Jonathan estava inquieto desde a noite anterior. Eric não retornava às suas ligações e estava completamente fechado sobre seja lá o que estivesse acontecendo em sua vida. Desde que acordou, o mais novo enviou uma enxurrada de mensagens para o amigo, porém, não obteve resposta, o que só aumentou sua ansiedade.Hoje seria o primeiro dia desde que foi admitido que Jonathan não teria seu amigo ao seu lado durante o expediente, e isso o entristeceu de certa forma. Não acordou tão animado como nos outros dias e não se preocupou tanto com sua aparência como de costume.Acordou mais cedo do que o normal devido à sua ansiedade e se arrumou rapidamente, aguardando no sofá até que desse o horário que costumava sair de casa. Em contrapartida, ainda sentia o frio na barriga o invadir toda vez que se lembrava da noite passada.Elliot estava cada vez mais presente em sua vida, e isso o preocupava, porém, não conseguia encontrar uma forma de se afastarem a esse ponto. Seria esquisito pedir para que e
Assim que chegaram no restaurante, Elliot conversou com a recepcionista — essa qual ele parecia conhecer bem — pedindo para que conseguisse uma mesa mais reservada. Acatando seu pedido, ela os levou até a parte fechada para reservas, que só abria durante a noite.Jonathan não entendeu bem o motivo, mas, ao mesmo tempo, não perguntou. Porém, mesmo sem precisar, Elliot decidiu explicar sua decisão para que ele não pensasse mal de sua ação.“Pedi um lugar mais privado para não sermos alvo de invenções,” ele tinha um tom sério em sua voz. “Caso não se sinta confortável, podemos ir para outra mesa.”“Não me importo, não se preocupe. Mas se refere a que tipo de invenções?” perguntou.“Quando você é chefe em uma empresa grande como a Empire, fica vulnerável a certos tipos de comentários que podem te prejudicar. Tenho certeza que você entende que as pessoas gostam de espalhar boatos, principalmente quando se trata de alguém no poder,” Elliot deu um gole generoso em sua taça de vinho, trazendo
Jonathan ficou cerca de uns cinco minutos ao celular com Eric, e ao ver sua expressão preocupada, Elliot não pensou muito ao estacionar o carro na beira da estrada, já que a chuva havia diminuído na altura da estrada onde estavam. O mais novo gesticulava e dizia várias coisas que pareciam desconexas para ele, e mesmo com os olhos marejados, parecia extremamente irritado e angustiado.“O que houve?” o loiro perguntou, preocupado.“Eric ligou dizendo que a avó dele está internada em estado grave.” o mais novo disse, parecendo estar em choque. “Eu não imaginava, fiquei o dia inteiro agindo como se nada estivesse acontecendo. Meu Deus!”“Não tinha como você saber, Jonathan. Não se culpe.” Ele tentou acalmá-lo.“Não sei porque ele não disse nada, eu poderia tentar ajudá-lo, não sei.” Ele colocou as mãos em seu rosto, ocultando as lágrimas que rolavam através de suas bochechas.“Você pode ajudá-lo agora, tudo bem?” Disse o mais velho, e sem conseguir responder algo, Jones o abraçou, buscand
As paredes brancas, o cheiro de álcool e as luzes fortes em todos os lugares eram elementos suficientes para causar uma dor de cabeça terrível em qualquer pessoa que estivesse presente. O ambiente do hospital não é um lugar agradável ou aconchegante. É um espaço pesado onde, para cada quantidade de vida que nasce, uma quantidade exorbitante se perde.Caminhando pela ala da maternidade, Eric passou um bom tempo marcando o rosto de cada bebê nas incubadoras. Ele olhava para as bochechas gordinhas, os rostos redondos e rechonchudos e os olhos brilhantes e cheios de vida. Era reconfortante de certa forma. Ver aquelas pequenas vidas ali dava um vislumbre de esperança de que há algum tipo de propósito em nascer e vir a este mundo.Ele não se considerava sábio o suficiente para saber qual era o propósito de sua vida, ou o de sua avó, que agora estava mais próxima da morte do que nunca, mas ele sabia que as pessoas não estão em sua vida por acaso.Todos aqueles anos em que teve a companhia am
Desde a infância somos condicionados a traçar um plano. Nascemos, crescemos, e ao virarmos adultos, precisamos corresponder a uma série de expectativas que nos é imposta. Expectativa essa que uma vez que é alimentada por adultos que nos cercam, passa a ser gerada por nós mesmos, tornando que nossos reais objetivos — aqueles com os quais nos identificamos por vontade própria — fiquem de escanteio. Largados ou esquecidos em algum canto escuro da nossa mente, muitas vezes até tratados como um hobby ou algo que não mereça tanta atenção quanto objetivos reais.Essas crenças se tornam grandes dentro de nós. Criam raízes. E se por acaso você desejar abdicar delas um dia, é um processo doloroso e lento. Catártico, no entanto.Por muito tempo, Jonathan sentiu a necessidade de corresponder a tais expectativas, já que seu amor por música nunca pode ser considerado como uma profissão séria. Era o menino que gostava de brincar com músicas no computador. Isso, e apenas isso.No entanto, enquanto cr
Ali, parados um em frente ao outro, notaram que era a primeira vez que se olhavam tão de perto. Seus rostos estavam a centímetros de distância, e a respiração um do outro beijava suas peles ruborizadas. A sensação de estarem tão perto ajudou a trazer para a superfície os sentimentos que estavam ecoando dentro de suas almas por muito tempo. Era libertador e assustador sentir a enxurrada de sensações que um causava no outro.Era óbvio para qualquer um que visse a maneira como eles se olhavam, sorriam um para o outro e trocavam toques — ainda que singelos e discretos. Mas para duas pessoas inseguras com suas questões, receosas e temerosas ao analisarem uma situação tão complicada quanto aquela, o óbvio se torna menosprezado. Independente disso, o turbilhão de emoções que sentiam era recíproco de todas as maneiras possíveis. Mesmo que não dissessem com suas palavras, a linguagem corporal não mentia ao expor a maneira como se olhavam, passeando com os olhos nos lábios um do outro, vez ou o
Nossas memórias formam uma coleção à medida que crescemos, criando conjuntos de vários momentos que vivenciamos. Sejam memórias agradáveis ou aquelas que preferiríamos enterrar profundamente em nosso subconsciente. Alguns não têm escolha senão se deparar com esses momentos indesejados ao longo da vida. E Jonathan se viu exatamente nesse lugar, quando se pegou com as bochechas coradas e um sorriso bobo no rosto ao olhar para o lindo bolinho vermelho com cobertura extravagante.Sentado em sua cadeira, ele se perdeu em seus pensamentos, lembrando-se da sensação ridiculamente adolescente que o invadiu desde que esteve tão perto de Elliot. Com o estômago cheio de borboletas e o coração acelerando descontroladamente, um calor subindo em seu rosto vermelho e suas mãos trêmulas e úmidas."Pareço um adolescente", resmungou Jonathan antes de dar uma mordida no cupcake."Eu amo red velvet, onde você comprou?" Eric apareceu ao lado de Jonathan, que, distraído, não percebeu até então que seu amigo
Jonathan se apressou para o banheiro, levando seu tempo para retocar sua maquiagem meticulosamente. Ele queria parecer perfeito. Ele ajustou a sombra vermelha que havia borrado no canto de seus olhos redondos e retocou seu brilho labial de maneira meticulosa, tornando seus lábios ainda mais sedutores. Ele estava vestindo um fino sobretudo vermelho, a cor se misturando com o preto, combinando perfeitamente com sua maquiagem. Ele também aproveitou a oportunidade para borrifar seu perfume, que havia esquecido de manhã.Ele saiu correndo do banheiro, dizendo rapidamente adeus a Eric, usando a porta do elevador ligeiramente aberta. Ele pressionou os botões incessantemente, ansioso para chegar ao seu destino. Ele calmamente atravessou a porta, tentando não parecer muito ansioso aos olhos do homem loiro que já o aguardava.Conforme ele se aproximava, viu Elliot no banco do motorista, percebendo que seriam apenas os dois no carro. Ele instantaneamente sentiu um tremor no estômago ao imaginar