Rapto inesperado

A noite estava inquieta, como se o próprio ar ao meu redor soubesse que algo ruim estava para acontecer. Eu me mexia na cama, o coração acelerado, planejando cada movimento. O Alpha e seus lobos estavam em algum lugar do lado de fora, mas eu não podia esperar mais.

Minha chance de escapar estava na passagem secreta que havia descoberto. Com passos cuidadosos, levantei-me e caminhei até a estante. Meu dedo encontrou o livro certo, e com um clique suave, a passagem se abriu novamente. Um frio percorreu minha espinha enquanto eu olhava para o túnel escuro à frente, mas hesitar não era uma opção.

Entrei, fechando a entrada atrás de mim. A escuridão era opressora, e o cheiro de pedra úmida me enchia os pulmões. O túnel era silencioso demais, o tipo de silêncio que fazia minha pele arrepiar. Mesmo assim, continuei.

Cada passo que eu dava parecia ressoar no túnel, como se o próprio ambiente estivesse me denunciando. Minhas mãos deslizavam pelas paredes frias e ásperas, guiando-me na escuridão, enquanto minha mente corria com pensamentos desencontrados. E se isso for uma armadilha? E se o Alpha souber o tempo todo o que estou fazendo?

Sacudi a cabeça, tentando afastar as dúvidas. Não, ele não sabe. Ele não pode saber. Meu único objetivo agora era sair daqui, encontrar liberdade, antes que algo ainda pior acontecesse.

O túnel parecia interminável, como se estivesse se estendendo para sempre. O ar ali dentro era pesado, carregado de umidade e de algo mais... algo que eu não conseguia identificar, mas que fazia meu estômago revirar. Cada fibra do meu ser gritava para eu voltar, mas minha determinação era maior.

Foi então que eu senti. Uma presença. Não havia som, mas algo estava lá comigo. Meu coração disparou, e instintivamente parei de andar.

— Finalmente, a herdeira que tanto procurei.

A voz ecoou pelo túnel, grave, poderosa e... faminta.

Virei-me depressa e vi uma figura emergir das sombras. Um homem alto, envolto em um manto negro que parecia devorar a luz ao redor. Seus olhos brilhavam como brasas, perfurando minha alma.

— Quem é você? — perguntei, tentando soar mais corajosa do que realmente estava.

— Você já sabe quem eu sou, Stella. — Ele sorriu, mas havia algo terrivelmente errado naquele sorriso. — O Rei das Bruxas.

Meu sangue gelou.

— O que você quer comigo?

Ele avançou, e o túnel pareceu encolher.

— Você é a chave. A única capaz de restaurar nosso poder. E agora você vem comigo.

— Eu não vou a lugar nenhum com você! — gritei, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele ergueu a mão, e uma força invisível me prendeu no lugar.

Lutei contra aquilo, mas era inútil. O ar ao meu redor girou, o túnel desaparecendo em um turbilhão de sombras.

A última coisa que ouvi foi sua voz.

— Não lute contra o destino, pequena herdeira.


Quando abri os olhos, já não estava no túnel. Um salão vasto e escuro me cercava, com paredes cobertas por runas que brilhavam em tons de vermelho e dourado. O Rei estava lá, observando-me como um predador que finalmente capturou sua presa.

— Bem-vinda ao seu verdadeiro lar.


Na fortaleza dos lobos

Algo estava errado. Eu sabia que eles perceberiam.

O Alpha entrou no meu quarto, e pela maneira como ele olhou para a estante, soube que ele descobriu minha fuga. Quase podia imaginá-lo rosnando de frustração.

— Ela usou a passagem — ouvi sua voz abafada pela distância.

Eu sabia que ele viria atrás de mim. Sabia que ele não me deixaria nas mãos do Rei das Bruxas. Mas o que ele faria quando descobrisse quem realmente sou?

Afinal, o que eu sou ?

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