A jornada que se seguiu foi árdua. O rei das bruxas, ao fugir, sabia o quanto sua posição de poder estava ameaçada, e não seria fácil rastreá-lo. Seu conhecimento da magia era vasto, e ele tinha se escondido em lugares tão profundos e esquecidos que até mesmo os antigos feitiços de rastreamento pareciam inúteis. No entanto, não tínhamos outra escolha. A paz que começávamos a construir ainda estava em risco, e a promessa de um reinado justo e unido não poderia ser quebrada.O Alpha e eu viajamos por vastos terrenos, atravessando florestas densas, montanhas geladas e desertos mágicos onde o tempo parecia não ter fim. A cada passo, o Coração Primordial pulsava em sintonia com a nossa busca. Às vezes, eu sentia uma pressão intensa, como se o artefato dentro de mim estivesse tentando nos guiar, apontando o caminho para onde o rei das bruxas poderia estar. Mas mesmo assim, sua localização permanecia envolta em mistério.Foi quando atravessamos uma antiga floresta encantada, que algo mudou.
Ao retornarmos ao reino das bruxas, agora transformado em um lugar de luz e magia próspera, a sensação de vitória ainda preenchia o ar. O povo, bruxas, lobisomens e seres mágicos, se uniram em celebração, mas havia algo mais em meu coração, uma sensação de que nossa vitória não era apenas um fim, mas também um novo começo. O Coração Primordial pulsava com força, como se me chamasse para algo mais, algo ainda não revelado.Nosso retorno ao palácio real foi marcado por uma cerimônia simples, mas poderosa, onde reafirmamos a aliança entre os reinos e nossa decisão de fazer do reino das bruxas nosso centro, o coração pulsante de nossa nova era. Mas enquanto todos se alegravam, eu não conseguia tirar os olhos de um antigo tombo encontrado no salão principal do castelo, em uma sala escondida sob o piso de pedra. Quando entrei, o Alpha estava ao meu lado, curiosamente olhando para os enormes volumes de manuscritos guardados ali.- Esses livros... nunca vi algo assim - Disse ele, folheando as
O silêncio da câmara oculta parecia envolver-nos como um véu de mistério. O Alpha ainda segurava minha mão, sua presença me ancorando à realidade, enquanto minha mente vagava entre as palavras dos manuscritos e o peso da revelação. Meu passado não era apenas uma jornada pessoal, mas uma trama tecida há séculos, um eco de feitiçarias antigas que moldaram não apenas a mim, mas talvez o destino de todos os reinos.Meus olhos voltaram-se para as estantes, onde outros tomos repousavam, guardando segredos que apenas agora começavam a ser desvelados. Se os bruxos antigos haviam me criado com um propósito, será que haveria mais como eu? Outros híbridos, perdidos entre as sombras da história?— Se esses experimentos foram bem-sucedidos… — minha voz saiu como um sussurro hesitante — …então é possível que eu não seja a única.O Alpha franziu o cenho, sua expressão tornando-se mais sombria.— Você acha que pode haver outros?Engoli em seco. A ideia era ao mesmo tempo assustadora e intrigante. Se
Seguimos adiante, deixando para trás a fortaleza e seus horrores silenciosos. A sensação de que estávamos sendo observados não nos abandonava, como se os próprios fantasmas daqueles que nunca tiveram a chance de viver ainda sussurrassem no vento.A próxima parada nos levaria a um antigo santuário no coração da floresta negra, um lugar mencionado nos manuscritos como o último bastião dos experimentos. Se houvesse sobreviventes, ou qualquer outra pista, estaria lá.Montamos acampamento ao cair da noite, perto de um riacho de águas cristalinas. O Alpha manteve-se em silêncio por um longo tempo, até finalmente falar:— O que acha que nos espera lá?Suspirei, encarando as chamas da fogueira.— Não sei. Mas algo me diz que não será apenas mais um cemitério de erros do passado.Ele assentiu lentamente.— E se houver alguém lá? Alguém que… sobreviveu?A pergunta pairou no ar. A possibilidade de encontrar outro como eu era ao mesmo tempo fascinante e aterradora. Se houvesse outro híbrido, como
O sorriso da criatura foi sutil, quase imperceptível, mas carregado de algo indecifrável. Seus olhos brilhavam com um tom dourado, refletindo a luz fraca que penetrava no santuário. Meu corpo ficou rígido, meu instinto oscilando entre medo e fascínio.O Alpha, sempre pronto para o combate, não abaixou sua lâmina.— Quem é você? — Sua voz saiu firme, sem hesitação.A criatura piscou lentamente, como se estivesse despertando de um sono profundo. O líquido dentro da cápsula começou a borbulhar, e antes que eu pudesse reagir, a estrutura de vidro se rompeu em um estrondo ensurdecedor.Eu levantei o braço para me proteger dos estilhaços, sentindo o impacto da explosão de energia que se espalhou pelo santuário. O Alpha recuou, mas seus olhos permaneceram fixos na figura emergindo dos destroços.Ela caiu de joelhos, respirando pesadamente. Seu corpo estava molhado pelo líquido viscoso da cápsula, e sua pele, ainda pálida, parecia se aquecer aos poucos. Quando ergueu o olhar para mim, senti a
A respiração de Nyx ainda era irregular, mas ela se esforçou para se erguer completamente. Seus músculos tremiam, mas não de fraqueza—era como se estivesse se ajustando à nova realidade, aos séculos que se passaram enquanto esteve adormecida.— Precisamos sair daqui — disse o Alpha, observando atentamente os arredores. — Se esse lugar ainda guarda segredos, não podemos ficar para descobrir quais são da pior maneira.Nyx olhou ao redor, seus olhos dourados percorrendo as ruínas do santuário.— Eu… lembro desse lugar — murmurou.Eu me aproximei, sentindo uma estranha conexão com ela.— O que mais você lembra?Ela fechou os olhos por um instante.— Eles me estudavam. Testavam meus limites. Eu era diferente dos outros… Eles diziam que eu tinha algo único. Algo que poderia ser a chave para estabilizar os híbridos.Meu peito apertou.— Mas você disse que os outros morreram…Nyx assentiu, sua expressão ficando sombria.— Sim. Eles não duravam mais do que algumas horas. Alguns nem sequer resp
O silêncio entre nós era espesso, pesado como uma tempestade prestes a desabar. Eu a observava—frágil, magra, com marcas no rosto e nos braços, cicatrizes que falavam de anos de sofrimento. Era difícil assimilar que essa mulher diante de mim era minha mãe.Minha mãe biológica.A que me gerou.A que eu nunca conheci.— Como… — Minha voz falhou, e eu precisei respirar fundo antes de tentar de novo. — Como você sobreviveu?Ela me olhou com olhos cansados, mas ainda havia força neles.— Eu não sei. Durante anos, eu achei que não fosse.Seus dedos tremiam quando ela tocou o próprio braço, como se sentisse as marcas dos anos que passou em cativeiro.— Malakai… ele queria me usar. Queria que eu fosse a chave para estabilizar os híbridos. — Ela olhou para mim, seus olhos marejados. — Mas eu nunca fui a chave. Você foi.Meu estômago revirou.— Ele te manteve viva porque… ele sabia que um dia me encontraria?Ela assentiu lentamente.— Ele achava que, se um dia você despertasse completamente, se
Stella Os sonhos ficavam cada dia mais frequentes, pareciam sonhos lúcidos, aqueles em que eu me lembrava da maior parte dos acontecimentos, eu não entendi o que estava acontecendo, mas sabia que teria um significado e provável que profundo. Sempre as mesmas sensações: os cabelos de um homem musculoso e grande roçando meu rosto e seios, suas mãos fortes e tão seguras de si explorando tantas partes do meu corpo... Mas quando chegava perto de finalmente eu olhar seu rosto acordava. E de certa forma frustrada passava meu dia. O despertador tocara pelo o que considerava ser a 4° vez seguida. Merda merda merda, atrasada de novo. Decido que me arrumar era a prioridade principal, decido por uma calça jeans, blusa cinza e jogo por cima um blazer. No rosto apenas um hidratante facial e labial, não tinha tempo o suficiente para fazer uma produção glamourosa, eu era jornalista afinal, meu trabalho exigia que eu ficasse horas demais revisando palavras, eu estava descente o suficiente. O café