Para Elliot, aquele fora um dia cansativo. Mais do que o comum, já que a rotina atarefada costuma o agradar, ao contrário de muitas pessoas acomodadas com uma vida calma e sem muitos acontecimentos.
Porém, um momento daquele longo dia o marcou de forma diferente. Dentre todas as pessoas que entrevistou durante a tarde, ele se sentiu especialmente intrigado por Jonathan Jones. E agora, horas mais tarde, ele continuava confuso sobre a conexão repentina que sentiu.
Ele estava parado em sua cobertura, debruçado na varanda que dava para uma incrível vista na cidade. Vestindo apenas um robe de seda roxo, ele segurava um cigarro delicadamente entre seus dedos longos, observando com atenção como a fumaça se dissipava através do vento que atingia seu corpo parcialmente nu.
Mesmo com um tecido que mal cobria suas partes, ele não se importou com o frio da noite escura. Muito pelo contrário. Ele se debruçou cuidadosamente sobre o vidro que o protege na sacada e continuou observando a lua majestosamente colocada no céu, admirando toda a sua beleza.
Tocado pela magnitude de tudo que o cerca, ele percebeu como se sentia vazio, solitário. O homem que estava em seu quarto nesse exato momento se sentiria ofendido se pudesse ler os seus pensamentos mais profundos. Mas infelizmente, era a realidade.
As noites de amor intenso com pessoas que apareciam em seu caminho não passavam de momentos rápidos e casuais. Para Elliot, era apenas uma noite. Foi assim com todos eles, e dessa vez, não seria diferente.
Nenhuma dessas pessoas despertou em Park o que ele sentiu durante os poucos minutos em que ficou na presença de Jonathan. O fogo voraz que o consumiu ao olhar nos olhos negros do estagiário era algo completamente inédito. Ele se sentiu como um viciado, certo de que precisava sentir mais da adrenalina que o levou a querer experimentar mais da sensação inebriante que o invadiu.
Mesmo tomando cuidado para que Jonathan não percebesse seus pensamentos impróprios, a fim de não o deixar desconfortável, era extremamente difícil resistir a tentação de manter suas mãos longe dele.
A esse ponto, Elliot já havia entendido que contratá-lo não era a melhor das opções. Mas de forma inevitável, ele sentiu que precisava sentir mais daquela sensação.
Park se sente extremamente atraído por desafios, e, para ele, Jonathan se tornou o mais instigante de todos.
Ignorando o inevitável fato de que em algum momento ele precisaria expulsar o homem que dormia tranquilamente em seu quarto, ele passeou pela sala, andando em círculos até ouvir o telefone tocar.
Ele atendeu imediatamente, ansioso, já sabendo que teria as informações que precisava.
Cumprindo as ordens de Elliot, sua secretária lhe enviou um arquivo com todas as informações que tinha acesso sobre Jonathan Jones. E mesmo surpresa com seu comportamento incomum, ela acatou suas ordens sem questionar.
Não era do seu feitio ter tanto interesse em um funcionário, mas nesse caso, ele precisou agir de forma diferente.
Como um predador, ele sentia que precisava conhecer a sua presa. Todos os seus pontos fortes e fracos. Tinha que ter uma vantagem.
Mesmo assim, uma parte sua continuou em negação, se convencendo de que o seu magnetismo se dava devido ao talento do jovem. Em seu interior, ele sabia com exatidão que seu interesse era muito mais do que profissional.
Aquele dia, o que deu início dentro de si foi como uma pequena faísca que, aos poucos, revelaria o fogo intenso que cresceria dentro dele.
…
O fim de semana passou lentamente para Jonathan, que estava uma pilha de nervos. Seu dia de domingo se resumiu a trocar os títulos da N*****x repetidamente, sem conseguir concentrar a sua atenção em algo importante.
Tudo o que conseguia pensar, era o quanto estava ansioso para o seu primeiro dia de trabalho.Ele se esforçou para estar o mais apresentável possível, e assim que chegou na empresa, sentiu todos os olhares sobre ele.
O escritório, cheio de pessoas despojadas e casuais, não estava acostumado com alguém como Jonathan. Seu senso de moda era algo admirável, e alguém com a sua aparência não passaria despercebido tão fácil.
Isso se aplica ao seu próprio chefe, que ao chegar um pouco mais tarde na empresa, observou o estagiário completamente atento enquanto recebia as informações sobre seus afazeres.
Elliot sentiu seu corpo formigar ao ver o belo garoto vestindo uma camisa roxa, com uma leve transparência.
Somente aquilo foi o suficiente para levar sua imaginação a lugares que ele evitava visitar.
Sua mente devassa se permitiu, por um momento, imaginar as possibilidades que as roupas de Jonathan guardavam por baixo de todo aquele tecido. Porém, ele se arrependeu rapidamente, já que sua imaginação fértil era mais torturante do que ele conseguia lidar.
Um tanto nervoso, Elliot apertou o botão que o conectava a sua secretária no exato momento em que colocou os pés em sua sala.
“Mande o novato vir em minha sala agora, por favor.”
Jonathan estranhou seu chefe pedir para vê-lo logo no primeiro dia. Mesmo assim, obedeceu.
Ele deu três toques tímidos na porta antes de se apresentar.
Seus passos tímidos tinham dificuldade de o levar mais perto de Elliot, e Jonathan sentia receio de se aproximar demais do olhar intenso que parecia o devorar.
Park não disfarçou, não quis disfarçar. Seus olhos percorreram por todo o corpo do novato sem qualquer pudor.
Sem reação, Jonathan corou levemente ao perceber tal fato. Ele estava envergonhado, sentindo o suor repentino escorrer em suas têmporas. Porém, algo dentro de si podia dizer que ele gostou de ser olhado daquela forma.
“Precisa de algo, Sr. Park?” Sua pergunta poderia ser respondida pelo modo em que estava sendo observado. Mesmo assim, ele aguardou uma resposta em silêncio.
“Preciso de mais coisas do que pode imaginar, Jones.” O tom na voz de Elliot fez Jonathan tremer. “Tenho um cliente exclusivo que precisa da minha orientação na produção do seu novo álbum. Quero que vá comigo, acho que pode ser interessante para você”.
Jonathan mal conseguia acreditar no que estava ouvindo. Parecia bom demais para ser verdade. Bastaram poucos minutos na presença de Elliot para que Jones se sentisse mais confortável, apesar da tensão inicial, a qual ele, inocentemente, acreditava ser por não se conhecerem muito bem. Não fazia ideia das intenções já subtendidas de seu chefe, e isso era um bom sinal para Elliot, que estava determinado a reprimir essas sensações pelo maior tempo que conseguisse, independente de estar se torturando ao manter o belo jovem por perto. “Será uma honra, Sr. Park. Muito obrigado!” Jonathan agradeceu e despediu-se discretamente, antes de ser dispensado por Elliot. Voltando para sua mesa com um sorriso maior do que o rosto podia conter, ele se sentia extremamente confuso, pois, o que sentiu no instante em que esteve com seu próprio chefe, ainda não estava claro o suficiente em sua mente. Afinal, não podia se sentir daquela forma. Era seu chefe; e o quanto seria imoral ter sentimentos tão int
Com o músico cada vez mais próximo, Jonathan se sentiu extremamente nervoso. Suas mãos suavam e ele não sabia o que fazer, se deveria se aproximar para cumprimentá-lo, ou se precisava apenas ficar ali, os observando. Park percebeu como Jones estava ansioso, e sua mão discretamente tocou o antebraço do outro, tentando acalmá-lo com o leve e respeitoso contato, que por menor que fosse, foi o suficiente para fazê-lo se desconcentrar ainda mais. “Obrigada por vir, Elliot. Queria muito sua opinião”, disse o músico, estendendo a mão para cumprimentá-lo.“Não precisa agradecer, você sabe que meu objetivo é ter uma parceria produtiva. Aliás, esse é Jonathan Jones, meu novo estagiário. Espero que não se importe em ter mais alguém, queria mostrar a ele um pouco de como funciona a produção de um álbum com a nossa equipe”, explicou Elliot, notando a expressão sorridente do homem, que não exibiu insatisfação ao ouvir suas palavras.“De maneira nenhuma. Quanto mais, melhor. Sou Harry Thompson, pr
Jonathan acordou radiante. Abriu suas janelas e sentiu a brisa tocar seu rosto, tal qual um personagem de um filme romântico. Esta alegria não seria sem motivo, afinal, agora tudo parecia estar dando certo. Jones estava animado pela pequena aproximação que teve com Elliot, seu emprego era a melhor coisa que o aconteceu em tempos, e para finalizar seus motivos, se encontraria com seu amigo, Hugo.Ele não achava estranho se importar tanto com que sua convivência com Elliot deveria melhorar, em suma, qualquer um sabe que uma boa harmonia com um colega de trabalho é indispensável para uma rotina saudável. Ou pelo menos era nisso que ele queria acreditar.Na noite passada, enquanto estava no metrô, Jonathan recebeu uma mensagem de Hugo. O ruivo insistia para que Jonathan finalmente aceitasse seu convite para saírem juntos, mas Jones só queria saber de uma coisa: a Park Empire. Podia dizer que estava obcecado pelo trabalho, e ele sentia orgulho disso. Era o seu sonho, afinal. Porém, para
Sorrindo, seus olhos permaneceram fitando o jovem, mantendo toda sua atenção diretamente para ele.“É só uma brincadeira, Jones. Não precisa ficar nervoso,” disse Harry, tocando o ombro do mais novo, tentando o acalmar.O que não adiantou, muito pelo contrário.“Você não parece ser o tipo de pessoa que faz muitas brincadeiras, Harry,” Jonathan lançou sobre ele um olhar desconfiado.“O que você acha?” Era impossível decifrar, Harry era uma incógnita. Com seu jeito sarcástico, era difícil de entender quando suas palavras significavam o que ele realmente queria dizer.“Acho que preciso ir para o trabalho, se não vou me atrasar. Você me leva?” Jonathan desviou do assunto inteligentemente, notando o sorriso ladino que se formou no canto da boca do moreno.“Estou ao seu dispor,” Harry se levantou, puxando a cadeira para Jonathan.Enquanto o levava para a empresa, Jonathan pode ouvir o músico cantarolar Frank Sinatra enquanto dirigia, e as músicas soavam a trilha sonora perfeita para a visão
Ao ver que seu chefe se aproximava, Jonathan sentiu seu corpo esquentar como um vulcão prestes a entrar em erupção. Suas mãos tremiam, ligeiramente suadas, e seu rosto se tornou vermelho como um tomate.Ele não sabia explicar, mas as sensações que o invadiam quando se aproximava de Elliot eram difíceis de processar. A única coisa que ele sabia, de fato, é que não era nada adequado se sentir assim quando próximo de seu próprio chefe.O fitando, o loiro estendeu a mão, lhe entregando um cartão com suas informações.“Esse é meu número pessoal, pode entrar em contato quando quiser.” Estavam tão próximos que Jonathan pode sentir o hálito doce de Elliot tocar seu rosto.O moreno sentiu seu corpo estremecer, temendo o contato tão próximo.No entanto, Elliot reparou que Jonathan corou levemente, e não conseguiu esconder que tal fato o alegrava. Era bom saber que causava a mesma confusão que o mais novo lhe proporciona, mesmo sem saber.E, por ora, ainda não tinha noção de que seu chefe retrib
Eric sorria o tempo inteiro enquanto conversava com Hugo, o que era uma tarefa fácil para qualquer um que estivesse na presença do ruivo, que como Jonathan dizia, era uma das pessoas mais alegres e amáveis que já passaram em sua vida.Jones ficou observando o extremo oposto entre a personalidade extrovertida de Hugo e a introspecção de Eric, que antes teve receio de não ser uma boa combinação. Todavia, sua opinião foi mudada ao ver estarem se entrosando melhor do que imaginava.“Vamos tirar uma foto?” Jonathan perguntou, ignorando a negação de Eric com a cabeça, que tentou fugir desesperadamente da situação. Assim que abriu sua câmera para tirar a foto com seus amigos, uma notificação de mensagem apareceu, e seu primeiro impulso ao ver que se tratava de Elliot foi esconder o celular, o que despertou a curiosidade de seus amigos. Certamente se arrependeria de tal decisão.“Por que você escondeu o celular?” Hugo perguntou, confuso.“Porque ele está flertando com o chefe,” Eric responde
Mesmo se aproximando cada dia mais, Jonathan sabia pouco sobre a vida de Eric. O pouco que ele contou, é que mora com sua avó, e compartilhou um pouco sobre sua infância. Ele não parecia ser o tipo de pessoa que gostava de falar sobre seus problemas, preferia guardar para si.E era verdade, já que ele achava que poderia incomodar as pessoas e isso não o deixava confortável. O que ele sempre afirma é que, no geral, sua vida era tranquila. Como ele mesmo dizia, não havia nada de emocionante que movimentasse sua rotina ou que valesse a pena entrar em detalhes.O que Jonathan sabia era que, embora não demonstrasse, Eric era uma pessoa extremamente amorosa e fazia de tudo para agradar alguém que gostasse verdadeiramente. Suas demonstrações de afeto eram pequenas, mas significativas.E mesmo que ele fosse fechado, emburrado algumas vezes e introspectivo, o mais importante para Jonathan era que ele tinha um bom coração. Por mais que o loiro irritasse Jonathan constantemente com seu jeito deb
Assim que a janela do carro se abaixou lentamente, ele pode ver Elliot com um sorriso discreto em seu rosto, sendo iluminado pela luz vermelha de led do carro.Jonathan sentiu como se seu estômago estivesse sendo revirado por completo.Era como se ele tivesse voltado para os tempos de escola onde o colega no qual tinha um crush se aproximava, e ele desmontava por dentro como se fosse feito de peças de lego. Toda sua estrutura fica comprometida, e seus sentidos se perdem dentro da sua própria mente.O sentimento incapacitante vem acompanhado da sensação de estar andando em uma montanha-russa, onde o frio na sua barriga se instala, o fazendo ter a sensação de que se está caindo de um prédio de cem andares.Ignorando completamente todos esses sentimentos enlouquecedores, ele abriu a porta do carro com sutileza, se sentando no banco de couro bege e encarando Elliot diretamente pela primeira vez em um tempo. Assim que o fitou, notou como o CEO estava estranhamente casual, com roupas simple