Dias depois, Emma ainda sentia a dor da traição enquanto enviava mensagens para informar aos convidados que o casamento com Matteo foi cancelado. Por um momento, ela colocou a mão na testa quando sentiu uma terrível enxaqueca ao recordar o que viu no escritório naquela noite. A lembrança do noivo agarrado com a secretária a atormentou por semanas.
Os seus olhos focaram a hora no celular, e infelizmente, ela estava dez minutos atrasada para o trabalho. Emma rapidamente tomou um banho, vestiu um blazer preto combinando com sua saia e em seguida, ela calçou o salto alto e pegou sua bolsa.
Meia hora mais tarde, as gotas de chuva batiam contra o vidro do carro quando ela estacionou o Citroën vermelho na vaga disponível.
Após tirar o cinto de segurança, Emma saiu apressadamente do automóvel e se equilibrou no salto enquanto corria até a livraria. Ela estava tão dispersa que, acidentalmente, esbarrou em um cliente.
— Cuidado! — O estranho exclamou com uma seriedade hostil.
O homem tinha uma postura arrogante e se aproveitou de sua altura para intimidá-la.
— Desculpe! — Meio sem graça, Emma pediu.
Laura, uma das melhores vendedoras da livraria, cumprimentou o cliente e sorriu para Emma como se dissesse “deixa comigo”.
— Como posso ajudá-lo, senhor? — Laura perguntou.
— Quero livros de ficção científica. — O homem respondeu sem tirar os olhos de Emma.
Enquanto Laura auxiliava o cliente da livraria, Emma levantou o rosto e continuou a caminhar. Ela não era uma mulher facilmente cativada à primeira vista. Além disso, havia muito a fazer naquele dia.
Sentada em sua mesa no escritório, Emma fitou o celular vibrando na mesa. Aquela era a segunda vez que Brandon enviava uma mensagem sobre a festa de seu aniversário que aconteceria numa boate no centro da cidade.
Emma avaliou o convite, pensando se deveria aceitá-lo. Apesar do CEO ser o seu amigo, ele também era o seu chefe; para ela, o melhor era não misturar os negócios com a sua vida pessoal.
Inesperadamente, Laura bateu na porta do escritório e entrou. A vendedora sorria ao entregar o papel.
— O que é isso? — Emma examinou a caligrafia, que se parecia com rabiscos. — De quem é esse número de telefone?
— É do cliente bonitão —, respondeu Laura. — Ele comprou cinco livros e até me deu uma gorjeta.
— Eu não quero o número do celular dele — replicou Emma.
O coração ainda estava muito decepcionado, ela não sabia se conseguiria se envolver com outro homem depois do que Matteo fez.
— Aquele cliente é um deus grego. — Laura suspirou ao falar. — Fiquei admirando o rosto largo e a protusão no queixo enquanto ele escolhia os livros —, a vendedora teceu o comentário entre suspiros. — Após pagar pelos livros, ele pediu para eu te dar o número dele, — havia um leve tom de decepção na voz da funcionária.
Emma tinha uma dor de cabeça severa enquanto olhava para o monte de papéis empilhados em sua mesa.
— Querida, talvez um cliente precise de ajuda para encontrar um livro. — Emma falou com voz calma.
— Entendi, chefe! — Laura respondeu e então, saiu do escritório.
O coração de Emma disparou enquanto sussurrava o número do telefone para si mesma, mas ela balançou a cabeça para repelir a vontade de ligar para aquele homem.
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Em casa, Emma estava sentada com uma vasilha de pipoca na sala de estar. Após olhar a mensagem de sua mãe, ela confirmou sua presença no almoço na casa de sua mãe do próximo mês.
O celular tocou, e ela pensou se deveria atender a chamada assim que viu o nome de Brandon Zucconi na tela. Ela havia prometido ir à festa de aniversário do amigo, mas naquela noite, não estava com vontade de sair.
— Oi, chefe! — respondeu ela, num tom brincalhão
— Onde você está, Emma? — Perguntou a voz ríspida do homem irritado.
Ambos se conheciam desde a infância, e suas famílias sempre foram próximas. Apesar de seu pavio curto com outras pessoas, ele nunca foi tão rude com ela, a não ser quando Emma quebrava as suas promessas.
— Vou te buscar. — Ele avisou.
— Não consigo te ouvir — exclamou Emma.
Na realidade, a música estava alta demais, por isso, Emma não conseguia escutá-lo.
— Vou te ligar mais tarde! — Ela acrescentou antes de encerrar a chamada.
Relaxando, Emma esticou as pernas no confortável encosto de capitonê do sofá enquanto assistia a uma série de comédia. Meia hora depois, a campainha tocou.
Depois que colocou a vasilha de pipoca sobre a mesinha de centro, ela levantou.
Emma prendia os cabelos num coque mal feito enquanto andava até a porta. Antes de abrir, ela espiou pelo olho mágico e teve um rápido vislumbre do homem de queixo com formação forte, a mandíbula e a maçã do rosto pronunciadas. Ele vestia um blazer preto feito sob medida que realçava os músculos do corpo bem exercitado.
Do outro lado, Brandon puxou a lapela do paletó e se aprumou em seus 1,90 m de altura enquanto afrouxava o nó gravata de seda azul-escura.
— Sei que você está aí, Emma! — retorquiu ele ao dar um passo atrás e espiar pela janela. — Estou vendo sua TV ligada.
Sobressaltada, Emma recuou. Não esperava a visita do chefe. Após respirar fundo, ela abriu a porta.
— Ah, é você! — Exclamou Emma, fingindo surpresa.
O semblante de Brandon era indecifrável. Ela não sabia se ele estava bravo ou magoado.
— Você não vai para a minha festa com essa roupa, vai? — Brandon olhava para o casaco branco e as meias cinzas combinando com a calça de moletom que ela costumava usar em casa. — Vista-se e vamos comemorar.— Eu não vou! — Ela tentou fechar a porta, mas Brandon bloqueou com o corpo.Usando as mãos, ele abriu e então, atravessou. — Você precisa sair de casa e socializar com outras pessoas — Brandon proferiu rudemente. — Eu não quero — rebateu ela.Brandon sentou no sofá, sorrindo e pegando pipoca, antes de tomar o controle remoto da mão de Emma e apertar o Play.— Me dê isso! — Ela pegou sua tigela e sentou para continuar assistindo ao programa. — Volte para a sua festa — Emma pediu, azeda.— Não vou sair até você estar pronta. — A voz de barítono replicou.— Eu não vou. — Ela murmurou pausadamente, olhando nos olhos azuis de Brandon.— Ótimo! — Ele articulou, direcionando-lhe um olhar estranho. — Podemos aproveitar o tempo para ficar mais à vontade, se é que você me entende, — Incli
Emma suspirou discretamente, e logo, interrompeu o contato visual. Ela pegou o copo e tomou a bebida de uma vez.— Quero outro Dry Martini. — Ela pediu ao barman.Não demorou muito até Emma reparar que a mão esquerda do homem misterioso estava enfiada no bolso. Será que ele estava escondendo a aliança de casamento? A questão martelou em seus pensamentos. Ela terminou a bebida e colocou o copo no balcão antes de pedir outro drink para o funcionário do outro lado do balcão. No quinto drink, Emma se sentia leve. Era como se todos os seus problemas tivessem desaparecido um passe de mágica. O relaxamento momentâneo proporcionado pela bebida a fez sorrir.— Isso, querida, relaxe! — aconselhou David, esboçando um sorriso no canto dos lábios.Engolindo em seco, Emma pegou outra taça que o barman da boate lhe serviu.— Se quiser, nós podemos conversar em um lugar mais tranquilo — sussurrou David perto de seu ouvido.— Não — A resposta de Emma foi firme.— Por que não? — inquiriu David, franzin
Um mês depois... — Estou grávida! — Emma repetiu para si mesma enquanto olhava para o resultado positivo do teste. — O que vou fazer agora? — Murmurou, olhando a imagem da mulher com os cabelos desgrenhados no espelho enquanto tentava lembrar da noite em que ficou bêbada na festa de aniversário de seu amigo. Ela pegou o celular, os dedos tocaram freneticamente na tela ao digitar a mensagem para o ex-noivo e então, apagou. — E se não fosse o Matteo? — Continuou perguntando-se durante o monólogo. Emma engoliu em seco enquanto a mente fervilhava com mais questões. — Será que foi o David quem me trouxe para casa? — ponderou ela em seus pensamentos inquietos. — Talvez o Brandon saiba como cheguei em casa. Logo, ela tocou no ecrã do celular procurando pelo contato do chefe. Emma esperava que seu amigo soubesse quem a levou para casa depois que saiu da boate. De repente, ela encerrou a ligação. A mente tentava organizar as palavras para contar a Brandon que estava grávida e que não
No fim de semana, Emma estava em pé na frente de sua casa quando um Audi buzinou. Ela entrou e sentou-se no banco com estofamento confortável. Brandon Zucconi gostava de ostentar, possivelmente para impressionar as mulheres. Os olhos dele se concentraram na feição abatida de Emma.— O que houve? — A voz estava mais branda quando ele indagou.— Nada! — Exclamou, ela, exasperada.Acomodando-se ao assento macio do carro. Ele suspirou pesado e apertou o botão para ligar o carro de luxo. — Você não precisa ir se não quiser! — Emma olhou para a bolsa de mão bege, que combinava com suas sandálias.— Eu vou! — Brandon tocou o dorso da mão dela. — Continuo processando o fato de você estar grávida. — Ele olhou para frente enquanto dirigia o carro. — Você sabe o que vai dizer para a sua mãe?Em silêncio, ela negou com a cabeça. O maior orgulho de sua mãe eram suas irmãs, Sophia e Giovanna. Ambas eram casadas. Sophia era a mais velha e estava grávida do terceiro filho. Giovanna era recém casada
Tensa, ela derrubou o copo de água sobre a mesa quando sua mãe estreitou o olhar em sua direção. Era como se Noemi soubesse o que estava acontecendo. — Emma, sirva um pouco de comida para o Brandon. — Noemi falou.— Ele tem duas mãos! — Ela retrucou enquanto afastava a mão dele de seu joelho.— Você já se reconciliou com Matteo, Emma? — A mulher robusta olhou para filha.— Não, mãe! — Ela respondeu e discretamente, levou a mão ao nariz afilado.O cheiro do tempero embrulhou o estômago de Emma.— Daqui a pouco, você fará vinte e quatro anos, querida! — Noemi ralhou. Ela estendeu a mão, entregou o prato para um de seus netos e se sentou na cadeira. — Até a sua irmã mais nova se casou e vai me dar uma neta.Para aumentar o desconforto, os cunhados de Emma começaram a falar sobre os homens solteiros que eles conheciam.— A maioria dos homens que conheço são divorciados ou viúvos, — mencionou o marido de Sophia. — Se você não se reconciliar com Matteo, eu posso apresentar um dos meus amig
Duas semanas haviam se passado desde que Emma parou de responder às mensagens ou atender as ligações de Brandon. Na sala de conferências, a sócia de uma das empresas de Brandon continuava a falar sobre como a implementação de novas tecnologias aumentava os lucros e acelerava o crescimento organizacional. Disperso, ele olhou da tela do iPhone para a TV LED pendurada na parede no fundo da sala, examinando o gráfico. — O mundo está sempre evoluindo! — disse a senhora Gambino. — Todos sabemos que novos sistemas e equipamentos sofisticados deixam os funcionários exasperados em muitos setores empresariais. O barulho do celular furtou a atenção dele. Brandon pensou que poderia ser uma mensagem de Emma, mas desta vez, era apenas a garota com quem saiu algumas vezes após a festa de seu aniversário na boate. — O que você acha, Brandon? — A Sra. Gambino olhou para Brandon ao perguntar.Ele sorriu ao encontrar o olhar da mulher de meia-idade que vestia um terninho de um tom bordô. — Treinem
— Desculpe, esqueci de enviar por e-mail ontem — respondeu ela, em tom contido. — Eu estava muito atarefada… — Você perde muito tempo coletando informações! — Brandon a interrompeu. O rosto dele ficou ainda mais sombrio quando a questionou: — Onde está sua assistente? — Olhou em volta do escritório. — Paola não está. — Ela argumentou, olhando para o chefe.Houve um breve minuto de silêncio. Brandon espremeu os olhos como fendas, lançando-lhe um olhar frio, enquanto esperava por uma explicação plausível para a falta de um dos funcionários. — A livraria está sempre cheia à tarde, eu pedi para ela vir trabalhar neste turno. — Emma tentou amenizar a situação. — O técnico de informática virá esta semana e implementará novos sistemas e equipamentos mais sofisticados na loja —, ele avisou num tom tirânico. Emma detestou o modo autoritário como ele a tratou. Tinha certeza que Brandon ainda estava zangado porque ela não atendia ou respondia às ligações que não tinham a ver com o trabalho
Assim que saiu da livraria, Brandon foi direto para casa. O lugar onde ele morava tinha uma vista deslumbrante sobre a extensão de vinhedos, com pores do sol vermelhos atrás da vila característica com sua torre medieval.A casa foi construída em terras com a bela coloração do Chianti Clássico, estrategicamente posicionada entre Florença e Siena, e a apenas há poucos metros da vila medieval de Barberino Tavarnelle. Brandon caminhou pela casa com móveis brancos e jogou sua pasta no sofá da sala. Subiu as escadas enquanto digitava uma mensagem para Emma. Entrou na suíte principal, onde havia uma banheira de hidromassagem bem ao lado da enorme janela de seu quarto. Ele estava ansioso para que Emma se mudasse para lá. Aquela casa era muito vazia e solitária. Na maioria das vezes, Brandon preferia dormir em um de seus hotéis a voltar para casa.Após colocar a banheira da hidro para encher, ele tirou a camisa e fez alguns exercícios abdominais. Precisava dedicar mais tempo ao exercício,