Capítulo 3

A luz solar entrava pela janela, inundando o quarto com um brilho dourado que anunciava um dia ensolarado. Milena abriu os olhos lentamente, a luz intensa invadindo seu campo de visão como uma lâmina afiada. Sua cabeça latejava, cada batida pulsante ecoando dolorosamente em sua mente. Ela olhou ao redor, desorientada, tentando se familiarizar com o ambiente estranho.

O quarto era simples, mas elegante. Cortinas brancas ondulavam suavemente na brisa, criando sombras dançantes nas paredes. Um quadro moderno, com cores vibrantes, adornava a parede oposta. O lençol branco, macio como seda, cobria seu corpo nu, e seus dedos deslizaram sobre a textura fria, enviando arrepios pela sua espinha.

Milena levantou a cabeça lentamente, esforçando-se para lembrar da noite anterior. Mas sua mente estava um vazio absoluto. O homem ao seu lado respirava profundamente, seu peito subindo e descendo em um ritmo constante e tranquilizador. O pânico começou a crescer dentro dela. Seus olhos varreram o quarto, buscando desesperadamente por respostas. Roupas estavam espalhadas pelo chão, e um copo vazio repousava na mesa de cabeceira. Nada fazia sentido.

Ela saltou da cama, pegou suas roupas e correu para o banheiro. A água quente do chuveiro ajudou a clarear sua mente, mas a ansiedade persistia. O que havia acontecido naquela noite?

Depois do banho, Milena se vestiu rapidamente, pegou sua bolsa e olhou para o homem adormecido. Ele ainda dormia, sereno, alheio ao turbilhão de emoções que a consumia. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Quem era ele? Como eles foram parar ali?

Milena saiu do quarto às pressas, sem saber o que a esperava lá fora. A porta se fechou suavemente atrás dela, deixando o misterioso homem para trás.

Assim que pegou um táxi, Milena foi embora para casa, decidida a manter em segredo tudo o que havia acontecido na noite anterior. O coração dela batia acelerado, e a mente estava um turbilhão de pensamentos. Milena não queria que seu pai descobrisse a verdade, então contou a ele que havia passado mal e precisou ficar na casa de sua amiga, Rafaella. Leonardo acreditou na história, sem desconfiar de nada.

Algumas semanas se passaram, e Milena começou a sentir-se mal, com enjoos constantes que a debilitavam dia após dia. A preocupação crescia dentro dela, e em um dia de trabalho, decidiu ir até a farmácia comprar um teste de gravidez. Com as mãos trêmulas e o coração disparado, ela retornou ao trabalho e fez o teste no banheiro.

O pequeno visor confirmou suas suspeitas: positivo. Milena sentiu um misto de medo e felicidade. Ela sabia que uma nova vida estava crescendo dentro dela. A ansiedade para contar a novidade para sua amiga Rafaella era intensa. Ela queria sair mais cedo do trabalho, mas a demanda era grande e Milena não conseguiu.

Quando finalmente chegou em casa, ela tomou um banho, preparando-se para ir até a casa da amiga. Milena estava prestes a sair para encontrar Rafaella e compartilhar a notícia, mas ao se aproximar da porta, Leonardo se colocou na frente, bloqueando sua saída.

— É tarde para sair — disse ele, com uma expressão severa. O coração de Milena apertou, mas ela sabia que, em breve, precisaria enfrentar o medo e contar a verdade. — Vá dormir.

Uma semana depois, Milena estava em casa ao lado de seu pai, quando começou a vomitar e a sentir-se muito enjoada novamente. O ambiente estava tranquilo, com a luz suave do entardecer entrando pela janela da sala. Leonardo, que estava lendo um jornal, olhou para a filha preocupado e desconfiado. Milena sentiu a pressão do momento aumentar, seu rosto ficando pálido. Tentando disfarçar, ela disse que não era nada, talvez algo que tivesse comido e acabou passando mal. Mas Leonardo não acreditou.

Decidido a descobrir a verdade, Leonardo chamou um amigo médico de sua igreja para examinar Milena. O senhor Miguel, um homem de meia-idade com um semblante sereno, chegou rapidamente. Após examinar Milena, ele chamou Leonardo para um canto da sala. Colocando a mão no ombro de Leonardo, suspirou fundo e revelou com uma voz calma e grave que Milena, na verdade, estava grávida.

Leonardo ficou em choque, seus olhos arregalados e a boca entreaberta. Milena, observando a reação do pai, sentiu uma mistura de medo e frustração. O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de. Finalmente, Leonardo respirou fundo, tentando processar a notícia, enquanto Milena olhava para ele, entrando em desespero.

— Tem certeza disso? — perguntou ele, com os olhos arregalados, a incredulidade estampada em seu rosto. Enquanto isso, Milena estava sentada no sofá, suas mãos suando de medo e seu coração batendo descompassado.

— Sim, tenho certeza... — afirmou ele, com a voz baixa e séria, quase um sussurro. — Já faz algumas semanas que ela engravidou, por isso os enjôos e vômitos começaram a surgir agora.

Leonardo colocou as mãos nos cabelos, puxando-os em um gesto de frustração. Sua expressão de raiva e tristeza era evidente, os olhos marejados de lágrimas contidas. Ele agradeceu o amigo, abrindo a porta para ele sair, mas antes dele sair, Leonardo implorou para que ele não contasse a desonra de Milena para o padre. Então, Miguel balançou a cabeça alegando que não iria contar nada. Assim que o senhor Miguel saiu, Leonardo se virou para a filha, seus olhos agora ardendo de fúria e suas mãos fechadas em punhos.

Ele caminhou até ela com passos pesados, enquanto Milena tentava explicar, sua voz trêmula e desesperada. Porém, Leonardo não queria escutar nenhuma palavra de Milena.

— Você desonrou essa casa! — gritou ele, segurando a mão dela com força, seus dedos cravando na pele dela enquanto ela tentava se soltar, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Se tornou uma vagabunda igual a sua mãe! Não senti vergonha?!

— Pai, eu... — começou Milena, a voz embargada pelo choro. — Me desculpe... Por favor, me desculpe.

— Cale a boca! — ordenou Leonardo, sua voz um trovão de autoridade e desprezo. — Ninguém pode ficar sabendo dessa vergonha! — disse ele, enquanto puxava Milena pelo braço, arrastando-a pelo corredor até chegar ao porão da casa. Milena implorava para ele não fazer aquilo com ela, mas Leonardo não sentia remorso. Ele estava determinado a esconder a desonra da filha a qualquer custo.

Meses se passaram desde que Milena foi trancada pelo próprio pai. Sua barriga já estava grande, mas a tristeza que sentia era ainda maior. O quarto onde estava era pequeno e sombrio, com paredes úmidas e um cheiro de mofo que impregnava o ar. Sua única companhia era uma cama estreita e um lençol fino que mal a aquecia nas noites frias. Milena tentava controlar a respiração, mas a dor aguda que sentia a impedia de se concentrar.

Enquanto Milena estava presa, Rafaella tenta por inúmeras vezes encontrar a amiga. Leonardo cansado e com medo de ser descoberto, diz para Rafaella que a mandou para trabalhar fora da cidade.

Um dia, Milena estava deitada e de repente, a porta rangeu ao se abrir, e Leonardo entrou, seguido por uma mulher desconhecida. Seus olhos estavam frios e distantes ao olhar para a filha.

— Anda! Acaba com isso logo. — ordenou ele, sua voz cortante e sem emoção, ecoando pelo quarto.

Milena, com o coração acelerado e a mente confusa, perguntou desesperada:

— Pai, quem é ela?

O silêncio do quarto foi quebrado apenas pelos gemidos de dor de Milena. Apesar do medo e da angústia, ela reuniu todas as suas forças para trazer seu filho ao mundo. Após longos e excruciantes minutos, o choro forte do bebê ecoou pelo quarto, enchendo o ambiente com um som de vida e esperança.

Milena, exausta e suada, sorriu com lágrimas nos olhos, sentindo o coração transbordar de um amor que jamais imaginou ser possível.

A mulher segurou o bebê e Leonardo ordenou:

— Me entrega esse bastardo! — ordenou, sua voz cortante ecoando pelo quarto silencioso. — Eu irei decidir o que fazer com ele!

Milena, pálida e fraca, esticou os braços tremulos, tentando impedir que o pai pegasse o bebê. Ela olhou para o seu bebê com um olhar profundo e triste. Sentindo a dor de não poder fazer nada.

— É meu filho... sussurrou, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Por favor, me dá ele... deixe-me segurar o meu bebê. — Suplicou mais uma vez, enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto lentamente. — Por favor...

Sua visão começou a turvar, o quarto girando rapidamente. Ela sentiu uma dor aguda no peito, como se estivessem arrancando uma parte dela. Seus joelhos fraquejaram, e ela desmaiou, caindo sobre a cama.

A mulher, com expressão triste, olhou para Milena com pena misturada com medo. Ela pegou o bebê, cujos olhos inocentes a fitava e entregou para Leonardo.

— Desculpe, eu sinto muito. — sussurrou ela, antes de sair rapidamente do quarto.

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