Jonathan ficou cerca de uns cinco minutos ao celular com Eric, e ao ver sua expressão preocupada, Elliot não pensou muito ao estacionar o carro na beira da estrada, já que a chuva havia diminuído na altura da estrada onde estavam. O mais novo gesticulava e dizia várias coisas que pareciam desconexas para ele, e mesmo com os olhos marejados, parecia extremamente irritado e angustiado.“O que houve?” o loiro perguntou, preocupado.“Eric ligou dizendo que a avó dele está internada em estado grave.” o mais novo disse, parecendo estar em choque. “Eu não imaginava, fiquei o dia inteiro agindo como se nada estivesse acontecendo. Meu Deus!”“Não tinha como você saber, Jonathan. Não se culpe.” Ele tentou acalmá-lo.“Não sei porque ele não disse nada, eu poderia tentar ajudá-lo, não sei.” Ele colocou as mãos em seu rosto, ocultando as lágrimas que rolavam através de suas bochechas.“Você pode ajudá-lo agora, tudo bem?” Disse o mais velho, e sem conseguir responder algo, Jones o abraçou, buscand
As paredes brancas, o cheiro de álcool e as luzes fortes em todos os lugares eram elementos suficientes para causar uma dor de cabeça terrível em qualquer pessoa que estivesse presente. O ambiente do hospital não é um lugar agradável ou aconchegante. É um espaço pesado onde, para cada quantidade de vida que nasce, uma quantidade exorbitante se perde.Caminhando pela ala da maternidade, Eric passou um bom tempo marcando o rosto de cada bebê nas incubadoras. Ele olhava para as bochechas gordinhas, os rostos redondos e rechonchudos e os olhos brilhantes e cheios de vida. Era reconfortante de certa forma. Ver aquelas pequenas vidas ali dava um vislumbre de esperança de que há algum tipo de propósito em nascer e vir a este mundo.Ele não se considerava sábio o suficiente para saber qual era o propósito de sua vida, ou o de sua avó, que agora estava mais próxima da morte do que nunca, mas ele sabia que as pessoas não estão em sua vida por acaso.Todos aqueles anos em que teve a companhia am
Desde a infância somos condicionados a traçar um plano. Nascemos, crescemos, e ao virarmos adultos, precisamos corresponder a uma série de expectativas que nos é imposta. Expectativa essa que uma vez que é alimentada por adultos que nos cercam, passa a ser gerada por nós mesmos, tornando que nossos reais objetivos — aqueles com os quais nos identificamos por vontade própria — fiquem de escanteio. Largados ou esquecidos em algum canto escuro da nossa mente, muitas vezes até tratados como um hobby ou algo que não mereça tanta atenção quanto objetivos reais.Essas crenças se tornam grandes dentro de nós. Criam raízes. E se por acaso você desejar abdicar delas um dia, é um processo doloroso e lento. Catártico, no entanto.Por muito tempo, Jonathan sentiu a necessidade de corresponder a tais expectativas, já que seu amor por música nunca pode ser considerado como uma profissão séria. Era o menino que gostava de brincar com músicas no computador. Isso, e apenas isso.No entanto, enquanto cr
Ali, parados um em frente ao outro, notaram que era a primeira vez que se olhavam tão de perto. Seus rostos estavam a centímetros de distância, e a respiração um do outro beijava suas peles ruborizadas. A sensação de estarem tão perto ajudou a trazer para a superfície os sentimentos que estavam ecoando dentro de suas almas por muito tempo. Era libertador e assustador sentir a enxurrada de sensações que um causava no outro.Era óbvio para qualquer um que visse a maneira como eles se olhavam, sorriam um para o outro e trocavam toques — ainda que singelos e discretos. Mas para duas pessoas inseguras com suas questões, receosas e temerosas ao analisarem uma situação tão complicada quanto aquela, o óbvio se torna menosprezado. Independente disso, o turbilhão de emoções que sentiam era recíproco de todas as maneiras possíveis. Mesmo que não dissessem com suas palavras, a linguagem corporal não mentia ao expor a maneira como se olhavam, passeando com os olhos nos lábios um do outro, vez ou o
Nossas memórias formam uma coleção à medida que crescemos, criando conjuntos de vários momentos que vivenciamos. Sejam memórias agradáveis ou aquelas que preferiríamos enterrar profundamente em nosso subconsciente. Alguns não têm escolha senão se deparar com esses momentos indesejados ao longo da vida. E Jonathan se viu exatamente nesse lugar, quando se pegou com as bochechas coradas e um sorriso bobo no rosto ao olhar para o lindo bolinho vermelho com cobertura extravagante.Sentado em sua cadeira, ele se perdeu em seus pensamentos, lembrando-se da sensação ridiculamente adolescente que o invadiu desde que esteve tão perto de Elliot. Com o estômago cheio de borboletas e o coração acelerando descontroladamente, um calor subindo em seu rosto vermelho e suas mãos trêmulas e úmidas."Pareço um adolescente", resmungou Jonathan antes de dar uma mordida no cupcake."Eu amo red velvet, onde você comprou?" Eric apareceu ao lado de Jonathan, que, distraído, não percebeu até então que seu amigo
Jonathan se apressou para o banheiro, levando seu tempo para retocar sua maquiagem meticulosamente. Ele queria parecer perfeito. Ele ajustou a sombra vermelha que havia borrado no canto de seus olhos redondos e retocou seu brilho labial de maneira meticulosa, tornando seus lábios ainda mais sedutores. Ele estava vestindo um fino sobretudo vermelho, a cor se misturando com o preto, combinando perfeitamente com sua maquiagem. Ele também aproveitou a oportunidade para borrifar seu perfume, que havia esquecido de manhã.Ele saiu correndo do banheiro, dizendo rapidamente adeus a Eric, usando a porta do elevador ligeiramente aberta. Ele pressionou os botões incessantemente, ansioso para chegar ao seu destino. Ele calmamente atravessou a porta, tentando não parecer muito ansioso aos olhos do homem loiro que já o aguardava.Conforme ele se aproximava, viu Elliot no banco do motorista, percebendo que seriam apenas os dois no carro. Ele instantaneamente sentiu um tremor no estômago ao imaginar
Existem pessoas que permanecem na vida umas das outras por muito tempo, mas que ainda assim, não contribuem com momentos marcantes ou criam memórias significativas. Jonathan já se sentiu assim com muitas pessoas, principalmente homens com quem já havia se relacionado anteriormente, que não atendiam suas expectativas.Ele não sabia se era muito exigente, se seus padrões eram muito altos, ou se as pessoas estavam acostumadas com muito menos do que elas mereciam. Mas ele sabia que aguardava ansiosamente por alguém que despertasse nele uma paixão insaciável, alguém que surgisse em seu peito de maneira tão forte, tal qual como uma chama que se alastra rapidamente por todos os lugares onde toca.Ele não sabia exatamente quando iria encontrar, ou se já havia encontrado e perdeu a oportunidade de vivenciar algo do tipo, mas vendo a maneira com que Elliot agia, desejou que fosse alguém como ele o responsável por causá-lo tais sensações.Assistindo os olhos brilhantes de Jonathan passear pelo l
Completamente preso em uma situação considerada incapacitante, o moreno tremia suas pernas por baixo da mesa. Estava extremamente ansioso, tendo em vista que não poderia expor de forma clara para Elliot o que realmente sentia. Sendo assim, Jonathan se sentiu preso dentro de si.Mesmo sem sua permissão, sentiu seu corpo falar através de seus modos desajeitados e incômodo aparente. O controle já teria o abandonado quase que completamente a essa altura. E mesmo sem ter a intenção, sua frustração transparecia em seu rosto através de suas sobrancelhas franzidas e do meio bico formado em seus lábios."Que bom que está tudo bem com o Nathan," ele resmungou, e suas palavras saíram em um tom monótono e entristecido. Ser transparente nem sempre é de grande ajuda, afinal."O que houve?" Elliot perguntou ao notar a maneira com que ele soou cabisbaixo. Aproveitando a situação, ele puxou sua cadeira para mais perto do estagiário, que involuntariamente juntou seu assento com o dele."Não é nada, ach