Cicatrizes do passado

O silêncio entre nós era espesso, pesado como uma tempestade prestes a desabar. Eu a observava—frágil, magra, com marcas no rosto e nos braços, cicatrizes que falavam de anos de sofrimento. Era difícil assimilar que essa mulher diante de mim era minha mãe.

Minha mãe biológica.

A que me gerou.

A que eu nunca conheci.

— Como… — Minha voz falhou, e eu precisei respirar fundo antes de tentar de novo. — Como você sobreviveu?

Ela me olhou com olhos cansados, mas ainda havia força neles.

— Eu não sei. Durante anos, eu achei que não fosse.

Seus dedos tremiam quando ela tocou o próprio braço, como se sentisse as marcas dos anos que passou em cativeiro.

— Malakai… ele queria me usar. Queria que eu fosse a chave para estabilizar os híbridos. — Ela olhou para mim, seus olhos marejados. — Mas eu nunca fui a chave. Você foi.

Meu estômago revirou.

— Ele te manteve viva porque… ele sabia que um dia me encontraria?

Ela assentiu lentamente.

— Ele achava que, se um dia você despertasse completamente, se
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