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Continua Capítulo 2... /1 – Sombras da Traição

Parte 1...

Enzo

Joguei o copo com raiva contra a parede e ele se fez em pedaços. Manollo deu um pulo, erguendo a mão para proteger o rosto dos cacos que se espalharam. Já era o segundo copo que eu quebrava, mas minha vontade mesmo era quebrar o pescoço da vaca que ajudou Isabella a fugir de sua obrigação.

— Eu quero essa Susan, entendeu? – falei alto, muito irritado.

— Eu já sabia disso, senhor... Meus homens estão atrás dela. A outra vigia, Melody, também já foi pega.

— Ela estava junto nisso?

— Não senhor... – ele balançou a cabeça — Meus homens a seguraram e tiveram uma conversa com ela.

A conversa na verdade era um interrogatório. Se a verdade era necessária, ela seria retirada de um jeito ou de outro. A própria Melody sabia bem como isso funcionava.

— E o pessoal do convento?

— Ninguém sabe de nada, Enzo – ele apertou as mãos — Pelo que conseguimos captar, nas últimas semanas as duas estavam passando mais tempo juntas do que antes. Melody achava que era apenas a mesma amizade normal, que Susan sentia compaixão da garota.

Eu me virei rápido e com uma expressão tão contrariada que senti o medo de Manollo. A porta se abriu e meus irmãos entraram juntos.

— Eu soube quando estava voltando para casa – Victor disse — Já a encontraram?

— Ainda não... – respondi entre dentes — Ela fugiu muito cedo. Todos ainda dormiam no lugar e quando foram notar sua falta já era tarde.

— Vamos espalhar homens por toda Estocolmo. Nós vamos achá-la – Victor tentou me confortar.

— O casamento é amanhã – Alessandro abriu os braços — O que faremos?

Eu inspirei fundo e esfreguei o rosto, coçando a barba. Minha raiva se acumulava.

— Vamos adiar o casamento – eu disse sério — Mesmo que a encontremos, vai ficar muito em cima da hora para a cerimônia.

— Cara**o, isso vai dar o maior trabalho – Alessandro comentou — O que vamos dizer a mama?

— A verdade, é óbvio – Victor respondeu — Ela tem que saber o que houve.

— Tragam essa vagab**da da Susan aqui – ordenei — E também as outras duas. Todas são culpadas e alguém vai ter que pagar.

— Irmão, tenha calma – Victor veio para meu lado.

— Terei quando estiver com minha prometida ao meu lado – abri a gaveta e peguei minha pistola, enfiando no cós da calça atrás — Vamos, não vou ficar aqui parado.

Saí e todos eles vieram atrás de mim. Quero que alguém pague pela raiva, pela ousadia e pela desonra que estou sofrendo agora. E não vou deixar barato para nenhuma delas. Três incompetentes que não souberam nem ao mesmo cuidar de uma fedelha que não tem experiência de nada.

E isso vai ser cobrado. Até mesmo de Isabella. Se ela pensa que está livre de mim, está muito enganada. Eu nunca perco um bom negócio e agora vou ter que explicar aos pais dela o que houve.

Eles vão chegar no fim da noite e vão querer ver a filha que abandonaram anos atrás. Eu não vou perder o acerto que fizemos antes por causa de uma moleca que acha que pode mudar meus planos. Ah, mas não vou mesmo.

** ** **

Isabella

A brisa aqui fora é diferente do que estava em Estocolmo. Minha ansiedade me deixa ainda mais nervosa. É tudo muito barulhento, diferente do que estou acostumada e isso me intimida um pouco.

Me sinto perdida no meio de tanta gente, sons, cheiros e o vai e vem de carros. Estou aqui há quase meia hora e até agora nada dos amigos de Susan.

Será que eles não vão vir? E se não aparecerem, o que vou fazer?

Olhei o grande relógio pendurado no teto do aeroporto. A essa hora todos já devem saber que eu desapareci do convento. O que será que está acontecendo por lá agora? O que será que a professora Melody e a irmã Lúcia disseram quando descobriram minha fuga?

Susan disse que elas gostam muito de mim, mas que o medo que elas sentem é muito maior e por isso não podia contar com elas. Só fariam o que era mandado.

Vi uma garota passar com um celular na mão. Gostaria de ter um também, para poder falar com meus pais. Mas eu não sei se eles iriam me ajudar ou me levar de volta para o convento.

E Enzo, o que ele estaria fazendo agora? Será que ele já sabe que eu não vou me casar com ele?

— Isabella?

Me virei. Era um casal mais velho, talvez na casa dos cinquenta anos.

— S-sim... Sou eu – apertei a alça da mala.

— Me desculpe pelo atraso – a mulher disse estendendo a mão — Nós somos amigos de Susan. Eu sou Mônica e este é meu marido, Tadeu.

Eu senti tanto alívio que quase me joguei em cima deles e até chorei um pouco. Já começava a achar que estaria abandonada aqui nesse lugar estranho. O casal tinha um sotaque diferente, mais puxado, mas era natural. Estamos em Portugal. Não é o mesmo sotaque do Brasil. Eu mesma nem sei se ainda tenho.

— Você vai ficar conosco, mas apenas por dois dias – Mônica disse.

— E por que? – estou grata pela ajuda, mas esperava ter mais tempo.

— Susan nos falou sobre seu noivo – ela disse fazendo uma cara de atenção e torcendo a boca — Não é bom que você fique parada no mesmo lugar.

— Mas o que vou fazer? – os segui até o carro.

— Primeiro vamos alojar você – Tadeu disse, pegando minha mala — Hoje você descansa e amanhã conversamos com calma sobre o plano de Susan. Estamos pensando em levar você para Braga.

— Onde fica isso?

— Fica no Norte. Você vai gostar de lá. É uma boa cidade para ficar e não muito grande, mas tem agito – ele continuou — Isso vai ser bom para esconder você.

Enquanto o carro percorria as ruas, eu olhava pela janela toda a paisagem diferente de tudo o que eu já tinha visto, nas poucas vezes em que me era permitido sair do convento para ir a alguma festa religiosa ou para acompanhar alguma das irmãs em algum evento.

Foram poucas as vezes em que saí, mas gostava muito. Agora, com minha nova liberdade, estou me sentindo eufórica, mesmo com medo do futuro. Talvez depois de um tempo, eu possa retornar ao Brasil.

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