KATH
Ele segurou as minhas duas mãos e as beijou, enviando ondas pelo meu corpo.
— Tudo bem — ele falou e eu soltei o ar. Então, se virou para Karissa, que parecia chocada com a reação do príncipe. — Irmã? Não foi você a causadora do castigo que a minha fêmea recebeu?
Karissa apertou os lábios e olhou para baixo.
— Sim, Alteza. É que… mesmo que Kath me odeie, eu não consigo deixar de amá-la, afinal, ela é a minha irmã querida.
Que cobra mentirosa! Olhei para o príncipe, mas ele não estava com uma expressão que eu pudesse ler.
— Saia da frente — foi o que ele disse e eu abri a boca. — Por favor.
O tom do príncipe era suave, mas era evidente o deboche dele. Karissa abriu a boca, uma, duas vezes, antes de dar um passo para o lado e nos deixar passar de cabeça baixa.
Entramos no carro e eu senti que o veículo não era grande o suficiente para o príncipe.
— Pode ir, Mark — ele falou e o lobo atrás do volante, de cabelos loiros muito claros e olhos azuis assentiu. Ele não era um lobisomem comum. Provavelmente um mestiço.
— Obrigada, Alteza — eu movi as mãos e então me dei conta de que talvez ele não me compreendesse. Talvez ele não soubesse libras.
Vi o príncipe apertar um botão na porta, fazendo com que uma divisória nos separasse dos bancos da frente.
— Nada de Alteza. Meu nome é Reagan — ele se aproximou mais de mim. — Eu não via a hora de estar sozinho com você.
Agradeci por quem quer que tivesse me dado um banho. Já foi ruim o suficiente encontrar a minha segunda chance naquele estado. Pelo menos agora, no carro, ao lado dele, eu estava limpa.
Ele cheirava bem e o calor do corpo dele parecia me envolver, conforme ele se aproximava lentamente de mim. Ninguém parecia me querer perto, exceto… Arregalei os olhos e me afastei do príncipe, que não entendeu. Comecei a mover as mãos rapidamente.
— Calma, calma, devagar! — ele pediu e eu respirei fundo, voltando a usar os sinais — Sua amiga?
— Sim, Danna! Ela sempre cuidou de mim e… — eu não sabia se deveria dizer.
— Fale, Kath.
— O Alfa Joshua disse que tinha machucado Danna. E… por favor, não posso deixá-la ali!
Não precisei falar mais, porque em seguida, por ordem de Reagan, estávamos retornando.
JOSHUA
Entrei no escritório depois de expulsar aquela… Eu não conseguia acreditar naquilo! Katherine era a minha companheira predestinada! Pensei que… pensei que Karissa seria a minha escolhida pela Deusa, afinal, nós estávamos juntos há dois anos! Como é que eu seria colocado junto com a irmã inútil da Karissa?
“ — Ah, por favor! Você está com ela porque é teimoso!” — meu lobo, Keanu, retrucou na minha mente. “ — Você rejeitou a nossa companheira perfeita! Katherina é perfeita!
Trinquei os dentes. Maldição!
— Ela não era perfeita! Porra, ela é uma muda! — exclamei em voz alta, passando as mãos pelos meus cabelos. — Parece que fomos amaldiçoados, que inferno!
“ — Eu fui, provavelmente, para estar atado a um idiota como você!” — Keanu sempre foi contra Karissa, desde o início. Ele adorava me fazer olhar para Katherine e me repreendia quando eu permitia que Karissa a espizinhasse.
Eu não era imbecil, sabia que Karissa se fingia de boazinha, mas… o que eu podia fazer? Ela tinha me salvado quando eu quase me afoguei. Era meu dever ficar do lado dela e a defender. Além disso, Katherine gostava de usar a mudez dela para fazer pena nos outros. Karissa já tinha me alertado como era na casa delas, com a muda se fazendo de coitadinha. Comigo aquilo não funcionava.
“ — Você vai se arrepender disso!” — Keanu voltou a dizer pela milionéssima vez desde que eu tinha mandado aquela lobisomem para longe.
Quando ela apareceu, e perto de Karissa, machucada, eu soube que fiz certo em mandá-la embora. Mais uma vez, ela estava procurando confusão com Karissa! Não me aguentei e bati nela, só que meu coração se apertou imediatamente. Keanu me amaldiçoou internamente.
Movido pela raiva, a levei para a masmora e a prendi e, depois… quando a beijei, foi como se algo diferente acontecesse comigo. Ela tinha aceitado a minha rejeição — e tudo pra proteger a amiga! A escolheu em vez de mim! — mas eu ainda conseguia sentir a ligação com ela. A atração era como um veneno, me tomando por inteiro, fazendo meu sangue ferver de paixão.
Consegui quebrar o encanto, saí e, não sei por que Karissa me desobedeceu, mas foi falar com Katherine. Eu duvidava que tenha sido porque a ama, porém, mesmo acorrentada, Katherine conseguiu machucar a minha salvadora!
Se Katherine não foi antes, agora não iria mais. Eu a manteria ali. A torturaria porque ela merecia, mas também… eu queria mais daqueles lábios.
Mas meus planos foram frustrados, porque aquele príncipe intrometido tinha que aparecer! Ele a tinha levado e eu não conseguia ficar tranquilo. Ele levou Katherine. Ele a tirou de mim!
“— O que esperava, ele é o companheiro dela!” — Keanu me lembrou, cheio de amargura.
— Cala a boca, Keanu!
“— Eu disse que se arrependeria. Agora não podemos mais recuperá-la! Ela tem a segunda chance dela!”
Eu lembrei que eu ainda tinha algo contra ela. Algo que… Danna. Ela voltaria por Danna e eu poderia continuar a fazer Katherine pagar por me atormentar daquele jeito! Ela, com aqueles olhos azuis que se destacavam na pele clara e que sempre me pediam por atenção. Os cabelos castanhos que, quando os raios de sol se banhavam neles, pareciam brilhar como outro. Droga! Eu gostava de Karissa!
Saí do escritório e vi minha namorada me esperando. Eu não estava com paciência para lidar com Karissa. Não, mesmo!
— Amor… — ela choramingou e isso era algo que me irritava. Katherine, não importava como eu a tratasse, ela não chorava à toa.
— Preciso resolver algo. Nos falaremos depois — dei um beijo em sua testa e me afastei o mais rápido possível. O problema foi que eu nem mesmo saí da packhouse, quando vi o carro do príncipe-insuportável-Reagan voltando para o bando.
O que diabos ele ainda queria? Espera, talvez… talvez Katherine tenha rejeitado o imbecil porque queria ficar comigo!
A porta do carro se abriu e o príncipe saiu de lá, e ele parecia furioso. Caminhava em minha direção como um maldito touro. Não, não um touro, um lycan.
— Alteza, o que…
— Onde está Danna Cohen? — Inspirei fundo e olhei para o carro. — Perdeu algo no meu veículo, Alfa Hamilton?
O sorriso de deboche dele me fez querer esmagar aquela cara atrevida!
— Danna Cohen, com todo o respeito, Alteza, é uma mera ômega e está ocupada com os afazeres dela.
— Chame-a. Ela será a dama de companhia da futura princesa consorte.
Levantei a sobrancelha.
— Katherine sabe disso? — perguntei e eu tinha que rir. Ele levaria Danna para ser companheira da futura esposa dele? E Katherine?
— Claro que sabe, ela me pediu que buscasse a amiga para que ficassem juntas.
— Danna é fiel a Katherine…
— Excelente. Ela será a dama de companhia da minha fêmea, então, que bom saber que ela é fiel.
— Não esperava que fosse tirá-la da cela apenas para torturá-la assim.
O príncipe franziu o cenho.
— Não compreendi, Alfa Hamilton.
Soltei uma risadinha.
— Alteza, está levando a melhor amiga da mudinha para… Argh!
JOSHUAMinha garganta se fechou quando as garras do lycan esmagavam minhas cordas vocais. O rosto dele estava a centímetros do meu. — Jamais fale assim da que sentará no trono, Alfa Hamilton, ou eu juro que eu o tiarei do seu cargo e farei de você um rogue, preso em uma maldita masmorra! Ele me soltou e eu cambaleei, quase caindo no chão. Por mais que eu fosse um alfa, minha força não chegava perto da de um Lycan. Calma aí… sentará no trono? Levantei minha cabeça para ele, minha mão ainda na minha garganta. — Alteza, o que quer dizer com isso? — eu perguntei, nervosamente e engoli com dificuldade a saliva. — Katherine é muda. — Ela é a minha companheira predestinada — o sorriso nos lábios dele não combinava em nada com o olhar assassino do príncipe. — Agora que isso está esclarecido, Alfa Hamilton, peça que Danna Cohen seja trazida. Por favor. A forma como ele falou as últimas duas palavras me fez trincar o maxilar. Eu queria rosnar, mas eu sabia que isso seria como pedir que el
KATHEu vi quando Reagan segurou Joshua pelo pescoço e o ergueu do chão. Ainda que eu tivesse o meu companheiro, não era como se eu tivesse ficado completamente fria. No entanto, aquela sensação de desespero sempre que eu pensava que ele talvez precisasse de mim e que eu tinha que ajudar, não estavam mais ali.Depois de um tempo, Danna apareceu e eu quis sair, no entanto, a porta não abriu e eu tentei de novo. Aquela divisória que Reagan colocou entre nós e o motorista abaixou um pouco. — Senhorita, o príncipe pediu que ficasse aqui até que ele resolvesse tudo — o lobisomem que se chamava Mark disse e eu não podia responder, afinal, como ele veria as minhas mãos se movendo, se ainda havia uma barreira física entre nós? — Confie nele. Eu apenas assenti, e então me lembrei, de novo, de que o motorista também não veria isso. Reagan caminhou até o carro, eu ouvi as portas destravando e, logo, ele estava sentando-se ao meu lado. A presença de Reagan era incrível. Ele era imenso, sim, m
KATHA viagem até as Terras Reais foi cansativa. Reagan me deixou dormir no colo dele, mas ainda assim, foi desconfortável. Paramos algumas vezes e Danna foi quem desceu para comprar comida, junto com o motorista. — Por que você não veio com mais pessoas? — perguntei e Reagan sorriu. — Porque não vejo necessidade de andar com mais gente. Isso chamaria mais atenção, não é mesmo? — ele sorriu e caramba, aquele macho era mesmo lindo. Ele colocou meu cabelo atrás da minha orelha. — Mas a partir de agora, as coisas serão diferentes. Franzi a testa e levantei os ombros, questionando a afirmação dele. — Você é a minha companheira, Kath. Então, eu preciso ter mais segurança quando você estiver comigo. Eu entendia que ser a companheira do herdeiro do Reino era algo grandioso, mas não tinha pensado muito sobre. Por favor, eu nem mesmo tive tempo pra isso! Danna voltou ao carro e eu a vi toda sorrisos para Mark. Ele não parecia interessado. Não é que ele não sorrise, mas a forma era… acho
KATHA fêmea de cabelos loiros e olhos amarelados — outra mestiça — colocou a mão na cintura e me encarou com desprezo. — Ela nem mesmo tem sangue Lycan. Nem ela e nem essa outra — ela passou os olhos por Danna, antes de se voltar para mim. — Tirem-na daqui! Não pedi por nenhuma criada! — Se-senhorita Cynthia, esta é a companheira do príncipe — uma das omegas disse. Ela estava nervosa, era evidente. — O que disse? — a tal Cynthia perguntou e, após olhar para mim de novo, ela soltou uma gargalhada. — Companheira? Essa coisinha?— Coisinha? Quem diabos você pensa que é pra falar assim da predestinada do príncipe? — Danna, como o esperado, não se aguentou. Tínhamos combinado que ela tentaria controlar o temperamento, porém, eu não poderia culpá-la, não é mesmo? Danna sempre me protegia. — Pre… destinada? — Cynthia torceu o nariz. — Eu duvido. Ela é apenas uma puta tentando… Ah! O tapa que Danna deu nela ressou pelo corredor inteiro. Cynthia levantou a mão para atingir a minha amiga,
REAGAN— Então, você achou a sua predestinada? — meu pai perguntou, sentando-se na cadeira dele com uma bebida em mãos. — Já era hora. Eu inspirei fundo. Nos últimos dois anos, meu pai não parava de me infernizar para que eu me casasse. E não precisava ser com a minha predestinada, afinal, no momento em que eu marcasse outra fêmea, meu vínculo com a escolhida pela deusa seria rompido. Eu fui contra e por isso mesmo eu aceitei passar por todos aqueles bandos, na esperança de encontrar a minha fêmea. E, graças à Sellene, eu a encontrei. — Sim, pai. Pedi que a levassem para a câmara destinada à minha companheira — eu me sentei junto a ele, mas decidi não beber. — E espero que a organização da cerimônia de acasalamente esteja finalizada em dois dias. — Dois dias… creio ser possível. Você a mordeu? — Ainda não — respondi e vi a expressão de desagrado no rosto do meu pai. — Farei isso na cerimônia. Ele estalou a língua. — E há algum motivo específico para que você não tenha nos aprese
KATHDepois que Danna saiu do quarto, eu imaginei que Reagan falaria comigo. Eu queria perguntar quem era aquela Cynthia. Concubina, era isso o que ela era. Se ela era a concubina de Reagan, então, eles eram tipo namorados? Eu me senti esquisita ao chegar a essa conclusão. Reagan tinha uma namorada. Lembrei de Joshua e de Karissa. Por favor, Selene, que aquele cenário não se repita! Ouvi uma batida na porta que ligava o meu quarto ao de Reagan e inspirei fundo, e só me dei conta de que não tinha me mexido por muito tempo quando ele bateu de novo. “Vamos lá, Kath. Você precisa colocar as coisas em panos limpos!”, foi o que eu disse a mim mesma, isso é, até eu ver Reagan na minha frente, com os cabelos úmidos e um sorriso de matar.Ele me pegou no colo e eu me esqueci completamente de tudo o que não era ele. Senti o colchão debaixo de mim, mas o peso de Reagan por cima foi o que tomou minha total atenção. Ele estava sem camisa e eu fiquei maravilhada. Sim, eu já tinha visto outros ma
KATH— O que faz aqui? — perguntei e Cynthia apenas sorriu, antes de me dar um empurrão e entrar no quarto como se este pertencesse a ela. — Deveria fazer essa pergunta a si mesma — ela se virou para mim. — Esse quarto é meu, afinal de contas. — Isso não é verdade! — os meus movimentos com as mãos estavam um pouco estranhos, já que eu estava nervosa. — Você não é a companheira de Reagan. E esta é a câamara da companheira dele — levantei meu queixo. — É o meu quarto! A risada de Cynthia parecia um tilintqar de vidros, muito desagradável aos meus ouvidos. “ — Que vontade de quebrar a cara dela!” — Cindy rosnou dentro da minha cabeça. “ — Não podemos fazer nenhuma besteira. Não tem nem vinte e quatro horas que chegamos aqui, Cindy!”— Pensando se deveria ou não me atacar? — ela jogou os cabelos para trás do ombro e foi até a cama, onde inspirou fundo antes de se sentar. — Ele só está intoxicado pelo vínculo, mas logo Reagan vai perceber que você não é o suficiente para ele. Para est
KATH— Ai, minha Selene, o quê…? — Danna correu até o lobisomem e se abaixou, tocando na pele dele. Ela verificou o pescoço e levou uma mão ao próprio peito. — Não está morto. Precisamos pedir ajuda. Eu assenti e Dannaa se levantou. — Eu vou. Não toque nele, Kath. Não sabemos quem ele é e… — ela olhou em volta. — Não toque nele. Eu compreendi: Danna não queria que alguém aparecesse e pensasse que tínhamos algo a ver. Não, que eu tinha algo a ver. Recostei-me em um dos pilares e esperei que Danna retornasse. O lobisomem não se mexia e a cada segundo, eu ficava mais aflita. Primeiro, o Rei, agora, outro lobo. — Por aqui! — ouvi Danna e isso me deu um certo alívio. Virei meu rosto e a vi acompanhada do Beta. Ele passou por mim e foi direto para o lobo no chão. Ele se levantou e levantou o enferno, colocando-o no próprio ombro. — Vou levá-lo para a enfermaria — o Beta olhou para mim. — Senhorita Hewitt, por favor, volte ao seu quarto. É mais seguro. Eu assenti e vi o Beta passando