Ao contrário do que Jonathan imaginava, seu possível futuro chefe estava completamente atento a todas as suas ações e movimentos que ele fazia. Ele percebeu rapidamente como o nervosismo do jovem estava afetando o seu desempenho, assistindo enquanto ele esfregava suas mãos repetidamente no tecido da calça apertada que usava naquele dia.
Era um comportamento normal para alguém que se candidatou a uma vaga em uma das maiores empresas do país. Porém, o que Elliot Park não entendia, era o motivo pelo qual ele mesmo não conseguia se manter estável diante do homem sentado em frente a sua mesa.
Era um jovem comum, como diversos outros que havia entrevistado naquele dia. Nada de extraordinário, além do fato dele ser extremamente mais talentoso do que os outros, com base na checagem rápida que fez no portfólio de Jonathan.
Mesmo assim, algo o incomodava, e Park estava extremamente curioso sobre o motivo pelo qual Jonathan o causou tamanha inquietação.
“Está muito nervoso, Jones” Elliot exibiu um micro sorriso em seu rosto, tentando não parecer simpático o suficiente, para que isso não o deixasse desconfortável.
Ele, como um chefe exigente que era, achava importante ter de impor pouco de medo em seus futuros funcionários. Acreditava que era impossível obter respeito se não fosse dessa forma e, em sua defesa, estava funcionando até o momento atual.
Pelo menos era o que gostava de pensar, já que questionar seu trabalho era tarefa de outras pessoas que conviviam ao seu redor.
“Me desculpe, achei que iria me sair melhor. Pelo visto não consegui ter sucesso com os meus ensaios.” Jonathan respondeu descontraído, tentando relaxar diante da situação tensa.
O sorriso largo que ele exibiu em seu rosto fez Park se encolher levemente em sua cadeira, fincando suas mãos na mesa de mogno à sua frente. Algo se revirou dentro de si naquele momento, e ele não saberia explicar o motivo tão cedo.
Ou se recusaria a enxergá-lo.
“Tudo bem, vamos começar. Me conte sobre sua visão de futuro.” Park o olhou rapidamente, desviando o olhar lasso para que retornasse até o papel que estava em suas mãos, tentando disfarçar o incômodo que o acometeu ao se sentir daquela forma.
Jonathan foi pego de surpresa por receber logo de cara uma pergunta tão objetiva, e tentou utilizar todo seu raciocínio e boa eloquência para convencê-lo dos seus motivos.
“Quero ser produtor, digo, sou produtor musical. Só preciso de uma chance para mostrar que mereço estar aqui, tenho muito a oferecer.” Finalizou com essa frase após um longo monólogo composto de argumentos que ele não sabia se seriam tão efetivos assim.
Elliot se sentiu devasso ao pensar nas muitas formas que Jonathan poderia ser útil a ele. Jones certamente tem muito a oferecer para alguém como ele, mas, provavelmente, não da forma que ele poderia imaginar.
Tentado a cessar seus pensamentos infames com o jovem candidato, Elliot retornou com mais uma de suas perguntas diretas.
“Você é muito jovem. Costumo não contratar pessoas tão jovens assim, já que dou preferência a perfis que vão fazer jus ao nome da empresa. Mais experientes, se me permite dizer.” Elliot rabiscou algumas anotações no bloco que havia em sua mão, sem enxergar como Jones pareceu um tanto ofendido com o seu questionamento.
Mesmo sabendo que ele era apenas cinco anos mais jovem que Park, Jonathan tentou entender os motivos pelo qual ele costuma ignorar candidatos da sua idade. É difícil conhecer pessoas maduras e responsáveis aos 21 anos. E isso é algo que ele não poderia ignorar.
Então, Jones relevou a irritação passageira que as palavras do loiro lhe causaram, focando sua atenção no que precisava dizer para se sair bem naquele momento.
“Vivo sozinho há um bom tempo. Fui obrigado a ter comprometimento desde muito cedo, Senhor Park. Então, posso afirmar que não falharei nisso. Estou acostumado com grandes responsabilidades.”
Elliot se questionou sobre o motivo pelo qual um garoto tão jovem já morava sozinho. Porém, ignorou suas próprias perguntas imediatamente, pensando que não deveria ser da sua conta. Aquele menino não era ninguém para ele, não existiam motivos para que ele se envolvesse em uma questão tão pessoal.
Ainda que a curiosidade fosse maior do que gostaria, ele tentou não cogitar as inúmeras possibilidades que o levaram a ter um caminho solitário de forma tão precoce.
“Eu ouvi suas músicas, você produziu sozinho, certo?” Park mudou de assunto, voltando sua atenção para outro tópico. “São… interessantes. Me conta como é seu processo criativo.” Ele perguntou, se lembrando de perguntas bobas que precisava fazer para conduzir aquela entrevista, ignorando a vontade de saber mais sobre a vida do mais novo.
Os olhos de Jonathan brilharam ao finalmente ouvir algo que ele poderia responder com extrema segurança, pois música era sua verdadeira paixão, e isso é um fato que todos que o conhecem podem afirmar. Então, Jonathan aproveitou aquele momento e usou dos seus melhores argumentos para que fosse contratado.
Contudo, ainda que impressionado pelo conhecimento técnico de Jones, o mais velho não conseguia parar de reparar os dois primeiros botões abertos na camisa de Jonathan, que deixava parcialmente exposto seu peitoral definido e úmido pelo suor ainda presente.Park sentiu um inexplicável magnetismo ao vê-lo sentado em sua frente, sem ao menos notar como seus olhos automaticamente passeavam pela boca de Jonathan, focando na delicada pinta que existe abaixo de seu lábio inferior.
Com a sensação ficando cada vez mais forte, ele sentiu sua testa suar em nervosismo. E assim que percebeu a distração que Jones causava em si com sua aparência deslumbrante, Elliot decidiu encerrar a entrevista antecipadamente, antes que o outro notasse a confusão interna explícita em sua feição.
“Certo, Jonathan. É o suficiente.” Elliot sequer o olhou diretamente, só queria que ele saísse de lá quanto antes. “Aila irá passar todas as orientações que precisa, você começa na segunda.”
Jones não expressou reação alguma, estava boquiaberto. Surpreso por ser interrompido de forma brusca e inexplicável, porém, agradecido por conseguir uma chance na empresa dos seus sonhos.
E, mesmo sem imaginar, a tensão que sentiu pairando no ar enquanto estava com Elliot na mesma sala o perseguiria por um longo tempo.
Para Elliot, aquele fora um dia cansativo. Mais do que o comum, já que a rotina atarefada costuma o agradar, ao contrário de muitas pessoas acomodadas com uma vida calma e sem muitos acontecimentos.Porém, um momento daquele longo dia o marcou de forma diferente. Dentre todas as pessoas que entrevistou durante a tarde, ele se sentiu especialmente intrigado por Jonathan Jones. E agora, horas mais tarde, ele continuava confuso sobre a conexão repentina que sentiu.Ele estava parado em sua cobertura, debruçado na varanda que dava para uma incrível vista na cidade. Vestindo apenas um robe de seda roxo, ele segurava um cigarro delicadamente entre seus dedos longos, observando com atenção como a fumaça se dissipava através do vento que atingia seu corpo parcialmente nu.Mesmo com um tecido que mal cobria suas partes, ele não se importou com o frio da noite escura. Muito pelo contrário. Ele se debruçou cuidadosamente sobre o vidro que o protege na sacada e continuou observando a lua majestos
Jonathan mal conseguia acreditar no que estava ouvindo. Parecia bom demais para ser verdade. Bastaram poucos minutos na presença de Elliot para que Jones se sentisse mais confortável, apesar da tensão inicial, a qual ele, inocentemente, acreditava ser por não se conhecerem muito bem. Não fazia ideia das intenções já subtendidas de seu chefe, e isso era um bom sinal para Elliot, que estava determinado a reprimir essas sensações pelo maior tempo que conseguisse, independente de estar se torturando ao manter o belo jovem por perto. “Será uma honra, Sr. Park. Muito obrigado!” Jonathan agradeceu e despediu-se discretamente, antes de ser dispensado por Elliot. Voltando para sua mesa com um sorriso maior do que o rosto podia conter, ele se sentia extremamente confuso, pois, o que sentiu no instante em que esteve com seu próprio chefe, ainda não estava claro o suficiente em sua mente. Afinal, não podia se sentir daquela forma. Era seu chefe; e o quanto seria imoral ter sentimentos tão int
Com o músico cada vez mais próximo, Jonathan se sentiu extremamente nervoso. Suas mãos suavam e ele não sabia o que fazer, se deveria se aproximar para cumprimentá-lo, ou se precisava apenas ficar ali, os observando. Park percebeu como Jones estava ansioso, e sua mão discretamente tocou o antebraço do outro, tentando acalmá-lo com o leve e respeitoso contato, que por menor que fosse, foi o suficiente para fazê-lo se desconcentrar ainda mais. “Obrigada por vir, Elliot. Queria muito sua opinião”, disse o músico, estendendo a mão para cumprimentá-lo.“Não precisa agradecer, você sabe que meu objetivo é ter uma parceria produtiva. Aliás, esse é Jonathan Jones, meu novo estagiário. Espero que não se importe em ter mais alguém, queria mostrar a ele um pouco de como funciona a produção de um álbum com a nossa equipe”, explicou Elliot, notando a expressão sorridente do homem, que não exibiu insatisfação ao ouvir suas palavras.“De maneira nenhuma. Quanto mais, melhor. Sou Harry Thompson, pr
Jonathan acordou radiante. Abriu suas janelas e sentiu a brisa tocar seu rosto, tal qual um personagem de um filme romântico. Esta alegria não seria sem motivo, afinal, agora tudo parecia estar dando certo. Jones estava animado pela pequena aproximação que teve com Elliot, seu emprego era a melhor coisa que o aconteceu em tempos, e para finalizar seus motivos, se encontraria com seu amigo, Hugo.Ele não achava estranho se importar tanto com que sua convivência com Elliot deveria melhorar, em suma, qualquer um sabe que uma boa harmonia com um colega de trabalho é indispensável para uma rotina saudável. Ou pelo menos era nisso que ele queria acreditar.Na noite passada, enquanto estava no metrô, Jonathan recebeu uma mensagem de Hugo. O ruivo insistia para que Jonathan finalmente aceitasse seu convite para saírem juntos, mas Jones só queria saber de uma coisa: a Park Empire. Podia dizer que estava obcecado pelo trabalho, e ele sentia orgulho disso. Era o seu sonho, afinal. Porém, para
Sorrindo, seus olhos permaneceram fitando o jovem, mantendo toda sua atenção diretamente para ele.“É só uma brincadeira, Jones. Não precisa ficar nervoso,” disse Harry, tocando o ombro do mais novo, tentando o acalmar.O que não adiantou, muito pelo contrário.“Você não parece ser o tipo de pessoa que faz muitas brincadeiras, Harry,” Jonathan lançou sobre ele um olhar desconfiado.“O que você acha?” Era impossível decifrar, Harry era uma incógnita. Com seu jeito sarcástico, era difícil de entender quando suas palavras significavam o que ele realmente queria dizer.“Acho que preciso ir para o trabalho, se não vou me atrasar. Você me leva?” Jonathan desviou do assunto inteligentemente, notando o sorriso ladino que se formou no canto da boca do moreno.“Estou ao seu dispor,” Harry se levantou, puxando a cadeira para Jonathan.Enquanto o levava para a empresa, Jonathan pode ouvir o músico cantarolar Frank Sinatra enquanto dirigia, e as músicas soavam a trilha sonora perfeita para a visão
Ao ver que seu chefe se aproximava, Jonathan sentiu seu corpo esquentar como um vulcão prestes a entrar em erupção. Suas mãos tremiam, ligeiramente suadas, e seu rosto se tornou vermelho como um tomate.Ele não sabia explicar, mas as sensações que o invadiam quando se aproximava de Elliot eram difíceis de processar. A única coisa que ele sabia, de fato, é que não era nada adequado se sentir assim quando próximo de seu próprio chefe.O fitando, o loiro estendeu a mão, lhe entregando um cartão com suas informações.“Esse é meu número pessoal, pode entrar em contato quando quiser.” Estavam tão próximos que Jonathan pode sentir o hálito doce de Elliot tocar seu rosto.O moreno sentiu seu corpo estremecer, temendo o contato tão próximo.No entanto, Elliot reparou que Jonathan corou levemente, e não conseguiu esconder que tal fato o alegrava. Era bom saber que causava a mesma confusão que o mais novo lhe proporciona, mesmo sem saber.E, por ora, ainda não tinha noção de que seu chefe retrib
Eric sorria o tempo inteiro enquanto conversava com Hugo, o que era uma tarefa fácil para qualquer um que estivesse na presença do ruivo, que como Jonathan dizia, era uma das pessoas mais alegres e amáveis que já passaram em sua vida.Jones ficou observando o extremo oposto entre a personalidade extrovertida de Hugo e a introspecção de Eric, que antes teve receio de não ser uma boa combinação. Todavia, sua opinião foi mudada ao ver estarem se entrosando melhor do que imaginava.“Vamos tirar uma foto?” Jonathan perguntou, ignorando a negação de Eric com a cabeça, que tentou fugir desesperadamente da situação. Assim que abriu sua câmera para tirar a foto com seus amigos, uma notificação de mensagem apareceu, e seu primeiro impulso ao ver que se tratava de Elliot foi esconder o celular, o que despertou a curiosidade de seus amigos. Certamente se arrependeria de tal decisão.“Por que você escondeu o celular?” Hugo perguntou, confuso.“Porque ele está flertando com o chefe,” Eric responde
Mesmo se aproximando cada dia mais, Jonathan sabia pouco sobre a vida de Eric. O pouco que ele contou, é que mora com sua avó, e compartilhou um pouco sobre sua infância. Ele não parecia ser o tipo de pessoa que gostava de falar sobre seus problemas, preferia guardar para si.E era verdade, já que ele achava que poderia incomodar as pessoas e isso não o deixava confortável. O que ele sempre afirma é que, no geral, sua vida era tranquila. Como ele mesmo dizia, não havia nada de emocionante que movimentasse sua rotina ou que valesse a pena entrar em detalhes.O que Jonathan sabia era que, embora não demonstrasse, Eric era uma pessoa extremamente amorosa e fazia de tudo para agradar alguém que gostasse verdadeiramente. Suas demonstrações de afeto eram pequenas, mas significativas.E mesmo que ele fosse fechado, emburrado algumas vezes e introspectivo, o mais importante para Jonathan era que ele tinha um bom coração. Por mais que o loiro irritasse Jonathan constantemente com seu jeito deb