Parte 8 Isabela Tem uma semana que a cerimônia do casamento de Lívia e Victor foi feita aqui no jardim de casa. Hoje a família está reunida perto da piscina, desfrutando de um momento de tranquilidade antes da mudança para Florença. Lívia e Victor compartilham olhares amorosos, discutindo empolgados sobre os planos para o futuro. É muito bom ver a animação deles, depois de tudo o que aconteceu antes e de quase terem se separado por causa da insegurança e medo que Lívia sentia. — E quando vocês vão viajar? – Romeu pergunta, bebendo uma limonada. — Em três semanas, se tudo der certo com a reforma – Victor responde — Falei ontem com o responsável pela reforma e ele me garantiu que estão finalizando. Depois é só entrar. — Que coisa boa, meu filho – Yelena sorri — Já sabe que eu vou aparecer por lá para visitar vocês. — Pode ir quantas vezes quiser, minha sogra – Lívia responde sorrindo — Vai ser ótimo que fique com a gente um tempo. — Olha que eu vou mesmo, hein! – ela responde e t
Parte 1...Isabella— Meu Deus... Eu não quero me casar – suspirei demorado — Me ajude...O silêncio do meu quarto, aqui no convento sueco, é quase palpável. Venho me sentindo angustiada há meses, sabendo que estou prestes a me tornar a esposa de um homem que pouco sei, mas que ainda assim, me causa medo.Ele é o chefe da família Ricci, uma parte da máfia italiana que nasceu na região da Toscana, mas que dominou a região da Sicília, no extremo sul da Itália.Aos poucos fui coletando algumas informações sobre ele, quando alguma de minhas amigas do convento voltava para casa de férias e eu tinha que ficar aqui, presa, por um acordo entre meus pais e a família Ricci.Eu nunca tive opinião sobre isso, até porque eu tinha apenas nove anos de idade quando o casamento foi acertado e tudo o que me recordo de meu noivo são seus olhos escuros, me olhando com uma expressão séria.Sento-me na beira da cama e deixo meu olhar perder-se na paisagem noturna além da janela. As sombras dançam no gramad
Parte 2...Isabella— Não é nada demais – eu mexi o ombro — Acho que é só... Cansaço. Ainda sinto o corpo um pouco mole.Dias antes eu tinha tido febre, por causa de uma forte gripe, mas não era por isso que estava triste. Era por estar comemorando meu aniversário de quatorze sem a presença de minha família.— É por isso ou porque seus pais não vieram vê-la?Eu suspirei. Sim, Susan estava certa. Eu sentia muita falta deles, mas não adiantava mais chorar por isso. Eu não era amada por meus pais, já estava ciente dessa triste realidade. Foi quando Melody segurou minha mão.— Isabella, você tem que começar a se preparar, querida.— Para o que? – eu franzi a testa.— Melody... – a irmã Lúcia balançou a cabeça.— Ela tem que saber, Lúcia... Não podemos deixar que continue pensando que em breve sairá daqui.— Eu não vou sair? – me assustei quando ela disse aquilo — Quando eu fizer dezoito anos vou voltar para minha casa, no Brasil.— Não, você não vai, querida – Melody me respondeu com voz
Parte 3...Enzo— Você parece estar longe, irmão.Eu me virei, girando a cadeira. Meu irmão mais novo, Alessandro, entra com uma pasta na mão. Somos parecidos fisicamente, mas Alessandro ainda é muito relaxado com relação às nossas obrigações. Ele trabalha para mim diretamente e mexe com a parte financeira dos negócios lícitos que usamos como cobertura para o que fazemos de mais lucrativo.— Você é quem deveria estar longe, Alessandro – guardei a foto de Isabella na gaveta — Não tinha uma inauguração hoje à noite em Roma?— Tinha – ele largou a pasta em cima da mesa — Mas seu irmão decidiu ir no meu lugar e me mandou ficar aqui e te ajudar – abriu os braços.Ele falava de nosso irmão mais velho, Victor. Deveria ser ele a comandar a família agora, mas decidiu ficar com outras responsabilidades e eu entendo. Além disso, eu sempre estive mais envolvido no modo de trabalho do que ele.Passei muito tempo ao lado de nosso pai, aprendendo os truques e macetes desse meio, entendendo como deve
Parte 4...Isabella— Posso entrar?Olhei para trás, Susan tinha colocado a cabeça para dentro de meu quarto. Passava pouco mais de dez horas. Achei estranho que ela estivesse ali.— Claro que pode, professora.Ela entrou e fechou a porta devagar, depois sentou em minha cama, perto de mim. Parecia um pouco ansiosa.— Não consegue dormir? – eu fiz que não com a cabeça — Imagino... Eu também não e por sua culpa.— Por minha culpa? – franzi os olhos — O que eu fiz?Eu não me recordava de ter feito algo de errado. Era bem difícil, aliás, que eu fizesse algo que fosse considerado errado. Tendo crescido aqui entre essas paredes, eu havia criado o comportamento mais calmo, mais brando. Sentei.— Isabella... – ela respirou fundo — Eu sei que todos esses anos em que você está aqui, na verdade eu trabalhei para a família Ricci, vigiando você, lhes passando informações de seus dias aqui dentro.Eu fiz que sim com a cabeça. Houve uma época em que isso me deixou triste, depois revoltada e com raiv
Parte 5...EnzoMe sinto diferente hoje e creio que é por causa do casamento amanhã. A última vez que recebi notícias de Isabella foi há três semanas, através de Melody, que me disse que ela continua como sempre, a mesma boa garota de antes.Eu não tenho preocupação com relação a ela. Vou me casar como foi combinado e a levarei ao altar na basílica mais imponente de toda Sicília. A Catedral de Palermo.A Catedral possui uma mistura de estilos arquitetônicos e dentro dela, verdadeiros túmulos de reis e uma decoração absurdamente rica, com muita história. Será um evento que irá ser falado por muito tempo, em especial pelos outros grupos de mafiosos que vão saber que agora tenho ainda mais apoio, me unindo a família Bianchi, que comanda a máfia brasileira.Não será nenhuma surpresa, pois isso vem sendo falado há tempos e foi um dos motivos também, que Eduardo achou melhor enviar Isabella para a Suíça. Muitos de nossos inimigos e concorrentes iriam querer atrapalhar essa união de forças,
Parte 6...Enzo— Enzo... Venha aqui um instante... Por favor!Eu achei estranho o modo de Manollo falar. Já encerrei minha atividade de hoje e deixei claro que não me incomodem. Quero ir para casa e receber minha noiva. Preciso conversar com ela um pouco, para que se familiarize com a família.Minha mãe espera ansiosa por ela e até Victor já me ligou para saber quando ela chega. É a novidade da família. Acho que até os empregados que estão por dentro da agitação estão curiosos.E de certa forma, vai ser bom para Isabella. Ela vai ter atenção. Depois de tanto tempo dentro dos muros, com as mesmas pessoas, ter novos contatos vai fazer bem a ela e isso pode ser bem para aliviar a pressão do casamento.— O que foi, Manollo? – fechei a porta do escritório — Não me venha com problemas agora, tenho que ir para casa.— É... – ele encheu o peito de ar — Desculpe, mas é isso mesmo. Problema.Já não gostei da cara dele. O que seria agora?— O que foi? Algum problema com a entrega de hoje à tard
Parte 1... Enzo Joguei o copo com raiva contra a parede e ele se fez em pedaços. Manollo deu um pulo, erguendo a mão para proteger o rosto dos cacos que se espalharam. Já era o segundo copo que eu quebrava, mas minha vontade mesmo era quebrar o pescoço da vaca que ajudou Isabella a fugir de sua obrigação. — Eu quero essa Susan, entendeu? – falei alto, muito irritado. — Eu já sabia disso, senhor... Meus homens estão atrás dela. A outra vigia, Melody, também já foi pega. — Ela estava junto nisso? — Não senhor... – ele balançou a cabeça — Meus homens a seguraram e tiveram uma conversa com ela. A conversa na verdade era um interrogatório. Se a verdade era necessária, ela seria retirada de um jeito ou de outro. A própria Melody sabia bem como isso funcionava. — E o pessoal do convento? — Ninguém sabe de nada, Enzo – ele apertou as mãos — Pelo que conseguimos captar, nas últimas semanas a