueci completamente de tudo o que não era ele. Senti o colchão debaixo de mim, mas o peso de Reagan por cima foi o que tomou minha total atenção. Ele estava sem camisa e eu fiquei maravilhada. Sim, eu já tinha visto outros ma