Com o músico cada vez mais próximo, Jonathan se sentiu extremamente nervoso. Suas mãos suavam e ele não sabia o que fazer, se deveria se aproximar para cumprimentá-lo, ou se precisava apenas ficar ali, os observando.
Park percebeu como Jones estava ansioso, e sua mão discretamente tocou o antebraço do outro, tentando acalmá-lo com o leve e respeitoso contato, que por menor que fosse, foi o suficiente para fazê-lo se desconcentrar ainda mais.
“Obrigada por vir, Elliot. Queria muito sua opinião”, disse o músico, estendendo a mão para cumprimentá-lo.
“Não precisa agradecer, você sabe que meu objetivo é ter uma parceria produtiva. Aliás, esse é Jonathan Jones, meu novo estagiário. Espero que não se importe em ter mais alguém, queria mostrar a ele um pouco de como funciona a produção de um álbum com a nossa equipe”, explicou Elliot, notando a expressão sorridente do homem, que não exibiu insatisfação ao ouvir suas palavras.
“De maneira nenhuma. Quanto mais, melhor. Sou Harry Thompson, prazer em conhecê-lo, Jonathan Jones”, cumprimentou o músico, mantendo o olhar fixo em Jonathan, o deixando desconcertado.
Após as devidas apresentações, as pessoas reunidas no local conversaram sobre as faixas gravadas por Harry, combinando como seriam organizadas. Jonathan se manteve atento durante toda reunião, tomando nota sempre que achava necessário, se prendendo a cada detalhe que achasse importante.
Observou como era importante para Harry que sua música tocasse as pessoas, percebendo também o quanto suas letras eram tristes. A melancolia era palpável ao sentir a melodia suave de suas músicas, através de sua audição apurada.
Jonathan estava encantado com o talento do jovem cantor, que exibiu uma enorme riqueza intelectual ao expor os conceitos por trás de cada faixa do álbum, que mesmo não finalizado, já tinha conteúdo suficiente para ser lançado.
E após a reunião, Harry fez um convite para Elliot e Jonathan, a fim de apresentar o jardim que havia construído recentemente. Mesmo cansado, Elliot aceitou o convite, antes de pedir para irem à frente, pois tinha uma ligação importante para fazer.
Ao passar pela porta que havia na cozinha, os olhos de Jonathan se arregalaram ao finalmente conhecer o lindo jardim decorado com pequenas luzes penduradas nas paredes. Havia tulipas brancas e azuis contornando o caminho de madeira no local, que era absurdamente encantador.
Harry fitou Jonathan discretamente, e reparou o brilho nos olhos do rapaz, absurdamente encantado com o lindo jardim.
“Então, o que achou?”, perguntou Harry, ansioso em ouvir sua resposta, mesmo que sua expressão já deixasse óbvia.
“Estou sem palavras, é magnífico. Parece que morri e fui para o paraíso”, disse Jonathan, arrancando uma risada do músico.
“Obrigado, aqui é o meu paraíso particular. É realmente lindo, e combina com você”, disse Harry com firmeza, o que fez Jonathan corar.
Mesmo sentindo o comentário o transpassar, Jonathan ignorou e continuou a passear no jardim, acariciando delicadamente todas as lindas flores que contornavam o local. Distraído, não notou que Elliot os observava, analisando imediatamente a maneira com que o cantor direcionava seu olhar para Jonathan.
Seria impossível não notar, afinal, reconhecia aquele olhar em si toda vez que seus olhos passeavam pelo corpo do jovem estagiário.
“Temos que ir, desculpe”, disse Elliot de forma sucinta, evitando qualquer explicação.
A fala repentina fez Jonathan dar um pulo assustado, receoso do que ele pudesse ter ouvido. Não tinha segundas intenções com Harry, mas percebeu no modo que o moreno o tratou, que as coisas poderiam se complicar. Era novo na empresa, não podia deixar algo desse tipo acontecer.
Afinal, que tipo de pessoa seria caso se envolvesse com um colega de trabalho? Não era uma possibilidade para Jonathan. Pelo menos ainda.
Antes de partir, se despediram de Harry, que não conseguiu esconder sua frustração por não poder passar mais tempo conhecendo Jonathan. Porém, ele não desistiria tão facilmente.
Após algumas semanas, Jonathan estava completamente habituado à sua nova rotina.
Visitava outros artistas na companhia de Elliot, porém, não tinha muito contato com os músicos, ficando atarefado com as responsabilidades envolvendo a organização para o lançamento do álbum.
Em uma das visitas, percebeu que Harry e Elliot não trocam muitas palavras, apenas o necessário. E isso despertou sua curiosidade, mas não se sentia à vontade para entrar no assunto, afinal, o CEO não dava abertura para Jonathan fazer uma aproximação sequer.
Elliot, no entanto, temia que ao permitir algum tipo de aproximação, não conseguiria conter o irritante, porém incessante, calor que tomava conta de seu corpo toda vez que o jovem se aproximava um pouco mais que o necessário de si. Ou até mesmo quando necessário dividir o mesmo carro por minutos que pareciam uma eternidade.
Era como uma tortura, Elliot sentia como se estivesse enlouquecendo. Enlouquecendo por algo que ele mesmo escolheu ao contratá-lo, e agora, se via dividido em mantê-lo por perto, ou dispensá-lo, e por ventura, desperdiçar seu talento.
Jonathan se sentia confuso, assim como irritado. Não sabia o que fazer para se livrar dessa barreira que Park insistia em manter, e isso o frustrava. Todas as viagens eram parecidas, igualmente silenciosas tanto na ida, quanto na volta.
Exceto uma delas.
Jonathan assistia vídeos em seu celular para passar o tempo, e Elliot notou o quanto ele sorria para a tela, ainda que contido, o que despertou sua curiosidade. E, notando o interesse de Elliot, que olhava de canto tentando decifrar o conteúdo, o mais novo aproximou o celular para que sua visão alcançasse a tela, mostrando um vídeo de um gato se assustando com seu próprio reflexo.
Elliot não conseguiu conter sua risada, tão alta que assustou o motorista. Jonathan nunca havia visto Elliot sorrir dessa forma, pois era sempre tão fechado, reservado. Mesmo assim, gostou de ver como seus olhos se espremiam a medida em que seu sorriso aumentava.
A partir daquele dia, o relacionamento entre eles começou a mudar. De colegas de trabalho distantes, transformaram-se em quase colegas, como Jonathan diria se perguntado. Não eram tão próximos, mas conseguiam conversar vez ou outra.
Pouco a pouco, Elliot resistia cada vez menos, diminuindo a barreira que ele mesmo criou entre ele e seu estagiário. E, sem imaginar, ele se via cada vez mais entregue ao charme de Jonathan, que o envolveria até o último fio de seus cabelos.
Jonathan acordou radiante. Abriu suas janelas e sentiu a brisa tocar seu rosto, tal qual um personagem de um filme romântico. Esta alegria não seria sem motivo, afinal, agora tudo parecia estar dando certo. Jones estava animado pela pequena aproximação que teve com Elliot, seu emprego era a melhor coisa que o aconteceu em tempos, e para finalizar seus motivos, se encontraria com seu amigo, Hugo.Ele não achava estranho se importar tanto com que sua convivência com Elliot deveria melhorar, em suma, qualquer um sabe que uma boa harmonia com um colega de trabalho é indispensável para uma rotina saudável. Ou pelo menos era nisso que ele queria acreditar.Na noite passada, enquanto estava no metrô, Jonathan recebeu uma mensagem de Hugo. O ruivo insistia para que Jonathan finalmente aceitasse seu convite para saírem juntos, mas Jones só queria saber de uma coisa: a Park Empire. Podia dizer que estava obcecado pelo trabalho, e ele sentia orgulho disso. Era o seu sonho, afinal. Porém, para
Sorrindo, seus olhos permaneceram fitando o jovem, mantendo toda sua atenção diretamente para ele.“É só uma brincadeira, Jones. Não precisa ficar nervoso,” disse Harry, tocando o ombro do mais novo, tentando o acalmar.O que não adiantou, muito pelo contrário.“Você não parece ser o tipo de pessoa que faz muitas brincadeiras, Harry,” Jonathan lançou sobre ele um olhar desconfiado.“O que você acha?” Era impossível decifrar, Harry era uma incógnita. Com seu jeito sarcástico, era difícil de entender quando suas palavras significavam o que ele realmente queria dizer.“Acho que preciso ir para o trabalho, se não vou me atrasar. Você me leva?” Jonathan desviou do assunto inteligentemente, notando o sorriso ladino que se formou no canto da boca do moreno.“Estou ao seu dispor,” Harry se levantou, puxando a cadeira para Jonathan.Enquanto o levava para a empresa, Jonathan pode ouvir o músico cantarolar Frank Sinatra enquanto dirigia, e as músicas soavam a trilha sonora perfeita para a visão
Ao ver que seu chefe se aproximava, Jonathan sentiu seu corpo esquentar como um vulcão prestes a entrar em erupção. Suas mãos tremiam, ligeiramente suadas, e seu rosto se tornou vermelho como um tomate.Ele não sabia explicar, mas as sensações que o invadiam quando se aproximava de Elliot eram difíceis de processar. A única coisa que ele sabia, de fato, é que não era nada adequado se sentir assim quando próximo de seu próprio chefe.O fitando, o loiro estendeu a mão, lhe entregando um cartão com suas informações.“Esse é meu número pessoal, pode entrar em contato quando quiser.” Estavam tão próximos que Jonathan pode sentir o hálito doce de Elliot tocar seu rosto.O moreno sentiu seu corpo estremecer, temendo o contato tão próximo.No entanto, Elliot reparou que Jonathan corou levemente, e não conseguiu esconder que tal fato o alegrava. Era bom saber que causava a mesma confusão que o mais novo lhe proporciona, mesmo sem saber.E, por ora, ainda não tinha noção de que seu chefe retrib
Eric sorria o tempo inteiro enquanto conversava com Hugo, o que era uma tarefa fácil para qualquer um que estivesse na presença do ruivo, que como Jonathan dizia, era uma das pessoas mais alegres e amáveis que já passaram em sua vida.Jones ficou observando o extremo oposto entre a personalidade extrovertida de Hugo e a introspecção de Eric, que antes teve receio de não ser uma boa combinação. Todavia, sua opinião foi mudada ao ver estarem se entrosando melhor do que imaginava.“Vamos tirar uma foto?” Jonathan perguntou, ignorando a negação de Eric com a cabeça, que tentou fugir desesperadamente da situação. Assim que abriu sua câmera para tirar a foto com seus amigos, uma notificação de mensagem apareceu, e seu primeiro impulso ao ver que se tratava de Elliot foi esconder o celular, o que despertou a curiosidade de seus amigos. Certamente se arrependeria de tal decisão.“Por que você escondeu o celular?” Hugo perguntou, confuso.“Porque ele está flertando com o chefe,” Eric responde
Mesmo se aproximando cada dia mais, Jonathan sabia pouco sobre a vida de Eric. O pouco que ele contou, é que mora com sua avó, e compartilhou um pouco sobre sua infância. Ele não parecia ser o tipo de pessoa que gostava de falar sobre seus problemas, preferia guardar para si.E era verdade, já que ele achava que poderia incomodar as pessoas e isso não o deixava confortável. O que ele sempre afirma é que, no geral, sua vida era tranquila. Como ele mesmo dizia, não havia nada de emocionante que movimentasse sua rotina ou que valesse a pena entrar em detalhes.O que Jonathan sabia era que, embora não demonstrasse, Eric era uma pessoa extremamente amorosa e fazia de tudo para agradar alguém que gostasse verdadeiramente. Suas demonstrações de afeto eram pequenas, mas significativas.E mesmo que ele fosse fechado, emburrado algumas vezes e introspectivo, o mais importante para Jonathan era que ele tinha um bom coração. Por mais que o loiro irritasse Jonathan constantemente com seu jeito deb
Assim que a janela do carro se abaixou lentamente, ele pode ver Elliot com um sorriso discreto em seu rosto, sendo iluminado pela luz vermelha de led do carro.Jonathan sentiu como se seu estômago estivesse sendo revirado por completo.Era como se ele tivesse voltado para os tempos de escola onde o colega no qual tinha um crush se aproximava, e ele desmontava por dentro como se fosse feito de peças de lego. Toda sua estrutura fica comprometida, e seus sentidos se perdem dentro da sua própria mente.O sentimento incapacitante vem acompanhado da sensação de estar andando em uma montanha-russa, onde o frio na sua barriga se instala, o fazendo ter a sensação de que se está caindo de um prédio de cem andares.Ignorando completamente todos esses sentimentos enlouquecedores, ele abriu a porta do carro com sutileza, se sentando no banco de couro bege e encarando Elliot diretamente pela primeira vez em um tempo. Assim que o fitou, notou como o CEO estava estranhamente casual, com roupas simple
Jonathan estava inquieto desde a noite anterior. Eric não retornava às suas ligações e estava completamente fechado sobre seja lá o que estivesse acontecendo em sua vida. Desde que acordou, o mais novo enviou uma enxurrada de mensagens para o amigo, porém, não obteve resposta, o que só aumentou sua ansiedade.Hoje seria o primeiro dia desde que foi admitido que Jonathan não teria seu amigo ao seu lado durante o expediente, e isso o entristeceu de certa forma. Não acordou tão animado como nos outros dias e não se preocupou tanto com sua aparência como de costume.Acordou mais cedo do que o normal devido à sua ansiedade e se arrumou rapidamente, aguardando no sofá até que desse o horário que costumava sair de casa. Em contrapartida, ainda sentia o frio na barriga o invadir toda vez que se lembrava da noite passada.Elliot estava cada vez mais presente em sua vida, e isso o preocupava, porém, não conseguia encontrar uma forma de se afastarem a esse ponto. Seria esquisito pedir para que e
Assim que chegaram no restaurante, Elliot conversou com a recepcionista — essa qual ele parecia conhecer bem — pedindo para que conseguisse uma mesa mais reservada. Acatando seu pedido, ela os levou até a parte fechada para reservas, que só abria durante a noite.Jonathan não entendeu bem o motivo, mas, ao mesmo tempo, não perguntou. Porém, mesmo sem precisar, Elliot decidiu explicar sua decisão para que ele não pensasse mal de sua ação.“Pedi um lugar mais privado para não sermos alvo de invenções,” ele tinha um tom sério em sua voz. “Caso não se sinta confortável, podemos ir para outra mesa.”“Não me importo, não se preocupe. Mas se refere a que tipo de invenções?” perguntou.“Quando você é chefe em uma empresa grande como a Empire, fica vulnerável a certos tipos de comentários que podem te prejudicar. Tenho certeza que você entende que as pessoas gostam de espalhar boatos, principalmente quando se trata de alguém no poder,” Elliot deu um gole generoso em sua taça de vinho, trazendo