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Capítulo III - O Brilho que Anuncia o Fim

O desespero tomava conta de Noah, um homem geralmente calmo. Lia se preocupou ao vê-lo assim.

— Nos localizaram. – disse Lia, a voz baixa e carregada de angústia.

— Não, não, não. Que droga! Não era para isso acontecer. O que vamos fazer? – gritou Noah, correndo para a beirada da cobertura, tentando confirmar a posição dos agentes e buscar uma rota de fuga.

— Eu não sei! Você sempre cuidou de mim e de tudo quando eu não conseguia fazer! Eu não quero morrer, Noah! Não quero! – Lia chorava, o pânico transbordando em cada palavra.

— Não chore. Isso não vai ajudar em nada – respondeu Noah, lançando-lhe um olhar rápido antes de voltar a escanear os arredores..

— "Não chore"? – A voz dela tremia – É só isso que tem para dizer? Diga algo, por favor! Me diz qual é o plano! Fala que vamos sair dessa, que vamos sobreviver! Que droga, Noah, me diz o que vai acontecer!

Lia, incapaz de conter o medo, inquieta, andava de um lado para o outro, os soluços tornando sua respiração irregular, mas não encontrava uma saída para a situação

A paciência de Noah se esgotou. Os helicópteros se aproximavam, o barulho das hélices ficando cada vez mais alto. Lia falava sem parar. O cansaço extremo o atingia como um peso esmagador. O estresse se elevou até que a tensão explodiu.

— MAS DÁ PRA PARAR DE FALAR?! De perguntar tanto?! Eu estou tentando pensar! Você não está ajudando em nada!

Lia se calou por alguns segundos. Noah respirou fundo, tentando formular uma estratégia. Sua mente, porém, estava exausta. Tudo parecia um beco sem saída, seu raciocínio já não era mais o mesmo.

— Eu não quero morrer, só isso – disse Lia, sua voz agora fraca. – Você sempre esteve ao meu lado quando eu não conseguia seguir sozinha. Eu nunca te agradeci.

— Não é hora para isso, Lia. Por favor...

— Cala a boca... Eu não sei por que... ou se você realmente me ama. Não sei se foi real ou só algo que parecia ser o melhor para nós. Mas eu sinto de verdade que eu deveria agradecer… então eu agradeço, por cada momento, cada riso, cada um dos…

Noah correu até Lia e a envolveu em um abraço apertado. Os olhos dela estavam encharcados.

— Não fale essas coisas, sua idiota. Eu gosto de você. Isso nunca ficou claro para você? Eu já te fiz mal alguma vez? Antes de você, eu nem sabia o que era amar de verdade, mas te proteger sempre foi natural para mim. Vamos superar isso juntos, mesmo contra todas as probabilidades. Presta atenção no que eu digo... Eu te amo.

Lia soluçou.

— Mas nós realmente não temos chances, não é

— Não fale assim. Estamos fracos, sozinhos, mas vamos conseguir fugir. Só não desista... Por favor.

Lia saiu dos braços de Noah, afastando-se enquanto ainda chorava, a cada passo para trás, lágrimas caiam de seu rosto. Ela abaixou a cabeça, olhando para o chão.

— Eu sei que você me ama. E isso torna tudo muito mais difícil... Eu sinceramente sei que fez tudo que pôde, obrigado por tudo. Me desculpa. Me perdoa mesmo.

— Como assim? Pelo quê?

— Por isso...

— Isso...? Espera… meus braços...? Mas... o que você fez?

— Me desculpa. Eu realmente não vejo outra saída. Eu vou sobreviver a qualquer custo.

Noah tentou se mover, mas seu corpo não respondia. Não sabia como, mas sabia que Lia o havia paralisado. A compreensão atingiu Noah como uma lâmina gelada. Em um instante, todas as lembranças passaram por sua mente. A sensação de que algo sempre estava errado, de que havia sinais que ele ignorou. Essa era sua última tentativa desesperada.

— Eu... eu sabia. Sempre disse que te amei, mas algo em mim gritava para não confiar em você. Agora percebo... Você nunca me pediu para confiar em você, não é?

Lia hesitou, apenas mantendo o olhar às suas lágrimas caídas no chão.

— Você não estava bravo? Com raiva? Vai me deixar fazer isso sem reagir?

— Idiota. Eu tenho escolha? Me diga? O que é? Paralisia? Você despertou uma segunda habilidade? Parabéns. Mas claramente não confiava em mim, pelo menos não para contar. É realmente triste. Então é assim que termina? Eu morrendo, e você fugindo sozinha.

— Você me ama tanto assim para reagir desse jeito? Sem grito? sem ódio?

— Meu erro foi não ter confiado no meu instinto... Meu amor foi maior. Eu realmente me arrependo agora.

— Não me culpe, por favor.

— Não importa mais. A culpa foi minha – disse Noah, num tom baixo e derrotado.

Lia encarou Noah, podia ver nos olhos a decepção dele. Mesmo assim ela precisava perguntar.

— Você… pode simplesmente me transferir tudo? Não quero ter que fazer isso.

— Você terá que fazer. Afinal, essa é sua decisão.

— Por favor, Noah...

— Sem isso agora, Lia! SE APRESSE E FAÇA! – Vociferou Noah.

Lia, chorando, aproximou-se do corpo imóvel de Noah. Com seu poder, cortou dois dedos dele. O sangue pingava, ela o armazenou em um pequeno cálice de ar. Abruptamente o bebeu. A energia de Noah invadiu seu corpo, invadindo cada célula de seu corpo, uma força que nunca havia sentido antes. Seu corpo brilhava em finas linhas esverdeadas. O ritual estava completo.

— Eu levaria você comigo se pudesse... Você sabe que eu não queria te deixar para morrer. Mas você não vai conseguir se mover agora. Não tenho como...

— Sem desculpas, Lia. Apenas vá. Sobreviva. Ao menos faça isso valer a pena. Adeus.

Lia correu até ele, e o beijou.

— Adeus... Eu também te amo.

Lia andou de costas até a beirada da cobertura, sem tirar os olhos de Noah, e então saltou, planando no ar como se voasse. Com os poderes de Noah e os seus próprios, escapar não seria difícil. Noah, ainda imóvel, apenas observou sua silhueta desaparecer. As luzes dos helicópteros iluminavam a escuridão. Os passos dos inimigos se aproximavam. Ele se sentia esmagado por uma avalanche de emoções: tristeza, solidão, abandono... Mas, acima de tudo, arrependimento.

— "Se eu soubesse, teria feito diferente?" – pensava Noah depressivo. – "Depois de tudo que fiz... Esse é meu fim? Eu tinha tantos planos para nós dois... Acabar assim é inadmissível. Eu deveria ter sido melhor. Mas agora... O que posso fazer? Nada?"

— Pensativo? Ela te abandonou, não foi? – disse o Capitão Branco, que acabara de chegar. – Depois de tudo que fez por ela, te deixou para morrer. Irônico e cruel, não acha? Bom, já conversamos antes. Sei que não voltará atrás. Você é um homem morto agora. Mas eu o admiro... Por se entregar ao amor. Eu nunca cometeria esse erro de novo. Enfim, agora fale, quais suas últimas palavras?

Noah permaneceu calado, mergulhado nos próprios pensamentos.

— Nenhuma palavra? Quem diria? Para um homem que falava tanto... – O Capitão sacou a arma e apontou para Noah. – Diga algo antes de morrer, pirralho. Sabe o quão decepcionante isso é? Você tinha potencial.

Noah ergueu os olhos e, numa mistura imensa de sentimentos, seus olhos ainda lacrimejavam, e num fio de voz, sussurrou:

— Eu me arrependo.

— Maravilhoso. Agora você pode ir em paz.

Nos últimos segundos, flashes de sua vida passaram por sua mente. Antes que pudesse ver o brilho do projétil, suas pupilas ficaram claras expandindo rapidamente até seus olhos ficarem brancos, emitindo uma luz intensa e ofuscante. Raios cortaram o céu, iluminando a escuridão, trovões estremeceram a noite, foi como se o próprio universo gritasse ao seu redor. A realidade tremulou. O mundo ficou pequeno diante da energia que pulsava dele como uma estrela prestes a explodir. Tudo vibrava, o chão parecia pulsar, e por um instante, o tempo hesitou. Então todos puderam ouvir um grito que ecoou por todo o território:

— EU NÃO QUERO MORRER!

O mundo silenciou por um instante. Momentaneamente calmo, E então, ouviu-se um único disparo…

Noah estava morto.

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