Jonathan mal conseguia acreditar no que estava ouvindo. Parecia bom demais para ser verdade. Bastaram poucos minutos na presença de Elliot para que Jones se sentisse mais confortável, apesar da tensão inicial, a qual ele, inocentemente, acreditava ser por não se conhecerem muito bem.
Não fazia ideia das intenções já subtendidas de seu chefe, e isso era um bom sinal para Elliot, que estava determinado a reprimir essas sensações pelo maior tempo que conseguisse, independente de estar se torturando ao manter o belo jovem por perto.
“Será uma honra, Sr. Park. Muito obrigado!” Jonathan agradeceu e despediu-se discretamente, antes de ser dispensado por Elliot.
Voltando para sua mesa com um sorriso maior do que o rosto podia conter, ele se sentia extremamente confuso, pois, o que sentiu no instante em que esteve com seu próprio chefe, ainda não estava claro o suficiente em sua mente. Afinal, não podia se sentir daquela forma.
Era seu chefe; e o quanto seria imoral ter sentimentos tão intensos por um homem que está acima do seu cargo? Jonathan refletiu rapidamente, antes de focar sua atenção no trabalho que estava fazendo.
Seu colega de trabalho, Eric, o auxiliava a se inteirar dos assuntos da empresa. Embora um pouco brincalhão demais, diga-se de passagem, Jonathan estava grato por toda a paciência de Eric ao explicar os processos burocráticos, que, felizmente, não eram tantos quanto ele poderia imaginar.
Jonathan colocou os fones de ouvido, extremamente curioso para conhecer um pouco do artista que visitariam mais tarde. Mesmo sabendo que todos os músicos que passavam pela empresa eram extremamente talentosos, ele não esperava que a voz que ecoou em seus ouvidos fosse tão única.
A intensidade do timbre do cantor que ouvia era quase inebriante, e isso merecia receber sua completa atenção. A voz grave e um pouco rouca era um presente para seus ouvidos, e com poucos segundos de uma única canção, Jonathan estava encantado, além de ansioso, para conhecer o misterioso músico.
Distraído, demorou a perceber os toques repetitivos do seu novo colega de trabalho em seu ombro. Ele tirou os fones rapidamente, voltando sua atenção para o mundo real.
“Sei que você é o novo favorito do chefe, mas tem que me entregar o que eu te pedi há alguns minutos.” o loiro disse em tom de brincadeira, apesar de sério em suas palavras.
“Me desculpe, Eric. Acabei me distraindo com essa mixtape” Jones virou a tela do seu notebook para o loiro, que espremeu os olhos levemente, tentando ler as letras miúdas na tela.
Antes que Eric pudesse dizer uma única palavra sobre, Jonathan ouviu uma voz familiar no local. Ele se virou rapidamente, ainda sentado em sua cadeira, e seus olhos quase não acreditaram no que viram.
Seu amigo de infância, Hugo, estava conversando com Aila, a secretária de Elliot Park. Ele estava completamente diferente, mas seria impossível para Jonathan não o reconhecer. Seus cabelos estavam agora vermelhos como cereja, além de seu estilo parecer completamente diferente do que ele conhecia do tempo de colégio.
Jonathan não pensou duas vezes antes de se levantar e ir cumprimentá-lo. E Hugo ficou tão surpreso quanto Jones, e um tanto desacreditado de que eles trabalhavam no mesmo lugar. Após anos sem se verem, suas vidas foram unidas novamente, de forma totalmente aleatória.
Agora, Hugo era um dançarino profissional e estagiário na P.E. E Jonathan sentiu que isso era destino, já que eram muito próximos na adolescência. Eles foram separados quando os pais de Hugo voltaram para a Londres, sua terra natal.
Juntos novamente, por acaso, seria difícil mantê-los separados.
Distraído com seu amigo, Jonathan demorou a perceber que já havia passado do horário que Elliot informara, por meio da secretária, para irem juntos visitar o artista que produziriam. Completamente nervoso, ele se despediu rapidamente de Hugo, correndo desesperadamente até a portaria, esquecendo até mesmo de pegar seus pertences antes de sair.
Assim que o elevador abriu no térreo, Jonathan avistou Elliot parado em frente a um carro preto. Ele olhava impacientemente para o relógio em seu pulso, e, naquele momento, Jonathan acreditou que tinha estragado tudo.
O loiro viu Jonathan se aproximar e entrou no carro, seguido pelo mais novo, que o alcançou rapidamente.
“Sr. Park, me perdoe… Fiquei distraído com as tarefas e perdi a noção do tempo. Me desculpe” Jonathan manteve a cabeça baixa, envergonhado.
Elliot não respondeu, apenas assentiu positivamente com a cabeça enquanto olhava o celular, com uma expressão desagradável em seu rosto, mantendo um silêncio constrangedor durante toda a viagem.
Jonathan se perguntou, entristecido, se um pequeno atraso seria suficiente para atrapalhá-lo e causar uma má impressão em seu chefe. O estagiário fixou o olhar no vidro do carro, que estava molhado pela tempestade que caía nas ruas.
Observando os enormes prédios no centro da cidade, ele não conseguiu evitar o sentimento de medo, temeroso de ter estragado sua chance após um pequeno deslize. O carro reduziu a velocidade ao se aproximar de uma linda casa, mais afastada do centro, que tinha muros enormes, cobertos por plantas, além de um grande portão com desenhos entalhados na madeira.
Mesmo curioso, Jonathan não fez perguntas. Assim que saiu do carro, inspirou o ar, buscando o cheiro da chuva que banhava o local. Sua expressão era pura como a de uma criança encantada com as pequenas gotas que caíam do céu. Elliot o observou por um breve momento, desviando o olhar antes que ele pudesse perceber. Eles foram guiados para o interior da casa, e o moreno notou um estúdio de gravação surpreendentemente bem montado no local.
Logo reconheceu o timbre grave que ouvira mais cedo nas faixas que Eric o apresentou. Ficou surpreso com a incrível voz, que tinha ainda mais impacto pessoalmente. Mas, também, não foi difícil reparar na beleza do misterioso rapaz.
Jonathan observou discretamente seus cabelos pretos e ondulados, que contornavam seu rosto com a pele brilhante e levemente bronzeada, dando espaço para um sorriso retangular que iluminava seu rosto. E o homem, que antes não havia notado a presença de Elliot e Jonathan, sorriu, seguindo em direção aos dois.
Com o músico cada vez mais próximo, Jonathan se sentiu extremamente nervoso. Suas mãos suavam e ele não sabia o que fazer, se deveria se aproximar para cumprimentá-lo, ou se precisava apenas ficar ali, os observando. Park percebeu como Jones estava ansioso, e sua mão discretamente tocou o antebraço do outro, tentando acalmá-lo com o leve e respeitoso contato, que por menor que fosse, foi o suficiente para fazê-lo se desconcentrar ainda mais. “Obrigada por vir, Elliot. Queria muito sua opinião”, disse o músico, estendendo a mão para cumprimentá-lo.“Não precisa agradecer, você sabe que meu objetivo é ter uma parceria produtiva. Aliás, esse é Jonathan Jones, meu novo estagiário. Espero que não se importe em ter mais alguém, queria mostrar a ele um pouco de como funciona a produção de um álbum com a nossa equipe”, explicou Elliot, notando a expressão sorridente do homem, que não exibiu insatisfação ao ouvir suas palavras.“De maneira nenhuma. Quanto mais, melhor. Sou Harry Thompson, pr
Jonathan acordou radiante. Abriu suas janelas e sentiu a brisa tocar seu rosto, tal qual um personagem de um filme romântico. Esta alegria não seria sem motivo, afinal, agora tudo parecia estar dando certo. Jones estava animado pela pequena aproximação que teve com Elliot, seu emprego era a melhor coisa que o aconteceu em tempos, e para finalizar seus motivos, se encontraria com seu amigo, Hugo.Ele não achava estranho se importar tanto com que sua convivência com Elliot deveria melhorar, em suma, qualquer um sabe que uma boa harmonia com um colega de trabalho é indispensável para uma rotina saudável. Ou pelo menos era nisso que ele queria acreditar.Na noite passada, enquanto estava no metrô, Jonathan recebeu uma mensagem de Hugo. O ruivo insistia para que Jonathan finalmente aceitasse seu convite para saírem juntos, mas Jones só queria saber de uma coisa: a Park Empire. Podia dizer que estava obcecado pelo trabalho, e ele sentia orgulho disso. Era o seu sonho, afinal. Porém, para
Sorrindo, seus olhos permaneceram fitando o jovem, mantendo toda sua atenção diretamente para ele.“É só uma brincadeira, Jones. Não precisa ficar nervoso,” disse Harry, tocando o ombro do mais novo, tentando o acalmar.O que não adiantou, muito pelo contrário.“Você não parece ser o tipo de pessoa que faz muitas brincadeiras, Harry,” Jonathan lançou sobre ele um olhar desconfiado.“O que você acha?” Era impossível decifrar, Harry era uma incógnita. Com seu jeito sarcástico, era difícil de entender quando suas palavras significavam o que ele realmente queria dizer.“Acho que preciso ir para o trabalho, se não vou me atrasar. Você me leva?” Jonathan desviou do assunto inteligentemente, notando o sorriso ladino que se formou no canto da boca do moreno.“Estou ao seu dispor,” Harry se levantou, puxando a cadeira para Jonathan.Enquanto o levava para a empresa, Jonathan pode ouvir o músico cantarolar Frank Sinatra enquanto dirigia, e as músicas soavam a trilha sonora perfeita para a visão
Ao ver que seu chefe se aproximava, Jonathan sentiu seu corpo esquentar como um vulcão prestes a entrar em erupção. Suas mãos tremiam, ligeiramente suadas, e seu rosto se tornou vermelho como um tomate.Ele não sabia explicar, mas as sensações que o invadiam quando se aproximava de Elliot eram difíceis de processar. A única coisa que ele sabia, de fato, é que não era nada adequado se sentir assim quando próximo de seu próprio chefe.O fitando, o loiro estendeu a mão, lhe entregando um cartão com suas informações.“Esse é meu número pessoal, pode entrar em contato quando quiser.” Estavam tão próximos que Jonathan pode sentir o hálito doce de Elliot tocar seu rosto.O moreno sentiu seu corpo estremecer, temendo o contato tão próximo.No entanto, Elliot reparou que Jonathan corou levemente, e não conseguiu esconder que tal fato o alegrava. Era bom saber que causava a mesma confusão que o mais novo lhe proporciona, mesmo sem saber.E, por ora, ainda não tinha noção de que seu chefe retrib
Eric sorria o tempo inteiro enquanto conversava com Hugo, o que era uma tarefa fácil para qualquer um que estivesse na presença do ruivo, que como Jonathan dizia, era uma das pessoas mais alegres e amáveis que já passaram em sua vida.Jones ficou observando o extremo oposto entre a personalidade extrovertida de Hugo e a introspecção de Eric, que antes teve receio de não ser uma boa combinação. Todavia, sua opinião foi mudada ao ver estarem se entrosando melhor do que imaginava.“Vamos tirar uma foto?” Jonathan perguntou, ignorando a negação de Eric com a cabeça, que tentou fugir desesperadamente da situação. Assim que abriu sua câmera para tirar a foto com seus amigos, uma notificação de mensagem apareceu, e seu primeiro impulso ao ver que se tratava de Elliot foi esconder o celular, o que despertou a curiosidade de seus amigos. Certamente se arrependeria de tal decisão.“Por que você escondeu o celular?” Hugo perguntou, confuso.“Porque ele está flertando com o chefe,” Eric responde
Mesmo se aproximando cada dia mais, Jonathan sabia pouco sobre a vida de Eric. O pouco que ele contou, é que mora com sua avó, e compartilhou um pouco sobre sua infância. Ele não parecia ser o tipo de pessoa que gostava de falar sobre seus problemas, preferia guardar para si.E era verdade, já que ele achava que poderia incomodar as pessoas e isso não o deixava confortável. O que ele sempre afirma é que, no geral, sua vida era tranquila. Como ele mesmo dizia, não havia nada de emocionante que movimentasse sua rotina ou que valesse a pena entrar em detalhes.O que Jonathan sabia era que, embora não demonstrasse, Eric era uma pessoa extremamente amorosa e fazia de tudo para agradar alguém que gostasse verdadeiramente. Suas demonstrações de afeto eram pequenas, mas significativas.E mesmo que ele fosse fechado, emburrado algumas vezes e introspectivo, o mais importante para Jonathan era que ele tinha um bom coração. Por mais que o loiro irritasse Jonathan constantemente com seu jeito deb
Assim que a janela do carro se abaixou lentamente, ele pode ver Elliot com um sorriso discreto em seu rosto, sendo iluminado pela luz vermelha de led do carro.Jonathan sentiu como se seu estômago estivesse sendo revirado por completo.Era como se ele tivesse voltado para os tempos de escola onde o colega no qual tinha um crush se aproximava, e ele desmontava por dentro como se fosse feito de peças de lego. Toda sua estrutura fica comprometida, e seus sentidos se perdem dentro da sua própria mente.O sentimento incapacitante vem acompanhado da sensação de estar andando em uma montanha-russa, onde o frio na sua barriga se instala, o fazendo ter a sensação de que se está caindo de um prédio de cem andares.Ignorando completamente todos esses sentimentos enlouquecedores, ele abriu a porta do carro com sutileza, se sentando no banco de couro bege e encarando Elliot diretamente pela primeira vez em um tempo. Assim que o fitou, notou como o CEO estava estranhamente casual, com roupas simple
Jonathan estava inquieto desde a noite anterior. Eric não retornava às suas ligações e estava completamente fechado sobre seja lá o que estivesse acontecendo em sua vida. Desde que acordou, o mais novo enviou uma enxurrada de mensagens para o amigo, porém, não obteve resposta, o que só aumentou sua ansiedade.Hoje seria o primeiro dia desde que foi admitido que Jonathan não teria seu amigo ao seu lado durante o expediente, e isso o entristeceu de certa forma. Não acordou tão animado como nos outros dias e não se preocupou tanto com sua aparência como de costume.Acordou mais cedo do que o normal devido à sua ansiedade e se arrumou rapidamente, aguardando no sofá até que desse o horário que costumava sair de casa. Em contrapartida, ainda sentia o frio na barriga o invadir toda vez que se lembrava da noite passada.Elliot estava cada vez mais presente em sua vida, e isso o preocupava, porém, não conseguia encontrar uma forma de se afastarem a esse ponto. Seria esquisito pedir para que e