05 - Disputa

Com o músico cada vez mais próximo, Jonathan se sentiu extremamente nervoso. Suas mãos suavam e ele não sabia o que fazer, se deveria se aproximar para cumprimentá-lo, ou se precisava apenas ficar ali, os observando. 

Park percebeu como Jones estava ansioso, e sua mão discretamente tocou o antebraço do outro, tentando acalmá-lo com o leve e respeitoso contato, que por menor que fosse, foi o suficiente para fazê-lo se desconcentrar ainda mais. 

“Obrigada por vir, Elliot. Queria muito sua opinião”, disse o músico, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

“Não precisa agradecer, você sabe que meu objetivo é ter uma parceria produtiva. Aliás, esse é Jonathan Jones, meu novo estagiário. Espero que não se importe em ter mais alguém, queria mostrar a ele um pouco de como funciona a produção de um álbum com a nossa equipe”, explicou Elliot, notando a expressão sorridente do homem, que não exibiu insatisfação ao ouvir suas palavras.

“De maneira nenhuma. Quanto mais, melhor. Sou Harry Thompson, prazer em conhecê-lo, Jonathan Jones”, cumprimentou o músico, mantendo o olhar fixo em Jonathan, o deixando desconcertado.

Após as devidas apresentações, as pessoas reunidas no local conversaram sobre as faixas gravadas por Harry, combinando como seriam organizadas. Jonathan se manteve atento durante toda reunião, tomando nota sempre que achava necessário, se prendendo a cada detalhe que achasse importante.

Observou como era importante para Harry que sua música tocasse as pessoas, percebendo também o quanto suas letras eram tristes. A melancolia era palpável ao sentir a melodia suave de suas músicas, através de sua audição apurada.

Jonathan estava encantado com o talento do jovem cantor, que exibiu uma enorme riqueza intelectual ao expor os conceitos por trás de cada faixa do álbum, que mesmo não finalizado, já tinha conteúdo suficiente para ser lançado.

E após a reunião, Harry fez um convite para Elliot e Jonathan, a fim de apresentar o jardim que havia construído recentemente. Mesmo cansado, Elliot aceitou o convite, antes de pedir para irem à frente, pois tinha uma ligação importante para fazer.

Ao passar pela porta que havia na cozinha, os olhos de Jonathan se arregalaram ao finalmente conhecer o lindo jardim decorado com pequenas luzes penduradas nas paredes. Havia tulipas brancas e azuis contornando o caminho de madeira no local, que era absurdamente encantador.

Harry fitou Jonathan discretamente, e reparou o brilho nos olhos do rapaz, absurdamente encantado com o lindo jardim.

“Então, o que achou?”, perguntou Harry, ansioso em ouvir sua resposta, mesmo que sua expressão já deixasse óbvia.

“Estou sem palavras, é magnífico. Parece que morri e fui para o paraíso”, disse Jonathan, arrancando uma risada do músico.

“Obrigado, aqui é o meu paraíso particular. É realmente lindo, e combina com você”, disse Harry com firmeza, o que fez Jonathan corar.

Mesmo sentindo o comentário o transpassar, Jonathan ignorou e continuou a passear no jardim, acariciando delicadamente todas as lindas flores que contornavam o local. Distraído, não notou que Elliot os observava, analisando imediatamente a maneira com que o cantor direcionava seu olhar para Jonathan.

Seria impossível não notar, afinal, reconhecia aquele olhar em si toda vez que seus olhos passeavam pelo corpo do jovem estagiário.

“Temos que ir, desculpe”, disse Elliot de forma sucinta, evitando qualquer explicação.

A fala repentina fez Jonathan dar um pulo assustado, receoso do que ele pudesse ter ouvido. Não tinha segundas intenções com Harry, mas percebeu no modo que o moreno o tratou, que as coisas poderiam se complicar. Era novo na empresa, não podia deixar algo desse tipo acontecer. 

Afinal, que tipo de pessoa seria caso se envolvesse com um colega de trabalho? Não era uma possibilidade para Jonathan. Pelo menos ainda.

Antes de partir, se despediram de Harry, que não conseguiu esconder sua frustração por não poder passar mais tempo conhecendo Jonathan. Porém, ele não desistiria tão facilmente.

Após algumas semanas, Jonathan estava completamente habituado à sua nova rotina.

Visitava outros artistas na companhia de Elliot, porém, não tinha muito contato com os músicos, ficando atarefado com as responsabilidades envolvendo a organização para o lançamento do álbum.

Em uma das visitas, percebeu que Harry e Elliot não trocam muitas palavras, apenas o necessário. E isso despertou sua curiosidade, mas não se sentia à vontade para entrar no assunto, afinal, o CEO não dava abertura para Jonathan fazer uma aproximação sequer.

Elliot, no entanto, temia que ao permitir algum tipo de aproximação, não conseguiria conter o irritante, porém incessante, calor que tomava conta de seu corpo toda vez que o jovem se aproximava um pouco mais que o necessário de si. Ou até mesmo quando necessário dividir o mesmo carro por minutos que pareciam uma eternidade. 

Era como uma tortura, Elliot sentia como se estivesse enlouquecendo. Enlouquecendo por algo que ele mesmo escolheu ao contratá-lo, e agora, se via dividido em mantê-lo por perto, ou dispensá-lo, e por ventura, desperdiçar seu talento.

Jonathan se sentia confuso, assim como irritado. Não sabia o que fazer para se livrar dessa barreira que Park insistia em manter, e isso o frustrava. Todas as viagens eram parecidas, igualmente silenciosas tanto na ida, quanto na volta.

Exceto uma delas.

Jonathan assistia vídeos em seu celular para passar o tempo, e Elliot notou o quanto ele sorria para a tela, ainda que contido, o que despertou sua curiosidade. E, notando o interesse de Elliot, que olhava de canto tentando decifrar o conteúdo, o mais novo aproximou o celular para que sua visão alcançasse a tela, mostrando um vídeo de um gato se assustando com seu próprio reflexo.

Elliot não conseguiu conter sua risada, tão alta que assustou o motorista. Jonathan nunca havia visto Elliot sorrir dessa forma, pois era sempre tão fechado, reservado. Mesmo assim, gostou de ver como seus olhos se espremiam a medida em que seu sorriso aumentava. 

A partir daquele dia, o relacionamento entre eles começou a mudar. De colegas de trabalho distantes, transformaram-se em quase colegas, como Jonathan diria se perguntado. Não eram tão próximos, mas conseguiam conversar vez ou outra. 

Pouco a pouco, Elliot resistia cada vez menos, diminuindo a barreira que ele mesmo criou entre ele e seu estagiário. E, sem imaginar, ele se via cada vez mais entregue ao charme de Jonathan, que o envolveria até o último fio de seus cabelos. 

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