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Capítulo 7: Tudo o que disser poderá ser usado contra você

Clarice chegou no salão na hora marcada e se sentou para aguardar ser atendida sem olhar para as outras mulheres que aguardavam. Folheava uma revista quando sentiu um cheiro conhecido. Ergueu um pouco a cabeça e a viu. Estava mudando a cor dos cabelos para ruivo.

"Ela estava tentando me imitar?"

- Boa tarde, querida. Eu já estou terminando. O cabelo dela é muito resistente.

- As pessoas acham que ser ruiva é fácil.

- Você faz o cabelo dela?

- Eu não posso dizer que sim. Clarice é ruiva natural. Assim como a mãe, a avó, os dois filhos.

- O seu cabelo nunca vai chegar ao tom do cabelo dela. Eu já tirei até uma amostra do cabelo dela. Nunca consegui. Por quê quer tanto ser ruiva?

- Para mudar.

- É por causa de homem. Pode apostar.

- Por quê tem tanta certeza?

- Seu desespero está evidente em seu rosto.

- Acha que estou errada?

- Acho.

- Uma mulher não deve se sujeitar a certas coisas por causa de um homem. Aposto que ele é casado.

- Ele vai se separar.

- Por vontade própria ou por quê a mulher dele descobriu o caso de vocês?

- Por vontade própria.

- Então por que quer ficar parecida com a mulher dele?

- O quê?

- Querida, o seu cabelo é loiro. Tudo bem que não é natural, mas uma tentativa de ficar mais sexy. Se ele gostasse mais de você do que da mulher por quê ficar ruiva?

- Mudança.

- Duvido. É desespero. Você não tem atitude de uma ruiva. A ruiva não é só um tom de cabelo, é todo um conjunto. Rebeldia. Selvageria. Meu marido me chama de Ruiva desde que o conheço. Loba na cama. Você é uma gatinha. Aceite.

- Eu o amo.

- Eu acredito! Klaus é um homem incrível.

- Como?

- Acha que não percebi? Você vem me seguindo há meses. Academia, clube, na escola dos meus filhos, próxima do meu prédio... Se eu não soubesse da capacidade que Klaus tem de enlouquecer uma mulher, diria que está apaixonada por mim.

- Há quanto tempo sabe?

- Há um tempo. Então, há quanto tempo ele deixou de vê-la?

- Há alguns meses.

- Desde o evento de caridade?

- Sim.

- Temos estado muito ocupados ultimamente.

- Ele sabe que você descobriu?

- Sabe. Eu lhe dei escolhas. Achei que soubesse.

- Eu o amo. Você pode ter qualquer um.

- Eu sei. Mas por enquanto, eu quero ele e não estou nem aí para o que você acha.

- Por quê?

- Você não é minha responsabilidade. Eu não me importo com o caso de vocês. Ele é um homem muito inseguro quanto a minha permanência ao lado dele.

- Eu posso fazê-lo feliz.

- Você pensa que pode. Klaus sempre gostou de exercer o poder sobre as mulheres. Gostava de ter todos os olhos nele, sentir seus corações batendo forte e descontrolados. Acho que fui a única que o enfrentou. Ele sempre adequou os seus horários aos meus. Klaus gostou de ser dominado. Ele odeia mulheres grudentas... É ele no telefone. Oi! Já terminou? Não, ainda estou aguardando. Quer me encontrar onde? Motel numa terça-feira? Você é um tarado! Você não está cansado? E as crianças? Tudo bem. Quer vir me buscar? O mesmo quarto. Até daqui a pouco. Querida, se eu fosse sua amiga, lhe daria um conselho. Mas você não é. Coloque o cabelo dela na minha conta. Não me olhe com essa cara de Madalena arrependida! É o seu ex-amante quem vai pagar. Você vai precissr de dinheiro para cuidar desse cabelo arruinado.

Clarice pegou a sua bolsa e pôs os seus óculos escuros, ajeitando o seu cabelo diante do espelho. Estava linda. As outras mulheres ficaram boquiabertas depois de tudo o que ouviram. Ela estava radiante.

Entretanto, Clarice era uma boa atriz. Era Klaus ao telefone e ele parecia confuso diante das suas respostas. Como assim no mesmo quarto? Ele havia terminado uma cirurgia e queria almoçar.

- Ficou maluca?

- Sua amante foi no salão, acredita? Ela não sabe quem eu sou? Ela achava mesmo que eu fosse abaixar a minha cabeça e chorar diante de colegas?

- Clarice...

- Aquela vagabunda esta pintando os cabelos de vermelho. Ela quer me substituir? Que idiota!

- Onde eu a encontro?

- Naquele restaurante de frutos do mar.

- Clarice... O que tem em mente?

- Você não queria me ver tomar iniciativa? Eu vou lhe mostrar quem eu posso ser.

Klaus sorriu ao desligar o celular e acelerou. Ela já o aguardava na mesa e já tinha bebido duas taças de vinho branco. Ela respirou fundo ao olhar para ele.

- O que foi, Clarice?

- Eu preferia que tivesse me dito que estava apaixonado por aquela garota, mas você insiste em dizer que me ama e isso é horrível.

- Não chore, amor.

- É dificil manter o personagem. Eu quero saber cada detalhe, Klaus. Hoje você vai abrir a boca e me contar cada detalhe. Eu quero saber cada detalhe.

- Por que isso, Clarice?

- Porque eu não sou a vítima, Klaus. São suas fantasias, sua insegurança, seus desejos.

- Muito bem. Vamos almoçar, tomar um bom café, vamos naquele hotel e na cama eu lhe conto o que quiser saber.

- Eu aceito.

...

Clarice não falou com Klaus durante todo o trajeto até o hotel. Ele pediu o quarto, eles subiram e ele a viu caminhar até a varanda com o coração apertado, mas prometeu que não iria se diminuir ainda mais diante dela.

- O que você quer?

- Eu quero saber tudo. Do começo.

Klaus respirou fundo. Foi até o bar e bebeu duas doses de whisky. Tirou os sapatos e se sentou na poltrona diante dela.

- Eu a conheci por acaso na Lapa. Ela estava com uma amiga e ficou dançando perto da gente.

- Gente?

- Alguém que não quero mencionar.

- Como se eu não soubesse de que falamos do seu anestesista que tentou me beijar mais de uma vez.

- Ele estava bêbado.

- Foi essa a desculpa, idiota?

- Ele sumiu com a amiga dela e ela ficou perto de mim conversando. Quando viu que não iria acontecer nada, me perguntou se eu poderia dar uma carona. Eu dei e não a vi por um tempo. Um dia eu estava indo para casa e a vi num ponto de ônibus. Eu parei o carro, estava chovendo muito e não era problema nenhum. Estava tudo engarrafado. Começamos a conversar, ela falou da faculdade e da fuga dela para o Rio após uma briga com o tio. Ela falou da dificuldade em fazer amigos no Rio e eu acabei falando de você.

- Idiota!

- Eu sinto muito, Clarice.

- Eu espero que sim. Como transou com ela?

- Ela passou a mão em mim e a coisa saiu do controle. Eu acabei transando com ela no carro. Eu achei que acabaria por ali, mas a gente acabou brigando feio e eu acabei mentindo dizendo que não poderia ir com vocês para Petrópolis. Eu a encontrei de novo no mesmo lugar só que além do carro, acabei transando com ela no banheiro do bar e passamos a noite num motel ali perto.

Klaus olhou para Clarice e pode sentir a fúria crescendo em seus olhos verdes de gata. Ela respirou fundo, tirou os sapatos e a roupa e foi para o banheiro tomar um banho. Ele não sabia o que fazer, mas acabou indo atrás dela.

- Você se lembra o motivo da briga?

- Vagamente.

- Você teve um ataque porque a vovó mandou um advogado tratar de parte da herança das crianças.

- Ele não precisava ficar tão perto de você.

- Eu acho que você ficou muito mais perto daquela mulher. Você mentiu para mim, Klaus Ernest Klein. Eu fico me perguntando sobre quantas coisas você mentiu. Ela teve a petulância de me pedir você de presente. "Você pode ter qualquer um, Clarice." Você não me merece, Klaus. Você j**a muito sujo.

- Clarice...

- Aposto que toda aquela briga para me fazer sentir culpada foi para lhe dar uma desculpa para comer aquela vagabunda. Eu lhe conheço. Você acha que tudo gira em torno de você. Não gira.

Clarice secou os cabelos com o secador, vestiu-se e foi embora sozinha apesar das tentativas de a levar de volta para o quarto. Mas Clarice não foi para casa. Ele passou a noite em claro enquanto ela dormia tranquilamente no quarto de hotel. Ela só voltaria para casa dois dias depois depois de uma ida ao salão e algumas compras básicas. Naquele mesmo dia Klaus foi expulso do quarto e suas coisas transferidas para o quarto de hóspedes.

.

"Se não quiser ficar aqui, não se faça de rogado. Ponha-se para fora da minha casa."

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