Capítulo 6

O coração de Rafaella batia descontroladamente, enquanto suas mãos suavam frio. Ela deitou Milena com cuidado sobre o sofá velho e desgastado da sala, cujas almofadas estavam desbotadas pelo tempo. A luz fraca da lâmpada pendurada no teto lançava sombras inquietantes nas paredes. Rafaella correu para a cozinha, tropeçando nos móveis, em busca de um pano molhado.

Ao encontrar o pano, ela o molhou rapidamente na pia, sentindo a água gelada escorrer por seus dedos trêmulos. Voltou apressada para a sala e se ajoelhou ao lado da amiga, começando a passar o pano úmido sobre o rosto pálido de Milena. Enquanto fazia isso, lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto, e ela sussurrava para si mesma:

— Oh, minha amiga... Quem fez isso com você? — Murmurou, sentindo uma dor aguda no peito. — Você vai ficar bem logo, eu prometo...

Milena começou a recobrar a consciência, sentindo o frescor do pano úmido em sua pele. Seus olhos se abriram lentamente, e ela olhou para Rafaella com um olhar perdido e angustiado.

— O meu bebê... — Murmurou com voz fraca. — O meu pai pegou ele de mim...

Rafaella franziu a testa, confusa. Não entendia de que bebê Milena estava falando, então Rafaella acreditou que Milena estava delirando por conta da febre. Rafaella sabia que a amiga precisava de cuidados urgentes. Decidiu deixar as perguntas para depois, quando Milena estivesse mais forte.

Ela segurou a mão trêmula da amiga com delicadeza e disse, com voz firme e carinhosa:

— Vamos, você precisa tomar um banho. Parece que te mantiveram em algum tipo de cativeiro. — Rafaella ajudou Milena a se levantar do sofá, apoiando-a com cuidado. — Vai se sentir melhor depois de um banho.

Enquanto caminhavam lentamente em direção ao banheiro, Rafaella sentia a tensão no corpo de Milena, que mal conseguia se manter de pé. O ambiente ao redor parecia sufocante, com o ar pesado e carregado de preocupação. Rafaella sabia que precisava ser forte por ambas, e prometeu a si mesma que faria tudo o que fosse necessário para ajudar sua amiga a se recuperar.

Rafaella ajudou Milena a caminhar até o banheiro, onde a luz suave refletia nas paredes de azulejos brancos. Com cuidado, ela começou a retirar as roupas sujas de Milena, revelando marcas de cansaço e sofrimento em seu corpo. A água morna começou a cair sobre Milena, lavando a sujeira e o peso dos dias difíceis.

Rafaella pegou o shampoo e, com movimentos gentis, começou a massagear o couro cabeludo de Milena, sentindo os nós e a tensão se desfazerem sob seus dedos. Milena fechou os olhos, deixando escapar um suspiro de alívio enquanto a água escorria por seu rosto.

Depois de enxaguar o cabelo da amiga, Rafaella a ajudou a sair do chuveiro e a secar-se com uma toalha macia. Conduziu Milena até seu quarto, onde a luz do abajur criava um ambiente acolhedor. Rafaella colocou Milena sentada na beirada da cama e foi até o guarda-roupa procurar uma roupa confortável.

Encontrou um pijama de algodão macio e ajudou Milena a vesti-lo. Em seguida, pegou uma escova e começou a pentear os cabelos úmidos da amiga, desembaraçando-os com cuidado. Rafaella então trouxe uma bandeja com uma sopa quente e um pedaço de pão, incentivando Milena a comer um pouco.

Milena, ainda fraca, aceitou a comida e comeu lentamente, sentindo o calor da sopa aquecer seu corpo. Quando terminou, Rafaella a ajudou a deitar-se na cama, onde Milena sentiu seu corpo cansado derreter sobre o colchão macio. Rafaella cobriu a amiga com um cobertor, sentindo-se mais aliviada ao vê-la mais confortável.

Antes de sair do quarto, Rafaella deu um beijo na testa de Milena e sussurrou:

— Você está segura agora. Descanse.

Ela saiu do quarto e foi até a sala, pegando o celular para ligar para um amigo muito próximo, um médico dedicado que sabia que poderia ajudar Milena. Com mãos ainda trêmulas, ela apertou a opção “ligar” e esperou ansiosamente pela resposta. Rafaella sabia que se levasse Milena para o hospital, eles provavelmente iriam chamar a polícia e por enquanto não era isso que ela queria.

O relógio na parede marcava cada segundo com um tique-taque ensurdecedor, aumentando sua ansiedade.

Finalmente, Matheu atendeu a ligação.

— Rafaella... — Sua voz soou do outro lado da linha, carregada de preocupação. Matheu sabia que Rafaella nunca fazia uma ligação para ele dentro no seu horário de trabalho a menos que fosse uma urgência. — Precisa de alguma coisa?

Rafaella respirou fundo, tentando controlar o tremor em sua voz.

— Não! — Disse ela, com uma voz um pouco alta e trêmula. — Quero dizer, preciso que você venha até a minha casa urgentemente. Por favor!

Matheus franziu a testa, confuso. Ele podia sentir a tensão na voz dela, algo estava definitivamente errado.

— Poderia saber o que está acontecendo? — Perguntou, tentando manter a calma. — Sua voz está diferente.

Rafaella olhou ao redor da sala, como se esperasse que algo ou alguém surgisse das sombras. Ela sabia que explicar a situação pelo telefone levaria tempo demais, tempo que ela não tinha.

— Matheus, por favor, não faça perguntas. — Exclamou, sua voz agora carregada de urgência — Apenas venha. É urgente.

Do outro lado da linha, Matheu sentiu um frio na espinha. Ele sabia que Rafaella não pediria ajuda dessa forma se não fosse algo realmente sério.

— Tudo bem, chegarei aí o mais rápido possível. — Respondeu, decidido.

Rafaella desligou o telefone e deixou-o cair no sofá ao seu lado. Ela caminhou de volta para o quarto, o coração batia acelerado, e ela sentia uma mistura de medo e urgência que a consumia.

Não demorou muito para Matheu chegar até a casa de Rafaella. Assim que ele bateu na porta, Rafaella, que estava no quarto com Milena, ouviu as batidas e se levantou rapidamente da beirada da cama. Ela correu para atender a porta, e assim que a abriu, mal deixou que Matheu falasse algo. Com um gesto urgente, ela o conduziu rapidamente até o quarto.

Ao entrar, Matheu viu Milena deitada na cama, parecendo extremamente fraca. Rafaella se sentou ao lado da amiga, tocando suavemente no rosto dela.

— Essa é minha amiga, Milena — disse Rafaella, com a voz embargada. — Ela está tão fraca... não sei o que ela tem — continuou, acariciando os cabelos de Milena com ternura.

Matheu se aproximou, observando a situação com preocupação. Ele olhou para Milena e para Rafaella, que estava visivelmente preocupada. Ele já tinha uma suspeita do que poderia estar acontecendo.

— Deixe-me ver — disse Matheu, sentando-se ao lado de Rafaella. Ele abriu sua mochila e pegou alguns equipamentos médicos que sempre carregava consigo. Com cuidado, começou a examinar Milena, verificando seus olhos, boca e pulso.

Depois de alguns minutos de exame minucioso, Matheu suspirou e olhou para Rafaella.

— Ela foi drogada — afirmou ele, com um tom grave. — Os sinais são claros.

Rafaella sentiu um nó na garganta, mas tentou manter a calma.

— O que?... Perguntou, sentido uma mistura de raiva e preocupação — Quem poderia fazer algo assim? — perguntou Rafaella novamente, quase para si mesma. — Milena é uma pessoa tão boa. Não consigo entender.

Matheu olhou para Rafaella com uma expressão de profunda preocupação e continuou:

— E o mais cruel é que ela vem sendo drogada há um bom tempo — disse ele, com a voz carregada de indignação. — Esse tipo de substância para de fazer efeito conforme a pessoa para de ingerir, por isso posso afirmar que hoje mesmo ela ingeriu essa substância. Ela também está muito desnutrida! Meu Deus! Quem foi o monstro que fez isso com essa moça?

Rafaella sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A ideia de que alguém estava deliberadamente prejudicando Milena era aterrorizante.

Matheu começou a preparar uma solução intravenosa com os medicamentos que tinha.

— Primeiro, precisamos estabilizá-la. Vou administrar um antídoto para neutralizar a droga.

Enquanto ele trabalhava, Rafaella segurava a mão de Milena, tentando transmitir alguma força para a amiga.

— Vai ficar tudo bem, Milena. Estamos aqui com você — sussurrou Rafaella.

Matheu inseriu a agulha no braço de Milena e começou a infundir o antídoto. Ele monitorava os sinais vitais dela atentamente, esperando ver alguma melhora.

— Ela ficará bem logo. Porém, é melhor levá-la ao hospital, eles poderão fazer exames mais detalhados. E também precisamos envolver a polícia. Isso é um crime grave.

— Não! — Disse Rafaella, com determinação. — por enquanto não quero envolver a polícia. Não enquanto a Milena estiver nessa situação... — Afirmou. — Enquanto ao hospital, eles provavelmente irão relatar o caso para a polícia.

Matheus olhou para Rafaella surpreso mas entendendo a situação.

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